terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Teste " Símbolos" D. Sebastião

ESCOLA SECUNDÁRIA RAINHA DONA LEONOR
12º Ano de escolaridade
Duração da prova: 60 minutos 3º teste
2008/2009( Janeiro) Prof: Euclides Rosa
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS

PRIMEIRO / D. SEBASTIÃO
'Sperai! Caí no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são Deus.

Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura
É Esse que regressarei.
Fernando Pessoa, Mensagem
(130 pontos)
Grupo I
1. Distingue no poema a alusão a D. Sebastião histórico e a D. Sebastião mítico, servindo-te de expressões textuais.

1.1 Explicite, justificando qual dos dois assume uma maior relevância no poema.

2. Relacione o uso do imperativo no início do poema com o verso final.

3. Justifique o messianismo que perpassa todo texto.

Grupo II
(70 pontos)
B
“ A Mensagem de Pessoa não enaltece heróis, nem acontecimentos reais; é a consciência de que o futuro do Homem e da Humanidade não se concretiza pelo materialismo mas numa dimensão espiritual, talvez utópica.” Prof. Euclides
Comente a frase acima transcrita, num texto expositivo-argumentativo entre 100 a 120 palavras, fundamentado em referências e juízos de leitura reveladores de conhecimento autêntico de Mensagem.
Cenários de resposta
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Grupo I
1. Num discurso protagonizado pelo próprio herói mítico, D. Sebastião, ( Vide 1ª pessoa do singular nas formas verbais e pronomes) o próprio confronta-se na sua dimensão histórica e mítica.
Relativamente à primeira, é a figura histórica conhecida pelo combate aos infiéis mouros em Alcácer- Quibir, onde perde a vida ou desaparece: “Caí no areal e na hora adversa/Que Deus concede aos seus”.
Quanto à dimensão mítica, que valoriza em detrimento da histórica, apresenta-se como o protegido eleito por Deus: “com Deus me guardei?”, aquele que existe enquanto sonho eterno: “sonhei que eterno dura”, como tal, garante o seu regresso: “Esse que regressarei.”

2. Em primeiro lugar, importa referir que é o próprio herói que reconhece a importância enquanto mito: “ Que importa o areal e a morte e a desventura/ Se com Deus me guardei”.
Por outro lado, são também expressivos e reveladores dessa importância os pronomes pessoais complemento directo e demonstrativo: “ O” e “ Esse”, grafados com maiúsculas.

3. O discurso do herói inicia-se com um imperativo exortativo, com valor de pedido
“Sperai” e termina com a justificação dessa solicitação, expressa através de uma forma verbal no futuro do indicativo, garante de certeza: “ Regressarei”.
Em suma, o sujeito poético revela-se convicto do seu ressurgimento numa dimensão mítica, que só se concretizará se houver uma espera envolta em crença.

4. Todo o mito sebástico é configurado a partir do messiânico.
As três associações de D. Sebastião a Deus são prova clara dessa associação.
Primeiramente, o herói surge como eleito por Deus para uma existência enquanto símbolo e mito: “Que Deus concede aos seus”, “Em sonhos que são Deus”.
Finalmente, assegura a sua existência como protegido por Deus: “Se com Deus me guardei?”, gozando à sua semelhança da capacidade de ressuscitar, regressar.



Grupo II
A Mensagem distingue-se de Os Lusíadas, embora ambas epopeias, porque partindo de um núcleo histórico, a sua dimensão é simbólica e mítica, como tal, contrariamente à epopeia camoniana, não “enaltece heróis, nem acontecimentos reais”.
Em primeiro lugar, registe-se que a própria estrutura tripartida, Brasão, Mar Português e Encoberto são símbolos interpretaivos da História da nação lusitana, representativos de Nascimento, Vida, Morte e Revitalização.
Em segundo lugar, quando confrontados com os poemas, verificamos que não há uma intenção de proceder à caracterização das figuras históricas, nem tão pouco dos seus feitos. Na verdade, são heróis sem rosto, forças latentes da identidade nacional, existentes no passado mas emergentes no presente.
Para exemplificar, recordamos os heróis dos castelos, Afonso Henriques, D. Dinis, por exemplo, representativos da garantia da nossa independência a preservar no presente de crise: “ Pai, foste cavaleiro, hoje a vigília é nossa”, ou o visionário ocasional implantador dos alicerces para a descoberta de novos mundos, ainda que na idade, dita das trevas “ Na noite..../ o plantador de naus a haver”.
De todos os heróis, D. Sebastião é, sem dúvida, a dama do xadrez que é a Mensagem; move-se por toda a História nacional, enquanto Quina da loucura humana que motiva o Homem e sem a a qual “ mais que besta sadia( seria) cadáver adiado que procria”, é o ultimo a embarcar na “ Ùltima Nau”, que não se sabe a “ que ilha indescoberta aportou” , “ nem se regressará da sorte que teve”; é associado a todos os “ Símbolos”, enquanto Desejado, Encoberto, ou “ Avisos” dos visionários “Bandarra” e “António Vieira”, por exemplo.
O rei desejado dará sentido a um Quinto Império espiritual, cultural, civilizacional de dimensão universal, que sará as feridas do império material das Descobertas: “ Cumpriu-se o mar e o império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal”, mas é a Hora!

1 comentário:

Anónimo disse...

