quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

SegundoTeste Sumativo+ critérios(12º6 )

ESCOLA SECUNDÁRIA RAINHA DONA LEONOR
12º Ano de escolaridade
Duração da prova: 90 minutos 2º teste
2008/2009( Dezembro) Prof:Euclides Rosa
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS

Lê o seguinte poema de ” Mensagem”, de Fernando Pessoa:

I
PRECE

Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, o silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.

Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.

Dá sopro, a aragem- ou desgraça ou ânsia-,
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistemos a Distância-
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
Pessoa Mensagem
A
1. Uma prece supõe dois interlocutores, um emissor e um destinatário, e um pedido.
Identifica os três elementos, servindo-te de palavras ou expressões do poema.

2. Propõe uma delimitação das sequências que estruturam o poema, justificando a tua proposta com elementos linguísticos do texto.

3. Caracteriza o estado presente da nação que motiva esta prece, situando-o na estrutura interna simbólica da Mensagem.

4. Relaciona os binómios chama/cinzas, frio morto/ mão do vento, referindo-te ao tempo histórico e mítico da nação a que eles se referem.
B
“ A Mensagem não é só uma mera profecia mas também o começo de uma nova saudade, embora seja um sentimento misto de esperança futura e mágoa presente ” Prof. Euclides

Fazendo apelo à sua experiência de leitura de Mensagem, comente a frase num texto de oitenta a cem palavras, referindo-se à estrutura e temáticas da obra: saudosismo, nacionalismo, sebastianismo.

II

Considera o texto:


A palavra “saudade”- leio nas páginas do Público- foi considerada o sétimo vocábulo mais complexo de traduzir, segundo uma votação realizada por mil linguistas durante uma iniciativa promovida pela agência londrina de tradução, Today Translations. A notícia não me surpreendeu. Em todos os idiomas encontramos palavras assim, cuja tradução se considera difícil, se não mesmo impossível; porém, quando olhamos mais de perto, quase sempre nos apercebemos de que essa dificuldade não é real. Invariavelmente são os próprios utentes da língua quem cria o mito de que para esta ou aquela palavra não existe tradução possível. Trata-se – suspeito- de uma atitude mágica: é como se as pessoas receassem que ao traduzir aquela palavra o tradutor estivesse também a traduzir, isto é, capturar, a alma que a criou. (...) Estas palavras supostamente intraduzíveis revelam, afinal, se não a natureza de um povo, porque não existe tal coisa, pelo menos a natureza que esse povo acredita ser a sua.
Assim, os portugueses acreditam que a saudade faz parte da sua natureza, ao passo que os ingleses julgam ser o fair play, os espanhóis a fiesta, e os cabo-verdianos a morabeza. É claro que não existem dois ingleses idênticos, e se há muitos com autêntico fair play, outros há, e são infelizmente bastantes, com inegável mau perder. Ainda assim parece-me mais saudável um povo rever-se na ideia de festa, na de morabeza,( tranquilidade, bem estar), ou na de fair play do que na de saudade. A saudade não constrói. Não é possível avançar enquanto se olha para trás. O saudosista chora no presente, por aquilo que riu no passado. Nunca está feliz.
Mito por mito prefiro o que defende a propensão dos portugueses para a mestiçagem e para as grandes viagens.(...)
Já agora a palavra mais votada como de difícil tradução foi ilunga, de uma língua falada na República Democrática do Congo, que define “ aquele género de pessoas que estão dispostas a perdoar qualquer abuso pela primeira vez, a tolerá-lo uma segunda, mas nunca uma terceira.(...)
Faíza Hayat, in Xis, 2004-07-03


1. Para cada um dos seis itens que se seguem, escreve na tua folha de respostas a letra correspondente à alternativa correcta, de acordo com o sentido do texto.

1.1. A frase: “A notícia não me surpreendeu.” (l.3)veicula uma intenção que corresponde:
A. a um acto ilocutório assertivo.
B. a um acto ilocutório directivo.
C. a um acto ilocutório expressivo.

1.2. A oração: “ ... quem cria o mito...” (l.6)classifica-se como:

A. Subordinada relativa restritiva sem antecedente.
B. Subordinada relativa restritiva com antecedente.
C. Subordinada relativa explicativa.

