PROPOSTAS DE ITENS DE TEXTO EXPOSITIVO-ARGUMENTATIVO
( Item B de Prova de Exame- 100 a 120 palavras) Prof: Euclides Rosa
I.
“ A figura de Gomes Freire de Andrade, a quem “ o inseparável amigo”, Sousa Falcão se refere como um dos ” homens que obrigam todos os outros a reverem-se por dentro...”, assume-se como reserva moral e, simultaneamente, mito referencial de uma revolução que está longe de ter a dimensão insurreccional que o poder estabelecido lhe atribui”
Barata, José Oliveira, Para Compreender Felizmente Há Luar, Asa
Comente a citação transcrita, num texto expositivo-argumentativo entre 100 e 120 palavras com juízos de leitura e referências à obra, centrando-se na caracterização e modo de apresentação do herói épico, Gomes Freire de Andrade.
II.
“ A nobreza moral de Matilde aproxiama-a da trajectória de uma heroína trágica. Debatendo-se entre os mais puros e humanos sentimentos, comuns a qualquer mortal, e a sublimação heróica, que progressivamente a conduz de simples amante de Gomes Freire a corifeu de uma revolta, Matilde surge-nos como a figura mais dramaticamente elaborada de toda a peça.”
Barata, José Oliveira, Para Compreender Felizmente Há Luar, Asa
Comente a citação transcrita, num texto expositivo-argumentativo entre 100 e 120 palavras com juízos de leitura e referências à obra, referindo-se á importância de Matilde de Sousa Melo na apoteose trágica de Sttau Monteiro.
III.
“ Felizmente, há luar!: a duplicidade de intenções desta elocução e o contexto situacional em que é proferida servem, assim, mais uma vez, a estrutura dual que se procura apresentar: a frase dita pelo Poder e dita pelo anti-poder”.
Barata, José Oliveira, Para Compreender Felizmente Há Luar, Asa
Num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, refira-se à importância e simbologia do título da obra, fazendo-lhe juízos de leitura e referências concretas.
IV.
“ Foi aquela peça em que um homem voltado para o dia seguinte – O Gomes Freire – foi morto por gente da véspera.” Luís de Sttau Monteiro
Comente a afirmação do autor num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavrascom juízos de leitura e referências à obra.
V.
“ Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos? “- Matilde
Comente a afirmação da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavrascom juízos de leitura e referências à obra.
VI.
“ Olhem bem! Limpem bem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que ela nos ensina! Até a noite foi feita para que a vísseis até ao fim...” – Matilde
Comente a afirmação da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, referindo-se ao carácter didáctico de Felizmente, Há Luar! .
VII.
“ O velho está sempre a ceder perante o novo e o novo sempre a destruir o velho....; A consciência, Reverência, satisfaz-se com meia dúzia de artifícios mentais; depende do seu peso, da sua influência, das vantagens ou inconvenientes que, para mim, resultem da sua morte...” Beresford
Comente a afirmação da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, caracterizando Beresford com referências á obra.
VIII.
“ Os degraus da vida são logo esquecidos por quem sobe a escada”. Vicente
Comente a afirmação da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, caracterizando Vicente com referências á obra.
IX.
Além dos elementos paradramáticos, luminotécnica, sonoplastia, há na obra elementos simbólicos que também têm de ser interpretados pelo espectador distanciado do tempo da acção dramática. Prof. Euclides
Num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, refira-se à importância de dois desses símbolos, com juízos de leitura e referências à obra.
X.
As didascálias e as notas à margem, assim como a iluminação e o som são estratégias imprescindíveis no teatro que tem de fugir à censura e que requer interpretação/ reflexão do público. Prof. Euclides
Num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, refira-se à importância desses recursos dramáticos, com juízos de leitura e referências à obra.
domingo, 19 de abril de 2009
Início do actoII- ( Compreensão+ Item B + exercício língua)
O segundo acto começa precisamente como o primeiro. Os actores devem ocupar no início deste acto as mesmas posições que ocupavam no primeiro, a fim de os espectadores compreenderem não se tratar esta semelhança dum acidente ocasional. ( nota à margem)
O tom é profético e a voz triste.
Está a falar sozinha. Já o estava, possivelmente, antes de surgir no palco.
Fala com amor.
Ao abrir o pano a cena está às escuras. Uma única personagem, intensamente iluminada, encontra-se à frente e ao centro do palco. É o popular que deu início ao primeiro acto.
Manuel
Que posso eu fazer? Sim, que posso eu fazer?
(Dá dois passos em direcção ao fundo do palco. Detém-se.)
Sempre que há uma esperança os tambores abafam-lhe a voz...
Sempre que alguém grita os sinos tocam a rebate...
(Pausa)
E cai-nos tudo em cima: o rei, a polícia, a fome...
(Levanta os braços ao alto)
Até Deus!
(Deixa cair os braços num gesto de desânimo)
E ficamos pior do que estávamos... Se tínhamos fome e esperanças, ficamos só com fome... Se, durante uns tempos, acreditámos em nós próprios, voltamos a não acreditar em nada...
(...)
(Para o palco)
Que mais sabem vocês da prisão do general?
Ilumina-se o fundo do palco, que se encontra repleto de gente do povo disposta exactamente como para a cena de abertura do 1º acto.
(...)
O Antigo Soldado
(visivelmente acabrunhado)
Prenderam o general... Para nós, a noite ainda ficou mais escura...
1º Popular
É por pouco tempo, amigo. Espera pelo clarão das fogueiras...
(...)
(Rita sai. Surge, a meio do palco, intensamente iluminada e sentada numa cadeira tosca, Matilde de Melo – uma mulher de meia-idade, vestida de negro e desgrenhada)
Matilde
Ensina-se-lhes que sejam valentes, para um dia virem a ser julgados por covardes!
Ensina-se-lhes que sejam justos, para viverem num mundo em que reina a injustiça!
Ensina-se-lhes que sejam leais, para que a lealdade, um dia, os leve à forca!
(Levanta-se)
Não seria mais humano, mais honesto, ensiná-los, de pequeninos, a viverem em paz com a hipocrisia do mundo?
(Pausa)
Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos?
(Encaminha-se para uma cómoda velha que surge, iluminada, à sua esquerda)
Se o meu filho fosse vivo, havia de fazer dele um homem de bem, desses que vão ao teatro e a tudo assistem, com sorrisos alarves, fingindo nada terem a ver com o que se passa em cena!
Luís de Sttau Monteiro, Felizmente Há Luar!
1.Enquadre este excerto na estrutura externa e interna da obra.
2. Tendo em conta a globalidade da obra, refere a importância de Manuel na economia da obra.
3. Explique as funções que a iluminação desempenha no texto.
4. Refira o que simboliza a expressão «noite escura» proferida pelo Antigo Soldado.
5. Matilde aprendeu uma lição com a condenação de Gomes Freire.
5.1. Destaque o essencial dessa lição.
5.2. Indique quem Matilde designa ironicamente por «homens de bem».
6. Identifique dois recursos expressivos presentes no texto e diga qual a sua expressividade na determinação da respectiva mensagem.
7. A partir das didascálias laterais, prova que Felizmente há Luar! está de acordo com os princípios do teatro épico.
B
Em Memorial do Convento também há uma crítica aos meios e métodos de aplicação da (in)justiça, em tudo semelhante à que é feita ao poder do regime totalitário em Felizmente, há luar!
Num texto expositivo-argumentativo entre 100 e 150 palavras, faça uma dissertação sobre o poder do regime absolutista e da inquisição, alvo de denúncia no romance de Saramago.
II
Leia o texto:
A Revolução de 25 de Abril de 1974 representa o início de uma nova era no Teatro português, estrangulado por 40 anos de obscurantismo e Censura. Nos anos imediatos à revolução foi um teatro à procura de um diálogo com o seu tempo. O realismo social estava na ordem do dia, ligado à tomada de posições políticas; mas paralelamente era também um espectáculo à procura de um público, e de um modelo de criação.
A proliferação de grupos de teatro independente característica destes anos, permite ao teatro português consolidar a sua posição no meio artístico, através de uma grande diversidade de estéticas e de públicos. Estas novas entidades congregavam, maioritariamente, jovens profissionais, alunos oriundos do novo Conservatório, actores do teatro universitário ou jovens saídos de cursos ministrados por convidados estrangeiros que então visitaram Portugal. A estas estruturas se ficaria a dever, em grande parte, a abertura de novos percursos no teatro, a afirmação de diversificados repertórios ou a procura de conceitos diferenciados de direcção e encenação.
A partir de meados dos anos 80, começam-se a esboçar noções como a de marketing cultural, gestão teatral, e «artes performativas». Assiste-se à redefinição do panorama teatral, caracterizada pela institucionalização da segunda geração de independentes, e ao aparecimento de uma novíssima geração de rebeldes, que embora muito diferentes entre si, têm em comum um teatro assente na palavra, na encenação, e na imagem e carisma do actor. A partir da década de 90 o teatro português vê alargar o seu espectro de criadores. Surgem novas estéticas, muito ligadas à multiplicação dos Festivais de Teatro, e aos contactos com companhias estrangeiras convidadas.
1. Indica se as afirmações são verdadeiras ou falsas, escrevendo na sua folha de teste a alínea seguida de V ou F.
Afirmações
a) “A Revolução de 25 de Abril de 1974...(1) tem uma referência mais lata que “Nos anos imediatos à revolução...” (2)
b)“Estas novas entidades ...” (8) recupera a referência já feita a “grupos de teatro” (6).
c) “A estas estruturas ...” (10, 11) recupera a referência a “diversidade de estéticas e de públicos...”(7,8)
d) “diversificados repertórios ou a procura de conceitos diferenciados de direcção e encenação .(12) não tem referência anterior.
e) “A partir de meados dos anos 80” (13) e “A partir da década de 90” (17) é um mecanismo de coesão interfrásico.
f) “geração de independentes ...” (15) e “geração de rebeldes (16) “ passa-se de uma modalização neutra para uma valorativa.
2. Neste item, faça corresponder a cada um dos quatro elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obter afirmações verdadeiras. Escreva na sua folha de respostas, ao lado do número da frase, a alínea correspondente.
A B
1) “mas paralelamente era também um espectáculo...” (4)
2) “que então visitaram Portugal ...”(10)
3) “A estas estruturas se ficaria a dever...” (13)
4) “começam-se a esboçar noções..” (13)
a) é uma oração subordinada relativa sem atecente.
b) é um pronome pessoal indeterminado.
c) é aparentemente uma oposição mas acaba por ser a conciliação com uma ideia nova.
d) é uma oração subordinada completiva.
e) é uma oração subordinada relativa com antecedente.
f) é um pronome pessoal complemento indirecto.
O tom é profético e a voz triste.
Está a falar sozinha. Já o estava, possivelmente, antes de surgir no palco.
Fala com amor.
Ao abrir o pano a cena está às escuras. Uma única personagem, intensamente iluminada, encontra-se à frente e ao centro do palco. É o popular que deu início ao primeiro acto.
Manuel
Que posso eu fazer? Sim, que posso eu fazer?
(Dá dois passos em direcção ao fundo do palco. Detém-se.)
Sempre que há uma esperança os tambores abafam-lhe a voz...
Sempre que alguém grita os sinos tocam a rebate...
(Pausa)
E cai-nos tudo em cima: o rei, a polícia, a fome...
(Levanta os braços ao alto)
Até Deus!
(Deixa cair os braços num gesto de desânimo)
E ficamos pior do que estávamos... Se tínhamos fome e esperanças, ficamos só com fome... Se, durante uns tempos, acreditámos em nós próprios, voltamos a não acreditar em nada...
(...)
(Para o palco)
Que mais sabem vocês da prisão do general?
Ilumina-se o fundo do palco, que se encontra repleto de gente do povo disposta exactamente como para a cena de abertura do 1º acto.
(...)
O Antigo Soldado
(visivelmente acabrunhado)
Prenderam o general... Para nós, a noite ainda ficou mais escura...
1º Popular
É por pouco tempo, amigo. Espera pelo clarão das fogueiras...
(...)
(Rita sai. Surge, a meio do palco, intensamente iluminada e sentada numa cadeira tosca, Matilde de Melo – uma mulher de meia-idade, vestida de negro e desgrenhada)
Matilde
Ensina-se-lhes que sejam valentes, para um dia virem a ser julgados por covardes!
Ensina-se-lhes que sejam justos, para viverem num mundo em que reina a injustiça!
Ensina-se-lhes que sejam leais, para que a lealdade, um dia, os leve à forca!
(Levanta-se)
Não seria mais humano, mais honesto, ensiná-los, de pequeninos, a viverem em paz com a hipocrisia do mundo?
(Pausa)
Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos?
(Encaminha-se para uma cómoda velha que surge, iluminada, à sua esquerda)
Se o meu filho fosse vivo, havia de fazer dele um homem de bem, desses que vão ao teatro e a tudo assistem, com sorrisos alarves, fingindo nada terem a ver com o que se passa em cena!
Luís de Sttau Monteiro, Felizmente Há Luar!
1.Enquadre este excerto na estrutura externa e interna da obra.
2. Tendo em conta a globalidade da obra, refere a importância de Manuel na economia da obra.
3. Explique as funções que a iluminação desempenha no texto.
4. Refira o que simboliza a expressão «noite escura» proferida pelo Antigo Soldado.
5. Matilde aprendeu uma lição com a condenação de Gomes Freire.
5.1. Destaque o essencial dessa lição.
5.2. Indique quem Matilde designa ironicamente por «homens de bem».
6. Identifique dois recursos expressivos presentes no texto e diga qual a sua expressividade na determinação da respectiva mensagem.
7. A partir das didascálias laterais, prova que Felizmente há Luar! está de acordo com os princípios do teatro épico.
B
Em Memorial do Convento também há uma crítica aos meios e métodos de aplicação da (in)justiça, em tudo semelhante à que é feita ao poder do regime totalitário em Felizmente, há luar!
Num texto expositivo-argumentativo entre 100 e 150 palavras, faça uma dissertação sobre o poder do regime absolutista e da inquisição, alvo de denúncia no romance de Saramago.
II
Leia o texto:
A Revolução de 25 de Abril de 1974 representa o início de uma nova era no Teatro português, estrangulado por 40 anos de obscurantismo e Censura. Nos anos imediatos à revolução foi um teatro à procura de um diálogo com o seu tempo. O realismo social estava na ordem do dia, ligado à tomada de posições políticas; mas paralelamente era também um espectáculo à procura de um público, e de um modelo de criação.
A proliferação de grupos de teatro independente característica destes anos, permite ao teatro português consolidar a sua posição no meio artístico, através de uma grande diversidade de estéticas e de públicos. Estas novas entidades congregavam, maioritariamente, jovens profissionais, alunos oriundos do novo Conservatório, actores do teatro universitário ou jovens saídos de cursos ministrados por convidados estrangeiros que então visitaram Portugal. A estas estruturas se ficaria a dever, em grande parte, a abertura de novos percursos no teatro, a afirmação de diversificados repertórios ou a procura de conceitos diferenciados de direcção e encenação.
A partir de meados dos anos 80, começam-se a esboçar noções como a de marketing cultural, gestão teatral, e «artes performativas». Assiste-se à redefinição do panorama teatral, caracterizada pela institucionalização da segunda geração de independentes, e ao aparecimento de uma novíssima geração de rebeldes, que embora muito diferentes entre si, têm em comum um teatro assente na palavra, na encenação, e na imagem e carisma do actor. A partir da década de 90 o teatro português vê alargar o seu espectro de criadores. Surgem novas estéticas, muito ligadas à multiplicação dos Festivais de Teatro, e aos contactos com companhias estrangeiras convidadas.
1. Indica se as afirmações são verdadeiras ou falsas, escrevendo na sua folha de teste a alínea seguida de V ou F.
Afirmações
a) “A Revolução de 25 de Abril de 1974...(1) tem uma referência mais lata que “Nos anos imediatos à revolução...” (2)
b)“Estas novas entidades ...” (8) recupera a referência já feita a “grupos de teatro” (6).
c) “A estas estruturas ...” (10, 11) recupera a referência a “diversidade de estéticas e de públicos...”(7,8)
d) “diversificados repertórios ou a procura de conceitos diferenciados de direcção e encenação .(12) não tem referência anterior.
e) “A partir de meados dos anos 80” (13) e “A partir da década de 90” (17) é um mecanismo de coesão interfrásico.
f) “geração de independentes ...” (15) e “geração de rebeldes (16) “ passa-se de uma modalização neutra para uma valorativa.
2. Neste item, faça corresponder a cada um dos quatro elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obter afirmações verdadeiras. Escreva na sua folha de respostas, ao lado do número da frase, a alínea correspondente.
A B
1) “mas paralelamente era também um espectáculo...” (4)
2) “que então visitaram Portugal ...”(10)
3) “A estas estruturas se ficaria a dever...” (13)
4) “começam-se a esboçar noções..” (13)
a) é uma oração subordinada relativa sem atecente.
b) é um pronome pessoal indeterminado.
c) é aparentemente uma oposição mas acaba por ser a conciliação com uma ideia nova.
d) é uma oração subordinada completiva.
e) é uma oração subordinada relativa com antecedente.
f) é um pronome pessoal complemento indirecto.
Como são os governadores? ( ficha de treino)
GRUPO I
Lê atentamente o seguinte texto:
A ingenuidade do Principal Sousa não é verdadeira. Este prelado defende-se, sempre, tentando mostrar-se alheio à política e às decisões em que intervém.
D. MIGUEL
[...] A questão que temos de resolver, Excelência, é, portanto, bem simples. Consiste apenas em chegarmos a acordo acerca da pessoa que mais nos convém que tenha sido o chefe da conjura.
PRINCIPAL SOUSA
Não me agrada a condenação de um inocente.
BERESFORD
Está nas suas mãos, Reverência, evitar que seja condenado um inocente...
PRINCIPAL SOUSA
Como?
BERESFORD
( Sorrindo)
Nomeando quem tenha na alma a semente do jacobinismo...
Se peca quem não acta a palavra de Deus, mais peca, com certeza, quem não aceite ou discuta a sua Autoridade... V. Reverência ainda há pouco disse que a autoridade dos reis provinha de Deus...
PRINCIPAL SOUSA
Na verdade...
BERESFORD
( Rindo-se)
Até os mercenários sabem teologia.... São eles, aliás, que mais vezes carecem dela. A consciência humana, Reverência satisfaz-se com meia dúzia de artifícios mentais.
PRINCIPAL SOUSA
Lá está V. Ex.ª brincando outra vez!
( Pausa)
Digam-me: já pensaram em alguèm?
D. MIGUEL
O problema é delicado.
BERESFORD
( Levanta-se e passeia dum lado para o outro do palco)
A minha missão consiste em reoragnizar o exército e é meu inimigo, portanto, quem me dificulte esta missão.
