UNIDADE DIDÁCTICA: O Memorial do Convento, José saramago
Aulas previstas: 30 horas
Plano das aulas:
1- Contextualização histórica
- Texto de apoio “ A época de D. João V”, José Hermano Saraiva, História de Portugal
- Personagens e datas reais comprovadas historicamente:
- 1711: 3 anos após o casamento de D. João V com Maria Ana de Áustria
- 1739: auto-de-fé em que morre António José da Silva, O Judeu
Factos históricos:
- O voto, promessa do rei,
- Recrutamento por todo o país de homens, operários para a construção do convento, morte de alguns,
- Presença em Portugal do músico Domenico Scarlatti, como professor de D. Maria Bárbara
- A construção da passarola pelo padre Bartolomeu de Gusmão,
- A inquisição,
- O casamento dos infantes portugueses e espanhóis,
- As touradas e os autos-de-fé
Factos históricos(projecção para o futuro- ponte entre o séc XVIII e o séc. XX) :
Tempo da escrita/ tempo da diegese
- pp(23,24,39,89,133,154,165,198,203,212,215,216,219,230,245,257,277)
Factos históricos, científicos, literários
-pp.(135,154,216,219,227,281,290)
Propostas de produção escrita
1- “ Constrói-se um convento porque nasceu Maria Bárbara, cumpre-se o voto porque Maria Bárbara nasceu, e Maria Bárbara não viu, não sabe, não tocou com o dedinho rechonchudo a primeira pedra, nem a segunda” (312-313)
Refere como, através de Maria Bárbara, é possível transmitir a sensação da passagem, do fluir do tempo em Memorial do Convento.( texto expositivo-argumentativo com 150 palavras)
2- Ao longo do romance, apercebemo-nos que o presente se insinua no passado. Num texto expositivo- argumentativo com 150 palavras procura explicar esta opção do narrador.
O ESPAÇO FÍSICO/ O ESPAÇO SOCIAL
O ESPAÇO FÍSICO
Lisboa- cidade muralhada
- abundãncia de igrejas (p.40)
- cidade suja (p.28)
- contraste da sujidade da cidade com o asseio do mercado do peixe (p.42)
- A abegoaria
- ninho de amor de Sete- Sóis e Blimunda e onde se vai construindo a passarola
- simplicidade da vida e pobreza do casal(p88)
- O Paço
Mafra- cidade pouco descrita. Sabemos que é no alto da Vela que se vai construir o convento, construção essa que votará muitos homens a condições de vida infra-humanas ou até mesmo à morte.( p.103-104, 117)
Serra do Barregudo- não longe do Monte Junto, onde pousou e esteve escondida a passarola.
Caminho de Lisboa a Elvas- por ocasião do casamento da princesa e que poderá representar todo o Portugal com os seus caminhos de lama e de miséria.
O ESPAÇO SOCIAL
“ O espaço social configura-se sobretudo em função da presença de tipos e figurantes(...) Os ambientes são descritos para cumprirem uma intenção de crítica aos vícios e deformações da sociedade” Carlos Reis, Ana C. Lopes, Dicionário de Narratologia
O Paço- espaço da subserviência, rituais, gestos repetidos e inúteis, atitude autoritária do rei. ( pp.279-280, 13, 281-282)
Lisboa- cidade que corre para os autos-de-fé com o mesmo prazer com que corre para as touradas.(p.50)
As procissões quebram a monotonia da vida austera, de fome, e é-lhes adulterada a sua índole sagrada (p41), contrastam com o mercado do peixe onde há gente trabalhadora e asseada (p42)
Mafra- crítica social as condições de trabalho de homens que voluntariamente ou obrigados foram deslocados das suas terras para o empreendimento do rei. Vivem em barracões, escravizados pelo trabalho árduo e muitos deles com doenças venéreas, tudo em nome de um salário miserável ou de alimentação certa.
Propostas de produção escrita:
1. Dos espaços físicos representados na obra, refere um que consideres significativo, explicando a sua importância na narrativa.
2. Estabelece a conexão entre um espaço físico à tua escolha e o respectivo espaço social
A estrutura da acção da obra:
Textos/ excertos que serão objecto de leitura metódica nas aulas.
- pp. 13-14 desde “ Retiram-se a uma parte D. João V e o inquisidor... até a fertilidade dificultosa da rainha”
-p.31 desde “ De tais desafogamentos até a troco de um convento”
-p.35 desde “ Este que por desafrontada aparência sacudir até os espanhóis fizeram sair de Badajoz.”
p.38 desde “ Quando Sete-Sóis chegou a Aldegalega até Passou a noite em paz.
p.38 desde na claridade do primeiro alvorecer até se não era aquilo sangue seco, era o diabo que o fingia.”
p.53-54 desde “que nome é o seu até nas brasas não se evaporou”.
p. 68 desde calou-se outra vez até não pode atar a vela e o arame que hão-de voar”
pp.71-72 desde ”D. João V vai ter de contentar-se com uma menina até como se percebe pela gritaria”
p.86 desde “El-rei foi a Mafra escolher o sítio até mas esse era santo e está morto.”
p.96 desde “Deitou o Padre Bartolomeu Lourenço... até montou na mula e partiu.”
pp.101-103 desde “Quando Baltasar empurrou a porta até bem-vinda sejas à casa dos Sete-Sóis”
pp.115-116 desde “Bartolomeu Lourenço foi à quinta de S. Sebastião até “ talvez sonhando boas noites”
pp.124-125 desde “ Tirou do alforge um frasco de vidro até vou ver a vontade daqueles homens.”
p.159 desde “ já o Padre Bartolomeu Lourenço regressou de Coimbra até acabar morto de estoque numa rixa”
pp.178-179 desde “ Blimunda está em Lisboa atormentada de uma grande doença até Irei, respondeu ela, mas não sozinha, disse Baltasar.”
p.183 desde “ Quando a epidemia terminou até sentava-se no mocho, e aí ficava horas.”
p.185 desde “ Durante uma semana... até se realmente faltara.”
p.193 desde “ O Padre Bartolomeu Lourenço entrou violentamente na abegoaria até vamos, disse ela”
p.203 desde “ A máquina dá um salto brusco até não se pode ter tudo.”
p.222. desde “ Passam mais de dois meses até ver a máquina voar.”
p.282 desde “Ao ouvir que queria el-rei ampliar o convento até se este rei não se acautela acaba santo.”
pp.297-298 desde “ Porém ainda há famílias felizes até há quem governe mais sabendo menos.”
pp.334-335 desde “ Baltasar entrou na passarola até não se via uma nuvem no céu.”
pp.340-341 desde “ Ali é o lugar, como o ninho de uma grande ave até a descida, porém, com maior carga.”
pp.350 até final “ Enfim, chegou o dia mais glorioso...”
1. A presença da História
“ Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e ficou doido. Era uma vez.”
Contracapa de Memorial do Convento
- A apresentação dos fios da narrativa que vão sendo ao longo da obra desenvolvidos e entrelaçados pelo autor. A intriga da obra gira em torno da construção do convento de Mafra e das personagens históricas e ficcionais ligadas a essa construção.
- A história começa por volta de 1711, três anos após o casamento de D. João V e termina vinte e dois anos depois, em 1739, aquando da realização de um auto-de-fé em que morreram António José da Silva e também Baltasar Sete-Sóis.
- O autor respeita os elementos históricos quando os insere na diegése, como o comprovam os cronistas da época e vai mais longe quando se preocupa em referir o maior número de nomes, homens daquele tempo, que no discurso histórico oficial foram esquecidos.
- Bartolomeu Lourenço é uma das personagens em que a correspondência entre História e ficção é apenas parcial.
- A figura do rei também sofre adaptações várias com fins irónicos.
- Paralelamente há linearidade e respeito pela cronologia, o narrador heterodiegético, afastado temporalmente da intriga, utiliza insistentemente anacronias, sobretudo prolepses, para fazer avançar a acção, Ex:- a morte do sobrinho de Baltasar, a morte do infante D. Pedro. Estas prolepses propõe a possibilidade do narrador distanciado fazer comentários, alguns irónicos, de estabelecer comparações entre épocas diferentes.
Prolepses: pp. 91, 332, 133, 151, 154, 213-214, 37, 216, 50, 219, 178,
- Muito próximo da final da narrativa há um momento em que o tempo diegético não corresponde ao tempo da história. Aquando do desaparecimento de Baltasar na passarola, no dia anterior ao da sagração do convento, 22 de Outubro de 1730, há um salto no tempo de nove anos, elipse temporal, cuja história o narrador resume em pouco mais de duas páginas, “ Durante nove anos Blimunda procurou Baltasar.”
- A acção termina em 1739, com o reencontro das personagens principais num auto-de-fé em que são queimados António José da Silva e Baltasar. Contudo trata-se de um reencontro místico; Blimunda dotada de elevadas capacidades de visão, recolhe para si a vontade do homem que perdeu há nove anos e que agora achou para sempre.
2- O Tempo
Data do início da narrativa: 1711, o rei tinha casado há cerca de três anos com D. Maria Ana Josefa, casamento que teve lugar em 1708.
Termino da narrativa: 1739, aquando da realização de um auto-de-fé onde são mortos António José da Silva( personagem referencial) e Baltasar Mateus ( personagem ficcional).
Embora haja linearidade e respeito pela cronologia e pela datação de eventos históricos, o narrador principal heterodiegético e afastado temporalmente da narrativa que organiza e controla a intriga, utiliza frequentemente elipses e prolepses para fazer avançar a acção:
Exemplos de prolepses:
- morte do sobrinho de Baltasar e do Infante D.Pedro, para daí a três meses(p.105)
- morte de Manuela Xavier, filha do Visconde de Mafra, para dali a dez anos (p.224)
- morte de Álvaro Diogo ligada ao convento(p.327)
- futuro trabalho de Baltasar no açougue(p.42)
- morte de Marta Maria, mãe de Baltasar (p.137) também é um marco temporal para a balização temporal da construção do convento.
