domingo, 27 de janeiro de 2008

Os Castelos Viriato»

VIRIATO

Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memoria em nós do instincto teu.

Nação porque reincarnaste,
Povo porque resuscitou
Ou tu, ou o de que eras a haste –
Assim se Portugal formou.

Teu ser é como aquella fria
Luz que precede a madrugada,
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.

“Viriato” é o primeiro símbolo histórico do nosso “Brasão”, um dos sete castelos, isto é, uma das sete fortalezas que grantiram a nossa independência.
Há uma progressão na apresentação do herói mítico como símbolo da alma lusitana: “raça, memória, nação, povo, Portugal.” O ressurgimento de Portugal no presente da sua formação depende da lembrança do “instincto teu”, de Viriato, que faz a alma, o sentimento e a obra nacionais: “Se a alma que sente e faz conhece “.
Nesse passado/presente Viriato é metaforicamente a haste de uma árvore genealógica nacional.
À semelhança dos Tempos vindouros em “O Encoberto”, este herói é um “confuso nada”, por isso também um mito; uma luz, tal como o sol em “ Ulisses”, na “antemanhã da nossa madrugada”, no adro da nossa existência enquanto nação. Confirma-se assim uma perspectiva cíclica do tempo, pois são os simbolos que se reptem, contrariamente aos factos.
Quanto à sua estrutura, pode dizer-se que o poema é composto por três quadras, de versos octassilábicos. A rima é cruzada, alternativamente grave e aguda nas duas primeiras quadras e só grave na terceira.
O discurso apresenta-se na primeira pessoa do plural e o interlocutor na segunda do singular, denotando uma familiariade, proximidade com o mesmo.


David Chambino nº3 12º2 (2007/08)

1 comentário:

Miguel disse...

Excelentes interpretações que colocou neste blog. Têm-me auxiliado bastante para perceber a poesia pessoana para um teste de Português.