( A luz que incide sobre D. Miguel e o Principal Sousa começa a diminuir de intensidade até desaparecer, ficando apenas Beresford iluminado)
É também, meu inimigo quem me possa substituir na organização do exército... ou lá se vão os meus 16000$00. Dizem que eu sou um grande sargento e um mau oficial, que sei organizar o exército, mas que não sei comandar em campanha.
Basta que surja um oficial com um passado brilhante para me destronar...
Não devo esquecer-me de que estou rodeado de inimigos: o clero odeia-me porque não sou da sua seita; a nobreza, porque não lhe concedo privilégios; o povo, porque me identifica com a nobreza, e todos, sem excepção, porque sou estrangeiro...
O próprio D. Miguel só vê em mim uma limitação ao seu poder...
Neste país de intrigas e de traições, só se entendem uns com os outros para destruir um inimigo comum e eu posso transformar-me nesse inimigo comum, se não tiver cuidado.
( Pausa)
Não é prudente ainda dizê-lo aos outros, mas não há dúvida de que existe um português capaz de me destronar...
( Fala agora para D. Miguel e o Principal Sousa que surgem subitamente iluminados.)
Senhores, temos de encontrar alguém que tenha prestígio no exército. Julgo que nos convém um oficial de patente elevada, com um bom passado militar. Concretamente, porém, não sei de ninguém que lhe possa indicar.
Luís Sttau Monteiro, Felimente Há Luar!
Itens fechados de Verdadeiro/ Falso ( 20 pontos)
1. Indica se cada uma das afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas.
( Transcreve para a tua folha de teste o número da alínea, seguido de V ou F)
1.1. Embora o Principal Sousa e Beresford sejam ambos governadores do reino, não parilham o mesmo conceito de justiça.
1.2. Beresford está perfeitamente consciente das diferentes ameaças a que está sujeito, por isso mantém-se muito cauteloso.
1.3. Beresford parece acreditar que a conquistada solidez da governação resulta mais da autoridade de um líder do que da autoridade herdada em nome de Deus.
1.4. Beresford não tem inimigos exteriores ao aparelho governativo.
Itens de resposta curta/ resposta restrita ( 75 pontos)
2. Refere a importância do excerto transcrito para o desenvolvimento da acção da peça.( 15 pontos)
3. Indica a função que a iluminação cénica desempenha no excerto transcrito.( 20 pontos)
4. Define, com base no texto, cinco traços caracterizadores do perfil psicológico de Beresford.( 15 pontos)
5. Explicita dois apspectos da crítica de carácter político presentes no texto.( 25 pontos)
Grupo II
Funcionamento da Língua
Item de resposta curta/ restrita ( 15 pontos)
Indica os actos de fala presentes nas frases que se seguem.
1.1. “Não me agrada a condenação de um inocente....”
1.2. “Digam-me: já pensaram em alguèm?”
1.3. “O problema é delicado.”
Grupo III
Item aberto de composição extensa/ ensaio ( 90 pontos)
Em Felizmente, Há Luar o passado é pretexto para falar do Presente.
Num texto organizado, explica como o dramaturgo consegue atingir este seu objectivo, referindo-te:
- à estrutura da obra,
- função da iluminação e do som,
- escassez de recursos cénicos,
- semelhanças entre o regime político retratado e o alvo criticado.
Lê atentamente o seguinte texto:
A ingenuidade do Principal Sousa não é verdadeira. Este prelado defende-se, sempre, tentando mostrar-se alheio à política e às decisões em que intervém.
D. MIGUEL
[...] A questão que temos de resolver, Excelência, é, portanto, bem simples. Consiste apenas em chegarmos a acordo acerca da pessoa que mais nos convém que tenha sido o chefe da conjura.
PRINCIPAL SOUSA
Não me agrada a condenação de um inocente.
BERESFORD
Está nas suas mãos, Reverência, evitar que seja condenado um inocente...
PRINCIPAL SOUSA
Como?
BERESFORD
( Sorrindo)
Nomeando quem tenha na alma a semente do jacobinismo...
Se peca quem não acta a palavra de Deus, mais peca, com certeza, quem não aceite ou discuta a sua Autoridade... V. Reverência ainda há pouco disse que a autoridade dos reis provinha de Deus...
PRINCIPAL SOUSA
Na verdade...
BERESFORD
( Rindo-se)
Até os mercenários sabem teologia.... São eles, aliás, que mais vezes carecem dela. A consciência humana, Reverência satisfaz-se com meia dúzia de artifícios mentais.
PRINCIPAL SOUSA
Lá está V. Ex.ª brincando outra vez!
( Pausa)
Digam-me: já pensaram em alguèm?
D. MIGUEL
O problema é delicado.
BERESFORD
( Levanta-se e passeia dum lado para o outro do palco)
A minha missão consiste em reoragnizar o exército e é meu inimigo, portanto, quem me dificulte esta missão.
( A luz que incide sobre D. Miguel e o Principal Sousa começa a diminuir de intensidade até desaparecer, ficando apenas Beresford iluminado)
É também, meu inimigo quem me possa substituir na organização do exército... ou lá se vão os meus 16000$00. Dizem que eu sou um grande sargento e um mau oficial, que sei organizar o exército, mas que não sei comandar em campanha.
Basta que surja um oficial com um passado brilhante para me destronar...
Não devo esquecer-me de que estou rodeado de inimigos: o clero odeia-me porque não sou da sua seita; a nobreza, porque não lhe concedo privilégios; o povo, porque me identifica com a nobreza, e todos, sem excepção, porque sou estrangeiro...
O próprio D. Miguel só vê em mim uma limitação ao seu poder...
Neste país de intrigas e de traições, só se entendem uns com os outros para destruir um inimigo comum e eu posso transformar-me nesse inimigo comum, se não tiver cuidado.
( Pausa)
Não é prudente ainda dizê-lo aos outros, mas não há dúvida de que existe um português capaz de me destronar...
( Fala agora para D. Miguel e o Principal Sousa que surgem subitamente iluminados.)
Senhores, temos de encontrar alguém que tenha prestígio no exército. Julgo que nos convém um oficial de patente elevada, com um bom passado militar. Concretamente, porém, não sei de ninguém que lhe possa indicar.
Luís Sttau Monteiro, Felimente Há Luar!
Itens fechados de Verdadeiro/ Falso ( 20 pontos)
1. Indica se cada uma das afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas.
( Transcreve para a tua folha de teste o número da alínea, seguido de V ou F)
1.1. Embora o Principal Sousa e Beresford sejam ambos governadores do reino, não parilham o mesmo conceito de justiça.
1.2. Beresford está perfeitamente consciente das diferentes ameaças a que está sujeito, por isso mantém-se muito cauteloso.
1.3. Beresford parece acreditar que a conquistada solidez da governação resulta mais da autoridade de um líder do que da autoridade herdada em nome de Deus.
1.4. Beresford não tem inimigos exteriores ao aparelho governativo.
Itens de resposta curta/ resposta restrita ( 75 pontos)
2. Refere a importância do excerto transcrito para o desenvolvimento da acção da peça.( 15 pontos)
3. Indica a função que a iluminação cénica desempenha no excerto transcrito.( 20 pontos)
4. Define, com base no texto, cinco traços caracterizadores do perfil psicológico de Beresford.( 15 pontos)
5. Explicita dois apspectos da crítica de carácter político presentes no texto.( 25 pontos)
Grupo II
Funcionamento da Língua
Item de resposta curta/ restrita ( 15 pontos)
Indica os actos de fala presentes nas frases que se seguem.
1.1. “Não me agrada a condenação de um inocente....”
1.2. “Digam-me: já pensaram em alguèm?”
1.3. “O problema é delicado.”
Grupo III
Item aberto de composição extensa/ ensaio ( 90 pontos)
Em Felizmente, Há Luar o passado é pretexto para falar do Presente.
Num texto organizado, explica como o dramaturgo consegue atingir este seu objectivo, referindo-te:
- à estrutura da obra,
- função da iluminação e do som,
- escassez de recursos cénicos,
- semelhanças entre o regime político retratado e o alvo criticado.
Governadores decidem-se.... ( ficha de treino)
GRUPO I
Lê atentamente o seguinte texto:
Abre os braços no gesto dramático de quem faz uma revelação importante e inesperada.
Começam a ouvir-se tambores ao longe, muito em surdina.
BERESFORD
Já que temos ocasião de crucificar alguém, que escolhamos a quem valha a pena crucificar.... Pensou em alguém, Excelência?
D. MIGUEL
( Passeando agitadamente à frente do palco)
Sou um homem de gabinete. Não tenho as qualidades necessárias para falar ao povo....
( Começa a apagar-se a luz que incide sobre Beresford e o Principal Sousa.)
Repugna-me a acção, estaria politicamente liquidado se tivesse de discutir as minhas ordens...
Não sou, e nunca serei, popular. Quem o for, é meu inimigo pessoal.
( Pausa)
No estado em que se encontra o Reino, basta o aparecimento de alguém capaz de falar ao povo para inutilizar o trabalho de toda a minha vida.... E há quem seja capaz de o fazer...
( Entram Corvo e Vicente, respectivamente pela esquerda e pela direita do palco)
VICENTE
Excelências, todos falam num só homem...
CORVO
Um só nome anda na boca de toda a gente.
( Surge Morais Sarmento, que avança do fundo do palco)
MORAIS SARMENTO
Senhores Governadores: onde quer que se conspire, só um nome vem à baila.
CORVO
O nome do general Gomes Freire d’ Andrade!
( Acende-se a luz que ilumina Beresford e o Principal Sousa)
D. MIGUEL
Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta. Notai que lhe não falta nada: é lúcido, é inteligente, é idolatrado pelo povo, é um soldado brilhante, é grão-mestre da Maçonaria e é, senhores, um estrangeirado...
BERESFORD
Trata-se de um inimigo natural desta Regência.
PRINCIPAL SOUSA
Foi Deus que nos indicou o seu nome.
D. MIGUEL
( Sorrindo)
Deus e eu, senhores! Deus e eu...
CORVO
Mas, senhores, nada prova que o general seja o chefe da conjura.
Tudo o que se diz pode não passar de um boato...
D. MIGUEL
Cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitão?
Luís Sttau Monteiro, Felimente Há Luar!
Itens fechados de Verdadeiro/ Falso ( 25 pontos)
1. Indica se cada uma das afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas.
( Transcreve para a tua folha de teste o número da alínea, seguido de V ou F)
1.1.Na réplica inicial de Beresford, o personagem refere-se à oportunidade de sacrificarem alguém, não importa quem seja, para que se cumpra um banal ritual de crucificação.
1.2.D. Miguel reconhece que a sua autoridade poderá estar ameaçada se houver quem influencie o povo.
1.3. Vicente, Corvo e Morais Sarmento hesitam na revelação da identidade do líder da conspiração.
1.4. Beresford considera o general Gomes Freire d’ Andrade um “inimigo natural(da) Regência” porque, tal como os governadores, também ele é ávido de poder.
1.5. Para D. Miguel a simples suspeita de conspiração é suficiente para castigar quem se oponha aos interesses do rei.
Itens de resposta curta/ resposta restrita (75 pontos)
2. Refere a importância do excerto transcrito para o desenvolvimento da acção da peça. ( 15 pontos)
3. As didascálias compreendidas entre o início do excerto e “ Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta” permitem-nos sentir uma progressão da tensão dramática da cena.
Apresenta três elementos cénicos que contribuem para a aumentar. (20 pontos)
4. Apresenta, fundamentando-te no texto, três traços caracterizadores de D. Miguel. (15 pontos)
5. Explicita o regime político que é alvo de crítica, indicando as convicções em que se sustenta. (25 pontos)
Grupo II
Funcionamento da Língua
Item de resposta curta/ restrita ( 15 pontos)
1. Indica os actos de fala presentes nas frases que se seguem.
“Repugna-me a acção, estaria politicamente liquidado...”
“Trata-se de um inimigo natural desta Regência.”
“Cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitão?
Grupo III
Item aberto de composição extensa/ ensaio ( 85 pontos)
O Título da peça assume sentidos diferentes consoante o ponto de vista das duas personagens que o proferem.
Num texto organizado com o mínimo de 20 linhas, refere-te à ambiguidade do título, indicando:
- as personagens que o proferem,
- a situação que as leva a proferi-lo,
- a simbologia do fogo e do luar na perspectiva de cada uma dessas personagens.
Lê atentamente o seguinte texto:
Abre os braços no gesto dramático de quem faz uma revelação importante e inesperada.
Começam a ouvir-se tambores ao longe, muito em surdina.
BERESFORD
Já que temos ocasião de crucificar alguém, que escolhamos a quem valha a pena crucificar.... Pensou em alguém, Excelência?
D. MIGUEL
( Passeando agitadamente à frente do palco)
Sou um homem de gabinete. Não tenho as qualidades necessárias para falar ao povo....
( Começa a apagar-se a luz que incide sobre Beresford e o Principal Sousa.)
Repugna-me a acção, estaria politicamente liquidado se tivesse de discutir as minhas ordens...
Não sou, e nunca serei, popular. Quem o for, é meu inimigo pessoal.
( Pausa)
No estado em que se encontra o Reino, basta o aparecimento de alguém capaz de falar ao povo para inutilizar o trabalho de toda a minha vida.... E há quem seja capaz de o fazer...
( Entram Corvo e Vicente, respectivamente pela esquerda e pela direita do palco)
VICENTE
Excelências, todos falam num só homem...
CORVO
Um só nome anda na boca de toda a gente.
( Surge Morais Sarmento, que avança do fundo do palco)
MORAIS SARMENTO
Senhores Governadores: onde quer que se conspire, só um nome vem à baila.
CORVO
O nome do general Gomes Freire d’ Andrade!
( Acende-se a luz que ilumina Beresford e o Principal Sousa)
D. MIGUEL
Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta. Notai que lhe não falta nada: é lúcido, é inteligente, é idolatrado pelo povo, é um soldado brilhante, é grão-mestre da Maçonaria e é, senhores, um estrangeirado...
BERESFORD
Trata-se de um inimigo natural desta Regência.
PRINCIPAL SOUSA
Foi Deus que nos indicou o seu nome.
D. MIGUEL
( Sorrindo)
Deus e eu, senhores! Deus e eu...
CORVO
Mas, senhores, nada prova que o general seja o chefe da conjura.
Tudo o que se diz pode não passar de um boato...
D. MIGUEL
Cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitão?
Luís Sttau Monteiro, Felimente Há Luar!
Itens fechados de Verdadeiro/ Falso ( 25 pontos)
1. Indica se cada uma das afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas.
( Transcreve para a tua folha de teste o número da alínea, seguido de V ou F)
1.1.Na réplica inicial de Beresford, o personagem refere-se à oportunidade de sacrificarem alguém, não importa quem seja, para que se cumpra um banal ritual de crucificação.
1.2.D. Miguel reconhece que a sua autoridade poderá estar ameaçada se houver quem influencie o povo.
1.3. Vicente, Corvo e Morais Sarmento hesitam na revelação da identidade do líder da conspiração.
1.4. Beresford considera o general Gomes Freire d’ Andrade um “inimigo natural(da) Regência” porque, tal como os governadores, também ele é ávido de poder.
1.5. Para D. Miguel a simples suspeita de conspiração é suficiente para castigar quem se oponha aos interesses do rei.
Itens de resposta curta/ resposta restrita (75 pontos)
2. Refere a importância do excerto transcrito para o desenvolvimento da acção da peça. ( 15 pontos)
3. As didascálias compreendidas entre o início do excerto e “ Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta” permitem-nos sentir uma progressão da tensão dramática da cena.
Apresenta três elementos cénicos que contribuem para a aumentar. (20 pontos)
4. Apresenta, fundamentando-te no texto, três traços caracterizadores de D. Miguel. (15 pontos)
5. Explicita o regime político que é alvo de crítica, indicando as convicções em que se sustenta. (25 pontos)
Grupo II
Funcionamento da Língua
Item de resposta curta/ restrita ( 15 pontos)
1. Indica os actos de fala presentes nas frases que se seguem.
“Repugna-me a acção, estaria politicamente liquidado...”
“Trata-se de um inimigo natural desta Regência.”
“Cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitão?
Grupo III
Item aberto de composição extensa/ ensaio ( 85 pontos)
O Título da peça assume sentidos diferentes consoante o ponto de vista das duas personagens que o proferem.
Num texto organizado com o mínimo de 20 linhas, refere-te à ambiguidade do título, indicando:
- as personagens que o proferem,
- a situação que as leva a proferi-lo,
- a simbologia do fogo e do luar na perspectiva de cada uma dessas personagens.
Escola Secundária Rainha D. Leonor
Português 12º Ano
Professor: Manuel Euclides Rosa
Ano Lectivo 2008/2009
Teste de verificação de leitura de Felizmente há luar Luís Sttau Monteiro
....................................
1. Selecciona a opção mais adequada ao completamento das afirmações:
1. O texto dramático Felizmente há Luar! tem como fontes:
a) Gomes Freire de Teófilo de Braga e Conspiração de 1817 de Raul Brandão.
b) Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett.
c) À espera de Godot de Samuel Beckett
2. Felizmente há Luar! inspira-se na estrutura e nos objectivos:
a) da epopeia clássica greco-latina.
b) do teatro experimental.
c) do teatro épico de Bertold Brecht.
3. Felizmente há Luar! divide-se em:
a) dois actos, com três cenas cada.
b) dois actos, sem indicação de cenas.
c) três actos com número variável de cenas.
4. O acto mais emotivo, com a apoteose trágica, o climax, é:
a) o primeiro.
b) o segundo.
c) o terceiro.
5. O texto inicia-se, tendo como pano de fundo:
a) A rua como espaço social.
b) O gabinete dos governadores do reino.
c) O forte de S. Julião da Barra.
6. As personagens seleccionadas pelo dramaturgo são:
a) representativas de vários grupos sociais.
b) todas aquelas que representam o poder.
c) em grande número por representarem todas as classes sociais.
7. As personagens pertencentes ao povo assumem:
a) atitudes de revolta contra a situação em que a classe vive.
b) comportamentos próximos aos de seres amestrados e amedrontados.
c) a coragem e a determinação como valores a preservar e a defender.
8. Segundo as indicações do dramaturgo, Manuel é:
a) um revoltado que grita contra qualquer forma de opressão.
b) um homem capaz de se juntar a Gomes Freire.
c) o popular mais consciente de todos.
9. Vicente, outra das personagens em destaque, revela:
a) ser um oportunista provoador que faz jogo duplo.
b) aos governadores o nome dos populares envolvidos na conjura.
c) o seu conformismo face à sua condição social.
10. A personagem Matilde de Melo demonstra:
a) as mesmas atitudes ao longo da sua intervenção.
b) a gradativa tomada de consciência da gravidade da situação.
c) acreditar, até ao fim, na salvação de Gomes Freire.