- antecipação do número de bastardos do rei D. João V (p.91)
Se estas prolepses fazem com que a acção progrida, há outras que estão ao serviço do estatuto de narrador distanciado e irónico, que lhe proporcionam comentários e comparações entre épocas históricas diferentes, são elas:
- os tons das cores escolhidas para a decoração do convento, o vermelho e o verde, serão mais tarde, aquando da implantação da República, escolhidas como nacionais (p.133)
- paralelo entre a chegada de africanos às costas portuguesas e o retorno dos ex-colonos por alturas do 25 de abril (p.151)
- os molhos de cravos nas pontas das varas dos capelães, flores que serão simbolo de uma revolução (p.154)
- a descrição da cúpula da Basílica, construída a partir de vários gomos, sugere a comparação com um guarda-chuva, o que leva o narrador a utilizar um termo pelo outro como se fossem sinónimos (p.154)
- a referência á ida à Lua (p.216)
- comparação entre os autos-de-fé e as touradas (p.50)
- referência ao cinema e aos aviões(p.219)
- referência á nona sinfonia de Beethoven, a propósito da música da época e de Domenico Scarlatti (p.178)
Este distanciamento do narrador da época que narra permite-lhe dar conta de acontecimentos e até de teorias desconhecidas da época, como por exemplo, a da terra ser redonda (p.66)
Há consciência da não correspondência entre o tempo da história e o tempo do discurso com um objectivo bem definido: mudar a visão da História ou até corrigi-la, lembrando homens e tarefas que de outra forma seriam esquecidos porque não registados, mas nem por isso menos verdadeiros. Há aqui a consciência lúcida de que o registo histórico oficial é apenas um filtro possível, logo incompleto e consequentemente errado por ser parcial. Há laços entre dois tempos ( Presente e Passado) o primeiro reflecte-se e vê-se no segundo, ambos se tocam e interpretam até porque não lhe são colocadas barreiras delimitadoras.
Falta referir que no final da obra, um dia antes da sagração do convento, 22 de Outubro de 1730, Baltasar desaparece, vindo a ser reencontrado por Blimunda nove anos mais tarde, num auto-de-fé em que vai ser condenado, juntamente com antónio Josè da Silva, em 1739, este reencontro é, no entanto místico, porque mística é Blimunda que recolhe para si a vontade do homem que perdeu há nova anos e que agora achou para sempre.
Notas avulsas sobre o TEMPO da DIEGESE
- a acção inicia-se com a ida de D. João V ao quarto da rainha, depois de ter fieito a promessa de construção do convento.
- Inaguração da Basílica a 22 de Outubro de 1730, aí el-rei tem 41 anos, Maria Bárbara 17, podemos então concluir que a acção se inicia em 1712.
- Narrativa assume-se como cronológica, quase linear, embora com algumas analepses(pp. 45, 106, 190), prolepses ( vide página anterior).
- Após a ida de el-rei à câmara da rainha, sabemos que esta não participará no auto-de-fé pois está de luto e já vai no quinto mês de gravidez(p.49)
- Na história de Baltasar e Blimunda vão intercalar-se referências a vida na corte.
- As elipses temporais verficam-se nos períodos em que Baltasar e Blimunda estão em Mafra ou em S. João da Pedreira ou o Padre Bartolomeu de Gusmão realiza viagens pelo estrangeiro ou está em Coimbra.
- A benção da primeira pedra ocorre a 17 de Novembro de 1717(p.134) e passada uma semana o casal herói ficcional parte para Lisboa(p.137).
- É sobretudo a partir do dia a dia de baltasar e Blimunda que nos apercebemos da passagem do tempo.
- A data do casamento de Maria Bárbara coincide com a da inauguração da basílica, 1730, (p.350)
- O percurso de vida de certas personagens permite-nos ver o fluir do tempo:
- Maria Bárbara que acompanhamos desde o seu nascimento ao casamento( 17 anos), período de vida que acompanha também a narrativa da promessa/ construção do convento.
- O percurso de vida do monarca português, com vinte e três anos no início da intriga e com 41 no dia de inauguração do c
terça-feira, 20 de maio de 2008
Principais momentos de "Memorial do Convento"
Classificação da Obra: Romance Épico (não há consenso dos teóricos, relativamente à classificação da obra, concilia-se nela características de romance histórico, de romance de espaço e de romance social, de intervenção.)
Romance Épico porque o seu objectivo principal é a glorificação de um herói colectivo, o povo, sempre esquecido nos registos históricos. Por outro lado, o romance é uma alegoria que pretende estabelecer uma comparação entre tempos distintos, século XVIII, tempo da acção do romance e o século XX, tempo da escrita do mesmo. Assim sendo é também um romance de crítica social, de intervenção, de denúncia das injustiças sociais presentes nessas épocas.
Pela descrição de diferentes espaços físicos e sociais, o romance dá-nos quadros históricos de uma época, que fazem dele um romance histórico, mas também um romance de espaço.
Na verdade, há a conciliação de factos históricos reais, todos aqueles que se relacionam com o plano narrativo da construção do convento (reinado de D.João V), é também real o projecto da passarola empreendido pelo padre Bartolomeu de Gusmão e factos ficcionais, todos aqueles em que intervém o casal Baltasar e Blimunda.
Resumo: O romance inicia-se introduzindo-nos no plano histórico da construção do Convento de Mafra, justificando-a pela promessa feita por D.João V a um padre franciscano que lhe garante a sua descendência por providência divina. A visita sexual do rei à rainha, a função, serve para criticar o amor ritualizado baseado num contrato, que se vai opor ao amor sincero de Baltasar e Blimunda, no capítulo V.
Até ao mesmo capitulo, é intenção do autor fazer uma crítica à religião, à igreja e à inquisição, procedendo à ridicularização dos milagres feitos pelos franciscanos, à descrição caricatural das festa religiosas, Entrudo, procissão da Quaresma e do primeiro auto-de-fé, onde e condenada ao degredo, Sebastiana Maria de Jesus, mãe de Blimunda, e onde se conhecem o casal ficcional e Bartolomeu de Gusmão.
São festas marcadas pelos excessos, quer seja pelo pecado da gula, o povo esfomeado come o que lhe e inacessível durante todo o ano, e pelo pecado da luxúria, pois os penitentes exibem os seus corpos nus ensanguentados que deliciam as pretendentes que assistem das janelas.
O primeiro auto-de-fé serve para criticar a inquisição, já não se realizava há dois anos, e serve também para denunciar a má consciência religiosa dos populares que lhe assistem e do próprio rei, que só se desloca ao Rossio para cumprir a diplomacia que lhe é exigida e para cear regaladamente na inquisição.
A segunda sequência do romance trata os preliminares da construção da passarola. Blimunda e Baltasar, vão viver para a quinta do duque de Aveiro, onde o padre Bartolomeu de Gusmão tem o modelo da máquina voadora. Contudo, o padre parte para a Holanda em busca de conhecimentos para fazer voar a máquina.
Do capítulo V ao X, há uma contextualização do reinado de D.João V que se reveste de uma ironia mordaz.
Num período de fomes no Alentejo, é importado exageradamente muitas toneladas de trigo que acabam por ser desperdiçadas, pois vão além das necessidades do povo.
Os navios nacionais são assaltados por corsários franceses, há rebeliões no Brasil, as naus francesas que supúnhamos atacar-nos eram afinal uma frota inglesa em comércio de vinho do porto, estabelece-se a paz com França, pelo que ainda mais se ridiculariza a atitude do Infante D. Francisco, que treina a sua pontaria tendo como alvos marinheiros portugueses.
A nível nacional regista-se a insubordinação das freiras do convento de santa Mónica, a elevação de um inquisidor a cardeal, o que denuncia uma politica interna baseada no compadrio.
É no capítulo VIII que se escolhe o alto da vela para a construção do convento, comprando-se estes terrenos por uma “ninharia” decidida pelo tesoureiro do reino.
No capítulo XI começam-se as escavações dos caboucos do convento, como tal, há um cortejo de trabalhadores forçados e acorrentados que chega a Mafra, oriundos de todo o país. Ainda neste capítulo descrevem-se as barracas onde miseravelmente e sem condições sanitárias eram alojados esses operários. Neste momento Baltasar e Blimunda encontram-se a viver em Mafra na casa dos pais do soldado maneta, trabalhando este como boieiro no convento.
No capítulo XIV, temos um interregno na narração dos dois projectos e somos introduzidos no processo de educação da Infanta Ana Maria Bárbara, que tem lições de cravo a cargo do italiano Domenico Scarlatti. É simultaneamente um convite ao sonho, à sensibilidade, mas também uma forma de criticar o luxo e ostentação que se vive na corte, quando os miseráveis são soterrados pelos pedregulhos necessários para a construção do convento.
Segue-se no capítulo XV uma grave doença de Blimunda, que já se encontra na abegoaria, em Lisboa, e que recebe a visita de Scarlatti, que através da magia do seu cravo, consegue curá-la. Paralelamente há uma epidemia de peste em Lisboa, que permite a Blimunda recolher as vontades que farão voar a passarola.
Os capítulos XVI e XVII são ocupados com os primeiros voos da passarola, que sobrevoa Mafra, avistando as obras do convento. O padre Bartolomeu de Gusmão, converte-se ao judaísmo e posteriormente há noticia da sua morte, estávamos então em 1755, quando se dá o terramoto em Lisboa, obrigando Baltazar a regressar a Mafra, trabalhando na construção do convento que já se tinha iniciado a sete anos.
No capítulo XVIII, depois de se enunciarem os gastos reais na construção do convento, servindo uma visão irónica e depreciativa de Portugal, temos os relatos pessoais de seis trabalhadores do convento: Francisco Marques, José Pequeno, Joaquim da Rocha, Manuel Milho, João Anes, Julião Mau Tempo, seis dos vinte mil operários, que o narrador não esquece, registando por ordem alfabética um representante de cada um deles, no capítulo XIX.
Do capítulo XX ao XXIII encontramos, paralelamente o decorrer dos dois projectos. Baltasar desloca-se frequentemente à serra do Montejunto onde tem escondida a passarola, testando-a. O rei decide, com a ajuda do arquitecto Ludovice, aumentar a dimensão do convento e temendo a sua morte para breve, uma vez que está doente, decide marcar a data de sagração do seu projecto, que se dá a 22 de Outubro de 1730.
