O lamento do poeta pela ingratidão daqueles que celebra
Estando reunidos o Catual, Paulo da Gama, Nicolau Coelho e o Monçaíde, todos olham para um estandar-te onde estárepresentado o imortal Luso em” trajo à Grega usança e com um ramo, por insígnia, na(mão) direita” . É esse ramo evocado que desencadeia os lamentos dirigidos às Ninfas sobre a sua própria situação individual(vv.4-8), veiculados metaforicamente pela viagem. Desta vez as Ninfas não são invocadas para o pedido de inspiração, mas para a salvação do poeta(vv.7,8). A Viagem á Índia é metáfora quer do árduo trablaho de produção do poema, quer da sua própria vida.
Na estrofe 79, o poeta considera-se investido de cantar os trabalhos dos Portugueses mas também os trabalhos por que passa: os perigos no mar e na guerra, cumprindo ele próprio o ideal humanista renascentista “ Nua mão sempre a espada e noutra a pena.” Trata-se nitidamente de um processo de auto-glorificação, isto é, o poeta apresenta-se aqui como herói perfeito, exemplificado na figura mitológica de Cânace.
Prossegue na estância 80 pela referência aos sofrimentos por que passa: miséria, solidão, desespero, sempre com a vida presa por um fio ( vide episódio do naufrágio de Camões, Canto X, est.128). Dói-lhe também a ingratidão dos homens que celebra (est.81vv.3,4), que tinham obrigação de o recompensar com coroas de louro. Nesta estrofe, 81, lança também a ideia do Mecenatismo, bastante prestigiada na Europa desta altura, que se traduzia na concessão de condições materiais aos artistas para que pudessem desenvolver as suas artes, sem que fosse necessário da parte dos artistas a subserviência ou servilismo.
A estrofe 82 reveste-se de um tom polidamente irónico, no sentido retórico do termo, isto é, tem exactamente o sentido contrário, antífrase, os escritores futuros com estes exemplos não escreverão.
Desiludido, num desamparo total, conta apenas com as Musas, com a inspiração poética, a figura do poeta anima-se pela consciência do seu poder de distribuir glória a quem bem entender(est.83). Quem o não merecer não será glorificado,nem tão pouco por lisonja. Não cantará aqueles que anteponham os seus interesses pessoais à frente da pátria, nem os ambiciosos que pretendam poder para alragar os seus vícios (est.84), não cantará os hipócritas, exemplificados com Proteu, em suma, não cantará aqueles que tiranizam o povo para conquistar o favor do rei(est.86).
Nas estrofes 86 e 87 expressa o seu conceito de justiça, merce o canto aqueles que perderam a vida, mas que ganharam a imortalidade e a glória por Deus e pela Pátria.
Prof: Euclides, Linhas de leitura das Reflexões do poeta em Os Lusíadas
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1 comentário:
É maquina é..... Obrigado prof euclides
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