11. A primeira intervenção de Manuel aponta para:
a) a situação política que se vivia em Portugal.
b) a inconsciência da personagem face ao ambiente político.
c) a preocupação por Rita ainda estar a dormir.
12. O s om dos tambores que se faz ouvir desperta:
a) no antigo soldado aânsia de voltar à guerra.
b) em todos os populares a vontade de dançar ao seu ritmo.
c) em todos os presentes o desejo de fugir.
13. A primeira referência a Gomes Freire surge:
a) pela boca do Antigo Soldadoe sob a forma de elogio.
b) na voz de Manuel, que o exalta com entusiasmo.
c) na primeira réplica de Vicente, que denigre a imagem do General. 14. A longa intervenção de Vicente traduz:
a) o seu conformismo com a situação de miséria em que vive.
b) um perfeito conhecimento da realidade socio-política reinante.
c) o ódio que sente pelo general Gomes Freire.
2. Assinala verdadeiro V ou Falso F as afirmações que se seguem:
1. Felizmente há Luar! (1961), peça de esteia de Sttau Monteiro, tem como cenário o ambiente literário do século XIX.
2. A peça tem como ponto de partida a conspiração de 1817, encabeçada por gomes Freire De Andrade, que pretendia afastar o rei D. João VI e que se assume favorável à presença inglesa.
3. O crescendo trágico, representado pelas diversas tentativas de obter o perdão, acabará em climax com a execução de Gomes Freire e dos restantes presos.
4. O principal Sousa caracteriza-se como poderoso, mercenário, interesseiro, calculista, sarcástico.
5. A afirmação de Vicente não se coaduna com o comportamento que assume ao longo da peça: «- Só acredito em duas coisas: no dinheiro e na força. O general não tem uma nem outra».
6. O marechal Beresford teme essencialmente perder os privilégios de que gozava e, realçando a gravidade do momento, procura impelir os outros à acção.
7. Na altura da execução, as últimas palavras de Matilde são de coragem e de estímulo para que o povo se revolte contra a tirania dos governantes.
8. São elementos simbólicos a fogueira, o luar e a saia verde que Matilde veste para o último adeus ao marido.
9. Manuel assiste à execução do General e diz estar de luto por ele próprio.
10. António de Sousa Falcão é um dos governadores que representa o poder eclesiástico.
11. A peça tem indicações para representação, didascálias, e notas à margem fundamentais para um teatro de escassos recursos cénicos.
12. A sonoplastia e a luminotécnica não têm qualquer intencionalidade simbólica.
13. A execução do General e de outros conjurados intensifica a luta contra a opressão do regime absolutista e a vitória da revolução liberal.
14. A peça não tem quaisquer ingrediente da tragédia clássica.
15. Apesar da pathos, da hybris, da anagnóris, do climax, a obra não visa depertar a piedade e o herói é-o pela dimensão de mártir.
Português 12º Ano
Professor: Manuel Euclides Rosa
Ano Lectivo 2008/2009
Teste de verificação de leitura de Felizmente há luar Luís Sttau Monteiro
....................................
1. Selecciona a opção mais adequada ao completamento das afirmações:
1. O texto dramático Felizmente há Luar! tem como fontes:
a) Gomes Freire de Teófilo de Braga e Conspiração de 1817 de Raul Brandão.
b) Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett.
c) À espera de Godot de Samuel Beckett
2. Felizmente há Luar! inspira-se na estrutura e nos objectivos:
a) da epopeia clássica greco-latina.
b) do teatro experimental.
c) do teatro épico de Bertold Brecht.
3. Felizmente há Luar! divide-se em:
a) dois actos, com três cenas cada.
b) dois actos, sem indicação de cenas.
c) três actos com número variável de cenas.
4. O acto mais emotivo, com a apoteose trágica, o climax, é:
a) o primeiro.
b) o segundo.
c) o terceiro.
5. O texto inicia-se, tendo como pano de fundo:
a) A rua como espaço social.
b) O gabinete dos governadores do reino.
c) O forte de S. Julião da Barra.
6. As personagens seleccionadas pelo dramaturgo são:
a) representativas de vários grupos sociais.
b) todas aquelas que representam o poder.
c) em grande número por representarem todas as classes sociais.
7. As personagens pertencentes ao povo assumem:
a) atitudes de revolta contra a situação em que a classe vive.
b) comportamentos próximos aos de seres amestrados e amedrontados.
c) a coragem e a determinação como valores a preservar e a defender.
8. Segundo as indicações do dramaturgo, Manuel é:
a) um revoltado que grita contra qualquer forma de opressão.
b) um homem capaz de se juntar a Gomes Freire.
c) o popular mais consciente de todos.
9. Vicente, outra das personagens em destaque, revela:
a) ser um oportunista provoador que faz jogo duplo.
b) aos governadores o nome dos populares envolvidos na conjura.
c) o seu conformismo face à sua condição social.
10. A personagem Matilde de Melo demonstra:
a) as mesmas atitudes ao longo da sua intervenção.
b) a gradativa tomada de consciência da gravidade da situação.
c) acreditar, até ao fim, na salvação de Gomes Freire.
11. A primeira intervenção de Manuel aponta para:
a) a situação política que se vivia em Portugal.
b) a inconsciência da personagem face ao ambiente político.
c) a preocupação por Rita ainda estar a dormir.
12. O s om dos tambores que se faz ouvir desperta:
a) no antigo soldado aânsia de voltar à guerra.
b) em todos os populares a vontade de dançar ao seu ritmo.
c) em todos os presentes o desejo de fugir.
13. A primeira referência a Gomes Freire surge:
a) pela boca do Antigo Soldadoe sob a forma de elogio.
b) na voz de Manuel, que o exalta com entusiasmo.
c) na primeira réplica de Vicente, que denigre a imagem do General. 14. A longa intervenção de Vicente traduz:
a) o seu conformismo com a situação de miséria em que vive.
b) um perfeito conhecimento da realidade socio-política reinante.
c) o ódio que sente pelo general Gomes Freire.
2. Assinala verdadeiro V ou Falso F as afirmações que se seguem:
1. Felizmente há Luar! (1961), peça de esteia de Sttau Monteiro, tem como cenário o ambiente literário do século XIX.
2. A peça tem como ponto de partida a conspiração de 1817, encabeçada por gomes Freire De Andrade, que pretendia afastar o rei D. João VI e que se assume favorável à presença inglesa.
3. O crescendo trágico, representado pelas diversas tentativas de obter o perdão, acabará em climax com a execução de Gomes Freire e dos restantes presos.
4. O principal Sousa caracteriza-se como poderoso, mercenário, interesseiro, calculista, sarcástico.
5. A afirmação de Vicente não se coaduna com o comportamento que assume ao longo da peça: «- Só acredito em duas coisas: no dinheiro e na força. O general não tem uma nem outra».
6. O marechal Beresford teme essencialmente perder os privilégios de que gozava e, realçando a gravidade do momento, procura impelir os outros à acção.
7. Na altura da execução, as últimas palavras de Matilde são de coragem e de estímulo para que o povo se revolte contra a tirania dos governantes.
8. São elementos simbólicos a fogueira, o luar e a saia verde que Matilde veste para o último adeus ao marido.
9. Manuel assiste à execução do General e diz estar de luto por ele próprio.
10. António de Sousa Falcão é um dos governadores que representa o poder eclesiástico.
11. A peça tem indicações para representação, didascálias, e notas à margem fundamentais para um teatro de escassos recursos cénicos.
12. A sonoplastia e a luminotécnica não têm qualquer intencionalidade simbólica.
13. A execução do General e de outros conjurados intensifica a luta contra a opressão do regime absolutista e a vitória da revolução liberal.
14. A peça não tem quaisquer ingrediente da tragédia clássica.
15. Apesar da pathos, da hybris, da anagnóris, do climax, a obra não visa depertar a piedade e o herói é-o pela dimensão de mártir.
«Felizmente Há Luar!»- Estrutura, aspectos simbólicos
A. ESTRUTURA INTERNA (Acção)
Esta peça não se trata de uma obra que respeite a forma clássica nem obedeça à regra das três unidades (lugar, tempo e acção). A apresentação dos acontecimentos processa-se pela ordem natural e linear em que ocorrem, facilitando assim a sua compreensão.
ACTO I – Processo de incriminação; prisão dos incriminados:
Desenvolvimento da acção:
(Gomes Freire de Andrade encontra-se na sua casa “para os lados do Rato donde não há qualquer referência que tenha saído”.)
O primeiro núcleo de personagens do povo – de que fazem parte Manuel, Rita, Antigo Soldado e vários outros populares sem nome – vêem no general o seu herói, o único homem capaz de os libertar da opressão, da miséria e do terror em que vivem. (Manuel: “Se ele quisesse...”) O que significa que depositam nele as expectativas e esperanças no sentido de ser ele quem poderá libertá-los da tirania da regência e da exploração dos ingleses de que são alvo. Gomes Freire = herói
O segundo núcleo de personagens do povo – Vicente e os dois polícias – vão contribuir, através da denúncia, da traição e da força das armas, para a prisão de Gomes Freire de Andrade e para a sua ulterior execução. Gomes Freire = objecto de denúncia
Vicente num 1º momento: Vicente tem um papel de provocador, tentando denegrir junto do povo a imagem de Gomes Freire: “cá vou discutindo o general de manhã à tarde e à noite... Para esta cambada o Freire é Deus”, o que revela que Vicente despreza o povo (classe de que é, aliás, oriundo) ao mesmo tempo que desrespeita o general.
Vicente num 2º momento: Vicente tem um papel de denunciante ao aludir ao general como presumível chefe da conjura.
Vicente num 3º momento: Vicente é incumbido, por D. Miguel, de vigiar a casa de Freire de Andrade, o que ele cumpre de forma eficiente: “entram mais de dez pessoas na casa que fui incumbido de vigiar”
Núcleo dos Governadores D. Miguel e Principal Sousa mostram-se preocupados com as mudanças que a Revolução Francesa tem vindo a introduzir no espírito de um número crescente de portugueses. Beresford está preocupado com a conspiração de que tanto se fala em Lisboa, mostra a necessidade de actuar sem demora e com dureza. Gomes Freire = perigo para o poder instituído
Morais Sarmento e Andrade Corvo os oficiais, companheiros de Gomes Freire, que, por vantagens económicas aceitam denunciá-lo. Gomes Freire = objecto de denúncia
ACTO II – Processo de ilibação dos incriminados, punição dos incriminados
Desenvolvimento da acção:
A acção centra-se na deambulação de Matilde.
. suplica a Beresford que liberte o marido, apercebendo-se da conveniência política da prisão do seu marido;
. intimida o povo à acção no sentido de lutar contra a opressão e pela libertação do marido;
. exige ao povo que se solidarize com ela;
. dirige-se a D. Miguel e sente o ultraje deste, primo do marido;
. dirige-se ao Principal Sousa a quem acusa de hipócrita e prepotente;
. sente o reconforto e a compreensão de Frei Diogo que acabara de confessar o general preso em S. Julião da Barra;
. chega à serra de Santo António acompanhada de Sousa Falcão onde a fogueira queima o corpo de Gomes Freire;
. reconhece, na parte final, que a morte do General não foi gratuita e nota-se nela um sinal de esperança e de optimismo.
B. TEMPO
Tempo da acção: Aparentemente, no mesmo dia em que os populares conversam sobre Gomes Freire, Vicente é incumbido por D. Miguel de o vigiar. Também nesse mesmo dia, os Governadores recebem os oficiais delatores. Posteriormente, Vicente traz a informação de que «Ontem à noite entraram mais de dez pessoas em casa de…(Gomes Freire)». Não sabemos, contudo, o tempo que decorre entre a situação inicial e este “ontem”, ou seja, há quantos dias dura a vigilância à casa de Gomes Freire. É impossível determinar o tempo que decorre desde a denúncia até declarem Gomes Freire chefe da conjura e consequente prisão e condenação à morte.
No Acto II, Matilde desabafa: «Há quatro dias que não me deito…» e Sousa Falcão anuncia que os presos vão a caminho da execução. É-nos assim transmitida a ideia de que, entre a prisão dos conjurados e a sua execução, decorreram apenas quatro dias. O objectivo será evidenciar a arbitrariedade do Poder: quatro dias para recolher provas e proceder a um julgamento isento é um período de tempo ridículo.
Ficamos com a impressão de que tudo se passa num período curtíssimo de tempo. Esta concentração de tempo é escandalosa, evidenciando que o Poder não esperava senão um pretexto para eliminar um adversário que tinha prestígio suficiente para pôr em risco o poder instituído.
Tempo histórico: “Esta praga lhe rogo eu, Matilde de Melo, mulher de Gomes Freire de Andrade, hoje 18 de Outubro de 1817”
B. ESPAÇO
O espaço e o tempo de duração de “história” aparecem muito difusos. São as didascálicas e as falas das personagens que facultam algumas referências ao espaço.
Espaço físico
A acção decorre em Lisboa em três espaços principais:
. a sede da regência (zona da Baixa);
. a casa do general (zona do Rato);
. a serra de Santo António, lugar de onde é visível o forte de S. Julião da Barra.
Há porém referência a outros lugares:
. ao Campo de Sant’Ana;
. a uma rua de um bairro da zona ribeirinha;
. à porta da Sé onde os populares mendigam.
Espaço físico / Espaço psicológico
.além das didascálias e das falas das personagens, o autor usa a iluminação para marcar a mudança de espaço e os estados emocionais das personagens, num…
…Jogo de luz / sombra:
. mudança de espaço
. criar um ambiente de desalento, de sonho…
. código complementar do valor simbólico das palavras proferidas.
Espaço social (vestuários, adereços, etc…)
C. UNIDADE DA PEÇA
A unidade da peça é dada pela figura de Gomes Freire, pretenso chefe de uma conspiração contra o poder instituído em Portugal. Como anuncia o próprio autor no quadro de apresentação das personagens, Gomes Freire embora nunca apareça em cena, está sempre presente.
No início da peça, o General é tema de conversa entre os Populares e é posto sob vigilância por ordem de D. Miguel. No decurso do Acto I, os regentes do reino, sem o explicarem, mostram-se ansiosos por ter algum indício que lhes permita acusar Gomes Freire de chefe da conjura. O acto termina com a ordem de prisão de Gomes Freire, acusado de chefe dos conspiradores, ainda que não haja provas de que o seja.
Todo o Acto II se centra em torno da luta de Matilde, companheira do general, pela defesa da sua vida. Luta sem êxito, já que a obra acaba com a execução de Gomes Freire.
D. O TÍTULO
D. Miguel comenta «É verdade que a execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar…» quando a execução dos conjurados vai começar. Espera que assim, apesar da noite, todos tenham oportunidade de ver bem o que acontece a quem ousa desafiar as forças do poder. (Poder)
As últimas palavras da peça pertencem a Matilde que, depois da execução, diz para o povo: «Olhem bem! Limpem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que elas nos ensina! / Até a noite foi feita para que vísseis até ao fim… / Felizmente Felizmente há luar!» (nem “quase grito”). A intenção é a de que todos vejam bem ao que estão sujeitos quando se opõem ao poder. Mas enquanto D. Miguel pretende manter, através do terror, o poder opressivo e incontestável, Matilde pretende que as consciências se agitem e, vencendo o medo, lutem pela liberdade. (Anti-Poder)
E. DIDASCÁLIAS
As didascálias (ou indicações cénicas) são texto secundário que serve de suporte ao texto dramático (fala de personagens).
As didascálias que encontramos entre parênteses dão-nos indicações sobre a expressão corporal da personagem, os seus sentimentos e emoções, o seu movimento em palco, a entrada e saída. Também indicam os destinatários dos actos de fala, o tom de voz, as mudanças de luz, o som.
As didascálias laterais acompanham as palavras das personagens e ajudam à sua caracterização, esclarecendo a forma com é falam, revelando as intenções do que está a ser dito, para que as palavras sejam bem interpretadas (sobretudo pelo leitor).
F. ELEMENTOS SIMBÓLICOS
Os tambores É ao som dos tambores em fanfarra e crescendo de intensidade que a peça termina. Os tambores, que amedrontam os populares mal os ouvem à distância, e que tocam em fanfarra em momentos decisivos, como o anúncio da prisão e o fim da execução de Gomes Freire, representam a repressão; é o som simbólico da opressão aterrorizadora.
A moeda de cinco reis Na primeira situação representa a esmola, o auxílio humilhante que os poderosos dão, com arrogância e desprezo, aos que nada têm. Por isso Manuel, numa atitude de revolta, a manda dar a Matilde, mas logo se arrepende, pois sabe que não é ela que merece este gesto de agressão. Por outro lado, Matilde ao pedir-lha está a assumir a sua culpa por não ter compreendido a real situação dos populares.
Quando Matilde atira a moeda aos pés do Principal Sousa esta passa a símbolo da traição da Igreja, o eco das moedas que Judas recebeu pela entrega de Cristo. Também o Principal Sousa traiu os valores cristãos pelo poder.
A sai verde Oferecida a Matilde pelo seu amado, em Paris, para vestir quando voltassem a Portugal, nunca tinha sido usada, talvez porque o país nunca lhe tivesse dado motivos de esperança. É a saia que ela planeia usar quando Gomes Freire voltar para casa (atitude reveladora de que se recusa a perder a esperança). Acaba por ser a que veste no momento da execução do marido, simbolizando a esperança no futuro.
A fogueira e o clarão a fogueira destruiu Gomes Freire e a conspiração, a hipótese de mudança. Mas foi uma destruição necessária para a purificação; para que todo o horror fosse exposto e reforçasse o desejo de lutar por um Portugal melhor. Este valor redentor e purificador do fogo converte o final de morte num final de esperança. O clarão é a luz da liberdade que se anuncia. O clarão que se extingue com a morte de Gomes Freire irá iluminar muitas consciências. A sua morte não será em vão, outros manterão viva e cada vez mais forte a chama da liberdade que iluminou o General.
O luar Para D. Miguel, a luz do luar simboliza a opressão necessária para manter o país submisso. Para Matilde, simboliza o início do fim do obscurantismo em que o país está mergulhado. É a luz que permite “ver” um exemplo e um caminho a seguir.
Esta peça não se trata de uma obra que respeite a forma clássica nem obedeça à regra das três unidades (lugar, tempo e acção). A apresentação dos acontecimentos processa-se pela ordem natural e linear em que ocorrem, facilitando assim a sua compreensão.
ACTO I – Processo de incriminação; prisão dos incriminados:
Desenvolvimento da acção:
(Gomes Freire de Andrade encontra-se na sua casa “para os lados do Rato donde não há qualquer referência que tenha saído”.)