Baltasar não regressa a casa e Blimunda desloca-se ao Montejunto à sua procura, não o encontrando. A busca do seu companheiro durará nove anos, quer em território português quer por Espanha, encontrando-o a ser queimado na fogueira, juntamente com o judeu António José da Silva, mas retirando-lhe a sua vontade como forma simbólica de união eterna entre os dois.
Paralelamente a este tempo de busca, fazem-se os preparativos para o casamento da infanta D. Ana Maria Bárbara, conduzindo-a até à fronteira, para troca das princesas. É a vida de Ana Maria Bárbara, desde o momento em que é concebida, até ao seu casamento, que marca as fronteiras temporais da acção do romance.
Aconselhamento à leitura: Aconselharia a leitura do romance Memorial do Convento, a eventuais leitores, persuadindo-os de que é uma forma de conhecer a História, um quadro do século XVIII português, duma forma diferente daquela a que estamos habituados.
Aprender História através da literatura é uma forma de aceder ao conhecimento, à cultura geral, mais agradável, conciliando a realidade com a fantasia e o sonho e sobretudo desenvolvendo o sentido crítico mesmo na interpretação real do nosso passado.
Data de início de leitura: Meados de Março
Data de conclusão da leitura: Início de Maio
Romance Épico porque o seu objectivo principal é a glorificação de um herói colectivo, o povo, sempre esquecido nos registos históricos. Por outro lado, o romance é uma alegoria que pretende estabelecer uma comparação entre tempos distintos, século XVIII, tempo da acção do romance e o século XX, tempo da escrita do mesmo. Assim sendo é também um romance de crítica social, de intervenção, de denúncia das injustiças sociais presentes nessas épocas.
Pela descrição de diferentes espaços físicos e sociais, o romance dá-nos quadros históricos de uma época, que fazem dele um romance histórico, mas também um romance de espaço.
Na verdade, há a conciliação de factos históricos reais, todos aqueles que se relacionam com o plano narrativo da construção do convento (reinado de D.João V), é também real o projecto da passarola empreendido pelo padre Bartolomeu de Gusmão e factos ficcionais, todos aqueles em que intervém o casal Baltasar e Blimunda.
Resumo: O romance inicia-se introduzindo-nos no plano histórico da construção do Convento de Mafra, justificando-a pela promessa feita por D.João V a um padre franciscano que lhe garante a sua descendência por providência divina. A visita sexual do rei à rainha, a função, serve para criticar o amor ritualizado baseado num contrato, que se vai opor ao amor sincero de Baltasar e Blimunda, no capítulo V.
Até ao mesmo capitulo, é intenção do autor fazer uma crítica à religião, à igreja e à inquisição, procedendo à ridicularização dos milagres feitos pelos franciscanos, à descrição caricatural das festa religiosas, Entrudo, procissão da Quaresma e do primeiro auto-de-fé, onde e condenada ao degredo, Sebastiana Maria de Jesus, mãe de Blimunda, e onde se conhecem o casal ficcional e Bartolomeu de Gusmão.
São festas marcadas pelos excessos, quer seja pelo pecado da gula, o povo esfomeado come o que lhe e inacessível durante todo o ano, e pelo pecado da luxúria, pois os penitentes exibem os seus corpos nus ensanguentados que deliciam as pretendentes que assistem das janelas.
O primeiro auto-de-fé serve para criticar a inquisição, já não se realizava há dois anos, e serve também para denunciar a má consciência religiosa dos populares que lhe assistem e do próprio rei, que só se desloca ao Rossio para cumprir a diplomacia que lhe é exigida e para cear regaladamente na inquisição.
A segunda sequência do romance trata os preliminares da construção da passarola. Blimunda e Baltasar, vão viver para a quinta do duque de Aveiro, onde o padre Bartolomeu de Gusmão tem o modelo da máquina voadora. Contudo, o padre parte para a Holanda em busca de conhecimentos para fazer voar a máquina.
Do capítulo V ao X, há uma contextualização do reinado de D.João V que se reveste de uma ironia mordaz.
Num período de fomes no Alentejo, é importado exageradamente muitas toneladas de trigo que acabam por ser desperdiçadas, pois vão além das necessidades do povo.
Os navios nacionais são assaltados por corsários franceses, há rebeliões no Brasil, as naus francesas que supúnhamos atacar-nos eram afinal uma frota inglesa em comércio de vinho do porto, estabelece-se a paz com França, pelo que ainda mais se ridiculariza a atitude do Infante D. Francisco, que treina a sua pontaria tendo como alvos marinheiros portugueses.
A nível nacional regista-se a insubordinação das freiras do convento de santa Mónica, a elevação de um inquisidor a cardeal, o que denuncia uma politica interna baseada no compadrio.
É no capítulo VIII que se escolhe o alto da vela para a construção do convento, comprando-se estes terrenos por uma “ninharia” decidida pelo tesoureiro do reino.
No capítulo XI começam-se as escavações dos caboucos do convento, como tal, há um cortejo de trabalhadores forçados e acorrentados que chega a Mafra, oriundos de todo o país. Ainda neste capítulo descrevem-se as barracas onde miseravelmente e sem condições sanitárias eram alojados esses operários. Neste momento Baltasar e Blimunda encontram-se a viver em Mafra na casa dos pais do soldado maneta, trabalhando este como boieiro no convento.
No capítulo XIV, temos um interregno na narração dos dois projectos e somos introduzidos no processo de educação da Infanta Ana Maria Bárbara, que tem lições de cravo a cargo do italiano Domenico Scarlatti. É simultaneamente um convite ao sonho, à sensibilidade, mas também uma forma de criticar o luxo e ostentação que se vive na corte, quando os miseráveis são soterrados pelos pedregulhos necessários para a construção do convento.
Segue-se no capítulo XV uma grave doença de Blimunda, que já se encontra na abegoaria, em Lisboa, e que recebe a visita de Scarlatti, que através da magia do seu cravo, consegue curá-la. Paralelamente há uma epidemia de peste em Lisboa, que permite a Blimunda recolher as vontades que farão voar a passarola.
Os capítulos XVI e XVII são ocupados com os primeiros voos da passarola, que sobrevoa Mafra, avistando as obras do convento. O padre Bartolomeu de Gusmão, converte-se ao judaísmo e posteriormente há noticia da sua morte, estávamos então em 1755, quando se dá o terramoto em Lisboa, obrigando Baltazar a regressar a Mafra, trabalhando na construção do convento que já se tinha iniciado a sete anos.
No capítulo XVIII, depois de se enunciarem os gastos reais na construção do convento, servindo uma visão irónica e depreciativa de Portugal, temos os relatos pessoais de seis trabalhadores do convento: Francisco Marques, José Pequeno, Joaquim da Rocha, Manuel Milho, João Anes, Julião Mau Tempo, seis dos vinte mil operários, que o narrador não esquece, registando por ordem alfabética um representante de cada um deles, no capítulo XIX.
Do capítulo XX ao XXIII encontramos, paralelamente o decorrer dos dois projectos. Baltasar desloca-se frequentemente à serra do Montejunto onde tem escondida a passarola, testando-a. O rei decide, com a ajuda do arquitecto Ludovice, aumentar a dimensão do convento e temendo a sua morte para breve, uma vez que está doente, decide marcar a data de sagração do seu projecto, que se dá a 22 de Outubro de 1730.
Baltasar não regressa a casa e Blimunda desloca-se ao Montejunto à sua procura, não o encontrando. A busca do seu companheiro durará nove anos, quer em território português quer por Espanha, encontrando-o a ser queimado na fogueira, juntamente com o judeu António José da Silva, mas retirando-lhe a sua vontade como forma simbólica de união eterna entre os dois.
Paralelamente a este tempo de busca, fazem-se os preparativos para o casamento da infanta D. Ana Maria Bárbara, conduzindo-a até à fronteira, para troca das princesas. É a vida de Ana Maria Bárbara, desde o momento em que é concebida, até ao seu casamento, que marca as fronteiras temporais da acção do romance.
Aconselhamento à leitura: Aconselharia a leitura do romance Memorial do Convento, a eventuais leitores, persuadindo-os de que é uma forma de conhecer a História, um quadro do século XVIII português, duma forma diferente daquela a que estamos habituados.
Aprender História através da literatura é uma forma de aceder ao conhecimento, à cultura geral, mais agradável, conciliando a realidade com a fantasia e o sonho e sobretudo desenvolvendo o sentido crítico mesmo na interpretação real do nosso passado.
Data de início de leitura: Meados de Março
Data de conclusão da leitura: Início de Maio
"Felizmente, há luar!" :titulo, didascálias e simbologia
C. UNIDADE DA PEÇA
A unidade da peça é dada pela figura de Gomes Freire, pretenso chefe de uma conspiração contra o poder instituído em Portugal. Como anuncia o próprio autor no quadro de apresentação das personagens, Gomes Freire embora nunca apareça em cena, está sempre presente.
No início da peça, o General é tema de conversa entre os Populares e é posto sob vigilância por ordem de D. Miguel. No decurso do Acto I, os regentes do reino, sem o explicarem, mostram-se ansiosos por ter algum indício que lhes permita acusar Gomes Freire de chefe da conjura. O acto termina com a ordem de prisão de Gomes Freire, acusado de chefe dos conspiradores, ainda que não haja provas de que o seja.
Todo o Acto II se centra em torno da luta de Matilde, companheira do general, pela defesa da sua vida. Luta sem êxito, já que a obra acaba com a execução de Gomes Freire.