1.3. A oração: “...que ao traduzir aquela palavra o tradutor estivesse também a traduzir...” (l.8-9)

A. é uma subordinada completiva/ integrante dependente de um verbo sensitivo.
B. é uma subordinada completiva/ integrante dependente de um verbo opinativo.
C. é uma subordinada completiva/ integrante dependente de um verbo volitivo.

1.4. A asserção: “ É claro que não existem dois ingleses idênticos...” (l.13-14) expressa:
A. uma certeza inquestionável.
B. uma certeza relativa.
C. uma incerteza.

1.5. A oração: “...enquanto se olha para trás.” (l.17)tem um valor:

A. condicional
B. temporal.
C. adversativo.

1.6. As palavras sublinhadas na frase: “...se há muitos com autêntico fair play, outros há, e são infelizmente bastantes...” (l.14)

A. têm como antecedente “ idênticos”.
B. têm como antecedente “ dois”.
C. têm como antecedente “ ingleses”.


1.7. Considera o seguinte período do texto:

“Assim, os portugueses acreditam que a saudade faz parte da sua natureza, ao passo que os ingleses julgam ser o fair play, os espanhóis a fiesta, e os cabo-verdianos a morabeza. É claro que não existem dois ingleses idênticos, e se há muitos com autêntico fair play...”
Reescreve-o, substituindo os conectores assinalados por outros de valor contextual equivalente, procedendo ás alterações que se mostrarem necessárias.


III
“ Mais do que de palavras a nossa identidade nacional é feita de sentimentos, valores e formas de estar na vida e no mundo. O que mais me surpreende em nós é o nosso simultâneo envolvimento e desprezo pelos problemas dos outros povos”
Prof: Euclides Rosa

Numa dissertação cuidada entre duzentas e duzentas e cinquenta palavras, comente a frase, fundamentando o seu ponto de vista relativo à imagem que tem do povo português com pelo menos três traços/ aspectos caracterizadores, devidamente exemplificados.



EXPLICITAÇÃO QUANTITATIVA DA COTAÇÃO
A
1.......................................................................................................................( 9+6) 15 pontos
2........................................................................................................................(12+8) 20pontos
3.........................................................................................................................( 9+6) 15 pontos
4. ...................................................................................................................... ( 12+8) 20pontos
B
Critérios específicos de classificação
Aspectos de conteúdo...............................................................................................18 pontos
Qualidade e coerência dos juízos de leitura formulados.......................... 9 pontos
Pertinência das referências feitas à obra.................................................. 9 pontos
Aspectos de organização e correcção linguística.......................................................12pontos
Estruturação do discurso*..................................................... 7 pontos
Correcção linguística**......................................................... 5 pontos
Grupo II

1.1 a 1.6.......................................................................................................................30 pontos

1.7. ..............................................................................................................................20 pontos
Grupo III
Estruturação temática e discursiva (C) * ………………..………………………….... 30 pontos
Correcção linguística (F)** ………………………………………………………… 20 pontos
CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DE CLASSIFICAÇÃO
E RESPECTIVOS CENÁRIOS DE RESPOSTA
Grupo I
A.
1.............................................................................................................................. 15 pontos
Critérios específicos de classificação
Aspectos de conteúdo............................................................................................9 pontos
Identificação dos interlocutores, emissor e destinatário, e da prece/ pedido
Fundamentação/ justificação com elementos textuais
Aspectos de organização e correcção linguística...................................................6 pontos
Estruturação do discurso*..................................................... 3 pontos
Correcção linguística**......................................................... 3 pontos
Cenário de resposta
Na verdade, para efectivação de uma prece, tem de haver intervenientes no processo comunicativo, um emissor e um destinatário, e a própria mensagem, neste caso o pedido/ prece.
Relativamente ao emissor, parece identificar-se com o sujeito poético, assumindo o papel de representante da nação portuguesa pelo uso do “ Nós” majestático: “ Restam-nos”, “ ...em nós”, presente nos pronomes pessoais.
Quanto ao destinatário, trata-se de Deus, a julgar pelo vocativo que inicia o poema: “ Senhor,”.
Finalmente, a prece traduz-se num pedido de motivação para a edificação de um novo império, não importando a sua natureza, nem o meio para o atingir, engendrando-se numa metáfora: “ Sopro” aragem” com recurso ao imperativo: “ Dá” e ao conjuntivo exortativo: “ conquistemos”.
Critérios específicos de classificação
2.............................................................................................................................20 pontos