O primeiro núcleo de personagens do povo – de que fazem parte Manuel, Rita, Antigo Soldado e vários outros populares sem nome – vêem no general o seu herói, o único homem capaz de os libertar da opressão, da miséria e do terror em que vivem. (Manuel: “Se ele quisesse...”) O que significa que depositam nele as expectativas e esperanças no sentido de ser ele quem poderá libertá-los da tirania da regência e da exploração dos ingleses de que são alvo. Gomes Freire = herói
O segundo núcleo de personagens do povo – Vicente e os dois polícias – vão contribuir, através da denúncia, da traição e da força das armas, para a prisão de Gomes Freire de Andrade e para a sua ulterior execução. Gomes Freire = objecto de denúncia
Vicente num 1º momento: Vicente tem um papel de provocador, tentando denegrir junto do povo a imagem de Gomes Freire: “cá vou discutindo o general de manhã à tarde e à noite... Para esta cambada o Freire é Deus”, o que revela que Vicente despreza o povo (classe de que é, aliás, oriundo) ao mesmo tempo que desrespeita o general.
Vicente num 2º momento: Vicente tem um papel de denunciante ao aludir ao general como presumível chefe da conjura.
Vicente num 3º momento: Vicente é incumbido, por D. Miguel, de vigiar a casa de Freire de Andrade, o que ele cumpre de forma eficiente: “entram mais de dez pessoas na casa que fui incumbido de vigiar”
Núcleo dos Governadores D. Miguel e Principal Sousa mostram-se preocupados com as mudanças que a Revolução Francesa tem vindo a introduzir no espírito de um número crescente de portugueses. Beresford está preocupado com a conspiração de que tanto se fala em Lisboa, mostra a necessidade de actuar sem demora e com dureza. Gomes Freire = perigo para o poder instituído
Morais Sarmento e Andrade Corvo os oficiais, companheiros de Gomes Freire, que, por vantagens económicas aceitam denunciá-lo. Gomes Freire = objecto de denúncia
ACTO II – Processo de ilibação dos incriminados, punição dos incriminados
Desenvolvimento da acção:
A acção centra-se na deambulação de Matilde.
. suplica a Beresford que liberte o marido, apercebendo-se da conveniência política da prisão do seu marido;
. intimida o povo à acção no sentido de lutar contra a opressão e pela libertação do marido;
. exige ao povo que se solidarize com ela;
. dirige-se a D. Miguel e sente o ultraje deste, primo do marido;
. dirige-se ao Principal Sousa a quem acusa de hipócrita e prepotente;
. sente o reconforto e a compreensão de Frei Diogo que acabara de confessar o general preso em S. Julião da Barra;
. chega à serra de Santo António acompanhada de Sousa Falcão onde a fogueira queima o corpo de Gomes Freire;
. reconhece, na parte final, que a morte do General não foi gratuita e nota-se nela um sinal de esperança e de optimismo.
B. TEMPO
Tempo da acção: Aparentemente, no mesmo dia em que os populares conversam sobre Gomes Freire, Vicente é incumbido por D. Miguel de o vigiar. Também nesse mesmo dia, os Governadores recebem os oficiais delatores. Posteriormente, Vicente traz a informação de que «Ontem à noite entraram mais de dez pessoas em casa de…(Gomes Freire)». Não sabemos, contudo, o tempo que decorre entre a situação inicial e este “ontem”, ou seja, há quantos dias dura a vigilância à casa de Gomes Freire. É impossível determinar o tempo que decorre desde a denúncia até declarem Gomes Freire chefe da conjura e consequente prisão e condenação à morte.
No Acto II, Matilde desabafa: «Há quatro dias que não me deito…» e Sousa Falcão anuncia que os presos vão a caminho da execução. É-nos assim transmitida a ideia de que, entre a prisão dos conjurados e a sua execução, decorreram apenas quatro dias. O objectivo será evidenciar a arbitrariedade do Poder: quatro dias para recolher provas e proceder a um julgamento isento é um período de tempo ridículo.
Ficamos com a impressão de que tudo se passa num período curtíssimo de tempo. Esta concentração de tempo é escandalosa, evidenciando que o Poder não esperava senão um pretexto para eliminar um adversário que tinha prestígio suficiente para pôr em risco o poder instituído.
Tempo histórico: “Esta praga lhe rogo eu, Matilde de Melo, mulher de Gomes Freire de Andrade, hoje 18 de Outubro de 1817”
B. ESPAÇO
O espaço e o tempo de duração de “história” aparecem muito difusos. São as didascálicas e as falas das personagens que facultam algumas referências ao espaço.
Espaço físico
A acção decorre em Lisboa em três espaços principais:
. a sede da regência (zona da Baixa);
. a casa do general (zona do Rato);
. a serra de Santo António, lugar de onde é visível o forte de S. Julião da Barra.
Há porém referência a outros lugares:
. ao Campo de Sant’Ana;
. a uma rua de um bairro da zona ribeirinha;
. à porta da Sé onde os populares mendigam.
Espaço físico / Espaço psicológico
.além das didascálias e das falas das personagens, o autor usa a iluminação para marcar a mudança de espaço e os estados emocionais das personagens, num…
…Jogo de luz / sombra:
. mudança de espaço
. criar um ambiente de desalento, de sonho…
. código complementar do valor simbólico das palavras proferidas.
Espaço social (vestuários, adereços, etc…)
C. UNIDADE DA PEÇA
A unidade da peça é dada pela figura de Gomes Freire, pretenso chefe de uma conspiração contra o poder instituído em Portugal. Como anuncia o próprio autor no quadro de apresentação das personagens, Gomes Freire embora nunca apareça em cena, está sempre presente.
No início da peça, o General é tema de conversa entre os Populares e é posto sob vigilância por ordem de D. Miguel. No decurso do Acto I, os regentes do reino, sem o explicarem, mostram-se ansiosos por ter algum indício que lhes permita acusar Gomes Freire de chefe da conjura. O acto termina com a ordem de prisão de Gomes Freire, acusado de chefe dos conspiradores, ainda que não haja provas de que o seja.
Todo o Acto II se centra em torno da luta de Matilde, companheira do general, pela defesa da sua vida. Luta sem êxito, já que a obra acaba com a execução de Gomes Freire.
D. O TÍTULO
D. Miguel comenta «É verdade que a execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar…» quando a execução dos conjurados vai começar. Espera que assim, apesar da noite, todos tenham oportunidade de ver bem o que acontece a quem ousa desafiar as forças do poder. (Poder)
As últimas palavras da peça pertencem a Matilde que, depois da execução, diz para o povo: «Olhem bem! Limpem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que elas nos ensina! / Até a noite foi feita para que vísseis até ao fim… / Felizmente Felizmente há luar!» (nem “quase grito”). A intenção é a de que todos vejam bem ao que estão sujeitos quando se opõem ao poder. Mas enquanto D. Miguel pretende manter, através do terror, o poder opressivo e incontestável, Matilde pretende que as consciências se agitem e, vencendo o medo, lutem pela liberdade. (Anti-Poder)
E. DIDASCÁLIAS
As didascálias (ou indicações cénicas) são texto secundário que serve de suporte ao texto dramático (fala de personagens).
As didascálias que encontramos entre parênteses dão-nos indicações sobre a expressão corporal da personagem, os seus sentimentos e emoções, o seu movimento em palco, a entrada e saída. Também indicam os destinatários dos actos de fala, o tom de voz, as mudanças de luz, o som.
As didascálias laterais acompanham as palavras das personagens e ajudam à sua caracterização, esclarecendo a forma com é falam, revelando as intenções do que está a ser dito, para que as palavras sejam bem interpretadas (sobretudo pelo leitor).
F. ELEMENTOS SIMBÓLICOS
Os tambores É ao som dos tambores em fanfarra e crescendo de intensidade que a peça termina. Os tambores, que amedrontam os populares mal os ouvem à distância, e que tocam em fanfarra em momentos decisivos, como o anúncio da prisão e o fim da execução de Gomes Freire, representam a repressão; é o som simbólico da opressão aterrorizadora.
A moeda de cinco reis Na primeira situação representa a esmola, o auxílio humilhante que os poderosos dão, com arrogância e desprezo, aos que nada têm. Por isso Manuel, numa atitude de revolta, a manda dar a Matilde, mas logo se arrepende, pois sabe que não é ela que merece este gesto de agressão. Por outro lado, Matilde ao pedir-lha está a assumir a sua culpa por não ter compreendido a real situação dos populares.
Quando Matilde atira a moeda aos pés do Principal Sousa esta passa a símbolo da traição da Igreja, o eco das moedas que Judas recebeu pela entrega de Cristo. Também o Principal Sousa traiu os valores cristãos pelo poder.
A sai verde Oferecida a Matilde pelo seu amado, em Paris, para vestir quando voltassem a Portugal, nunca tinha sido usada, talvez porque o país nunca lhe tivesse dado motivos de esperança. É a saia que ela planeia usar quando Gomes Freire voltar para casa (atitude reveladora de que se recusa a perder a esperança). Acaba por ser a que veste no momento da execução do marido, simbolizando a esperança no futuro.
A fogueira e o clarão a fogueira destruiu Gomes Freire e a conspiração, a hipótese de mudança. Mas foi uma destruição necessária para a purificação; para que todo o horror fosse exposto e reforçasse o desejo de lutar por um Portugal melhor. Este valor redentor e purificador do fogo converte o final de morte num final de esperança. O clarão é a luz da liberdade que se anuncia. O clarão que se extingue com a morte de Gomes Freire irá iluminar muitas consciências. A sua morte não será em vão, outros manterão viva e cada vez mais forte a chama da liberdade que iluminou o General.
O luar Para D. Miguel, a luz do luar simboliza a opressão necessária para manter o país submisso. Para Matilde, simboliza o início do fim do obscurantismo em que o país está mergulhado. É a luz que permite “ver” um exemplo e um caminho a seguir.
«Felizmente Há Luar!», Luís de Sttau Monteiro- Síntese
«Felizmente Há Luar!», Luís de Sttau Monteiro
A peça «Felizmente Há Luar!» é uma peça épica, inspirada na teoria marxista, apelando à reflexão do espectador / leitor, não só no quadro da representação, como também na sociedade em que se insere.
De acordo com os princípios do “teatro épico”, definidos por Brecht, a peça pretende representar o mundo e o homem em constante evolução, de acordo com as relações sociais. Estas características afastam-se da concepção do teatro aristotélico, que pretendia despertar emoções, levando o espectador a identificar-se com o herói.
O teatro moderno tem como preocupação fundamental levar os espectadores / leitores a pensar, a reflectir sobre os acontecimentos passados e a tomar posição na sociedade em que se insere.
Surge, assim, a técnica do distanciamento que propõe um afastamento entre o actor e a personagem e entre o espectador / leitor e a história contada, para que, de uma forma mais real e autêntica, possam fazer juízos de valor sobre o que está a ser representado.
Luís de Sttau Monteiro pretende, através da distanciação, envolver o espectador / leitor no julgamento da sociedade, tomando contacto com o sofrimento dos outros. Deste modo, o espectador deve possuir um olhar crítico para melhor se aperceber de todas as formas de injustiças e opressões.
Características da obra:
- personagens psicologicamente densas e vivas;
- comentários irónicos e mordazes;
- denúncia da hipocrisia da sociedade;
- defesa intransigente da justiça social.
Teatro épico: oferece-nos uma análise crítica da sociedade, procurando mostrar a realidade em vez de a representar, para levar o espectador a reagir criticamente e a tomar uma posição.
A intemporalidade da peça remete-nos para a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça e todas as formas de perseguição.
Preocupação com o homem e o seu destino.
Luta contra a miséria e a alienação.
Denúncia da ausência de moral.
Alerta para a necessidade de uma superação, com o surgimento de uma sociedade solidária que permita a verdadeira realização do homem.
Contexto histórico (Tempo da história século XIX): Invasões napoleónicas: em 1807, o exército francês, comandado pelo general Junot, entra em Portugal. Para evitar a rendição, D. João VI e toda a família real portuguesa fogem para o Brasil. Depois da 1ª invasão, Portugal pede a Inglaterra um oficial para reorganizar o exército (o GENERAL BERESFORD). A Corte (com todos os órgãos da administração central) instala-se no Brasil e, na metrópole, o Governo fica a cargo de uma Junta de Governadores, entre eles, D. MIGUEL FORJAZ (nobreza), PRINCIPAL SOUSA (clero) e BERESFORD (Inglaterra). Este Governo assume uma atitude demasiado autoritária e absolutista. Entretanto, um grupo de generais portugueses, defensores de um Regime Liberal, tendo como líder o GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, conspira para derrubar este Governo Conjura de 1817. Beresford é informado da conspiração e todos os implicados são mortos.
Tempo da escrita século XX, década de 60: Luís de Sttau Monteiro denuncia a opressão vivida na época em que escreve esta obra, isto é, em 1961, durante a ditadura de Salazar. Assim, o recurso à distanciação histórica e à descrição das injustiças praticadas no início do século XIX, permitiu-lhe também, colocar em destaque as injustiças do seu tempo.
Paralelismo histórico-metafórico
Tempo da História Tempo da escrita
Época Século XIX, 1817
Século XX, 1961
Regime Político Absolutismo Ditadura do Estado Novo (Salazar)
Sociedade Hierarquia social: classes privilegiadas e exploradoras (nobreza, clero e burguesia) e classe explorada (povo).
Fortes desigualdades sociais: classe exploradora (ricos) e classe explorada (pobres).
Povo Péssimas condições de vida: oprimido e resignado; a “miséria, o medo e a ignorância”.
Péssimas condições de vida: reprimido e explorado; miséria, medo e analfabetismo.
Conspiração MANUEL, símbolo da consciência popular, tenta participar na conspiração, liderada pelo GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, para derrubar o poder vigente.
Militantes antifascistas sublevam-se contra o regime ditatorial, mas são logo sufocados.
Denúncias VICENTE, ANDRADE CORVO e MORAIS SARMENTO são símbolos dos denunciantes hipócritas contra o GENERAL.
Muitíssimos foram os chamados “bufos”, denunciantes que ajudaram a manter o regime de Salazar.
Forças Policiais Dois polícias contribuem para sustentar o regime.
Censura. Constituídas, sobretudo, pela PIDE, eram, sem dúvida, o sustentáculo do regime.
Censura.
Classes dominantes São representadas por BERESFORD (a força inglesa), PRINCIPAL SOUSA (o clero) e D. MIGUEL FORJAZ (a nobreza).
Representadas pelas forças estrangeiras (Inglaterra), pelos monopólios e pela Igreja.
Processos Há processos de condenação sem provas.
Muitíssimos foram os processos de condenação sem provas.
Execuções Executa-se o GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, um general sem medo, mas…
Felizmente… Felizmente há luar! As execuções foram muitas, mas em 1965 executar-se-ia o General Humberto Delgado, o “General sem Medo”, mas…
Felizmente… Felizmente há luar!
Estimula futuras rebeliões e,
em 1834, o
LIBERALISMO triunfa. Estimula futuras rebeliões que culminarão, no 25 de Abril de 1974, com a
vitória da DEMOCRACIA.
Personagens
- Povo (Manuel, Rita, Antigo Soldado, Populares)
- Governadores do Reino (D. Miguel Forjaz, Beresford, Principal Sousa)
- Delatores (Vicente, Morais Sarmento, Andrade Corvo)
- Dois polícias
- Matilde de Melo, António de Sousa Falcão, Frei Diogo
- General Gomes Freire de Andrade («que está sempre presente embora nunca apareça.»)
GOMES FREIRE DE ANDRADE – figura carismática que preocupa os poderosos, que arrasta os pequenos, que acredita na justiça e luta pela liberdade (nunca aparece em cena, mas está sempre presente).
D. MIGUEL FORJAZ – prepotente, assustado com transformações que não deseja, corrompido pelo poder, vingativo, frio, desumano, calculista.
PRINCIPAL SOUSA – fanático, corrompido pelo poder eclesiástico.
GENERAL BERESFORD – poderoso, mercenário, interesseiro, calculista, trocista, sarcástico:
- general inglês, severo e disciplinador;
- mandou matar Gomes Freire de Andrade.
VICENTE – demagogo, sarcástico, falso humanitarista, movido pelo interesse da recompensa material, adulador no momento oportuno, hipócrita, despreza a sua origem e o seu passado, capaz de recorrer à traição para ser promovido socialmente.
MANUEL – “o mais consciente dos populares”, andrajosamente vestido: assume algum protagonismo por dar início aos dois actos:
- denuncia a opressão a que o povo tem estado sujeito e a incapacidade de conseguir a libertação e de sair da miséria em que se encontra
MATILDE – a mulher de Gomes Freire, “a companheira de todas as horas”, corajosa:
- exprime romanticamente o amor; reage violentamente perante o ódio e as injustiças, afirma o valor da sinceridade,
- desmascara o interesse, a hipocrisia;
- ora desanima, ora se enfurece, ora se revolta, mas luta sempre.
SOUSA FALCÃO – “o inseparável amigo” de Gomes Freire, sofre junto de Matilde perante a condenação do general, assume as mesmas ideias de justiça e de liberdade, mas não teve a coragem do amigo.
Estrutura da peça / Acção (Peça em dois actos):
Acto I – processo de incriminação; prisão dos incriminados.
. apresentação das situações;
. informações trazidas pelos espiões;
. reunião dos três espiões;
. revelação do nome do chefe dos conjurados...
(mudança de acto = mudança do acontecimento / situação)
Acto II – processo de ilibação dos incriminados; punição dos incriminados.
. a acção centra-se na deambulação de Matilde, cujo estatuto social (nascimento e casamento) lhe permite ter acesso às figuras do poder;
. Matilde considera-se vítima inconformada de uma injustiça;
. expansão da subjectividade de Matilde (inicialmente lírica e depois dramática);
. ritmo modulado pela fala de Matilde, que culmina na acusação ao poder instituído.
Funcionalidade da estrutura dual:
. repetição do quadro inicial (mesma personagem; mesmas interrogações; mesmas indicações de encenação dadas pelo autor);
. a mesma dicotomia Poder / Anti-Poder;
. a mesma disparidade das forças em conflito (que conduz à apoteose trágica final).
A peça «Felizmente Há Luar!» é uma peça épica, inspirada na teoria marxista, apelando à reflexão do espectador / leitor, não só no quadro da representação, como também na sociedade em que se insere.
De acordo com os princípios do “teatro épico”, definidos por Brecht, a peça pretende representar o mundo e o homem em constante evolução, de acordo com as relações sociais. Estas características afastam-se da concepção do teatro aristotélico, que pretendia despertar emoções, levando o espectador a identificar-se com o herói.
O teatro moderno tem como preocupação fundamental levar os espectadores / leitores a pensar, a reflectir sobre os acontecimentos passados e a tomar posição na sociedade em que se insere.