D. O TÍTULO
D. Miguel comenta «É verdade que a execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar…» quando a execução dos conjurados vai começar. Espera que assim, apesar da noite, todos tenham oportunidade de ver bem o que acontece a quem ousa desafiar as forças do poder. (Poder)
As últimas palavras da peça pertencem a Matilde que, depois da execução, diz para o povo: «Olhem bem! Limpem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que elas nos ensina! / Até a noite foi feita para que vísseis até ao fim… / Felizmente Felizmente há luar!» (nem “quase grito”). A intenção é a de que todos vejam bem ao que estão sujeitos quando se opõem ao poder. Mas enquanto D. Miguem pretende manter, através do terror, o poder opressivo e incontestável, Matilde pretende que as consciências se agitem e, vencendo o medo, lutem pela liberdade. (Anti-Poder)
E. DIDASCÁLIAS
As didascálias (ou indicações cénicas) são texto secundário que serve de suporte ao texto dramático (fala de personagens).
As didascálias que encontramos entre parênteses dão-nos indicações sobre a expressão corporal da personagem, os seus sentimentos e emoções, o seu movimento em palco, a entrada e saída. Também indicam os destinatários dos actos de fala, o tom de voz, as mudanças de luz, o som.
As didascálias laterais acompanham as palavras das personagens e ajudam à sua caracterização, esclarecendo a forma com é falam, revelando as intenções do que está a ser dito, para que as palavras sejam bem interpretadas (sobretudo pelo leitor).
F. ELEMENTOS SIMBÓLICOS
Os tambores É ao som dos tambores em fanfarra e crescendo de intensidade que a peça termina. Os tambores, que amedrontam os populares mal os ouvem à distância, e que tocam em fanfarra em momentos decisivos, como o anúncio da prisão e o fim da execução de Gomes Freire, representam a repressão; é o som simbólico da opressão aterrorizadora.
A moeda de cinco reis Na primeira situação representa a esmola, o auxílio humilhante que os poderosos dão, com arrogância e desprezo, aos que nada têm. Por isso Manuel, numa atitude de revolta, a manda dar a Matilde, mas logo se arrepende, pois sabe que não é ela que merece este gesto de agressão. Por outro lado, Matilde ao pedir-lha está a assumir a sua culpa por não ter compreendido a real situação dos populares.
Quando Matilde atira a moeda aos pés do Principal Sousa esta passa a símbolo da traição da Igreja, o eco das moedas que Judas recebeu pela entrega de Cristo. Também o Principal Sousa traiu os valores cristãos pelo poder.
A sai verde Oferecida a Matilde pelo seu amado, em Paris, para vestir quando voltassem a Portugal, nunca tinha sido usada, talvez porque o país nunca lhe tivesse dado motivos de esperança. É a saia que ela planeia usar quando Gomes Freire voltar para casa (atitude reveladora de que se recusa a perder a esperança). Acaba por ser a que veste no momento da execução do marido, simbolizando a esperança no futuro.
A fogueira e o clarão a fogueira destruiu Gomes Freire e a conspiração, a hipótese de mudança. Mas foi uma destruição necessária para a purificação; para que todo o horror fosse exposto e reforçasse o desejo de lutar por um Portugal melhor. Este valor redentor e purificador do fogo converte o final de morte num final de esperança. O clarão é a luz da liberdade que se anuncia. O clarão que se extingue com a morte de Gomes Freire irá iluminar muitas consciências. A sua morte não será em vão, outros manterão viva e cada vez mais forte a chama da liberdade que iluminou o General.
O luar Para D. Miguel, a luz do luar simboliza a opressão necessária para manter o país submisso. Para Matilde, simboliza o início do fim do obscurantismo em que o país está mergulhado. É a luz que permite “ver” um exemplo e um caminho a seguir.
A unidade da peça é dada pela figura de Gomes Freire, pretenso chefe de uma conspiração contra o poder instituído em Portugal. Como anuncia o próprio autor no quadro de apresentação das personagens, Gomes Freire embora nunca apareça em cena, está sempre presente.
No início da peça, o General é tema de conversa entre os Populares e é posto sob vigilância por ordem de D. Miguel. No decurso do Acto I, os regentes do reino, sem o explicarem, mostram-se ansiosos por ter algum indício que lhes permita acusar Gomes Freire de chefe da conjura. O acto termina com a ordem de prisão de Gomes Freire, acusado de chefe dos conspiradores, ainda que não haja provas de que o seja.
Todo o Acto II se centra em torno da luta de Matilde, companheira do general, pela defesa da sua vida. Luta sem êxito, já que a obra acaba com a execução de Gomes Freire.
D. O TÍTULO
D. Miguel comenta «É verdade que a execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar…» quando a execução dos conjurados vai começar. Espera que assim, apesar da noite, todos tenham oportunidade de ver bem o que acontece a quem ousa desafiar as forças do poder. (Poder)
As últimas palavras da peça pertencem a Matilde que, depois da execução, diz para o povo: «Olhem bem! Limpem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que elas nos ensina! / Até a noite foi feita para que vísseis até ao fim… / Felizmente Felizmente há luar!» (nem “quase grito”). A intenção é a de que todos vejam bem ao que estão sujeitos quando se opõem ao poder. Mas enquanto D. Miguem pretende manter, através do terror, o poder opressivo e incontestável, Matilde pretende que as consciências se agitem e, vencendo o medo, lutem pela liberdade. (Anti-Poder)
E. DIDASCÁLIAS
As didascálias (ou indicações cénicas) são texto secundário que serve de suporte ao texto dramático (fala de personagens).
As didascálias que encontramos entre parênteses dão-nos indicações sobre a expressão corporal da personagem, os seus sentimentos e emoções, o seu movimento em palco, a entrada e saída. Também indicam os destinatários dos actos de fala, o tom de voz, as mudanças de luz, o som.
As didascálias laterais acompanham as palavras das personagens e ajudam à sua caracterização, esclarecendo a forma com é falam, revelando as intenções do que está a ser dito, para que as palavras sejam bem interpretadas (sobretudo pelo leitor).
F. ELEMENTOS SIMBÓLICOS
Os tambores É ao som dos tambores em fanfarra e crescendo de intensidade que a peça termina. Os tambores, que amedrontam os populares mal os ouvem à distância, e que tocam em fanfarra em momentos decisivos, como o anúncio da prisão e o fim da execução de Gomes Freire, representam a repressão; é o som simbólico da opressão aterrorizadora.
A moeda de cinco reis Na primeira situação representa a esmola, o auxílio humilhante que os poderosos dão, com arrogância e desprezo, aos que nada têm. Por isso Manuel, numa atitude de revolta, a manda dar a Matilde, mas logo se arrepende, pois sabe que não é ela que merece este gesto de agressão. Por outro lado, Matilde ao pedir-lha está a assumir a sua culpa por não ter compreendido a real situação dos populares.
Quando Matilde atira a moeda aos pés do Principal Sousa esta passa a símbolo da traição da Igreja, o eco das moedas que Judas recebeu pela entrega de Cristo. Também o Principal Sousa traiu os valores cristãos pelo poder.
A sai verde Oferecida a Matilde pelo seu amado, em Paris, para vestir quando voltassem a Portugal, nunca tinha sido usada, talvez porque o país nunca lhe tivesse dado motivos de esperança. É a saia que ela planeia usar quando Gomes Freire voltar para casa (atitude reveladora de que se recusa a perder a esperança). Acaba por ser a que veste no momento da execução do marido, simbolizando a esperança no futuro.
A fogueira e o clarão a fogueira destruiu Gomes Freire e a conspiração, a hipótese de mudança. Mas foi uma destruição necessária para a purificação; para que todo o horror fosse exposto e reforçasse o desejo de lutar por um Portugal melhor. Este valor redentor e purificador do fogo converte o final de morte num final de esperança. O clarão é a luz da liberdade que se anuncia. O clarão que se extingue com a morte de Gomes Freire irá iluminar muitas consciências. A sua morte não será em vão, outros manterão viva e cada vez mais forte a chama da liberdade que iluminou o General.
O luar Para D. Miguel, a luz do luar simboliza a opressão necessária para manter o país submisso. Para Matilde, simboliza o início do fim do obscurantismo em que o país está mergulhado. É a luz que permite “ver” um exemplo e um caminho a seguir.
Feizmente, há luar! alegoria e personagens
«Felizmente Há Luar!», Luís de Sttau Monteiro
A peça «Felizmente Há Luar!» é uma peça épica, inspirada na teoria marxista, apelando à reflexão do espectador / leitor, não só no quadro da representação, como também na sociedade em que se insere.
De acordo com os princípios do “teatro épico”, definidos por Brecht, a peça pretende representar o mundo e o homem em constante evolução, de acordo com as relações sociais. Estas características afastam-se da concepção do teatro aristotélico, que pretendia despertar emoções, levando o espectador a identificar-se com o herói.
O teatro moderno tem como preocupação fundamental levar os espectadores / leitores a pensar, a reflectir sobre os acontecimentos passados e a tomar posição na sociedade em que se insere.
Surge, assim, a técnica do distanciamento que propõe um afastamento entre o actor e a personagem e entre o espectador / leitor e a história contada, para que, de uma forma mais real e autêntica, possam fazer juízos de valor sobre o que está a ser representado.
Luís de Sttau Monteiro pretende, através da distanciação, envolver o espectador / leitor no julgamento da sociedade, tomando contacto com o sofrimento dos outros. Deste modo, o espectador deve possuir um olhar crítico para melhor se aperceber de todas as formas de injustiças e opressões.
Características da obra:
- personagens psicologicamente densas e vivas;
- comentários irónicos e mordazes;
- denúncia da hipocrisia da sociedade;
- defesa intransigente da justiça social.
Teatro épico: oferece-nos uma análise crítica da sociedade, procurando mostrar a realidade em vez de a representar, para levar o espectador a reagir criticamente e a tomar uma posição.
A intemporalidade da peça remete-nos para a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça e todas as formas de perseguição.
Preocupação com o homem e o seu destino.
Luta contra a miséria e a alienação.
Denúncia da ausência de moral.
Alerta para a necessidade de uma superação, com o surgimento de uma sociedade solidária que permita a verdadeira realização do homem.