Aspectos de conteúdo.............................................................................................12 pontos
Delimitação e justificação dos momentos que constituem o poema( Aceitam-se todas as propostas, desde que justificadas com aspectos linguísticos do poema. Uma justificação feita pelo conteúdo do texto é classificada com um terço da classificação prevista para o conteúdo).

Aspectos de organização e correcção linguística..................................................8 pontos
Estruturação do discurso*..................................................... 4 pontos
Correcção linguística**......................................................... 4 pontos

Cenário de resposta
O poema pode delimitar-se em três momentos, correspondendo cada um deles a uma estrode das três existentes.
No primeiro momento, através do vocativo, justifica-se a prece, confrontando-se o passado de “ tormenta e vontade” com o presente de 2 silêncio hostil “ e de “ saudade”.
O segundo momento é marcado pela conjunção coordenativa adversativa: “ Mas” que introduz uma oposição, uma esperança de que o vento possa reacender a cinza, de que a motivação nacional perdida se possa recuperar.

3............................................................................................................................... 15 pontos

Critérios específicos de classificação
Aspectos de conteúdo............................................................................................9 pontos
Caracterização do estado de espírito do poeta fundamentada em pressupostos de conhecimento metaliterário.
Integração do poema na estrutura interna de Mensagem.
Aspectos de organização e correcção linguística.....................................................6 pontos
Estruturação do discurso*..................................................... 3 pontos
Correcção linguística**......................................................... 3 pontos

Cenário de resposta
O poema “ Prece” é o último de “ Mar Português”, fazendo parte de uma triologia: “ Mar Português”, “ Ùltima Nau” e “ Prece”, que dá conta do desmoronamento do império material das Descobertas. Simbolicamente, no domínio da vida da nação, encontramos nos três poemas uma pátria moribunda.
Para sugerir este estado da nação, o sujeito poético recorre ao Topos da “ noite”, metáfora do declínio do império.
Na verdade, o presente é marcado pela lembrança de um passado perdido que calou a nação: “silêncio hostil” e a fez mergulhar na “ saudade” dos tempos em que era reconhecida universalmente.

4............................................................................................................................... 20 pontos

Critérios específicos de classificação
Aspectos de conteúdo.............................................................................................12 pontos
Relação entre binómios sugestivos do tempo histórico e mítico da nação.

Aspectos de organização e correcção linguística..................................................8 pontos
Estruturação do discurso*..................................................... 4 pontos
Correcção linguística**......................................................... 4 pontos



Cenário de resposta
Os binómios em causa: Chama/ Cinzas, Frio morto/ Mão de vento são metáforas que estabelecem uma oposição entre todo o percurso histórico-mítico da nação.
Em primeiro lugar, confronta-se o passado com o presente. O primeiro foi marcado pela Chama, isto é, a motivação, determinação e força nacionais, que agora no presente estão extintas, reduzindo-se a Cinzas, simbolo de anulação e desistência.
Posteriormente, encontramos um binómio que conotativamente confronta um presente de um corpo-nação sem vida, Frio morto, que é a frigidez das próprias cinzas que, contudo, ainda contêm algum calor ou brasa perdida, capaz de com a ajuda da Mão de vento reacender a coragem e orgulho pátrios.
Em suma, Portugal poderá reacender-se, renascer das cinzas, qual Fénix, se acreditar no exemplo do Passado para revelar o Encoberto, o Quinto Império.

B

Critérios específicos de classificação
Aspectos de conteúdo............................................................................................18 pontos
Qualidade e coerência dos juízos de leitura formulados.......................... 9 pontos
Pertinência das referências feitas à obra.................................................. 9 pontos

Aspectos de organização e correcção linguística...................................................12pontos
Estruturação do discurso*..................................................... 7 pontos
Correcção linguística**......................................................... 5 pontos
Cenário de resposta
( Dada a natureza do item e as limitações de extensão não há um cenário rígido de resposta. Considera-se totalmente completa a resposta que contemple informação relativa à simbologia da estrutura tripartida da obra, e de pelo menos dois heróis míticos mais significativos.
Relativamente às temáticas: Saudosismo, nacionalismo, sebastianismo, o examinando deverá relacioná-las, e ilustrá-las com referências explícitas à obra.)