Surge, assim, a técnica do distanciamento que propõe um afastamento entre o actor e a personagem e entre o espectador / leitor e a história contada, para que, de uma forma mais real e autêntica, possam fazer juízos de valor sobre o que está a ser representado.
Luís de Sttau Monteiro pretende, através da distanciação, envolver o espectador / leitor no julgamento da sociedade, tomando contacto com o sofrimento dos outros. Deste modo, o espectador deve possuir um olhar crítico para melhor se aperceber de todas as formas de injustiças e opressões.
Características da obra:
- personagens psicologicamente densas e vivas;
- comentários irónicos e mordazes;
- denúncia da hipocrisia da sociedade;
- defesa intransigente da justiça social.
Teatro épico: oferece-nos uma análise crítica da sociedade, procurando mostrar a realidade em vez de a representar, para levar o espectador a reagir criticamente e a tomar uma posição.
A intemporalidade da peça remete-nos para a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça e todas as formas de perseguição.
Preocupação com o homem e o seu destino.
Luta contra a miséria e a alienação.
Denúncia da ausência de moral.
Alerta para a necessidade de uma superação, com o surgimento de uma sociedade solidária que permita a verdadeira realização do homem.
Contexto histórico (Tempo da história século XIX): Invasões napoleónicas: em 1807, o exército francês, comandado pelo general Junot, entra em Portugal. Para evitar a rendição, D. João VI e toda a família real portuguesa fogem para o Brasil. Depois da 1ª invasão, Portugal pede a Inglaterra um oficial para reorganizar o exército (o GENERAL BERESFORD). A Corte (com todos os órgãos da administração central) instala-se no Brasil e, na metrópole, o Governo fica a cargo de uma Junta de Governadores, entre eles, D. MIGUEL FORJAZ (nobreza), PRINCIPAL SOUSA (clero) e BERESFORD (Inglaterra). Este Governo assume uma atitude demasiado autoritária e absolutista. Entretanto, um grupo de generais portugueses, defensores de um Regime Liberal, tendo como líder o GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, conspira para derrubar este Governo Conjura de 1817. Beresford é informado da conspiração e todos os implicados são mortos.
Tempo da escrita século XX, década de 60: Luís de Sttau Monteiro denuncia a opressão vivida na época em que escreve esta obra, isto é, em 1961, durante a ditadura de Salazar. Assim, o recurso à distanciação histórica e à descrição das injustiças praticadas no início do século XIX, permitiu-lhe também, colocar em destaque as injustiças do seu tempo.
Paralelismo histórico-metafórico
Tempo da História Tempo da escrita
Época Século XIX, 1817
Século XX, 1961
Regime Político Absolutismo Ditadura do Estado Novo (Salazar)
Sociedade Hierarquia social: classes privilegiadas e exploradoras (nobreza, clero e burguesia) e classe explorada (povo).
Fortes desigualdades sociais: classe exploradora (ricos) e classe explorada (pobres).
Povo Péssimas condições de vida: oprimido e resignado; a “miséria, o medo e a ignorância”.
Péssimas condições de vida: reprimido e explorado; miséria, medo e analfabetismo.
Conspiração MANUEL, símbolo da consciência popular, tenta participar na conspiração, liderada pelo GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, para derrubar o poder vigente.
Militantes antifascistas sublevam-se contra o regime ditatorial, mas são logo sufocados.
Denúncias VICENTE, ANDRADE CORVO e MORAIS SARMENTO são símbolos dos denunciantes hipócritas contra o GENERAL.
Muitíssimos foram os chamados “bufos”, denunciantes que ajudaram a manter o regime de Salazar.
Forças Policiais Dois polícias contribuem para sustentar o regime.
Censura. Constituídas, sobretudo, pela PIDE, eram, sem dúvida, o sustentáculo do regime.
Censura.
Classes dominantes São representadas por BERESFORD (a força inglesa), PRINCIPAL SOUSA (o clero) e D. MIGUEL FORJAZ (a nobreza).
Representadas pelas forças estrangeiras (Inglaterra), pelos monopólios e pela Igreja.
Processos Há processos de condenação sem provas.
Muitíssimos foram os processos de condenação sem provas.
Execuções Executa-se o GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, um general sem medo, mas…
Felizmente… Felizmente há luar! As execuções foram muitas, mas em 1965 executar-se-ia o General Humberto Delgado, o “General sem Medo”, mas…
Felizmente… Felizmente há luar!
Estimula futuras rebeliões e,
em 1834, o
LIBERALISMO triunfa. Estimula futuras rebeliões que culminarão, no 25 de Abril de 1974, com a
vitória da DEMOCRACIA.
Personagens
- Povo (Manuel, Rita, Antigo Soldado, Populares)
- Governadores do Reino (D. Miguel Forjaz, Beresford, Principal Sousa)
- Delatores (Vicente, Morais Sarmento, Andrade Corvo)
- Dois polícias
- Matilde de Melo, António de Sousa Falcão, Frei Diogo
- General Gomes Freire de Andrade («que está sempre presente embora nunca apareça.»)
GOMES FREIRE DE ANDRADE – figura carismática que preocupa os poderosos, que arrasta os pequenos, que acredita na justiça e luta pela liberdade (nunca aparece em cena, mas está sempre presente).
D. MIGUEL FORJAZ – prepotente, assustado com transformações que não deseja, corrompido pelo poder, vingativo, frio, desumano, calculista.
PRINCIPAL SOUSA – fanático, corrompido pelo poder eclesiástico.
GENERAL BERESFORD – poderoso, mercenário, interesseiro, calculista, trocista, sarcástico:
- general inglês, severo e disciplinador;
- mandou matar Gomes Freire de Andrade.
VICENTE – demagogo, sarcástico, falso humanitarista, movido pelo interesse da recompensa material, adulador no momento oportuno, hipócrita, despreza a sua origem e o seu passado, capaz de recorrer à traição para ser promovido socialmente.
MANUEL – “o mais consciente dos populares”, andrajosamente vestido: assume algum protagonismo por dar início aos dois actos:
- denuncia a opressão a que o povo tem estado sujeito e a incapacidade de conseguir a libertação e de sair da miséria em que se encontra
MATILDE – a mulher de Gomes Freire, “a companheira de todas as horas”, corajosa:
- exprime romanticamente o amor; reage violentamente perante o ódio e as injustiças, afirma o valor da sinceridade,
- desmascara o interesse, a hipocrisia;
- ora desanima, ora se enfurece, ora se revolta, mas luta sempre.
SOUSA FALCÃO – “o inseparável amigo” de Gomes Freire, sofre junto de Matilde perante a condenação do general, assume as mesmas ideias de justiça e de liberdade, mas não teve a coragem do amigo.
Estrutura da peça / Acção (Peça em dois actos):
Acto I – processo de incriminação; prisão dos incriminados.
. apresentação das situações;
. informações trazidas pelos espiões;
. reunião dos três espiões;
. revelação do nome do chefe dos conjurados...
(mudança de acto = mudança do acontecimento / situação)
Acto II – processo de ilibação dos incriminados; punição dos incriminados.
. a acção centra-se na deambulação de Matilde, cujo estatuto social (nascimento e casamento) lhe permite ter acesso às figuras do poder;
. Matilde considera-se vítima inconformada de uma injustiça;
. expansão da subjectividade de Matilde (inicialmente lírica e depois dramática);
. ritmo modulado pela fala de Matilde, que culmina na acusação ao poder instituído.
Funcionalidade da estrutura dual:
. repetição do quadro inicial (mesma personagem; mesmas interrogações; mesmas indicações de encenação dadas pelo autor);
. a mesma dicotomia Poder / Anti-Poder;
. a mesma disparidade das forças em conflito (que conduz à apoteose trágica final).
Felizmente há luar Luís de Sttau Monteiro- geral
I. INFLUÊNCIAS
Teatro Épico – B. Brecht (influências marxista) - «O teatro não pode impor emoções aos espectadores (como o “drama aristotélico”), deve fazer com que eles pensem.»
- Narrativo:
. O espectador não é apenas uma testemunha da acção, há que despertar-lhe a actividae e exigir-lhe decisões.
- Mundividências:
. O espectador é posto peralte qualquer tipo de situação.
- Argumento:
. As sensações são elevadas ao nível do conhecimento;
. O espectador está defronte, analisa;
. O homem é objecto de uma análise;
. O homem é susceptível de ser modificado e de modoficar;
. Tensão crescente, ao longo da acção;
. O homem como realidade em processo;
. O ser social determina o pensamento.
II. ESTRUTURA / ACÇÃO
1. Peça em dois actos:
Acto I – processo de incriminação; prisão dos incriminados.
. apresentação das situações;
. informações trazidas pelos espiões;
. reunião dos três espiões;
. revelação do nome do chefe dos conjurados...
... o General Gomes Freire de Andrade (personagem ausente, mas sempre presente)...
... um herói para Manuel, Rita; Antigo Soldado e populares;
... objecto de denúncia para Vicente, Morais Sarmento e Andrade Corvo;
... incómodo para os Governadores do Reino (D. Miguel, Beresford e Pricipal Sousa).
(mudança de acto = mudança do acontecimento / situação)
Acto II – processo de ilibação dos incriminados; punição dos incriminados.
. a acção centra-se na deambulação de Matilde, cujo estatuto social (nascimento e casamento) lhe permite ter acesso às figuras do poder;
. Matilde considera-se vítima inconformada de uma injustiça;
. expansão da subjectividade de Matilde (inicialmente lírica e depois dramática);
. ritmo modulado pela fala de Matilde, que culmina na acusação ao poder instituído.
2. Funcionalidade da estrutura dual:
. repetição do quadro inicial (mesma personagem; mesmas interrogações; mesmas indicações de encenação dadas pelo autor);
. a mesma dicotomia Poder / Anti-Poder;
. a mesma disparidade das forças em conflito (que conduz à apoteose trágica final).
III. PERSONAGENS
O Povo (Manuel, Rita, Antigo Soldado, populares)
Os delactores (Vicente, Morais Sarmento, Andrade Corvo)
Dois polícias
Os Governadores do Reino (D. Miguel Forjaz, Beresford, Principal Sousa)
Matide de Melo / António de Sousa Falcão
Frei Diogo
Tom e sentido da fala das personagens
Manuel – desencanto, compaixão e perplexidade (linguagem com desviod lexicais e com aforismos).
Vicente – inteligência perversa, ódio e desprezo (subtileza dos raciocínios).
D. Miguel – calculista cínico e maquiavélico.
Beresford – pragmatismo tranquilo, sereno e assumido (recurso a uma linguagem técnico-militar).
Principal Sousa – distante, paternalismo falso e beato (recurso a uma terminologia de sentido teológico).
Frei Diogo – inocência, sensibilidade e compreensão da dor.
Sousa Falcão – desiludido e com sentimento de culpa.
Corvo e Sarmento – cobardia, traição, subserviência, venalidade e vilania.
Matilde – amor, paixão, desencanto, confissão, desespero, veemência e acusação (recurso a uma argumentação inteligente, a uma filosofia sagaz e a um tom ingénuo a falar da sua vida privada).
IV. TEMPO
. Paralelismo histórico-metafórico:
- Tempo da acção (séc.XIX – 1817) – Regime Absolutista
- Tempo da escrita (séc.XX – 1920) – Regime Salazarista (fascismo)
. O avanço da acção (passagem do tempo) é dado através da fala das personagens.
V. ESPAÇO
1. Espaço Físico / Espaço Psicológico – não há indicações cénicas com referências a diferentes espaços; a mudança de espaço é marcada por:
. técnica da iluminação;
. didascálias;
. falas das personagens;
. jogo de luz / sombra (para mudança de espaço; para criar ambientes de desalento, de sonho; um código complementar do valor simbólico das palavras proferidas).
2. Espaço Social – vestuário; adereços...
VI. SIMBOLISMO
. saia verde de Matilde (felicidade e esperança)
. o título: «Felizmente há luar!», dito por D. Miguel (efeito dissuasor das execuções); dito po Matilde (esperança).
. Luz (vida) Noite (morte)
. Lua – luar (transformação, renovação,crescimento)
. Fogueira – “clarão” (esperança)
VII. NOVA CONCEPÇÃO DE TEATRO
. Uma “apoteose trágica” – glorificação de um momento exemplar da luta pela liberdade.
VIII. INTENCIONALIDADE DA PEÇA
. Recorrendo à caracterização e linguagem das personagens, às notas à margem do texto e aos elementos de luz e de som, o autor prentende fazer com que o leitor/espectador, pela análise crítica da sociedade do século XIX, reflicta sobre a situação política e social do século XX (1961):
- denúncia de situações escandalosamente injustas e repressoras.
. «Felizmente – felizmente há luar!» (última fala de Matilde, antes de cair o pano):
- 1817 – a esperança de se alterar um regime Absolutista, injusto e violento (1834 – triunfo do Liberalismo)
- 1962 – esperança de se alterar um regime Fascista, injusto e violento (25 de Abril de 1974 – triunfo da Democracia).
Teatro Épico – B. Brecht (influências marxista) - «O teatro não pode impor emoções aos espectadores (como o “drama aristotélico”), deve fazer com que eles pensem.»
- Narrativo:
. O espectador não é apenas uma testemunha da acção, há que despertar-lhe a actividae e exigir-lhe decisões.
- Mundividências:
. O espectador é posto peralte qualquer tipo de situação.
- Argumento:
. As sensações são elevadas ao nível do conhecimento;
. O espectador está defronte, analisa;
. O homem é objecto de uma análise;
. O homem é susceptível de ser modificado e de modoficar;
. Tensão crescente, ao longo da acção;
. O homem como realidade em processo;
. O ser social determina o pensamento.
II. ESTRUTURA / ACÇÃO
1. Peça em dois actos:
Acto I – processo de incriminação; prisão dos incriminados.
. apresentação das situações;
. informações trazidas pelos espiões;
. reunião dos três espiões;
. revelação do nome do chefe dos conjurados...
... o General Gomes Freire de Andrade (personagem ausente, mas sempre presente)...
... um herói para Manuel, Rita; Antigo Soldado e populares;
... objecto de denúncia para Vicente, Morais Sarmento e Andrade Corvo;
... incómodo para os Governadores do Reino (D. Miguel, Beresford e Pricipal Sousa).
(mudança de acto = mudança do acontecimento / situação)
Acto II – processo de ilibação dos incriminados; punição dos incriminados.
. a acção centra-se na deambulação de Matilde, cujo estatuto social (nascimento e casamento) lhe permite ter acesso às figuras do poder;
. Matilde considera-se vítima inconformada de uma injustiça;
. expansão da subjectividade de Matilde (inicialmente lírica e depois dramática);
. ritmo modulado pela fala de Matilde, que culmina na acusação ao poder instituído.
2. Funcionalidade da estrutura dual:
. repetição do quadro inicial (mesma personagem; mesmas interrogações; mesmas indicações de encenação dadas pelo autor);
. a mesma dicotomia Poder / Anti-Poder;
. a mesma disparidade das forças em conflito (que conduz à apoteose trágica final).
III. PERSONAGENS
O Povo (Manuel, Rita, Antigo Soldado, populares)
Os delactores (Vicente, Morais Sarmento, Andrade Corvo)
Dois polícias
Os Governadores do Reino (D. Miguel Forjaz, Beresford, Principal Sousa)
Matide de Melo / António de Sousa Falcão
Frei Diogo
Tom e sentido da fala das personagens
Manuel – desencanto, compaixão e perplexidade (linguagem com desviod lexicais e com aforismos).
Vicente – inteligência perversa, ódio e desprezo (subtileza dos raciocínios).
D. Miguel – calculista cínico e maquiavélico.
Beresford – pragmatismo tranquilo, sereno e assumido (recurso a uma linguagem técnico-militar).
Principal Sousa – distante, paternalismo falso e beato (recurso a uma terminologia de sentido teológico).
Frei Diogo – inocência, sensibilidade e compreensão da dor.
Sousa Falcão – desiludido e com sentimento de culpa.
Corvo e Sarmento – cobardia, traição, subserviência, venalidade e vilania.
Matilde – amor, paixão, desencanto, confissão, desespero, veemência e acusação (recurso a uma argumentação inteligente, a uma filosofia sagaz e a um tom ingénuo a falar da sua vida privada).
IV. TEMPO
. Paralelismo histórico-metafórico:
- Tempo da acção (séc.XIX – 1817) – Regime Absolutista
- Tempo da escrita (séc.XX – 1920) – Regime Salazarista (fascismo)
. O avanço da acção (passagem do tempo) é dado através da fala das personagens.
V. ESPAÇO
1. Espaço Físico / Espaço Psicológico – não há indicações cénicas com referências a diferentes espaços; a mudança de espaço é marcada por:
. técnica da iluminação;
. didascálias;
. falas das personagens;
. jogo de luz / sombra (para mudança de espaço; para criar ambientes de desalento, de sonho; um código complementar do valor simbólico das palavras proferidas).
2. Espaço Social – vestuário; adereços...
VI. SIMBOLISMO
. saia verde de Matilde (felicidade e esperança)
. o título: «Felizmente há luar!», dito por D. Miguel (efeito dissuasor das execuções); dito po Matilde (esperança).
. Luz (vida) Noite (morte)
. Lua – luar (transformação, renovação,crescimento)
. Fogueira – “clarão” (esperança)
VII. NOVA CONCEPÇÃO DE TEATRO
. Uma “apoteose trágica” – glorificação de um momento exemplar da luta pela liberdade.
VIII. INTENCIONALIDADE DA PEÇA
. Recorrendo à caracterização e linguagem das personagens, às notas à margem do texto e aos elementos de luz e de som, o autor prentende fazer com que o leitor/espectador, pela análise crítica da sociedade do século XIX, reflicta sobre a situação política e social do século XX (1961):
- denúncia de situações escandalosamente injustas e repressoras.
. «Felizmente – felizmente há luar!» (última fala de Matilde, antes de cair o pano):
- 1817 – a esperança de se alterar um regime Absolutista, injusto e violento (1834 – triunfo do Liberalismo)
- 1962 – esperança de se alterar um regime Fascista, injusto e violento (25 de Abril de 1974 – triunfo da Democracia).
Felizmente há luar! – Luís de Sttau Monteiro- teatro épico
Felizmente há luar! – Luís de Sttau Monteiro
Influências do teatro épico (de Brecht) : o teatro não pode impor emoções ao espectador ( “drama” aristotélico), deve fazer com que ele pense.
é narrativo o espectador é uma testemunha que tem de agir:
o texto desperta-lhe a actividade e exige-lhe decisões.
possui mundividência o espectador é posto perante qualquer coisa.
estruturação do argumento:
as sensações são elevadas ao nível do conhecimento
o espectador está defronte, analisa
o homem é objecto de uma análise
o homem é susceptível de ser modificado e de modificar
o decurso da acção provoca tensão
o homem como uma realidade em processo
o ser social determina o pensamento
O espectador diz…
… no TEATRO DRAMÁTICO … no TEATRO ÉPICO
Sim, eu já senti isso.
