sábado, 7 de fevereiro de 2009

Pessoa- Ortónimo à vol d'oiseau

FERNANDO PESSOA- ORTÓNIMO

POETA SAUDOSISTA do grupo da Àguia e da Renascença Portuguesa. ( O Saudosísmo metafísico de Teixeira de Pacoais)
No primeiro número da Águia, Pascoais tenta congregar todos os artistas para renovar Portugal através do sentimento e da suadade. Em Águia, Pessoa chega a escrever : « Os poetas saudosistas são os porta- bandeiras do pensamento da futura civilização europeia.»

POETA DE “ MENSAGEM”, esse livro simultaneamente histórico e esotérico e ocultista.
“ Mensagem”, sobre certo aspecto, está na linha do saudosismo e integra-se numa fase a que talvez se possa dar o nome de Nacionalista. « Sou nacionalista místico, o social não entra na arte, um poeta não precisa de ter percepção da vida social» afirma Pessoa. Este nacionalísmo místico faz com que os leitores vlgares leiam “ Mensagem” sem perceberemm dificuldades, embora toda ela seja na linguagem e nos números, uma obra hermética, de cunho esotérico, de mistério da Pátria, do Homem e do Universo.
Segundo Vieira, a figura do quinto império seria Sidónio Pais e não D. João IV. O Infante D. Henrique surge investido por Deus, na solidão de uma falésia divina, espécie de Olimpo lusitano. Segundo parece, Sagres, do latim sacru e a janena de Lagos sabem a mito.
O neo-sebastianismo de “ Mensagem” faz com que a nossa História acabe em D. Sebastião, no nevoeiro de uma incerteza que só o mestre do ocultismo poderá remover.

POETA MODERNISTA que deserta da Águia e funda Orpheu. Como sabemos este Modernismo distingue-se pelos seguintes Ismos: Paulismo: misto de saudosismo e decadentismo, Interseccionismo: Chuva Oblíqua e suas implicações cubistas, Sensacionismo: intelectualização e descasque de toda a crosta imediata e material da sensação, Absurismo, Existencialismo: segundo os quais o Homem e o Mundo são absurdos e não é possível atingir a felicidade, Hora Absurda, Opiário.

POETA DO LIRISMO POPULAR expresso nas suas quadras ao gosto popular, cheias de egotismo e em poemas como: “Sino da minha Aldeia” , “A Lavadeira do Tanque”.

POETA DA INFÂNCIA A evocação da infância é o único refúgio do poeta: “ Natal”, “ Menino da sua Mãe”, “Chuva Oblíqua”, “Lisbon Revisited” e muitos outros poemas descansam nela.

POETA DRAMÁTICO E DOS POEMAS INGLESES Os primeiros passos de Pessoa na poesia foram na língua inglesa. São 35 sonetos, inscrições epitáfios e o poema “ Antinous” ou “Antinoo”. Não esquecer “ O Fausto”, “ Na Floresta do Alheamento”, “ O Marinheiro”, a tradução de “ O Corvo” de Edgar Allan Poe, “Hino a Pã”, “ Catarina a Camões”.

POETA DAS PÁGINAS ÍNTIMAS E DE AUTO-INTERPRETAÇÃO , dois volumes onde está recolhida a sua teoria literária e muitas outras explicações acerca de projectos, de obras, críticas etc....

POETA DA ESPERANÇA-DESILUSÃO: « Tudo quanto sonhei tenho perdido antes de o ter»

POETA DA MÁGOA, DO DESESPERO, DO CANSAÇO, DO FATALISMO, DA NÁUSEA E TÉDIO, DA EFEMERIDADE DA VIDA:« Meu coração é um pórtico partido», « Cansa ser, sentir dói, pensar destrói», « Náusea! Vontade de nada! Existir por não morrer» « Dorme que a vida é nada!, Dorme que tudo é vazio!

POETA DA CONTRADIÇÃO ENTRE O PENSAR E O SENTIR: « Todos temos que vivemos/ uma vida que é vivida/ e outra vida que é pensada/ e a única vida que temos/ é essa que é dividida/ entre a verdadeira e a errada»

POETA DO PARADOXO EXISTENCIAL PROVENIENTE DO CHOQUE ENTRE A VONTADE E O PENSAMENTO: « Tudo o que faço e medito/ fica sempre a metade/ querendo quero o infinito/ fazendo nada é verdade/ Que nojo de mim me fica/ a olhar para o que faço»

POETA DA DÚVIDA SOBRE QUEM É: « Sabes que sou? Eu não sei» « Grandes mistérios habitam o limiar do meu Ser» « Não sei quantas almas tenho/ cada momento mudei/ Nunca me vi nem achei/ de tanto ser só tenho alma/ e quem tem alma não tem calma (...) Por isso vou lendo/ como páginas, meu ser/ O que segue não prevendo/ O que passou a esquecer/ noto á margem do que li/ o que julguei que senti/ Releio e digo: Fui eu?/ Deus sabe porque o escreveu.»

POETA DO OCULTISMO: Pessoa dedica-se ao estudo da astrologia, da teosofia e de outras disciplinas esotéricas. Possuía faculdades telepáticas e mediúnicas, reveladas por si a Sá Carneiro.
Relacionou-se com sociedades secretas. O seu apreço pela filosofia Rosacruz pode ver-se no poema “ No Túmulo de Christian Rosenkreuz”

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