Contexto histórico (Tempo da história século XIX): Invasões napoleónicas: em 1807, o exército francês, comandado pelo general Junot, entra em Portugal. Para evitar a rendição, D. João VI e toda a família real portuguesa fogem para o Brasil. Depois da 1ª invasão, Portugal pede a Inglaterra um oficial para reorganizar o exército (o GENERAL BERESFORD). A Corte (com todos os órgãos da administração central) instala-se no Brasil e, na metrópole, o Governo fica a cargo de uma Junta de Governadores, entre eles, D. MIGUEL FORJAZ (nobreza), PRINCIPAL SOUSA (clero) e BERESFORD (Inglaterra). Este Governo assume uma atitude demasiado autoritária e absolutista. Entretanto, um grupo de generais portugueses, defensores de um Regime Liberal, tendo como líder o GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, conspira para derrubar este Governo Conjura de 1817. Beresford é informado da conspiração e todos os implicados são mortos.
Tempo da escrita século XX, década de 60: Luís de Sttau Monteiro denuncia a opressão vivida na época em que escreve esta obra, isto é, em 1961, durante a ditadura de Salazar. Assim, o recurso à distanciação histórica e à descrição das injustiças praticadas no início do século XIX, permitiu-lhe também, colocar em destaque as injustiças do seu tempo.
Paralelismo histórico-metafórico
Tempo da História Tempo da escrita
Época Século XIX, 1817
Século XX, 1961
Regime Político Absolutismo Ditadura do Estado Novo (Salazar)
Sociedade Hierarquia social: classes privilegiadas e exploradoras (nobreza, clero e burguesia) e classe explorada (povo).
Fortes desigualdades sociais: classe exploradora (ricos) e classe explorada (pobres).
Povo Péssimas condições de vida: oprimido e resignado; a “miséria, o medo e a ignorância”.
Péssimas condições de vida: reprimido e explorado; miséria, medo e analfabetismo.
Conspiração MANUEL, símbolo da consciência popular, tenta participar na conspiração, liderada pelo GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, para derrubar o poder vigente.
Militantes antifascistas sublevam-se contra o regime ditatorial, mas são logo sufocados.
Denúncias VICENTE, ANDRADE CORVO e MORAIS SARMENTO são símbolos dos denunciantes hipócritas contra o GENERAL.
Muitíssimos foram os chamados “bufos”, denunciantes que ajudaram a manter o regime de Salazar.
Forças Policiais Dois polícias contribuem para sustentar o regime.
Censura. Constituídas, sobretudo, pela PIDE, eram, sem dúvida, o sustentáculo do regime.
Censura.
Classes dominantes São representadas por BERESFORD (a força inglesa), PRINCIPAL SOUSA (o clero) e D. MIGUEL FORJAZ (a nobreza).
Representadas pelas forças estrangeiras (Inglaterra), pelos monopólios e pela Igreja.
Processos Há processos de condenação sem provas.
Muitíssimos foram os processos de condenação sem provas.
Execuções Executa-se o GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, um general sem medo, mas…
Felizmente… Felizmente há luar! As execuções foram muitas, mas em 1965 executar-se-ia o General Humberto Delgado, o “General sem Medo”, mas…
Felizmente… Felizmente há luar!
Estimula futuras rebeliões e,
em 1834, o
LIBERALISMO triunfa. Estimula futuras rebeliões que culminarão, no 25 de Abril de 1974, com a
vitória da DEMOCRACIA.
Personagens
- Povo (Manuel, Rita, Antigo Soldado, Populares)
- Governadores do Reino (D. Miguel Forjaz, Beresford, Principal Sousa)
- Delatores (Vicente, Morais Sarmento, Andrade Corvo)
- Dois polícias
- Matilde de Melo, António de Sousa Falcão, Frei Diogo
- General Gomes Freire de Andrade («que está sempre presente embora nunca apareça.»)
GOMES FREIRE DE ANDRADE – figura carismática que preocupa os poderosos, que arrasta os pequenos, que acredita na justiça e luta pela liberdade (nunca aparece em cena, mas está sempre presente).
D. MIGUEL FORJAZ – prepotente, assustado com transformações que não deseja, corrompido pelo poder, vingativo, frio, desumano, calculista.
PRINCIPAL SOUSA – fanático, corrompido pelo poder eclesiástico.
GENERAL BERESFORD – poderoso, mercenário, interesseiro, calculista, trocista, sarcástico:
- general inglês, severo e disciplinador;
- mandou matar Gomes Freire de Andrade.
VICENTE – demagogo, sarcástico, falso humanitarista, movido pelo interesse da recompensa material, adulador no momento oportuno, hipócrita, despreza a sua origem e o seu passado, capaz de recorrer à traição para ser promovido socialmente.
MANUEL – “o mais consciente dos populares”, andrajosamente vestido: assume algum protagonismo por dar início aos dois actos:
- denuncia a opressão a que o povo tem estado sujeito e a incapacidade de conseguir a libertação e de sair da miséria em que se encontra
MATILDE – a mulher de Gomes Freire, “a companheira de todas as horas”, corajosa:
- exprime romanticamente o amor; reage violentamente perante o ódio e as injustiças, afirma o valor da sinceridade,
- desmascara o interesse, a hipocrisia;
- ora desanima, ora se enfurece, ora se revolta, mas luta sempre.
SOUSA FALCÃO – “o inseparável amigo” de Gomes Freire, sofre junto de Matilde perante a condenação do general, assume as mesmas ideias de justiça e de liberdade, mas não teve a coragem do amigo.
Estrutura da peça / Acção (Peça em dois actos):
Acto I – processo de incriminação; prisão dos incriminados.
. apresentação das situações;
. informações trazidas pelos espiões;
. reunião dos três espiões;
. revelação do nome do chefe dos conjurados...
(mudança de acto = mudança do acontecimento / situação)
Acto II – processo de ilibação dos incriminados; punição dos incriminados.
. a acção centra-se na deambulação de Matilde, cujo estatuto social (nascimento e casamento) lhe permite ter acesso às figuras do poder;
. Matilde considera-se vítima inconformada de uma injustiça;
. expansão da subjectividade de Matilde (inicialmente lírica e depois dramática);
. ritmo modulado pela fala de Matilde, que culmina na acusação ao poder instituído.
Funcionalidade da estrutura dual:
. repetição do quadro inicial (mesma personagem; mesmas interrogações; mesmas indicações de encenação dadas pelo autor);
. a mesma dicotomia Poder / Anti-Poder;
. a mesma disparidade das forças em conflito (que conduz à apoteose trágica final).
A peça «Felizmente Há Luar!» é uma peça épica, inspirada na teoria marxista, apelando à reflexão do espectador / leitor, não só no quadro da representação, como também na sociedade em que se insere.
De acordo com os princípios do “teatro épico”, definidos por Brecht, a peça pretende representar o mundo e o homem em constante evolução, de acordo com as relações sociais. Estas características afastam-se da concepção do teatro aristotélico, que pretendia despertar emoções, levando o espectador a identificar-se com o herói.
O teatro moderno tem como preocupação fundamental levar os espectadores / leitores a pensar, a reflectir sobre os acontecimentos passados e a tomar posição na sociedade em que se insere.
Surge, assim, a técnica do distanciamento que propõe um afastamento entre o actor e a personagem e entre o espectador / leitor e a história contada, para que, de uma forma mais real e autêntica, possam fazer juízos de valor sobre o que está a ser representado.
Luís de Sttau Monteiro pretende, através da distanciação, envolver o espectador / leitor no julgamento da sociedade, tomando contacto com o sofrimento dos outros. Deste modo, o espectador deve possuir um olhar crítico para melhor se aperceber de todas as formas de injustiças e opressões.
Características da obra:
- personagens psicologicamente densas e vivas;
- comentários irónicos e mordazes;
- denúncia da hipocrisia da sociedade;
- defesa intransigente da justiça social.
Teatro épico: oferece-nos uma análise crítica da sociedade, procurando mostrar a realidade em vez de a representar, para levar o espectador a reagir criticamente e a tomar uma posição.
A intemporalidade da peça remete-nos para a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça e todas as formas de perseguição.
Preocupação com o homem e o seu destino.
Luta contra a miséria e a alienação.
Denúncia da ausência de moral.
Alerta para a necessidade de uma superação, com o surgimento de uma sociedade solidária que permita a verdadeira realização do homem.
Contexto histórico (Tempo da história século XIX): Invasões napoleónicas: em 1807, o exército francês, comandado pelo general Junot, entra em Portugal. Para evitar a rendição, D. João VI e toda a família real portuguesa fogem para o Brasil. Depois da 1ª invasão, Portugal pede a Inglaterra um oficial para reorganizar o exército (o GENERAL BERESFORD). A Corte (com todos os órgãos da administração central) instala-se no Brasil e, na metrópole, o Governo fica a cargo de uma Junta de Governadores, entre eles, D. MIGUEL FORJAZ (nobreza), PRINCIPAL SOUSA (clero) e BERESFORD (Inglaterra). Este Governo assume uma atitude demasiado autoritária e absolutista. Entretanto, um grupo de generais portugueses, defensores de um Regime Liberal, tendo como líder o GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, conspira para derrubar este Governo Conjura de 1817. Beresford é informado da conspiração e todos os implicados são mortos.
Tempo da escrita século XX, década de 60: Luís de Sttau Monteiro denuncia a opressão vivida na época em que escreve esta obra, isto é, em 1961, durante a ditadura de Salazar. Assim, o recurso à distanciação histórica e à descrição das injustiças praticadas no início do século XIX, permitiu-lhe também, colocar em destaque as injustiças do seu tempo.
Paralelismo histórico-metafórico
Tempo da História Tempo da escrita
Época Século XIX, 1817
Século XX, 1961
Regime Político Absolutismo Ditadura do Estado Novo (Salazar)
Sociedade Hierarquia social: classes privilegiadas e exploradoras (nobreza, clero e burguesia) e classe explorada (povo).
Fortes desigualdades sociais: classe exploradora (ricos) e classe explorada (pobres).
Povo Péssimas condições de vida: oprimido e resignado; a “miséria, o medo e a ignorância”.
Péssimas condições de vida: reprimido e explorado; miséria, medo e analfabetismo.
Conspiração MANUEL, símbolo da consciência popular, tenta participar na conspiração, liderada pelo GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, para derrubar o poder vigente.