Eu sou assim.
O sofrimento deste homem comove-me, pois é irremediável.
É uma coisa natural.
Será sempre assim.
Isto é que é arte! Tudo ali é evidente.
Choro com os que choram e rio com os que riem. Isto é que eu nunca pensaria.
Não é assim que se deve fazer.
O sofrimento deste homem comove-me porque seria remediável.
Que coisa extraordinária, quase inacreditável!
Isto tem que acabar.
Isto é que é arte! Nada ali é evidente.
Rio de quem chora e choro com os que riem.
Intenção do autor:
(na caracterização das personagens; nas notas à margem do texto; nos elementos da luz e do som; pela linguagem)
Fazer com que o leitor/espectador, pela análise crítica da sociedade do início do século XIX (1817), reflicta sobre a situação política e social do século XX (1961).
Denunciar situações escandalosamente injustas e repressoras.
Influências do teatro épico (de Brecht) : o teatro não pode impor emoções ao espectador ( “drama” aristotélico), deve fazer com que ele pense.
é narrativo o espectador é uma testemunha que tem de agir:
o texto desperta-lhe a actividade e exige-lhe decisões.
possui mundividência o espectador é posto perante qualquer coisa.
estruturação do argumento:
as sensações são elevadas ao nível do conhecimento
o espectador está defronte, analisa
o homem é objecto de uma análise
o homem é susceptível de ser modificado e de modificar
o decurso da acção provoca tensão
o homem como uma realidade em processo
o ser social determina o pensamento
O espectador diz…
… no TEATRO DRAMÁTICO … no TEATRO ÉPICO
Sim, eu já senti isso.
Eu sou assim.
O sofrimento deste homem comove-me, pois é irremediável.
É uma coisa natural.
Será sempre assim.
Isto é que é arte! Tudo ali é evidente.
Choro com os que choram e rio com os que riem. Isto é que eu nunca pensaria.
Não é assim que se deve fazer.
O sofrimento deste homem comove-me porque seria remediável.
Que coisa extraordinária, quase inacreditável!
Isto tem que acabar.
Isto é que é arte! Nada ali é evidente.
Rio de quem chora e choro com os que riem.
Intenção do autor:
(na caracterização das personagens; nas notas à margem do texto; nos elementos da luz e do som; pela linguagem)
Fazer com que o leitor/espectador, pela análise crítica da sociedade do início do século XIX (1817), reflicta sobre a situação política e social do século XX (1961).
Denunciar situações escandalosamente injustas e repressoras.
Ricardo Reis- Uns com os olhos postos no passado
Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.
Porque tão longe ir pôr o que está perto –
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto1
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.
1 Hausto = sorvo, aspiração (neste contexto, metáfora de valor temporal)
Linhas de leitura
1. Explicite as diferentes perspectivas de encarar a vida, confrontadas na ode.
2. Refira o tempo que o sujeito poético valoriza, justificando a sua resposta com referências textuais.
3. Indique os dois pressupostos apontados que justificam a filosofia de vida aconselhada.
4. Identifique e explique a expressividade do recurso estilístico presente no final do poema: «Colhe / O dia, porque és ele.»
5. Atente na afirmação:
Cada escravo transporta consigo a chave para a sua liberdade e felicidade.
Num texto com um mínimo de 80 e um máximo de 120 palavras,fazendo apelo à sua experiência de leitura, explique em que medida a frase acima transcrita se aplica à filosofia de vida defendida por Ricardo Reis.
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.
Porque tão longe ir pôr o que está perto –
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto1
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.
1 Hausto = sorvo, aspiração (neste contexto, metáfora de valor temporal)
Linhas de leitura
1. Explicite as diferentes perspectivas de encarar a vida, confrontadas na ode.
2. Refira o tempo que o sujeito poético valoriza, justificando a sua resposta com referências textuais.
3. Indique os dois pressupostos apontados que justificam a filosofia de vida aconselhada.
4. Identifique e explique a expressividade do recurso estilístico presente no final do poema: «Colhe / O dia, porque és ele.»
5. Atente na afirmação:
Cada escravo transporta consigo a chave para a sua liberdade e felicidade.
Num texto com um mínimo de 80 e um máximo de 120 palavras,fazendo apelo à sua experiência de leitura, explique em que medida a frase acima transcrita se aplica à filosofia de vida defendida por Ricardo Reis.
Dois Poemas de Ricardo Reis
Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na Cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.
À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário,
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.
Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra muros caídos,
Trespassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas…
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.
Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predilecto
Dos grandes indif’rentes.
Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida,
Os haveres tranquilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre. Meus irmãos, em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.
Tudo que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese.
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranquila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.
Que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, ávida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.
A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece…
O jogo de xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois é nada.
Ah! sob as sombras que sem qu’rer nos amam
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo de xadrez,
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.
*************************
Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá. Que trono te querem dar
Que Átropos to não tire?
Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?
Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra Que serás quando fores
Na noite a ao fim da estrada.
Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mas as olhaste.
Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.
Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na Cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.
À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário,
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.
Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra muros caídos,
Trespassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas…
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.
Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predilecto
Dos grandes indif’rentes.
Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida,
Os haveres tranquilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre. Meus irmãos, em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.
Tudo que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese.
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranquila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.
Que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, ávida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.
A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece…
O jogo de xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois é nada.
Ah! sob as sombras que sem qu’rer nos amam
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo de xadrez,
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.
*************************
Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá. Que trono te querem dar
Que Átropos to não tire?
Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?
Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra Que serás quando fores
Na noite a ao fim da estrada.
Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mas as olhaste.
Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.
Ricardo Reis
Ricardo Reis
Um epicurista triste.
Filosofia de vida:
A sabedoria de…
Filosofia de vida que segue e … deixar passar a vida…
… serenamente, … … sem a viver.
Carpe diem (de Horácio)
Epicurismo
Estoicismo
Viver o momento presente, o dia de hoje, pois o passado não volta e o futuro é a morte
Ausência de perturbação: evitando a dor ao dominar (pela razão) os instintos, atingindo a ataraxia (indiferença total, alheamento)
Aceitação do Destino (Morte), sem protestar: desistir da luta e viver a ilusão da felicidade
«e que o seu perfume suavize o momento» «Mais vale saber passar silenciosamente / E sem desassossegos grandes.»
«Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio1.» «Abdica e sê rei de ti próprio»
aconselha:
a única filosofia de vida que anula a angústia perante a inevitabilidade da morte
1 Rio Símbolo da Vida: a passagem irreversível do tempo (da nascente à foz).
ESTOICISMO
Estoicismo é a filosofia fundada por Zenão, na primeira parte do séc. III a.C., Atenas
Crença na conclusão de um ciclo (através do fogo), que seria substituído por outro (a repetição cíclica era indefinida).
Deus é a alma do mundo e cada um de nós contém parte do fogo divino.
A vida individual deve estar de acordo com as leis da Natureza (a virtude significa viver de acordo com as leis cósmicas).
Devemos desprezar as paixões, porque conduzem ao sofrimento.
EPICURISMO
O epicurismo foi fundado por Epicuro (n. 341-270 a.C., Ática).
Filosofia que se destinava a dar tranquilidade às pessoas.
Defesa do prazer como um bem, mas de um prazer moderado; virtude significa prudência na busca do prazer.
Devem procurar-se os prazeres tranquilos e não as alegrias violentas.
Abolição de riqueza e da honra, porque roubam o descanso a quem poderia estar feliz.
Recusa do amor, porque implica sofrimento - a amizade é o melhor prazer social.
Crença de que os deuses não interferem nas coisas humanas e de que a alma morre com o corpo.
Um epicurista triste.
Filosofia de vida:
A sabedoria de…
Filosofia de vida que segue e … deixar passar a vida…
… serenamente, … … sem a viver.
Carpe diem (de Horácio)
Epicurismo
Estoicismo
Viver o momento presente, o dia de hoje, pois o passado não volta e o futuro é a morte
Ausência de perturbação: evitando a dor ao dominar (pela razão) os instintos, atingindo a ataraxia (indiferença total, alheamento)
Aceitação do Destino (Morte), sem protestar: desistir da luta e viver a ilusão da felicidade
«e que o seu perfume suavize o momento» «Mais vale saber passar silenciosamente / E sem desassossegos grandes.»
«Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio1.» «Abdica e sê rei de ti próprio»
aconselha:
a única filosofia de vida que anula a angústia perante a inevitabilidade da morte
1 Rio Símbolo da Vida: a passagem irreversível do tempo (da nascente à foz).
ESTOICISMO
Estoicismo é a filosofia fundada por Zenão, na primeira parte do séc. III a.C., Atenas
Crença na conclusão de um ciclo (através do fogo), que seria substituído por outro (a repetição cíclica era indefinida).
Deus é a alma do mundo e cada um de nós contém parte do fogo divino.
A vida individual deve estar de acordo com as leis da Natureza (a virtude significa viver de acordo com as leis cósmicas).
Devemos desprezar as paixões, porque conduzem ao sofrimento.
EPICURISMO
O epicurismo foi fundado por Epicuro (n. 341-270 a.C., Ática).
Filosofia que se destinava a dar tranquilidade às pessoas.
Defesa do prazer como um bem, mas de um prazer moderado; virtude significa prudência na busca do prazer.
Devem procurar-se os prazeres tranquilos e não as alegrias violentas.
Abolição de riqueza e da honra, porque roubam o descanso a quem poderia estar feliz.
Recusa do amor, porque implica sofrimento - a amizade é o melhor prazer social.
Crença de que os deuses não interferem nas coisas humanas e de que a alma morre com o corpo.
Álvaro Campos- Fase Futurista- Senascionista
Álvaro de Campos- Futurista
Contextualização da Fase Futurista no percurso poético do heterónimo:
Segundo Jacinto Prado Coelho, e é de consenso quase geral, a poesia d Campos deenvolve-se em três fases:
- a do Opiário (ilustrado com um poema sob esse título, datado ficticiamente de Março de 1914;
- a do Futurismo Whitmaniano ( documentado na Ode Triunfal (Abril de 1914), Dois excertos de Odes (30 de Junho de 1914), Ode Marítima( Publicada no nº 2 de Orpheu em 1915), Saudação a Walt Whitman ( 11 de Junho de 1915), Passagem das Horas (22 de Maio de 1916);
- a fase pessoal, também conhecida por intimista, onde se verifica o retorno a Pessoa Ortónimo, pelo refúgio na infância, como forma de resolver o tédio, e a abulia.
A segunda fase do Futurismo Whitmaniano:
Campos recebe influências do Futurismo de Marinetti e do Sensacionismo De Walt Whitman.
Manifesto Futurista de Marinetti (11 de Março de 1912):
• Deve destruir-se o eu na literatura, isto é, deve abolir-se toda a psicologia (...) substituindo-a pela matéria (...) com os seus impulsos directivos, a sua força de compressão, de dilatação, de coesão e de desagregação, a sua composição molecular ou as suas turbinas de electrões (...) O calor de um pedaço de ferro ou de madeira, é muito mais apaixonante, para nós, que o sorriso ou as lágrimas de uma mulher. Queremos na literatura a vida do motor, novo animal instintivo do qual conheceremos o instinto geral, depois de conhecermos os instintos das diversas forças que o compõem (...) É necessário sentir o peso e o odor dos objectos, coisa que nunca se fez na literatura, ouvindo os motores e reproduzindo os seus especialíssimos discursos inumanos.
• (...) Há necessidade de orquestrar as imagens, dispondo-as segundo um máximo de desordem;
• (...) Deve haver uma gradação de analogia cada vez mais vasta, estabelecendo relações tanto mais profundas e sólidas, quanto mais distantes. A analogia nada mais é do que o amor profundo que liga as coisas distantes, aparentemente diversas e hostis. Quando, na minha Battaglia di Tripoli, comparei uma trincheira hirta de baionetas a uma orquestra, uma metralhadora a uma mulher fatal, introduzi, intuitivamente, uma grande parte do Universo num breve episódio de batalha africana. As imagens não são flores para semear e colher com parcimónia, como dizia Voltaire. Elas constituem o próprio sangue da poesia. A poesia deve ser sequência ininterrupta de imagens novas, sem o que será pura anemia (...) É necessário, portanto, abolir na língua o que ela contenha de imagens estereotipadas, de metáforas desbotadas; isto é, quase tudo.
• Necessidade de libertação da sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, de forma espontânea;
• Deve usar-se o verbo no infinitivo, para que se adapte elasticamente ao substantivo e não se sobreponha ao eu do escritor que observa ou imagina (...);
• Deve abolir-se o adjectivo, para que o substantivo nu conserve o seu valor essencial (...);
• Deve abolir-se o advérbio (...) para evitar que ele dê à frase uma fastidiosa unidade de tom;
• Todo o substantivo deve ter o seu duplo, isto é, o substantivo deve ser seguido, sem conjunção, do substantivo a que está ligado por analogia (...);
O Futurismo em Portugal foi um escândalo sociológico. Os jovens futuristas ( Pessoa, Almada Negreiros, Santa-Rita Pintor, entre outros, foram apelidados de “ malucos”, “loucos” mas era isso que eles próprios queriam, “ dar uma bofetada no gosto do público(famoso poema de maiakovski), rompendo definitivamente com hábitos culturais esclerosados e retrógrados.
“ Um automóvel é mais belo que a Vitória de Samotrácia
Elogio da civilização industrial e da técnica
Ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional
Atitude escandalosa: transgressão da moral estabelecida
Sensacionismo Whitmaniano:
• A única realidade na vida é a sensação. A única realidade em arte é a consciência da sensação.
• Não há Filosofia, Ética ou Estética, mesmo na arte, onde existem apenas sensações.
• Pujança da sensação intelectual, emocional e física
Vivência em excesso das sensações (“Sentir tudo de todas as maneiras” – afastamento de Caeiro)
Sadismo e masoquismo
Cantor lúcido do mundo moderno
Do sensacionismo (de Walt Whitman), Campos adoptou, para além do verso livre, um estilo esfuziante, torrencial, espraiado em longos versos de duas ou três linhas, anafórico, exclamativo, interjectivo, monótono pela simplicidade dos processos, pela reiteração de apóstrofes e enumerações, mas vivificado pela fantasia verbal duradoura e inesgotável.
ODE TRIUNFAL(excerto)
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com o que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical –
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força –
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro.
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,
Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Ode marítima(excerto)
Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
Olho prò lado da barra, olho prò Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos detrás dos navios que estão no porto.
(...)
Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma,
E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente.
(...)
Ó fugas contínuas, idas, ebriedade do Diverso!
Alma eterna dos navegadores e das navegações!
Cascos reflectidos devagar nas águas,
Quando o navio larga do porto!
Flutuar como alma da vida, partir como voz,
Viver o momento tremulamente sobre águas eternas.
Acordar para dias mais directos que os dias da Europa.
Ver portos misteriosos sobre a solidão do mar,
Virar cabos longínquos para súbitas vastas paisagens
Por inumeráveis encostas atónitas...
(...)
E vós, ó coisas navais, meus velhos brinquedos de sonho!
Componde fora de mim a minha vida interior!
Quilhas, mastros e velas, rodas do leme, cordagens,
Chaminés de vapores, hélices, gáveas, flâmulas,
Galdropes, escotilhas, caldeiras, colectores, válvulas;
Caí, por mim dentro em montão, em monte,
Como o conteúdo confuso de uma gaveta despejada no chão!
Sede vós o tesouro da minha avareza febril,
Sede vós os frutos da árvore da minha imaginação,
Tema de cantos meus, sangue nas veias da minha inteligência,
Vosso seja o laço que me une ao exterior pela estética,
Fornecei-me metáforas imagens, literatura,
Porque em real verdade, a sério, literalmente,
Minhas sensações são um barco de quilha prò ar,
Minha imaginação uma âncora meio submersa,
Minha ânsia um remo partido,
E a tessitura dos meus nervos uma rede a secar na praia!
Saudação a Walt Whitman
Meu velho Walt, meu grande Camarada, evohé!
Pertenço à tua orgia báquica de sensações-em-liberdade,
Sou dos teus, desde a sensação dos meus pés até à náusea em meus sonhos,
Sou dos teus, olha pra mim, de aí desde Deus vês-me ao contrário:
De dentro para fora... Meu corpo é o que adivinhas, vês a minha alma —
Essa vês tu propriamente e através dos olhos dela o meu corpo —
Olha pra mim: tu sabes que eu, Álvaro de Campos, engenheiro, Poeta sensacionista,
Não sou teu discípulo, não sou teu amigo, não sou teu cantor,
Tu sabes que eu sou Tu e estás contente com isso!
Nunca posso ler os teus versos a fio... Há ali sentir demais...
Atravesso os teus versos como a uma multidão aos encontrões a mim,
E cheira-me a suor, a óleos, a actividade humana e mecânica.
Nos teus versos, a certa altura não sei se leio ou se vivo,
Não sei se o meu lugar real é no mundo ou nos teus versos,
Não sei se estou aqui, de pé sobre a terra natural,
Ou de cabeça pra baixo, pendurado numa espécie de estabelecimento,
No tecto natural da tua inspiração de tropel,
No centro do tecto da tua intensidade inacessível.
Abram-me todas as portas!
Por força que hei de passar!
Minha senha? Walt Whitman!
Mas não dou senha nenhuma...
Passo sem explicações...
Se for preciso meto dentro as portas...
Sim — eu, franzino e civilizado, meto dentro as portas,
Porque neste momento não sou franzino nem civilizado,
Sou EU, um universo pensante de carne e osso, querendo passar,
E que há de passar por força, porque quando quero passar sou Deus!
Tirem esse lixo da minha frente!
Metam-me em gavetas essas emoções!
Daqui pra fora, políticos, literatos,
Comerciantes pacatos, polícia, meretrizes, souteneurs,
Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá a vida.
O espírito que dá a vida neste momento sou EU!
Que nenhum filho da... se me atravesse no caminho!
O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim!
Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo,
E comigo, com Deus, com o sentido-eu da palavra Infinito...
Pra frente!
Meto esporas!
Sinto as esporas, sou o próprio cavalo em que monto,
Porque eu, por minha vontade de me consubstanciar com Deus,
Posso ser tudo, ou posso ser nada, ou qualquer coisa,
Passagem das Horas
Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
(...)
Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.
Cruzo os braços sobre a mesa, ponho a cabeça sobre os braços,
É preciso querer chorar, mas não sei ir buscar as lágrimas...
Por mais que me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro,
Tenho a alma rachada sob o indicador curvo que lhe toca...