Grupo II

1.......................................................................................................................30 pontos

Critérios específicos de classificação
Identificação inequívoca de acto ilocutório, dos mecanismos de coesão interfrásica/ orações coordenadas e subordinadas, de processos de modalização, de co-referências anafóricas.

São seis alíneas de resposta/ correspondência única, distribuindo-se equitativamente a clasificação, cinco pontos cada.

Cenário de resposta
1...........................A
2...........................B
3...........................A
4...........................A
5...........................B
6...........................C


2. ...........................................................................................................................20 pontos

Critérios específicos de classificação

Reescrita de período, substituindo conectores por outros com o mesmo valor contextual.
Cenário de resposta
Desta forma..........................................enquanto....................................É evidente que..................
Caso haja............................

Grupo III

A produção de texto visa avaliar a expressão escrita do examinando.
Tratando-se de um item de resposta aberta extensa, no qual se requer um texto de reflexão, o
professor classificador deve observar, ao classificar o texto do examinando, o domínio das seguintes
capacidades:
– estruturação de um texto com recurso a estratégias discursivas adequadas à defesa de um
ponto de vista e reflectindo a operação prévia de uma planificação produtiva;
– elaboração de um texto coerente e coeso;
– produção de um discurso correcto nos planos lexical, morfológico, sintáctico, ortográfico e de
pontuação.

Critérios específicos de classificação
Estruturação temática e discursiva (C) * ………………..………………………….... 30 pontos
Correcção linguística (F)** ………………………………………………………… 20 pontos

Cenário de resposta
Dada a natureza deste item – de resposta aberta extensa –, não é apresentado cenário de resposta.

Factor específico de desvalorização relativo ao desvio dos limites de extensão
Sempre que o examinando não respeite os limites relativos ao número de palavras indicados na
instrução do item, deve ser descontado um (1) ponto por cada palavra (a mais ou a menos), até ao
máximo de cinco (1 x 5) pontos, depois de aplicados todos os critérios definidos para o item.
Nos casos em que, da aplicação deste factor de desvalorização, resultar uma classificação inferior a zero (0) pontos, é atribuída a essa resposta a classificação de zero (0) pontos.

Nota – Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2008/).



Critérios para classificação do item de ensaio/ composição/ resposta extensa
Tema /Tipologia Trata o tema e respeita a tipologia sem desvios.
Trata o tema e tipologia com ligeiros desvios que não os comprometem. Trata o tema mas afasta-se da tipologia.
Argumentação
Coerência/Pertinência
da informação Argumenta com eficácia, recorrendo a exemplos concretos e com informação ampla e diversificada.
Argumenta com alguma eficácia mas apresenta exemplos redundantes ou um só exemplo com informação suficiente. Argumenta com reduzida eficácia, não apresentando exemplos e com informação insuficiente.
Estruturação discursiva
Estrutura o texto, reflectindo planificação prévia e um domínio absoluto dos mecanismos de coesão textual. Estrutura o texto com domínio irregular dos mecanismos de coesão textual, nomeadamente pela estruturação linear. Redige um texto com estruturação muito deficiente, desprovido de
mecanismos elementares de coesão textual.
Repertório lexical Tem um repertório lexical com propriedade e variedade.
Tem um repertório lexical com propriedade e variedade razoáveis.
Tem repertório lexical elementar e restrito, não raro redundante e/ou
inadequado
Registo de língua Faz uso correcto do registo de língua adequado, eventualmente com esporádicos afastamentos, justificados pela intenção comunicativa mas devidamente apresentados. Faz uso razoável do registo de língua, eventualmente com esporádicos afastamentos, injustificados pela intenção comunicativa e indevidamente apresentados.