Militantes antifascistas sublevam-se contra o regime ditatorial, mas são logo sufocados.
Denúncias VICENTE, ANDRADE CORVO e MORAIS SARMENTO são símbolos dos denunciantes hipócritas contra o GENERAL.
Muitíssimos foram os chamados “bufos”, denunciantes que ajudaram a manter o regime de Salazar.
Forças Policiais Dois polícias contribuem para sustentar o regime.
Censura. Constituídas, sobretudo, pela PIDE, eram, sem dúvida, o sustentáculo do regime.
Censura.
Classes dominantes São representadas por BERESFORD (a força inglesa), PRINCIPAL SOUSA (o clero) e D. MIGUEL FORJAZ (a nobreza).
Representadas pelas forças estrangeiras (Inglaterra), pelos monopólios e pela Igreja.
Processos Há processos de condenação sem provas.
Muitíssimos foram os processos de condenação sem provas.
Execuções Executa-se o GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, um general sem medo, mas…
Felizmente… Felizmente há luar! As execuções foram muitas, mas em 1965 executar-se-ia o General Humberto Delgado, o “General sem Medo”, mas…
Felizmente… Felizmente há luar!
Estimula futuras rebeliões e,
em 1834, o
LIBERALISMO triunfa. Estimula futuras rebeliões que culminarão, no 25 de Abril de 1974, com a
vitória da DEMOCRACIA.
Personagens
- Povo (Manuel, Rita, Antigo Soldado, Populares)
- Governadores do Reino (D. Miguel Forjaz, Beresford, Principal Sousa)
- Delatores (Vicente, Morais Sarmento, Andrade Corvo)
- Dois polícias
- Matilde de Melo, António de Sousa Falcão, Frei Diogo
- General Gomes Freire de Andrade («que está sempre presente embora nunca apareça.»)
GOMES FREIRE DE ANDRADE – figura carismática que preocupa os poderosos, que arrasta os pequenos, que acredita na justiça e luta pela liberdade (nunca aparece em cena, mas está sempre presente).
D. MIGUEL FORJAZ – prepotente, assustado com transformações que não deseja, corrompido pelo poder, vingativo, frio, desumano, calculista.
PRINCIPAL SOUSA – fanático, corrompido pelo poder eclesiástico.
GENERAL BERESFORD – poderoso, mercenário, interesseiro, calculista, trocista, sarcástico:
- general inglês, severo e disciplinador;
- mandou matar Gomes Freire de Andrade.
VICENTE – demagogo, sarcástico, falso humanitarista, movido pelo interesse da recompensa material, adulador no momento oportuno, hipócrita, despreza a sua origem e o seu passado, capaz de recorrer à traição para ser promovido socialmente.
MANUEL – “o mais consciente dos populares”, andrajosamente vestido: assume algum protagonismo por dar início aos dois actos:
- denuncia a opressão a que o povo tem estado sujeito e a incapacidade de conseguir a libertação e de sair da miséria em que se encontra
MATILDE – a mulher de Gomes Freire, “a companheira de todas as horas”, corajosa:
- exprime romanticamente o amor; reage violentamente perante o ódio e as injustiças, afirma o valor da sinceridade,
- desmascara o interesse, a hipocrisia;
- ora desanima, ora se enfurece, ora se revolta, mas luta sempre.
SOUSA FALCÃO – “o inseparável amigo” de Gomes Freire, sofre junto de Matilde perante a condenação do general, assume as mesmas ideias de justiça e de liberdade, mas não teve a coragem do amigo.
Estrutura da peça / Acção (Peça em dois actos):
Acto I – processo de incriminação; prisão dos incriminados.
. apresentação das situações;
. informações trazidas pelos espiões;
. reunião dos três espiões;
. revelação do nome do chefe dos conjurados...
(mudança de acto = mudança do acontecimento / situação)
Acto II – processo de ilibação dos incriminados; punição dos incriminados.
. a acção centra-se na deambulação de Matilde, cujo estatuto social (nascimento e casamento) lhe permite ter acesso às figuras do poder;
. Matilde considera-se vítima inconformada de uma injustiça;
. expansão da subjectividade de Matilde (inicialmente lírica e depois dramática);
. ritmo modulado pela fala de Matilde, que culmina na acusação ao poder instituído.
Funcionalidade da estrutura dual:
. repetição do quadro inicial (mesma personagem; mesmas interrogações; mesmas indicações de encenação dadas pelo autor);
. a mesma dicotomia Poder / Anti-Poder;
. a mesma disparidade das forças em conflito (que conduz à apoteose trágica final).
Essencial de " Felizmente, há luar! "
Felizmente há luar!
Luís de Sttau Monteiro
I. INFLUÊNCIAS
Teatro Épico – B. Brecht (influências marxista) - «O teatro não pode impor emoções aos espectadores (como o “drama aristotélico”), deve fazer com que eles pensem.»
- Narrativo:
. O espectador não é apenas uma testemunha da acção, há que despertar-lhe a actividae e exigir-lhe decisões.
- Mundividências:
. O espectador é posto peralte qualquer tipo de situação.
- Argumento:
. As sensações são elevadas ao nível do conhecimento;
. O espectador está defronte, analisa;
. O homem é objecto de uma análise;
. O homem é susceptível de ser modificado e de modoficar;
. Tensão crescente, ao longo da acção;
. O homem como realidade em processo;
. O ser social determina o pensamento.
II. ESTRUTURA / ACÇÃO
1. Peça em dois actos:
Acto I – processo de incriminação; prisão dos incriminados.
. apresentação das situações;
. informações trazidas pelos espiões;
. reunião dos três espiões;
. revelação do nome do chefe dos conjurados...
... o General Gomes Freire de Andrade (personagem ausente, mas sempre presente)...
... um herói para Manuel, Rita; Antigo Soldado e populares;
... objecto de denúncia para Vicente, Morais Sarmento e Andrade Corvo;
... incómodo para os Governadores do Reino (D. Miguel, Beresford e Pricipal Sousa).
(mudança de acto = mudança do acontecimento / situação)
Acto II – processo de ilibação dos incriminados; punição dos incriminados.
. a acção centra-se na deambulação de Matilde, cujo estatuto social (nascimento e casamento) lhe permite ter acesso às figuras do poder;
. Matilde considera-se vítima inconformada de uma injustiça;
. expansão da subjectividade de Matilde (inicialmente lírica e depois dramática);
. ritmo modulado pela fala de Matilde, que culmina na acusação ao poder instituído.
2. Funcionalidade da estrutura dual:
. repetição do quadro inicial (mesma personagem; mesmas interrogações; mesmas indicações de encenação dadas pelo autor);
. a mesma dicotomia Poder / Anti-Poder;
. a mesma disparidade das forças em conflito (que conduz à apoteose trágica final).
III. PERSONAGENS
O Povo (Manuel, Rita, Antigo Soldado, populares)
Os delactores (Vicente, Morais Sarmento, Andrade Corvo)
Dois polícias
Os Governadores do Reino (D. Miguel Forjaz, Beresford, Principal Sousa)
Matide de Melo / António de Sousa Falcão
Frei Diogo
Tom e sentido da fala das personagens
Manuel – desencanto, compaixão e perplexidade (linguagem com desviod lexicais e com aforismos).
Vicente – inteligência perversa, ódio e desprezo (subtileza dos raciocínios).
D. Miguel – calculista cínico e maquiavélico.
Beresford – pragmatismo tranquilo, sereno e assumido (recurso a uma linguagem técnico-militar).
Principal Sousa – distante, paternalismo falso e beato (recurso a uma terminologia de sentido teológico).
Frei Diogo – inocência, sensibilidade e compreensão da dor.
Sousa Falcão – desiludido e com sentimento de culpa.
Corvo e Sarmento – cobardia, traição, subserviência, venalidade e vilania.
Matilde – amor, paixão, desencanto, confissão, desespero, veemência e acusação (recurso a uma argumentação inteligente, a uma filosofia sagaz e a um tom ingénuo a falar da sua vida privada).
IV. TEMPO
. Paralelismo histórico-metafórico:
- Tempo da acção (séc.XIX – 1817) – Regime Absolutista
- Tempo da escrita (séc.XX – 1920) – Regime Salazarista (fascismo)
. O avanço da acção (passagem do tempo) é dado através da fala das personagens.
V. ESPAÇO
1. Espaço Físico / Espaço Psicológico – não há indicações cénicas com referências a diferentes espaços; a mudança de espaço é marcada por:
. técnica da iluminação;
. didascálias;
. falas das personagens;
. jogo de luz / sombra (para mudança de espaço; para criar ambientes de desalento, de sonho; um código complementar do valor simbólico das palavras proferidas).
2. Espaço Social – vestuário; adereços...
VI. SIMBOLISMO
. saia verde de Matilde (felicidade e esperança)
. o título: «Felizmente há luar!», dito por D. Miguel (efeito dissuasor das execuções); dito po Matilde (esperança).
. Luz (vida) Noite (morte)
. Lua – luar (transformação, renovação,crescimento)
. Fogueira – “clarão” (esperança)
VII. NOVA CONCEPÇÃO DE TEATRO
. Uma “apoteose trágica” – glorificação de um momento exemplar da luta pela liberdade.
VIII. INTENCIONALIDADE DA PEÇA
. Recorrendo à caracterização e linguagem das personagens, às notas à margem do texto e aos elementos de luz e de som, o autor prentende fazer com que o leitor/espectador, pela análise crítica da sociedade do século XIX, reflicta sobre a situação política e social do século XX (1961):
- denúncia de situações escandalosamente injustas e repressoras.
. «Felizmente – felizmente há luar!» (última fala de Matilde, antes de cair o pano):
- 1817 – a esperança de se alterar um regime Absolutista, injusto e violento (1834 – triunfo do Liberalismo)
- 1962 – esperança de se alterar um regime Fascista, injusto e violento (25 de Abril de 1974 – triunfo da Democracia).
Luís de Sttau Monteiro
I. INFLUÊNCIAS
Teatro Épico – B. Brecht (influências marxista) - «O teatro não pode impor emoções aos espectadores (como o “drama aristotélico”), deve fazer com que eles pensem.»
