domingo, 19 de abril de 2009

Governadores decidem-se.... ( ficha de treino)

GRUPO I
Lê atentamente o seguinte texto:

Abre os braços no gesto dramático de quem faz uma revelação importante e inesperada.
Começam a ouvir-se tambores ao longe, muito em surdina.


BERESFORD

Já que temos ocasião de crucificar alguém, que escolhamos a quem valha a pena crucificar.... Pensou em alguém, Excelência?
D. MIGUEL
( Passeando agitadamente à frente do palco)
Sou um homem de gabinete. Não tenho as qualidades necessárias para falar ao povo....
( Começa a apagar-se a luz que incide sobre Beresford e o Principal Sousa.)
Repugna-me a acção, estaria politicamente liquidado se tivesse de discutir as minhas ordens...
Não sou, e nunca serei, popular. Quem o for, é meu inimigo pessoal.
( Pausa)
No estado em que se encontra o Reino, basta o aparecimento de alguém capaz de falar ao povo para inutilizar o trabalho de toda a minha vida.... E há quem seja capaz de o fazer...
( Entram Corvo e Vicente, respectivamente pela esquerda e pela direita do palco)
VICENTE
Excelências, todos falam num só homem...
CORVO
Um só nome anda na boca de toda a gente.
( Surge Morais Sarmento, que avança do fundo do palco)
MORAIS SARMENTO
Senhores Governadores: onde quer que se conspire, só um nome vem à baila.
CORVO
O nome do general Gomes Freire d’ Andrade!
( Acende-se a luz que ilumina Beresford e o Principal Sousa)
D. MIGUEL
Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta. Notai que lhe não falta nada: é lúcido, é inteligente, é idolatrado pelo povo, é um soldado brilhante, é grão-mestre da Maçonaria e é, senhores, um estrangeirado...
BERESFORD
Trata-se de um inimigo natural desta Regência.
PRINCIPAL SOUSA
Foi Deus que nos indicou o seu nome.

D. MIGUEL
( Sorrindo)
Deus e eu, senhores! Deus e eu...
CORVO
Mas, senhores, nada prova que o general seja o chefe da conjura.
Tudo o que se diz pode não passar de um boato...
D. MIGUEL
Cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitão?

Luís Sttau Monteiro, Felimente Há Luar!



Itens fechados de Verdadeiro/ Falso ( 25 pontos)

1. Indica se cada uma das afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas.
( Transcreve para a tua folha de teste o número da alínea, seguido de V ou F)

1.1.Na réplica inicial de Beresford, o personagem refere-se à oportunidade de sacrificarem alguém, não importa quem seja, para que se cumpra um banal ritual de crucificação.

1.2.D. Miguel reconhece que a sua autoridade poderá estar ameaçada se houver quem influencie o povo.

1.3. Vicente, Corvo e Morais Sarmento hesitam na revelação da identidade do líder da conspiração.

1.4. Beresford considera o general Gomes Freire d’ Andrade um “inimigo natural(da) Regência” porque, tal como os governadores, também ele é ávido de poder.

1.5. Para D. Miguel a simples suspeita de conspiração é suficiente para castigar quem se oponha aos interesses do rei.


Itens de resposta curta/ resposta restrita (75 pontos)

2. Refere a importância do excerto transcrito para o desenvolvimento da acção da peça. ( 15 pontos)

3. As didascálias compreendidas entre o início do excerto e “ Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta” permitem-nos sentir uma progressão da tensão dramática da cena.
Apresenta três elementos cénicos que contribuem para a aumentar. (20 pontos)

4. Apresenta, fundamentando-te no texto, três traços caracterizadores de D. Miguel. (15 pontos)

5. Explicita o regime político que é alvo de crítica, indicando as convicções em que se sustenta. (25 pontos)




Grupo II

Funcionamento da Língua
Item de resposta curta/ restrita ( 15 pontos)

1. Indica os actos de fala presentes nas frases que se seguem.

“Repugna-me a acção, estaria politicamente liquidado...”
“Trata-se de um inimigo natural desta Regência.”
“Cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitão?


Grupo III

Item aberto de composição extensa/ ensaio ( 85 pontos)

O Título da peça assume sentidos diferentes consoante o ponto de vista das duas personagens que o proferem.
Num texto organizado com o mínimo de 20 linhas, refere-te à ambiguidade do título, indicando:
- as personagens que o proferem,
- a situação que as leva a proferi-lo,
- a simbologia do fogo e do luar na perspectiva de cada uma dessas personagens.