Utiliza indiferenciadamente registos de língua, sem manifestar
consciência do registo adequado ao texto, ou um único registo inadequado.
Nível 30-25 24-15 0-14

Factores de desvalorização, no domínio da correcção linguística (F), das respostas abertas
curtas e extensas

• Por cada erro de sintaxe ou de impropriedade lexical são descontados dois (2) pontos.
• Por cada erro inequívoco de pontuação, ou por cada erro de ortografia (incluindo acentuação,
translineação e uso convencional de maiúscula) é descontado um (1) ponto.
• Por cada erro de ortografia repetido ao longo da prova (incluindo acentuação, translineação e uso convencional de maiúscula) deve proceder-se apenas a uma desvalorização.
• Os descontos por erro de utilização de letra maiúscula são efectuados até ao máximo de cinco
(5) pontos na totalidade da prova.
• Por cada erro de citação de texto (uso indevido ou não uso de aspas, ausência de indicador(es)
de corte de texto, etc.) ou de referência a uma obra (ausência de sublinhado ou não uso de aspas
no título, etc.) é descontado um ponto.
• Os descontos por erro de citação de texto ou de referência a uma obra são efectuados até ao
máximo de cinco (5) pontos na totalidade da prova.
• Os descontos por aplicação dos factores de desvalorização no domínio da organização e
correcção linguística são efectuados até ao limite das pontuações indicadas para este critério.

domingo, 30 de novembro de 2008

Matriz do 2º teste sumativo (12º3

ESCOLA SECUNDÁRIA RAINHA DONA LEONOR
Português 12º ano
Matriz do 2º teste sumativo
( Dezembro de 2008)
Prof. Euclides Rosa



Grupo I (100 pontos)
- Compreender globalmente o texto.
- Identificar sujeito de enunciação(emissor), de interpelação(receptor) e intenção comunicativa
- Delimitar e justificar momentos do poema.
- Situar o poema na estrutura interna simbólica da Mensagem.
- Caracterizar estados psicológicos e emotivos.
- Explicar expressões, binómios em confronto no poema.

Conteúdos
- Informação textual.
- Contexto comunicativo: emissor, receptor e mensagem.
- Coesão textual
- Estrutura interna: valor simbólico.
- Tempo histórico e mítico.
- Recursos estilísticos

Tipologia de Questões

A
- 4 itens de resposta fechada/curta
B
- 1 item de ensaio de extensão compreendida entre 80 e 100 palavras

( Avaliam-se também a competência de expressão escrita: estruturação discursiva e correcção linguística)

Grupo II ( 50 pontos)

Objectivos

- Reconhecer valor de diferentes mecanismos de coesão interfrásica e textual (coordenação e subordinação).
-Identificar diferentes intenções comunicativas subjacentes aos respectivos actos ilocutórios.
- Identificar deícticos e classes de palavras que os servem.

Conteúdos

- Coesão interfrásica: coordenação e subordinação.
- Actos ilocutórios (de fala), intenções comunicativas.
- Deícticos.
- Classes de palavras.

Tipologia de Questões

- 6 itens de escolha de alternativas de resposta.

- 1 item de reescrita de frase, aplicando um conteúdo de língua específico.

Grupo III (50 pontos)

Objectivos

- Aplicar uma técnica e /ou modelo de escrita
- Exprimir opiniões/ críticas.
- Argumentar e exemplificar.
- Manifestar competências de expressão escrita

Conteúdos

- Texto expositivo-argumentativo, de opinião sobre tema decorrente do programa
- Competências de expressão escrita

Tipologia de Questões

- Item de resposta aberta/extensa ( valorizada pela estruturação temática e discursiva e pela correcção linguística- 200 a 250 palavras)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

ESCOLA SECUNDÁRIA RAINHA DONA LEONOR
Ano Lectivo:2008/2009 (Ensino Secundário) 1ºteste
Duração: 90 minutos Prof: Euclides Rosa
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS
Lê o seguinte excerto de ” Os Lusíadas” com atenção:

144
Assi foram cortando o mar sereno,
Com vento sempre manso e nunca irado,
Até que houveram vista terreno
Em que naceram, sempre desejado.
Entram pela foz do Tejo ameno,
E a sua pátria e Rei temido e amado
O prémio e glória dão porque mandou,
E com títulos novos se ilustrou.