Se nos Lusíadas a ultima palavra define o pecado dos portugueses que nos impede de ser grandes “ Inveja”,

Em Fernando Pessoa que foi para além de grande poeta um iniciado e astrólogo que soube sentir a pátria, o seu estado de alma. No nosso entender ele contribuiu para a descoberta e antevisão do nosso futuro através da sua “Mensagem”

O último poema da mensagem correspondente à 3ª parte (O Encoberto) é precisamente o 5º poema intitulado “ Nevoeiro” curioso é a simbologia a 3ª parte é a ultima parte de uma trilogia, se pensar-mos na trilogia cristã o reino do pai à, 4 mil anos o solstício de primavera dava-se sobre o Egipto, à 2 mil anos na era do filho o solstício dava-se sobre Roma e agora volvidos mais dois mil anos, dá-se sobre a península Ibérica. Por esse motivo as festas de espírito Santo em Tomar e nos Açores.

O facto de ser o 5º poema remete-nos imediatamente para o 5º Império que esteve sempre bem presente ao longo da nossa história nas tradições e na bandeira representado pelos escudetes.

Este poema reflecte o estado a que os nossos políticos levaram o nosso povo:

NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.


Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro
Ó Portugal, hoje és nevoeiro…

É a hora!

É fácil pela leitura do poema que dispensa explicações, entender que chegamos ao ponto de dizer que é a nossa hora enquanto povo, de reagirmos de cumprir o destino de ser português!

O destino de Portugal é fundar o 5º Império e o 5º Império o que é? Quanto a mim é uma nova forma de governar e fazer politica que vai trazer aos povos a “Pax in Excelsis”

No segundo poema dos símbolos do Encoberto Pessoa dá-nos a receita para nos libertarmos:

Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até a mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz –
Ter por vida a sepultura.

Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!

Só através da mobilização e da manifestação do descontentamento e da acção sobre as forças maléficas (o poder actual) o bem se pode impor.

No 3º Aviso sobre o desejado o poeta escreve:

Screvo meu livro à beira mágoa.
Meu coração não tem que ter.
Tenho os meus olhos quentes de água
Só tu, Senhor, me dás viver.

Aqui o poeta identifica o desânimo e o choro que vai na alma dos portugueses!

Só te sentir e te pensar
Meus dias vácuos, enche e doura.
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a hora?

O poeta aqui identifica o tal sentido da hora de mudança com a vinda do Rei. Quando chega a hora do rei e da mudança, interroga-se.
Quando virás a ser o Cristo
De aquém morreu o falso Deus,
E a despertar do mal que existo
A Nova Terra e os Novos Céus?

O poeta aqui pergunta quando serás a luz, o escolhido, quando acabará a mentira do falso rei. Quando nos livrarás do mal em que vivemos e quando irás trazer a nova esperança e vida?

Quando virás, ó encoberto
Sonho das eras português
Tornar-te mais que o sopro incerto
De um grande anseio que Deus fez?

O poeta aqui pergunta, quando é que apareces para o povo te conhecer?

Mas afinal quem é o encoberto, o Rei que todos procuramos para realizar o sonho da alma pátria e cumprir Portugal?

O ENCOBERTO:

Que símbolo fecundo
Vem na aurora ansiosa?
Na Cruz Morta do Mundo
A Vida que é a Rosa

Que símbolo divino
Traz o dia já visto
Na Cruz, que é o destino
A Rosa que é o Cristo.
Que símbolo final
Mostra o Sol já desperto
Na Cruz morta e fatal
A Rosa do encoberto


A Vida que é a Rosa; A Rosa que é o Cristo; A Rosa do encoberto, as rosas multiplicam-se dando origem a um rosário ou campo de rosas. O símbolo da rosa identifica o rei verdadeiro!

Outras características que identificam o rei desejado:

As Ilhas afortunadas:

São ilhas afortunadas
São terras sem ter lugar,
Onde o Rei mora esperando.
Mas se vamos despertando,
Cala a voz, e há só o mar.

Calma

Que costa é que as ondas contam
E não se pode encontrar
Por mais naus que haja no mar?
O que é que as ondas encontram
E nunca se vê surgindo?
Este som de o mar praiar
Onde é que está existindo?

Ilha próxima e remota,
Que nos ouvidos persiste,
Para a vista não existe.
Que nau, que armada, que frota
Pode encontrar o caminho
À praia onde o mar insiste,
Se à vista o mar é sozinho?

O rei verdadeiro nasceu ou vive numa ilha próxima e remota.

Haverá rasgões no espaço
Que dêem para o outro lado
E que, um deles encontrado,
Aqui onde há só sargaço,
Surja uma ilha velada,
O país afortunado
Que guarda o rei desterrado
Em sua vida encantada?

Rasgões no espaço, refere-se a vinda do Rei desterrado de avião, o Rei que tem uma vida encantada.

O desejado:

Onde quer que entre sombras e dizeres
Jazas remoto, sente-te sonhado

O assunto do rei verdadeiro estavam aparentemente enterrado, mas alguém sonhava com o Desejado!

E ergue-te do fundo de não – seres
Para o teu novo fado!

O facto de não ser uma situação normal não impede de cumprir o destino, como Desejado!

Vem Galaaz com a pátria, erguer de novo,
Mas já no auge da suprema prova
A alma penitente do teu povo
À eucaristia Nova

Vem fiel cavaleiro, aquele a quem foi confiada a missão, vem erguer a pátria e celebra com o teu povo um novo compromisso, uma forma diferente de fazer e viver a vida!
Galaaz é o cavaleiro a quem se confiam missões!

Mestre da paz, ergue o teu gládio ungido,
Excalibur do Fim, em jeito tal
Que sua Luz ao mundo dividido
Revele o santo Graal!

Revela ao povo a tua força e a tua bondade de forma tal que as pessoas divididas, vejam a verdade, o santo Graal!

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