Que há de ser de mim? Que há de ser de mim?
(...)
Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.
(...)
Sentir tudo de todas as maneiras,
Ter todas as opiniões,
Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
E amar as coisas como Deus.
(...)
Dói-me a imaginação não sei como, mas é ela que dói,
Declina dentro de mim o sol no alto do céu.
Começa a tender a entardecer no azul e nos meus nervos.
Vamos ó cavalgada, quem mais me consegues tornar?
Eu que, veloz, voraz, comilão da energia abstrata,
Queria comer, beber, esfolar e arranhar o mundo,
Eu, que só me contentaria com calcar o universo aos pés,
Calcar, calcar, calcar até não sentir.
Eu, sinto que ficou fora do que imaginei tudo o que quis,
Que embora eu quisesse tudo, tudo me faltou.
Cavalgada desmantelada por cima de todos os cimos,
Cavalgada desarticulada por baixo de todos os poços,
Cavalgada vôo, cavalgada seta, cavalgada pensamento-relâmpago,
Cavalgada eu, cavalgada eu, cavalgada o universo — eu.
Helahoho-o-o-o-o-o-o-o ...
Meu ser elástico, mola, agulha, trepidação ...
Dois Excertos de Odes
(...)
Vem, Noite antiquíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lentejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.
(...)
Nossa Senhora
Das coisas impossíveis que procuramos em vão,
Dos sonhos que vêm ter conosco ao crepúsculo, à janela,
Dos propósitos que nos acariciam
Nos grandes terraços dos hotéis cosmopolitas
Ao som europeu das músicas e das vozes longe e perto,
E que doem por sabermos que nunca os realizaremos...
Vem, e embala-nos,
Vem e afaga-nos.
Beija-nos silenciosamente na fronte,
Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam
Senão por uma diferença na alma.
E um vago soluço partindo melodiosamente
Do antiquíssimo de nós
Onde têm raiz todas essas árvores de maravilha
Cujos frutos são os sonhos que afagamos e amamos
Porque os sabemos fora de relação com o que há na vida.
...................................................................................
Síntese
celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna
- apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina
- exalta o progresso técnico, a velocidade e a força
- procura da chave do ser e da inteligência do mundo torna-se desesperante
- canta a civilização industrial
- recusa as verdades definitivas
- estilisticamente: introduz na linguagem poética a terminologia do mundo mecânico citadino e cosmopolita
- intelectualização das sensações
- a sensação é tudo
- procura a totalização das sensações: sente a complexidade e a dinâmica da vida moderna e, por isso, procura sentir a violência e a força de todas as sensações – “sentir tudo de todas as maneiras”
- cativo dos sentidos, procura dar largas às possibilidades sensoriais ou tenta reprimir, por temor, a manifestação de um lado feminino
- tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir
- exprime a energia ou a força que se manifesta na vida
Contextualização da Fase Futurista no percurso poético do heterónimo:
Segundo Jacinto Prado Coelho, e é de consenso quase geral, a poesia d Campos deenvolve-se em três fases:
- a do Opiário (ilustrado com um poema sob esse título, datado ficticiamente de Março de 1914;
- a do Futurismo Whitmaniano ( documentado na Ode Triunfal (Abril de 1914), Dois excertos de Odes (30 de Junho de 1914), Ode Marítima( Publicada no nº 2 de Orpheu em 1915), Saudação a Walt Whitman ( 11 de Junho de 1915), Passagem das Horas (22 de Maio de 1916);
- a fase pessoal, também conhecida por intimista, onde se verifica o retorno a Pessoa Ortónimo, pelo refúgio na infância, como forma de resolver o tédio, e a abulia.
A segunda fase do Futurismo Whitmaniano:
Campos recebe influências do Futurismo de Marinetti e do Sensacionismo De Walt Whitman.
Manifesto Futurista de Marinetti (11 de Março de 1912):
• Deve destruir-se o eu na literatura, isto é, deve abolir-se toda a psicologia (...) substituindo-a pela matéria (...) com os seus impulsos directivos, a sua força de compressão, de dilatação, de coesão e de desagregação, a sua composição molecular ou as suas turbinas de electrões (...) O calor de um pedaço de ferro ou de madeira, é muito mais apaixonante, para nós, que o sorriso ou as lágrimas de uma mulher. Queremos na literatura a vida do motor, novo animal instintivo do qual conheceremos o instinto geral, depois de conhecermos os instintos das diversas forças que o compõem (...) É necessário sentir o peso e o odor dos objectos, coisa que nunca se fez na literatura, ouvindo os motores e reproduzindo os seus especialíssimos discursos inumanos.
• (...) Há necessidade de orquestrar as imagens, dispondo-as segundo um máximo de desordem;
• (...) Deve haver uma gradação de analogia cada vez mais vasta, estabelecendo relações tanto mais profundas e sólidas, quanto mais distantes. A analogia nada mais é do que o amor profundo que liga as coisas distantes, aparentemente diversas e hostis. Quando, na minha Battaglia di Tripoli, comparei uma trincheira hirta de baionetas a uma orquestra, uma metralhadora a uma mulher fatal, introduzi, intuitivamente, uma grande parte do Universo num breve episódio de batalha africana. As imagens não são flores para semear e colher com parcimónia, como dizia Voltaire. Elas constituem o próprio sangue da poesia. A poesia deve ser sequência ininterrupta de imagens novas, sem o que será pura anemia (...) É necessário, portanto, abolir na língua o que ela contenha de imagens estereotipadas, de metáforas desbotadas; isto é, quase tudo.
• Necessidade de libertação da sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, de forma espontânea;
• Deve usar-se o verbo no infinitivo, para que se adapte elasticamente ao substantivo e não se sobreponha ao eu do escritor que observa ou imagina (...);
• Deve abolir-se o adjectivo, para que o substantivo nu conserve o seu valor essencial (...);
• Deve abolir-se o advérbio (...) para evitar que ele dê à frase uma fastidiosa unidade de tom;
• Todo o substantivo deve ter o seu duplo, isto é, o substantivo deve ser seguido, sem conjunção, do substantivo a que está ligado por analogia (...);
O Futurismo em Portugal foi um escândalo sociológico. Os jovens futuristas ( Pessoa, Almada Negreiros, Santa-Rita Pintor, entre outros, foram apelidados de “ malucos”, “loucos” mas era isso que eles próprios queriam, “ dar uma bofetada no gosto do público(famoso poema de maiakovski), rompendo definitivamente com hábitos culturais esclerosados e retrógrados.
“ Um automóvel é mais belo que a Vitória de Samotrácia
Elogio da civilização industrial e da técnica
Ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional
Atitude escandalosa: transgressão da moral estabelecida
Sensacionismo Whitmaniano:
• A única realidade na vida é a sensação. A única realidade em arte é a consciência da sensação.
• Não há Filosofia, Ética ou Estética, mesmo na arte, onde existem apenas sensações.
• Pujança da sensação intelectual, emocional e física
Vivência em excesso das sensações (“Sentir tudo de todas as maneiras” – afastamento de Caeiro)
Sadismo e masoquismo
Cantor lúcido do mundo moderno
Do sensacionismo (de Walt Whitman), Campos adoptou, para além do verso livre, um estilo esfuziante, torrencial, espraiado em longos versos de duas ou três linhas, anafórico, exclamativo, interjectivo, monótono pela simplicidade dos processos, pela reiteração de apóstrofes e enumerações, mas vivificado pela fantasia verbal duradoura e inesgotável.
ODE TRIUNFAL(excerto)
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com o que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical –
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força –
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro.
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,
Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Ode marítima(excerto)
Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
Olho prò lado da barra, olho prò Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos detrás dos navios que estão no porto.
(...)
Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma,
E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente.
(...)
Ó fugas contínuas, idas, ebriedade do Diverso!
Alma eterna dos navegadores e das navegações!
Cascos reflectidos devagar nas águas,
Quando o navio larga do porto!
Flutuar como alma da vida, partir como voz,
Viver o momento tremulamente sobre águas eternas.
Acordar para dias mais directos que os dias da Europa.
Ver portos misteriosos sobre a solidão do mar,
Virar cabos longínquos para súbitas vastas paisagens
Por inumeráveis encostas atónitas...
(...)
E vós, ó coisas navais, meus velhos brinquedos de sonho!
Componde fora de mim a minha vida interior!
Quilhas, mastros e velas, rodas do leme, cordagens,
Chaminés de vapores, hélices, gáveas, flâmulas,
Galdropes, escotilhas, caldeiras, colectores, válvulas;
Caí, por mim dentro em montão, em monte,
Como o conteúdo confuso de uma gaveta despejada no chão!
Sede vós o tesouro da minha avareza febril,
Sede vós os frutos da árvore da minha imaginação,
Tema de cantos meus, sangue nas veias da minha inteligência,
Vosso seja o laço que me une ao exterior pela estética,
Fornecei-me metáforas imagens, literatura,
Porque em real verdade, a sério, literalmente,
Minhas sensações são um barco de quilha prò ar,
Minha imaginação uma âncora meio submersa,
Minha ânsia um remo partido,
E a tessitura dos meus nervos uma rede a secar na praia!
Saudação a Walt Whitman
Meu velho Walt, meu grande Camarada, evohé!
Pertenço à tua orgia báquica de sensações-em-liberdade,
Sou dos teus, desde a sensação dos meus pés até à náusea em meus sonhos,
Sou dos teus, olha pra mim, de aí desde Deus vês-me ao contrário:
De dentro para fora... Meu corpo é o que adivinhas, vês a minha alma —
Essa vês tu propriamente e através dos olhos dela o meu corpo —
Olha pra mim: tu sabes que eu, Álvaro de Campos, engenheiro, Poeta sensacionista,
Não sou teu discípulo, não sou teu amigo, não sou teu cantor,
Tu sabes que eu sou Tu e estás contente com isso!
Nunca posso ler os teus versos a fio... Há ali sentir demais...
Atravesso os teus versos como a uma multidão aos encontrões a mim,
E cheira-me a suor, a óleos, a actividade humana e mecânica.
Nos teus versos, a certa altura não sei se leio ou se vivo,
Não sei se o meu lugar real é no mundo ou nos teus versos,
Não sei se estou aqui, de pé sobre a terra natural,
Ou de cabeça pra baixo, pendurado numa espécie de estabelecimento,
No tecto natural da tua inspiração de tropel,
No centro do tecto da tua intensidade inacessível.
Abram-me todas as portas!
Por força que hei de passar!
Minha senha? Walt Whitman!
Mas não dou senha nenhuma...
Passo sem explicações...
Se for preciso meto dentro as portas...
Sim — eu, franzino e civilizado, meto dentro as portas,
Porque neste momento não sou franzino nem civilizado,
Sou EU, um universo pensante de carne e osso, querendo passar,
E que há de passar por força, porque quando quero passar sou Deus!
Tirem esse lixo da minha frente!
Metam-me em gavetas essas emoções!
Daqui pra fora, políticos, literatos,
Comerciantes pacatos, polícia, meretrizes, souteneurs,
Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá a vida.
O espírito que dá a vida neste momento sou EU!
Que nenhum filho da... se me atravesse no caminho!
O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim!
Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo,
E comigo, com Deus, com o sentido-eu da palavra Infinito...
Pra frente!
Meto esporas!
Sinto as esporas, sou o próprio cavalo em que monto,
Porque eu, por minha vontade de me consubstanciar com Deus,
Posso ser tudo, ou posso ser nada, ou qualquer coisa,
Passagem das Horas
Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
(...)
Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.
Cruzo os braços sobre a mesa, ponho a cabeça sobre os braços,
É preciso querer chorar, mas não sei ir buscar as lágrimas...
Por mais que me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro,
Tenho a alma rachada sob o indicador curvo que lhe toca...
Que há de ser de mim? Que há de ser de mim?
(...)
Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.
(...)
Sentir tudo de todas as maneiras,
Ter todas as opiniões,
Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
E amar as coisas como Deus.
(...)
Dói-me a imaginação não sei como, mas é ela que dói,
Declina dentro de mim o sol no alto do céu.
Começa a tender a entardecer no azul e nos meus nervos.
Vamos ó cavalgada, quem mais me consegues tornar?
Eu que, veloz, voraz, comilão da energia abstrata,
Queria comer, beber, esfolar e arranhar o mundo,
Eu, que só me contentaria com calcar o universo aos pés,
Calcar, calcar, calcar até não sentir.
Eu, sinto que ficou fora do que imaginei tudo o que quis,
Que embora eu quisesse tudo, tudo me faltou.
Cavalgada desmantelada por cima de todos os cimos,
Cavalgada desarticulada por baixo de todos os poços,
Cavalgada vôo, cavalgada seta, cavalgada pensamento-relâmpago,
Cavalgada eu, cavalgada eu, cavalgada o universo — eu.
Helahoho-o-o-o-o-o-o-o ...
Meu ser elástico, mola, agulha, trepidação ...
Dois Excertos de Odes
(...)
Vem, Noite antiquíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lentejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.
(...)
Nossa Senhora
Das coisas impossíveis que procuramos em vão,
Dos sonhos que vêm ter conosco ao crepúsculo, à janela,
Dos propósitos que nos acariciam
Nos grandes terraços dos hotéis cosmopolitas
Ao som europeu das músicas e das vozes longe e perto,
E que doem por sabermos que nunca os realizaremos...
Vem, e embala-nos,
Vem e afaga-nos.
Beija-nos silenciosamente na fronte,
Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam
Senão por uma diferença na alma.
E um vago soluço partindo melodiosamente
Do antiquíssimo de nós
Onde têm raiz todas essas árvores de maravilha
Cujos frutos são os sonhos que afagamos e amamos
Porque os sabemos fora de relação com o que há na vida.
...................................................................................
Síntese
celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna
- apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina
- exalta o progresso técnico, a velocidade e a força
- procura da chave do ser e da inteligência do mundo torna-se desesperante
- canta a civilização industrial
- recusa as verdades definitivas
- estilisticamente: introduz na linguagem poética a terminologia do mundo mecânico citadino e cosmopolita
- intelectualização das sensações
- a sensação é tudo
- procura a totalização das sensações: sente a complexidade e a dinâmica da vida moderna e, por isso, procura sentir a violência e a força de todas as sensações – “sentir tudo de todas as maneiras”
- cativo dos sentidos, procura dar largas às possibilidades sensoriais ou tenta reprimir, por temor, a manifestação de um lado feminino
- tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir
- exprime a energia ou a força que se manifesta na vida
ESCOLA SECUNDÁRIA RAINHA DONA LEONOR
12º Ano de escolaridade
Duração da prova: 90 minutos 5º teste
2008/2009( Março) Prof: Euclides Rosa
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS
A prova é constituída por três grupos de resposta obrigatória.
DOBRADA À MODA DO PORTO
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada ( e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...
( Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à modo do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-me frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Àlvaro de Campos
GRUPO I
A
1. O poema encerra uma narrativa alegórica e uma reflexão sobre a infãncia. Delimita-as no poema e sintetiza o seu conteúdo.
2. Explicite as atitudes/ reacções do sujeito lírico face à dobrada fria/ amor que lhe foi servida(o).
3. A oposição dobrada fria e dobrada quente diferencia dois tipos de infâncias. Compare-as, servindo-se de expressões textuais.
4. Identifique a figura de estilo presente na última estrofe e explique a sua expressividade.
B
Contrariamente a Campos e ao Ortónimo, Ricardo Reis não vive a nostalgia da infância, até porque ela seria contrária à filosofia de vida que defende.
Fazendo apelo à sua experiência de leitura, exponha, num texto de oitenta a cem palavras, fundamentado em referências concretas à poesia de Ricardo Reis, comente a afirmação acima apresentada.
GRUPO II
Leia o texto com atenção, antes de responder às questões de análise linguística que lhe são colocadas.
ABERTURA DO IV FORUM DA CRIANÇA
“As crianças são o melhor que há no Mundo”. Mas, para elas, infelizmente, não é sempre assim.
Ao longo da História, as crianças têm percorrido um caminho difícil e longo, exploradas tantas vezes sob as mais diversas formas, são frequentemente incompreendidas e desvalorizadas.
Hoje, e apesar de reconhecidas como sujeitos de direitos, muitas continuam a encontrar no mundo um lugar cruel, onde o seu crescimento e o seu desenvolvimento ocorrem cheios de interferências que afectam o seu potencial de realização, muitas vezes de forma irreversível.
Sabemos que estes processos dinâmicos de crescimento e desenvolvimento, tão próprios da criança, dependem de diversos factores, para que se façam de forma saudável e harmoniosa. Entre eles, reconhecemos hoje, de forma unânime, a importância da família enquanto espaço de investimento afectivo e educacional.
Assim, o direito da criança a ser educada pelos pais e a não ser deles separada, contra a vontade destes, salvo quando essa separação resulte necessária face ao superior interesse da criança, está consagrado quer a nível do nosso direito interno, quer ao nível do direito internacional, em importantes instrumentos como, por exemplo, a Convenção dos Direitos das Crianças. A família, como lugar frequente do exercício da violência sobre as crianças é uma realidade ainda hoje. Ao mau trato físico junta-se o mau trato emocional, a negligência nos cuidados e, por vezes, o abuso sexual.
A abordagem desta problemática e a reorganização e recuperação da célula familiar, ou, quando tal não é possível, o encaminhamento da criança para um projecto de promoção e protecção que assegure o seu superior interesse, é uma tarefa de primordial importância que envolve profissionais de diversas áreas e que requer, por parte da comunidade, uma resposta célere e tempestiva.
Nesse sentido, é fundamental que cada um de nós, enquanto cidadão e enquanto profissional, conheça o papel que lhe cabe na promoção dos direitos da criança e na sua defesa e protecção.
Intervenção do presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César
Vila Franca do Campo, 5 de Junho de 2003
1. Identifique se as afirmações são verdadeiras ou falsas, registando na sua folha de prova a alínea, sguida de (V) ou (F).
Afirmações
a) A frase: “As crianças são o melhor que há no Mundo” ( l. 1) apresenta uma situação com valor aspectual habitual.
b) A frase: “são frequentemente incompreendidas e desvalorizadas.” ( l. 3) apresenta uma situação com valor aspectual iterativo.
c) A frase: “ ... continuam a encontrar no mundo um lugar cruel....” ( l. 4-5) apresenta uma actividade em fase de desenvolvimento inceptivo.
d) A frase: “ ... o seu crescimento e o seu desenvolvimento ocorrem cheios de interferências....”( l.5) exprime um aspecto lexical de evento.
e) A frase: “... o direito da criança a ser educada pelos pai ...” ( l.10-12) está consagrado quer a nível do nosso direito interno...”exprime um aspecto lexical de processo/ actividade.
f) A frase: “... requer, por parte da comunidade, uma resposta célere e tempestiva.” ( l. 18-19) exprime um aspecto gramatical imperfectivo.