145
No mais, Musa, no mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera , apagada e vil tristeza.

146
Não sei por que influxo do destino
Não tem ledo orgulho e geral gosto,
Que os ânimos levanta de contino
A ter pera trabalhos ledo o rosto.
Por isso vós, ó Rei, que por divino
Conselho estais no régio sólio posto,
Olhai que sois ( e vede as outras gentes)
Senhor só de vassalos excelentes.
147
Olhai que ledos vão, por várias vias,
Quais rompentes leões e bravos touros,
Dando corpos a fomes e vigias,
A ferro, a fogo, a setas e pelouros,
A quentes regiões, a plagas frias,
A golpes de idolatras e de mouros,
A perigos incógnitos do Mundo,
A naufrágios, a pexes, ao profundo!

148
Por vos servir, a tudo aparelhados,
De vós tão longe, sempre obedientes
A quaisquer vossos ásperos mandados,
Sem dar resposta, prontos e contentes.
Só com o saber que são de vós olhados,
Demónios infernais, negros e ardentes,
Cometerão convosco, e não duvido
Que vencedor vos façam, não vencido.

Camões, Os Lusíadas (Canto X )


I Grupo(100 pontos)
Responde, cuidando a expressão escrita, ao questionário que se segue.
A
1. Delimita o texto em momentos, sintetizando o seu conteúdo e situando-os na estrutura interna e plano de “ Os Lusíadas” .

2. Caracteriza por palavras tuas o estado psicológico e/ou emotivo do poeta, indicando duas causas que estão na origem do mesmo.

3. Indica e justifica as duas estratégias linguísticas de que o poeta se serve para fazer o apelo ao Rei.

4. Explicita, recorrendo a expressões do texto, três argumentos de defesa dos portugueses que Camões apresenta para solicitar ao Rei que os reconheça.

B
“ Os Lusíadas não se limitam a mostrar a ousadia de um poeta ao aventurar-se num trabalho poético árduo, como é a epopeia. Exibem um cidadão que, embora de estirpe humilde, reivindica para si, o direito à crítica, o direito a apontar o dedo às feridas da nação e da Europa.”
(prof. Euclides)

Fazendo apelo à tua experiência de leitura, expõe, num texto de cem a cento e cinquenta palavras, a tua opinião sobre a afirmação acima apresentada.


II Grupo – Conhecimento Explícito da Língua (50 pontos)



Lê o texto:
Chegada à Índia

No dia 20 de Maio de 1498 fundeava a esquadra portuguesa num porto indiano. O piloto iludira-se contudo e, em vez de ir fundear a calecute, fora lançar ferro a Capocate, pequeno porto situado duas léguas ao sul da cidade que procuravam.
Logo que fundearam, vieram muitos barcos da terra e informaram-nos do engano. Vasco da Gama então, antes de levantar ferro, mandou, nesses barcos, ao outro dia, um dos degredados a Calecute. A chegada do homem causou muita estranheza. Julgaram-no mouro; mas, como lhe falavam em árabe, e ele não os entendia, levaram-no a casa duns mouros de Túnis, que falavam indiano e espanhol.
Quando os mouros viram o degredado e conheceram que era português, ficaram pasmados, e um deles disse-lhe no nosso idioma:
- Ao diabo que te dou, quem te trouxe cá?
Foi imenso o júbilo do degredado, ouvindo estas palavras, em terra tão distante, ainda que a saudação estivesse longe de ser das mais hospitaleiras. Respondeu logo que vinha procurar cristãos e especiarias. (...)
Imagine-se a alegria de Vasco da Gama e dos companheiros, ao ouvirem estas palavras em português. Havia perto de onze meses que tinham partido de Lisboa e só tinham escutado o bramir das vagas enfurecidas, a fala gutural e ininteligível dos negros, ou, quando muito a lingua árabe, que era a língua dos inimigos. Ouviam agora, nessa terra opulenta que procuravam, o som amado da língua pátria. Era um júbilo tamanho, que tocava as raias da dor; foram lágrimas a sua expressão. Choravam todos de alegria.

Pinheiro Chagas, História de Portugal










1. Neste item, faz corresponder a cada um dos quatro elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a fazer associações verdadeiras. Escreve na sua folha de respostas, ao lado do número da frase, a alínea correspondente.