- Narrativo:
. O espectador não é apenas uma testemunha da acção, há que despertar-lhe a actividae e exigir-lhe decisões.
- Mundividências:
. O espectador é posto peralte qualquer tipo de situação.
- Argumento:
. As sensações são elevadas ao nível do conhecimento;
. O espectador está defronte, analisa;
. O homem é objecto de uma análise;
. O homem é susceptível de ser modificado e de modoficar;
. Tensão crescente, ao longo da acção;
. O homem como realidade em processo;
. O ser social determina o pensamento.
II. ESTRUTURA / ACÇÃO
1. Peça em dois actos:
Acto I – processo de incriminação; prisão dos incriminados.
. apresentação das situações;
. informações trazidas pelos espiões;
. reunião dos três espiões;
. revelação do nome do chefe dos conjurados...
... o General Gomes Freire de Andrade (personagem ausente, mas sempre presente)...
... um herói para Manuel, Rita; Antigo Soldado e populares;
... objecto de denúncia para Vicente, Morais Sarmento e Andrade Corvo;
... incómodo para os Governadores do Reino (D. Miguel, Beresford e Pricipal Sousa).
(mudança de acto = mudança do acontecimento / situação)
Acto II – processo de ilibação dos incriminados; punição dos incriminados.
. a acção centra-se na deambulação de Matilde, cujo estatuto social (nascimento e casamento) lhe permite ter acesso às figuras do poder;
. Matilde considera-se vítima inconformada de uma injustiça;
. expansão da subjectividade de Matilde (inicialmente lírica e depois dramática);
. ritmo modulado pela fala de Matilde, que culmina na acusação ao poder instituído.
2. Funcionalidade da estrutura dual:
. repetição do quadro inicial (mesma personagem; mesmas interrogações; mesmas indicações de encenação dadas pelo autor);
. a mesma dicotomia Poder / Anti-Poder;
. a mesma disparidade das forças em conflito (que conduz à apoteose trágica final).
III. PERSONAGENS
O Povo (Manuel, Rita, Antigo Soldado, populares)
Os delactores (Vicente, Morais Sarmento, Andrade Corvo)
Dois polícias
Os Governadores do Reino (D. Miguel Forjaz, Beresford, Principal Sousa)
Matide de Melo / António de Sousa Falcão
Frei Diogo
Tom e sentido da fala das personagens
Manuel – desencanto, compaixão e perplexidade (linguagem com desviod lexicais e com aforismos).
Vicente – inteligência perversa, ódio e desprezo (subtileza dos raciocínios).
D. Miguel – calculista cínico e maquiavélico.
Beresford – pragmatismo tranquilo, sereno e assumido (recurso a uma linguagem técnico-militar).
Principal Sousa – distante, paternalismo falso e beato (recurso a uma terminologia de sentido teológico).
Frei Diogo – inocência, sensibilidade e compreensão da dor.
Sousa Falcão – desiludido e com sentimento de culpa.
Corvo e Sarmento – cobardia, traição, subserviência, venalidade e vilania.
Matilde – amor, paixão, desencanto, confissão, desespero, veemência e acusação (recurso a uma argumentação inteligente, a uma filosofia sagaz e a um tom ingénuo a falar da sua vida privada).
IV. TEMPO
. Paralelismo histórico-metafórico:
- Tempo da acção (séc.XIX – 1817) – Regime Absolutista
- Tempo da escrita (séc.XX – 1920) – Regime Salazarista (fascismo)
. O avanço da acção (passagem do tempo) é dado através da fala das personagens.
V. ESPAÇO
1. Espaço Físico / Espaço Psicológico – não há indicações cénicas com referências a diferentes espaços; a mudança de espaço é marcada por:
. técnica da iluminação;
. didascálias;
. falas das personagens;
. jogo de luz / sombra (para mudança de espaço; para criar ambientes de desalento, de sonho; um código complementar do valor simbólico das palavras proferidas).
2. Espaço Social – vestuário; adereços...
VI. SIMBOLISMO
. saia verde de Matilde (felicidade e esperança)
. o título: «Felizmente há luar!», dito por D. Miguel (efeito dissuasor das execuções); dito po Matilde (esperança).
. Luz (vida) Noite (morte)
. Lua – luar (transformação, renovação,crescimento)
. Fogueira – “clarão” (esperança)
VII. NOVA CONCEPÇÃO DE TEATRO
. Uma “apoteose trágica” – glorificação de um momento exemplar da luta pela liberdade.
VIII. INTENCIONALIDADE DA PEÇA
. Recorrendo à caracterização e linguagem das personagens, às notas à margem do texto e aos elementos de luz e de som, o autor prentende fazer com que o leitor/espectador, pela análise crítica da sociedade do século XIX, reflicta sobre a situação política e social do século XX (1961):
- denúncia de situações escandalosamente injustas e repressoras.
. «Felizmente – felizmente há luar!» (última fala de Matilde, antes de cair o pano):
- 1817 – a esperança de se alterar um regime Absolutista, injusto e violento (1834 – triunfo do Liberalismo)
- 1962 – esperança de se alterar um regime Fascista, injusto e violento (25 de Abril de 1974 – triunfo da Democracia).
Tributo do ano- Melhor produção escrita
Daniel Fonseca
Nº2 12º2ª
Trabalho de Escrita Recreativa
Não se tivessem os nossos heróis apaixonado pelo sonho e seríamos hoje um país sem história, sem cultura, sem identidade. Será isso que desejais, Velho do Restelo? Terá sido essa a vossa ambição quando praguejastes do cais contra o sonho lusitano?
Todos vós, os que se vêm reflectidos nessa personagem descrente, percebam desde já que não têm qualquer hipótese, lutam contra algo maior do que o próprio Homem. O que se comprometeram a combater é o sonho, aquela força omnipresente que abençoa o nosso povo luso desde os seus primórdios. Esse sonho levou o primeiro dos Afonsos a conquistar a esse povo infiel a cidade capital da nossa nação. Não tivesse sido pelo sonho de onde protestáveis agora?
Esse chá que bebeis quando vos falta a voz de tanto protestar, de onde vem? Das mesmas terras que não quisestes que visitássemos! O sonho acompanha-nos de perto, sempre que inovamos. Mesmo o protesto não brotou do solo! Até vós, que protestais contra o sonho, vos deixais invadir por ele. E em tanto protesto contra o sonho alcançável vos deixais ir mais longe, ao cair na enganosa ilusão de que podeis travar o movimento de uma nação. Essa ilusão, a que vos hipnotiza, essa sim é perigosa, por vos fazer crer que é o sonho que ilude quando na verdade é pela sua força que soltamos amarras para o futuro.
É tanto o que deveis ao sonho, para quê tentar confrontá-lo? Dedicai-vos antes a louvar quem se deixa inspirar por ele. Dai graças ao sonho, afinal de contas é graças a ele que não me dirijo a vós nessa língua desagradável que é o Castelhano! Que chore em uníssono o povo luso no dia em que o sonho nos abandonar, pois nesse dia perde(re)mos a nossa identidade
Nº2 12º2ª
Trabalho de Escrita Recreativa
Não se tivessem os nossos heróis apaixonado pelo sonho e seríamos hoje um país sem história, sem cultura, sem identidade. Será isso que desejais, Velho do Restelo? Terá sido essa a vossa ambição quando praguejastes do cais contra o sonho lusitano?
Todos vós, os que se vêm reflectidos nessa personagem descrente, percebam desde já que não têm qualquer hipótese, lutam contra algo maior do que o próprio Homem. O que se comprometeram a combater é o sonho, aquela força omnipresente que abençoa o nosso povo luso desde os seus primórdios. Esse sonho levou o primeiro dos Afonsos a conquistar a esse povo infiel a cidade capital da nossa nação. Não tivesse sido pelo sonho de onde protestáveis agora?
Esse chá que bebeis quando vos falta a voz de tanto protestar, de onde vem? Das mesmas terras que não quisestes que visitássemos! O sonho acompanha-nos de perto, sempre que inovamos. Mesmo o protesto não brotou do solo! Até vós, que protestais contra o sonho, vos deixais invadir por ele. E em tanto protesto contra o sonho alcançável vos deixais ir mais longe, ao cair na enganosa ilusão de que podeis travar o movimento de uma nação. Essa ilusão, a que vos hipnotiza, essa sim é perigosa, por vos fazer crer que é o sonho que ilude quando na verdade é pela sua força que soltamos amarras para o futuro.
É tanto o que deveis ao sonho, para quê tentar confrontá-lo? Dedicai-vos antes a louvar quem se deixa inspirar por ele. Dai graças ao sonho, afinal de contas é graças a ele que não me dirijo a vós nessa língua desagradável que é o Castelhano! Que chore em uníssono o povo luso no dia em que o sonho nos abandonar, pois nesse dia perde(re)mos a nossa identidade
cenários de correcção do teste
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS
Duração da prova: 90 minutos 6º teste
2007/2008( Maio) Prof: Euclides Rosa
CENÁRIOS/ CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
GRUPO I
1. ( 7+3)
A alegoria que enforma o poema Dobrada à Moda do Porto delineia-se narrativamente na seguinte realidade concreta, presente nas duas primeiras estrofes: o sujeito poético vai a um restaurante e servem-lhe dobrada fria, recusa-a e pede-a quente. Contudo, não é atendido o seu pedido” impacientaram-se comigo”, não a come, paga a conta e sai do restaurante.
A realidade abstracta está desde logo no segundo verso na comparação, a dobrada é um simbolo artístico e literário para se referir a amor “ serviram-me o amor...”, mas também na contextualização espacio temporal “ Um dia.... fora do espaço e do tempo”, logo é uma realidade vivida interiormente, num tempo e espaço psicológico, os da criatividade artística.
Explicitação de cada uma das realidades com citações textuais......3,5 pontos
Explicitação de cada uma das realidades sem citações textuais....... 2,5 pontos
Organização e coerência discursiva.........................................................2p
Correcção linguística......................................1p
2. (10+5)
A contextulaização espacio-temporal aponta para a indefinição e para a ficcionalidade, limitando-se a remeter para um passado criado sem recurso à memória de uma experiência real concreta. É o tempo e espaço do fingimento artístico.
