terça-feira, 20 de novembro de 2007

Com a lira destemperada mas na obrigação de poeta

Reflexão do poeta, canto X, est.145-148

O poeta retoma o tom elegíaco. Reconhece a inutilidade do seu canto, pois o que celebra são-lhe indiferentes e inúteis. Nem o amor à Pátria o incentiva mais, já que esta está mergulhada na cobiça, encontra-se em decadência. Dos versos 4 a 8 da estrofe 146, reitera a falta de ânimo para a realização de grandes feitos.
Depois o discurso passa a ter como destinatário o rei, recuperando-se assim o tom épico. Há claramente um contraste de tons, épico e anti-épico nesta mesma estrofe; o primeiro porque o Rei é representante de Deus na terra, senhor de vassalos únicos pelas suas qualidades; o segundo porque a Pátria está numa decadência espiritual.
Da estrofe 147 à 148 faz-se um quadro épico das qualiades desses vassalos, que por várias vias dão provas do seu heroismo e que enfrentam todos os perigos no mar e na guerra para trazer fama e glória à Pátria e ao Rei. Estes perigos são apresentados quase como um espectáculo mostrado ao Rei “ Olhai que ledos vão, por várias vias quais leões ou bravos touros”.
Na estrofe 149, há como que um retomar da dedicatória, em que o poeta lembra ao Rei dos deveres que tem para com os seus vassalos.

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