2. Escreva na sua folha de teste o número da coluna A e a alínea correspondente da coluna B, de modo a obter afirmações verdadeiras.
A B
1. Na expressão ” ...como sujeitos de direitos...” ( l. 4)
a) verifica-se um mecanismo de coesão lexical através de uma anáfora pronominal que tem como antecedente “ processos dinâmicos”.
2. Na expressão ”...Entre eles, reconhecemos hoje...”
( l. 8)
b) verifica-se um mecanismo de coesão interfrásica através de uma oração subordinada temporal.
3. A frase ”...onde o seu crescimento e o seu desenvolvimento ocorrem cheios de interferências ... ( l. 5)
c) verifica-se um mecanismo de coesão lexical através de uma anáfora pronominal que tem como antecedente “ diversos factores”.
4. A frase ”... que estes processos dinâmicos de crescimento e desenvolvimento, tão próprios da criança, dependem de diversos factores, ...” ( l. 7-8)
d) verifica-se um mecanismo de coesão interfrásica através de uma oração subordinada completiva.
e) verifica-se um mecanismo de coesão lexical através de uma anáfora nominal que tem como antecente “ crianças”.
f) verifica-se um mecanismo de coesão interfrásica através de uma oração subordinada relativa.
GRUPO III
Leia atentamente o período do texto seguinte:
“ Ao longo da História, as crianças têm percorrido um caminho difícil e longo, exploradas tantas vezes sob as mais diversas formas, são frequentemente incompreendidas e desvalorizadas.
Hoje, e apesar de reconhecidas como sujeitos de direitos, muitas continuam a encontrar no mundo um lugar cruel, onde o seu crescimento e o seu desenvolvimento ocorrem cheios de interferências que afectam o seu potencial de realização, muitas vezes de forma irreversível.”
Intervenção do presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César
Vila Franca do Campo, 5 de Junho de 2003
Num texto expositivo-argumentativo, de duzentas e cinquenta (250) a trezentas (300) palavras, posicione-se sobre a tese apresentada na citação que acabou de ler. Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
EXPLICITAÇÃO QUANTITATIVA DA COTAÇÃO
A............................................................................................................................................( 70 pontos)
1.....................................................................................................................................( 9+6) 15 pontos
2.....................................................................................................................................(12+8) 20pontos
3.....................................................................................................................................( 9+6) 15 pontos
4. ...................................................................................................................................( 12+8) 20pontos
B..............................................................................................................................................(30 pontos)
Critérios específicos de classificação
Aspectos de conteúdo...............................................................................................................18 pontos
Qualidade e coerência dos juízos de leitura formulados.......................... 9 pontos
Pertinência das referências feitas à obra.................................................. 9 pontos
Aspectos de organização e correcção linguística.......................................................................12pontos
Estruturação do discurso*.......................................................................7 pontos
Correcção linguística**...........................................................................5 pontos
Grupo II
1.........................................................................................................................(6x5p).............30 pontos
2.........................................................................................................................(4x5p).............20 pontos
Grupo III
Estruturação temática e discursiva (C) * ………………..…………………. ................. 30 pontos
Correcção linguística (F)** ………………………………………………... ..........................20 pontos
Total .......................................................................... 200 pontos
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS
Duração da prova: 90 minutos 5º teste
2008/2009 ( Março) Prof: Euclides Rosa
CENÁRIOS/ CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
GRUPO I
1. ( 9+6)
A alegoria que enforma o poema Dobrada à Moda do Porto delineia-se narrativamente na seguinte realidade concreta, presente nas duas primeiras estrofes: o sujeito poético vai a um restaurante e servem-lhe dobrada fria, recusa-a e pede-a quente. Contudo, não é atendido o seu pedido” impacientaram-se comigo”, não a come, paga a conta e sai do restaurante.
A realidade abstracta está desde logo no segundo verso na comparação, a dobrada é um simbolo artístico e literário para se referir a amor “ serviram-me o amor...”, mas também na contextualização espacio temporal “ Um dia.... fora do espaço e do tempo”, logo é uma realidade vivida interiormente, num tempo e espaço psicológico, os da criatividade artística.
Delimitação justificada................................................................................ 4pontos
Síntese de conteúdo de cada momento.....................................................5 pontos
Organização e coerência discursiva..................................................3p
Correcção linguística.......................................3p
2. (12+8)
Atitude do sujeito lírico: a recusa delicada, sem protesto (v.3), (v.21), revolta silenciosa, resignação (v.8)
Caracterização da atitude com discurso pessoal e citações......................................10p.
Caracterização da atitude com discurso pessoal semcitações.................................. 7p.
Caracterização da atitude só com citações.................................................................5p.
Organização e coerência discursiva.............................................................4p
Correcção linguística....................................................................................4p
3. (9+6)
Dobrada fria associa-se á infãncia do sujeito poético. Foi servida no restaurante, que é metáfora alegórica da sua casa natal, um espaço de transacão comercial, o missionário da cozinha e todos os que “ se impacientaram” todos os que lhe deveriam ter dado afectos, sobretudo familiares. É no fundo a infância que, na dimensão valorativa do conceito, não teve, ou, caso a tenha tido, a vê agora, perturbado pela angústia existencial e pelo tédio, como negativa “ E que a tristeza é de hoje”.
A Dobrada quente, a que preferia, porque assim deve ser servida, é o amor sincero, altruísta, sem espera de trocas, recompensas.
Esta última Dobrada é a que sabe ter existido na “infãncia de toda a gente” , marcada pela alegria do jardim onde as crianças brincam.
Comparação do sentido metafórico da oposição Dobrada quente/ fria........................9p.
Organização e coerência discursiva.........................................................3p
Correcção linguística..............................................3p
4. (12+8)
Anáfora, repetição ( do advérbio de negação, do adjectivo “ frio/fria” ).
Reforça a negatividade da infância rejeitada, insistência, obsessão do sujeito poético, tom irónico.
Identificação do recurso estilístico............................................................12p.
Justificação/ explicação da expressividade..........................................................8p.
Organização e coerência discursiva.........................................................4p
Correcção linguística................................................................................ 4p
A
Reis propõe uma filosofia de vida, baseada no equilíbrio, na moderação, que é totalmente contrária á expressão da nostalgia de um passado, incluindo o da infância.
Numa das suas odes faz mesmo o confronto entre aqueles que “ com olhos postos no passado, vêem o que não vêem” e aqueles que obcecados pelo “ futuro vêem o que não pode ver-se”. Assim sendo, incentiva-nos a viver o presente, a colher o dia, Carpe diem, mas evitando, amores, paixões, odios, alerta bem notório no poema “ vem sentar-te comigo ,Lídia, á beira do rio”.
É a consciêcia da inevitabilidade da morte, decidida pelo Fado, “ que está mais longe que os próprios Deues” e o sentimento da fugacidade da vida, que o levam a persuadir-nos da apatia, e da ataraxia que a vida nos exige, é aceitá-la de mãos abertas, “ pagãos e tristes e com flores no regaço” , norteados pelos ensinamentos do Epicurismo e do Estoicismo.
As flores, os rios, a natureza em geral, são os melhores exemplos onde podemos aprender a aceitar felizes o nosso destino.
GRUPO II
1.
a) F
b) V
c) F
d) V
e) F
f) V
2.
1. e
2. c
3. f
4. d
12º Ano de escolaridade
Duração da prova: 90 minutos 5º teste
2008/2009( Março) Prof: Euclides Rosa
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS
A prova é constituída por três grupos de resposta obrigatória.
DOBRADA À MODA DO PORTO
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada ( e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...
( Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à modo do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-me frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Àlvaro de Campos
GRUPO I
A
1. O poema encerra uma narrativa alegórica e uma reflexão sobre a infãncia. Delimita-as no poema e sintetiza o seu conteúdo.
2. Explicite as atitudes/ reacções do sujeito lírico face à dobrada fria/ amor que lhe foi servida(o).
3. A oposição dobrada fria e dobrada quente diferencia dois tipos de infâncias. Compare-as, servindo-se de expressões textuais.
4. Identifique a figura de estilo presente na última estrofe e explique a sua expressividade.
B
Contrariamente a Campos e ao Ortónimo, Ricardo Reis não vive a nostalgia da infância, até porque ela seria contrária à filosofia de vida que defende.
Fazendo apelo à sua experiência de leitura, exponha, num texto de oitenta a cem palavras, fundamentado em referências concretas à poesia de Ricardo Reis, comente a afirmação acima apresentada.
GRUPO II
Leia o texto com atenção, antes de responder às questões de análise linguística que lhe são colocadas.
ABERTURA DO IV FORUM DA CRIANÇA
“As crianças são o melhor que há no Mundo”. Mas, para elas, infelizmente, não é sempre assim.
Ao longo da História, as crianças têm percorrido um caminho difícil e longo, exploradas tantas vezes sob as mais diversas formas, são frequentemente incompreendidas e desvalorizadas.
Hoje, e apesar de reconhecidas como sujeitos de direitos, muitas continuam a encontrar no mundo um lugar cruel, onde o seu crescimento e o seu desenvolvimento ocorrem cheios de interferências que afectam o seu potencial de realização, muitas vezes de forma irreversível.
Sabemos que estes processos dinâmicos de crescimento e desenvolvimento, tão próprios da criança, dependem de diversos factores, para que se façam de forma saudável e harmoniosa. Entre eles, reconhecemos hoje, de forma unânime, a importância da família enquanto espaço de investimento afectivo e educacional.
Assim, o direito da criança a ser educada pelos pais e a não ser deles separada, contra a vontade destes, salvo quando essa separação resulte necessária face ao superior interesse da criança, está consagrado quer a nível do nosso direito interno, quer ao nível do direito internacional, em importantes instrumentos como, por exemplo, a Convenção dos Direitos das Crianças. A família, como lugar frequente do exercício da violência sobre as crianças é uma realidade ainda hoje. Ao mau trato físico junta-se o mau trato emocional, a negligência nos cuidados e, por vezes, o abuso sexual.
A abordagem desta problemática e a reorganização e recuperação da célula familiar, ou, quando tal não é possível, o encaminhamento da criança para um projecto de promoção e protecção que assegure o seu superior interesse, é uma tarefa de primordial importância que envolve profissionais de diversas áreas e que requer, por parte da comunidade, uma resposta célere e tempestiva.
Nesse sentido, é fundamental que cada um de nós, enquanto cidadão e enquanto profissional, conheça o papel que lhe cabe na promoção dos direitos da criança e na sua defesa e protecção.
Intervenção do presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César
Vila Franca do Campo, 5 de Junho de 2003
1. Identifique se as afirmações são verdadeiras ou falsas, registando na sua folha de prova a alínea, sguida de (V) ou (F).
Afirmações
a) A frase: “As crianças são o melhor que há no Mundo” ( l. 1) apresenta uma situação com valor aspectual habitual.
b) A frase: “são frequentemente incompreendidas e desvalorizadas.” ( l. 3) apresenta uma situação com valor aspectual iterativo.
c) A frase: “ ... continuam a encontrar no mundo um lugar cruel....” ( l. 4-5) apresenta uma actividade em fase de desenvolvimento inceptivo.
d) A frase: “ ... o seu crescimento e o seu desenvolvimento ocorrem cheios de interferências....”( l.5) exprime um aspecto lexical de evento.
e) A frase: “... o direito da criança a ser educada pelos pai ...” ( l.10-12) está consagrado quer a nível do nosso direito interno...”exprime um aspecto lexical de processo/ actividade.
f) A frase: “... requer, por parte da comunidade, uma resposta célere e tempestiva.” ( l. 18-19) exprime um aspecto gramatical imperfectivo.
2. Escreva na sua folha de teste o número da coluna A e a alínea correspondente da coluna B, de modo a obter afirmações verdadeiras.
A B
1. Na expressão ” ...como sujeitos de direitos...” ( l. 4)
a) verifica-se um mecanismo de coesão lexical através de uma anáfora pronominal que tem como antecedente “ processos dinâmicos”.
2. Na expressão ”...Entre eles, reconhecemos hoje...”
( l. 8)
b) verifica-se um mecanismo de coesão interfrásica através de uma oração subordinada temporal.
3. A frase ”...onde o seu crescimento e o seu desenvolvimento ocorrem cheios de interferências ... ( l. 5)
c) verifica-se um mecanismo de coesão lexical através de uma anáfora pronominal que tem como antecedente “ diversos factores”.
4. A frase ”... que estes processos dinâmicos de crescimento e desenvolvimento, tão próprios da criança, dependem de diversos factores, ...” ( l. 7-8)
d) verifica-se um mecanismo de coesão interfrásica através de uma oração subordinada completiva.
e) verifica-se um mecanismo de coesão lexical através de uma anáfora nominal que tem como antecente “ crianças”.
f) verifica-se um mecanismo de coesão interfrásica através de uma oração subordinada relativa.
GRUPO III
Leia atentamente o período do texto seguinte:
“ Ao longo da História, as crianças têm percorrido um caminho difícil e longo, exploradas tantas vezes sob as mais diversas formas, são frequentemente incompreendidas e desvalorizadas.
Hoje, e apesar de reconhecidas como sujeitos de direitos, muitas continuam a encontrar no mundo um lugar cruel, onde o seu crescimento e o seu desenvolvimento ocorrem cheios de interferências que afectam o seu potencial de realização, muitas vezes de forma irreversível.”
Intervenção do presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César
Vila Franca do Campo, 5 de Junho de 2003
Num texto expositivo-argumentativo, de duzentas e cinquenta (250) a trezentas (300) palavras, posicione-se sobre a tese apresentada na citação que acabou de ler. Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
EXPLICITAÇÃO QUANTITATIVA DA COTAÇÃO
A............................................................................................................................................( 70 pontos)
1.....................................................................................................................................( 9+6) 15 pontos
2.....................................................................................................................................(12+8) 20pontos
3.....................................................................................................................................( 9+6) 15 pontos
4. ...................................................................................................................................( 12+8) 20pontos
B..............................................................................................................................................(30 pontos)
Critérios específicos de classificação
Aspectos de conteúdo...............................................................................................................18 pontos
Qualidade e coerência dos juízos de leitura formulados.......................... 9 pontos
Pertinência das referências feitas à obra.................................................. 9 pontos
Aspectos de organização e correcção linguística.......................................................................12pontos
Estruturação do discurso*.......................................................................7 pontos
Correcção linguística**...........................................................................5 pontos
Grupo II
1.........................................................................................................................(6x5p).............30 pontos
2.........................................................................................................................(4x5p).............20 pontos
Grupo III
Estruturação temática e discursiva (C) * ………………..…………………. ................. 30 pontos
Correcção linguística (F)** ………………………………………………... ..........................20 pontos
Total .......................................................................... 200 pontos
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS
Duração da prova: 90 minutos 5º teste
2008/2009 ( Março) Prof: Euclides Rosa
CENÁRIOS/ CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
GRUPO I
1. ( 9+6)
A alegoria que enforma o poema Dobrada à Moda do Porto delineia-se narrativamente na seguinte realidade concreta, presente nas duas primeiras estrofes: o sujeito poético vai a um restaurante e servem-lhe dobrada fria, recusa-a e pede-a quente. Contudo, não é atendido o seu pedido” impacientaram-se comigo”, não a come, paga a conta e sai do restaurante.
A realidade abstracta está desde logo no segundo verso na comparação, a dobrada é um simbolo artístico e literário para se referir a amor “ serviram-me o amor...”, mas também na contextualização espacio temporal “ Um dia.... fora do espaço e do tempo”, logo é uma realidade vivida interiormente, num tempo e espaço psicológico, os da criatividade artística.
Delimitação justificada................................................................................ 4pontos
Síntese de conteúdo de cada momento.....................................................5 pontos
Organização e coerência discursiva..................................................3p
Correcção linguística.......................................3p
2. (12+8)
Atitude do sujeito lírico: a recusa delicada, sem protesto (v.3), (v.21), revolta silenciosa, resignação (v.8)
Caracterização da atitude com discurso pessoal e citações......................................10p.
Caracterização da atitude com discurso pessoal semcitações.................................. 7p.
Caracterização da atitude só com citações.................................................................5p.
Organização e coerência discursiva.............................................................4p
Correcção linguística....................................................................................4p
3. (9+6)
Dobrada fria associa-se á infãncia do sujeito poético. Foi servida no restaurante, que é metáfora alegórica da sua casa natal, um espaço de transacão comercial, o missionário da cozinha e todos os que “ se impacientaram” todos os que lhe deveriam ter dado afectos, sobretudo familiares. É no fundo a infância que, na dimensão valorativa do conceito, não teve, ou, caso a tenha tido, a vê agora, perturbado pela angústia existencial e pelo tédio, como negativa “ E que a tristeza é de hoje”.
A Dobrada quente, a que preferia, porque assim deve ser servida, é o amor sincero, altruísta, sem espera de trocas, recompensas.
Esta última Dobrada é a que sabe ter existido na “infãncia de toda a gente” , marcada pela alegria do jardim onde as crianças brincam.
Comparação do sentido metafórico da oposição Dobrada quente/ fria........................9p.
Organização e coerência discursiva.........................................................3p
Correcção linguística..............................................3p
4. (12+8)
Anáfora, repetição ( do advérbio de negação, do adjectivo “ frio/fria” ).
Reforça a negatividade da infância rejeitada, insistência, obsessão do sujeito poético, tom irónico.
Identificação do recurso estilístico............................................................12p.
Justificação/ explicação da expressividade..........................................................8p.
Organização e coerência discursiva.........................................................4p
Correcção linguística................................................................................ 4p
A
Reis propõe uma filosofia de vida, baseada no equilíbrio, na moderação, que é totalmente contrária á expressão da nostalgia de um passado, incluindo o da infância.
Numa das suas odes faz mesmo o confronto entre aqueles que “ com olhos postos no passado, vêem o que não vêem” e aqueles que obcecados pelo “ futuro vêem o que não pode ver-se”. Assim sendo, incentiva-nos a viver o presente, a colher o dia, Carpe diem, mas evitando, amores, paixões, odios, alerta bem notório no poema “ vem sentar-te comigo ,Lídia, á beira do rio”.
É a consciêcia da inevitabilidade da morte, decidida pelo Fado, “ que está mais longe que os próprios Deues” e o sentimento da fugacidade da vida, que o levam a persuadir-nos da apatia, e da ataraxia que a vida nos exige, é aceitá-la de mãos abertas, “ pagãos e tristes e com flores no regaço” , norteados pelos ensinamentos do Epicurismo e do Estoicismo.
As flores, os rios, a natureza em geral, são os melhores exemplos onde podemos aprender a aceitar felizes o nosso destino.
GRUPO II
1.
a) F
b) V
c) F
d) V
e) F
f) V
2.
1. e
2. c
3. f
4. d
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