domingo, 27 de janeiro de 2008

Os Castelos «D. Tareja»

QUARTO
D. TAREJA

As nações todas são mysterios.
Cada uma é todo o mundo a sós.
Ó mãe de reis e avós de imperios,
Vella por nós!

Teu seio augusto amamentou
Com bruta e natural certeza
O que, imprevisto, Deus fadou.
Por elle resa!

Dê tua prece outro destino
A quem fadou o instincto teu!
O homem que foi o teu menino
Envelheceu.

Mas todo vivo é eterno infante
Onde estás e não há o dia.
No antigo seio, vigilante,
De novo o cria!

D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, simboliza o nascimento da pátria, podendo mesmo ser identificada como a Mãe de Portugal, fonte de protecção à qual se pede auxílio nos momentos difíceis, por isso os apelos em tom de oração: “Vella por nós!”, “ Por elle resa! “ .
Em todas as quatro quadras deste poema encontramos expressões relativas a essa condição de mãe: “Ó mãe de reis...”,“Teu seio augusto amamentou”,“O homem que foi teu menino envelheceu”,“No antigo seio, vigilante, de novo o cria”.
A dimensão mítica desta progenitora justifica o pedido de vigilância a uma descendência “ todo o vivo é eterno infante” que se deseja também criada por ela. A última estrofe introduzida pela conjunção coordenativa adversativa“Mas” marca uma projecção para o tempo presente ( ver tempos verbais) em que devemos manter a esperança de ver Portugal renascer do antigo seio, pois onde está “ já não há o dia”.

José Bruno 12º2 (2007/08)

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