segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Reflexão do poeta ( canto VII, est 4-14)

Apelo à guerra santa dirigido aos outros povos Europeus

Os Portugueses lançaram-se na Guerra Santa movidos não pela cobiça mas pela obediência à Santa Igreja. Os Portugueses são poucos mas fortes com coragem e espírito cristão; Deus serve-se de um instrumento fraco para um forte objectivo: dilatar a sua fé.
Da esrofe 4 à 8 inclusivé, o poeta estabele uma crítica directa, ela é feita aos alemães (est4); aos Ingleses (est.5, 6), aos Franceses (est.7) e aos Italianos (est.8).
Os primeiros afastam-se cada vez mais de Deus, preocupados que estão com guerras internas, o Movimento da Reforma, em vez de se revoltarem contra o inimigo da fé cristã, “ O superbissimo Otomano”, o Turco.
Os Ingleses intitulam-se senhores de Jerusalém mas esta estánas mãos dos ismaelitas, está sob o domínio de um rei turco e contra isso os Ingleses nada fazem. Henrique VII “ nova maneira faz de Cristandade”, a Igreja anglicana, num movimento insistente de rebelião contra os próprios cristãos, deixando de canalizar esse esforço para “tomar a terra que era sua”.
Os Franceses, “Reis cristianíssimos”, não honram o cognome que lhes foi dado pelo Papa, envolvendo-se em guerras contra cristãos.
Os Italianos estão esquecidos do seu valor antigo, mergulhados que estão na ociosidade, no prazer, “em vícios mil”, a sua grandeza está em perigo.
Da estrofe 9 à 11 o poeta faz uma apóstrofe geral aos cristãos. Censura-os pela sua desunião, pelas guerras que provocam entre eles. Compara-os a Cadmo que espalha os dentes do dragão que venceu, dos quais nasem homens armados que se matam uns aos outros. Mais uma vez o relato mitológico serve o processo deargumentação por exemplificação, dando validade ao defendido.
Enquanto do lado inimigo reina a união, os cristãos têm por sua vez dois inimigos, um exterior e um interior: o infiél e a discórdia entre eles mesmos. Assim sendo, o poeta abre uma concessão; se o móbil religioso não é suficiente: “ Pois mover-vos não pode a Casa Santa”, que mova os cristãos o interesse económico: “ Mova-vos já, sequer, riqueza tanta”.
Nas estrofes 12 e 13, o poeta exorta os cristãos a mobilizar o poder bélico de modo a fazer recuar o inimigo, já que grandes regiões da Europa estão a ser ocupadas pelos infiéis que obrigam os cristãos a seguir . “ os profanos preceptos do Alcorão”.
Em contraposição à atitude dos povos da Europa, os Portugueses movem-se “ em cristãos atrevimentos” em África, na Ásia e “ na quarta parte nova”, no Brasil, e mais houvesse!
Há muitas críticas a esta reflexão sustentadas na desactualizaçaõ dos factos que ai são assinalados. Contudo, a meu ver, basta referir que um ano antes da publicação d’’Os Lusíadas, dá-se a Batalha de Lepanto, na qual se conseguiram travar as forças turcas, apesar do apoio que tiveram dos Franceses.Portanto, no momento de produção desta reflexão, ela tem plena justificação e actualidade. Sabe-se também que nos primórdios da década de setenta, do século em causa, circulam por toda a Europa textos que apelam à Guerra Santa, a título de exemplo, lembre-se a Bula Regnans in Excelsis do Papa Pio V(27 de Abril de 1570), na qual excomingava a rainha Isabel I.

( Prof: Euclides)

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