Interpretação do valor simbólico.............................................................10p
Organização e coerência discursiva.........................................................3p
Correcção linguística.......................................2p
3. (10+5)
Atitude do sujeito lírico: a recusa delicada, sem protesto (v.3), (v.21), revolta silenciosa, resignação (v.8)
Caracterização da atitude com discurso pessoal e citações......................................10p.
Caracterização da atitude com discurso pessoal semcitações.................................. 7p.
Caracterização da atitude só com citações...............................................................5p.
4. (7+3)
A quarta estrofe apresenta-se entre parentesis, funcionando como um aparte da alegoria. È aí que o sentido da mesma se revela e justifica pela situação presente “ a tristeza é de hoje”, confrontando-se a infãncia do poeta com a de “ toda a gente”.
Justificação da utilização de parentesis...................................................................7p.
Organização e coerência discursiva.........................................................2p
Correcção linguística.........................................1p
5. (15+5)
Dobrada fria associa-se á infãncia do sujeito poético. Foi servida no restaurante, que é metáfora alegórica da sua casa natal, um espaço de transacão comercial, o missionário da cozinha e todos os que “ se impacientaram” todos os que lhe deveriam ter dado afectos, sobretudo familiares. É no fundo a infância que, na dimensão valorativa do conceito, não teve, ou, caso a tenha tido, a vê agora, perturbado pela angústia existencial e pelo tédio, como negativa “ E que a tristeza é de hoje”.
A Dobrada quente, a que preferia, porque assim deve ser servida, é o amor sincero, altruísta, sem espera de trocas, recompensas.
Esta última Dobrada é a que sabe ter existido na “infãncia de toda a gente” , marcada pela alegria do jardim onde as crianças brincam.
Comparação do sentido metafórico da oposição Dobrada quente/ fria........................15p.
Organização e coerência discursiva.........................................................3p
Correcção linguística......................................2p
6. (15+5)
O poema situa-se na terceira fase da poética de Campos, conhecida por fase intimista, confessional, marcada pelo decadentismo, a abulia, o tédio. Trata-se no fundo do regresso a Pessoa ortónimo, até mesmo pelo tema da infância, nostalgia da infãncia que não teve, que é mero fingimento poético.
No poema Dobrada à Moda do Porto nota-se a nível do conteúdo, um lirismo de elegia, lamentação, a expressão de uma emoção de uma negatividade dramática ( repetição frio/a “) e não a euforia e valorização da matéria, teconologia da fase futurista/ sensacionista.
Em síntese, a poética centarada no Eu e a nostalgia da infância idealizada são duas razões para se situar este poema na terceira fase.
Contextualização do poema com justificação.................................................................15p.
Contextualização do poema sem justificação..................................................................6p.
Organização e coerência discursiva.........................................................3p
Correcção linguística.....................................2p
A
Reis propõe uma filosofia de vida, baseada no equilíbrio, na moderação, que é totalmente contrária á expressão da nostalgia de um passado, incluindo o da infância.
Numa das suas odes faz mesmo o confronto entre aqueles que “ com olhos postos no passado, vêem o que não vêem” e aqueles que obcecados pelo “ futuro vêem o que não pode ver-se”. Assim sendo, incentiva-nos a viver o presente, a colher o dia, Carpe diem, mas evitando, amores, paixões, odios, alerta bem notório no poema “ vem sentar-te comigo ,Lídia, á beira do rio”.
É a consciêcia da inevitabilidade da morte, decidida pelo Fado, “ que está mais longe que os próprios Deues” e o sentimento da fugacidade da vida, que o levam a persuadir-nos da apatia, e da ataraxia que a vida nos exige, é aceitá-la de mãos abertas, “ pagãos e tristes e com flores no regaço” , norteados pelos ensinamentos do Epicurismo e do Estoicismo.
As flores, os rios, a natureza em geral, são os melhores exemplos onde podemos aprender a aceitar felizes o nosso destino.
Tema e tipologia de texto............................................................................5p.
Coerência e pertinência da informação.......................................................10p
Argumentação da escolha de três direitos humanos...............................10p.
Planificação do ensaio.........................................................................5p.
Organização e estruturação discursiva, recorrendo a articuladores textuais,
Mecanismos de coesão interfrásica,parágrafos..........................................12,5p.
Correcção linguística.....................................................................7,5p.
Duração da prova: 90 minutos 6º teste
2007/2008( Maio) Prof: Euclides Rosa
CENÁRIOS/ CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
GRUPO I
1. ( 7+3)
A alegoria que enforma o poema Dobrada à Moda do Porto delineia-se narrativamente na seguinte realidade concreta, presente nas duas primeiras estrofes: o sujeito poético vai a um restaurante e servem-lhe dobrada fria, recusa-a e pede-a quente. Contudo, não é atendido o seu pedido” impacientaram-se comigo”, não a come, paga a conta e sai do restaurante.
A realidade abstracta está desde logo no segundo verso na comparação, a dobrada é um simbolo artístico e literário para se referir a amor “ serviram-me o amor...”, mas também na contextualização espacio temporal “ Um dia.... fora do espaço e do tempo”, logo é uma realidade vivida interiormente, num tempo e espaço psicológico, os da criatividade artística.
Explicitação de cada uma das realidades com citações textuais......3,5 pontos
Explicitação de cada uma das realidades sem citações textuais....... 2,5 pontos
Organização e coerência discursiva.........................................................2p
Correcção linguística......................................1p
2. (10+5)
A contextulaização espacio-temporal aponta para a indefinição e para a ficcionalidade, limitando-se a remeter para um passado criado sem recurso à memória de uma experiência real concreta. É o tempo e espaço do fingimento artístico.
Interpretação do valor simbólico.............................................................10p
Organização e coerência discursiva.........................................................3p
Correcção linguística.......................................2p
3. (10+5)
Atitude do sujeito lírico: a recusa delicada, sem protesto (v.3), (v.21), revolta silenciosa, resignação (v.8)
Caracterização da atitude com discurso pessoal e citações......................................10p.
Caracterização da atitude com discurso pessoal semcitações.................................. 7p.
Caracterização da atitude só com citações...............................................................5p.
4. (7+3)
A quarta estrofe apresenta-se entre parentesis, funcionando como um aparte da alegoria. È aí que o sentido da mesma se revela e justifica pela situação presente “ a tristeza é de hoje”, confrontando-se a infãncia do poeta com a de “ toda a gente”.
Justificação da utilização de parentesis...................................................................7p.
Organização e coerência discursiva.........................................................2p
Correcção linguística.........................................1p
5. (15+5)
Dobrada fria associa-se á infãncia do sujeito poético. Foi servida no restaurante, que é metáfora alegórica da sua casa natal, um espaço de transacão comercial, o missionário da cozinha e todos os que “ se impacientaram” todos os que lhe deveriam ter dado afectos, sobretudo familiares. É no fundo a infância que, na dimensão valorativa do conceito, não teve, ou, caso a tenha tido, a vê agora, perturbado pela angústia existencial e pelo tédio, como negativa “ E que a tristeza é de hoje”.
A Dobrada quente, a que preferia, porque assim deve ser servida, é o amor sincero, altruísta, sem espera de trocas, recompensas.
Esta última Dobrada é a que sabe ter existido na “infãncia de toda a gente” , marcada pela alegria do jardim onde as crianças brincam.
Comparação do sentido metafórico da oposição Dobrada quente/ fria........................15p.
Organização e coerência discursiva.........................................................3p
Correcção linguística......................................2p
6. (15+5)
O poema situa-se na terceira fase da poética de Campos, conhecida por fase intimista, confessional, marcada pelo decadentismo, a abulia, o tédio. Trata-se no fundo do regresso a Pessoa ortónimo, até mesmo pelo tema da infância, nostalgia da infãncia que não teve, que é mero fingimento poético.
No poema Dobrada à Moda do Porto nota-se a nível do conteúdo, um lirismo de elegia, lamentação, a expressão de uma emoção de uma negatividade dramática ( repetição frio/a “) e não a euforia e valorização da matéria, teconologia da fase futurista/ sensacionista.
Em síntese, a poética centarada no Eu e a nostalgia da infância idealizada são duas razões para se situar este poema na terceira fase.
Contextualização do poema com justificação.................................................................15p.
Contextualização do poema sem justificação..................................................................6p.
Organização e coerência discursiva.........................................................3p
Correcção linguística.....................................2p
A
Reis propõe uma filosofia de vida, baseada no equilíbrio, na moderação, que é totalmente contrária á expressão da nostalgia de um passado, incluindo o da infância.
Numa das suas odes faz mesmo o confronto entre aqueles que “ com olhos postos no passado, vêem o que não vêem” e aqueles que obcecados pelo “ futuro vêem o que não pode ver-se”. Assim sendo, incentiva-nos a viver o presente, a colher o dia, Carpe diem, mas evitando, amores, paixões, odios, alerta bem notório no poema “ vem sentar-te comigo ,Lídia, á beira do rio”.
É a consciêcia da inevitabilidade da morte, decidida pelo Fado, “ que está mais longe que os próprios Deues” e o sentimento da fugacidade da vida, que o levam a persuadir-nos da apatia, e da ataraxia que a vida nos exige, é aceitá-la de mãos abertas, “ pagãos e tristes e com flores no regaço” , norteados pelos ensinamentos do Epicurismo e do Estoicismo.
As flores, os rios, a natureza em geral, são os melhores exemplos onde podemos aprender a aceitar felizes o nosso destino.
Tema e tipologia de texto............................................................................5p.
Coerência e pertinência da informação.......................................................10p
Argumentação da escolha de três direitos humanos...............................10p.
Planificação do ensaio.........................................................................5p.
Organização e estruturação discursiva, recorrendo a articuladores textuais,
Mecanismos de coesão interfrásica,parágrafos..........................................12,5p.
Correcção linguística.....................................................................7,5p.
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