A B
1) “ O piloto iludira-se contudo e, em vez de ir fundear a Calecute ....” (linha 1-2) a) Oração subordinada consecutiva.
2) “...que procuravam.” (linha 3) b) Oração subordinada relativa explicativa.
3) “...como lhe falavam em árabe” ( linha7) c) Oração subordinada completiva/integrante
4) “...que vinha procurar cristãos e especiarias...”(linha 13-14) d) Oração subordinada comparativa.
5) “que era a língua dos inimigos... “( linha 18) e) Oração subordinada interrogativa.
6) 6) “que tocava as raias da dor...”( linha 19-20) f) Oração subordinada relativa restritiva com antecedente.
g) Oração subordinada causal.
h) Oração coordenada adversativa.

2. Considere as frases:
“ O degredado que foi enviado pelo Gama chegou a Calecute receoso.”
“Ainda que a saudação estivesse longe de ser das mais hospitaleiras, todavia emocionou-o o som da língua pátria.”

2.1 Delimita cada uma das frases em orações e, posteriormente, classifica-as.


III. Produção Escrita (50 pontos)

“O homem que se torna célebre fica sem vida íntima: tornam-se de vidro as paredes da sua vida doméstica”.

Num texto expostivo- argumentativo organizado, entre duzentas e duzentas e cinquenta palavras, posiciona-te sobre a ideia presente na frase acima transcrita, apresentando argumentos e exemplos concretos de celebridade paga à custa da perda privacidade .



CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DE CLASSIFICAÇÃO
E RESPECTIVOS CENÁRIOS DE RESPOSTA
Grupo I
A.
1.............................................................................................................................. 15 pontos
Critérios específicos de classificação
Aspectos de conteúdo............................................................................................9 pontos
Delimitação fundamentada do texto
Síntese de cada momento textual
Integração dos momentos na estrutura interna e plano de “ Os Lusíadas”
Aspectos de organização e correcção linguística...................................................6 pontos
Estruturação do discurso*..................................................... 3 pontos
Correcção linguística**......................................................... 3 pontos
Cenário de resposta
O excerto do canto X de Os Lusíadas corresponde ao regresso à pátria, estrofe 144, inserida no final da narração, enquadrada no plano da viagem.
Da estrofe 145 à 148 temos uma reflexão do poeta que assume carácter de apelo/ invocação ao Rei D. Sebastião, pedindo-lhe que reconheça o heroísmo dos lusitanos que empreenderam a empresa da viagem à Índia. Este momento insere-se no plano do poeta, fechando, de certa forma, a dedicatória iniciada no canto I.
Além dos aspectos de conteúdo, pode justificar-se esta proposta de delimitação, pela alternância de pessoas gramaticais. O primeiro momento é marcado pela terceira pessoa do plural e o segundo pela primeira do singular, no discurso do poeta, e a segunda do plural, forma com que Camões interpela Rei.
2. .............................................................................................................................. 20 pontos

Critérios específicos de classificação
Aspectos de conteúdo............................................................................................12 pontos
Caracterização do estado de espírito do poeta fundamentada em pressupostos de conhecimento metaliterário.
Explicitação de duas causas desse estado de espírito com referências textuais.
Aspectos de organização e correcção linguística...............................................................8 pontos
Estruturação do discurso*..................................................... 4 pontos
Correcção linguística**......................................................... 4 pontos
Cenário de resposta
O estado de espírito do poeta é sugerido pela hipálage: “a Lira tenho/ Destemperada...”. Sente-se desalentado e, de algum modo, frustrado com a missão épica a que se propôs. Como tal, na invocação à Musa reconhece que perdeu a força interior: “ No mais, Musa, no mais ”, e a sua rouquidão não resulta do canto épico em si mas da falta de receptividade que ele tem.
Estão na origem deste desepero a falta de sensibilidade, de interesse e de gratidão dos heróis que enaltece.
Contudo, o fenómeno é global, já que a pátria e o rei não têm hábitos culturais, não os incentivam: “O favor com que mais se acende o engenho/ Não no dá a pátria “ de tão obcecados que estão pelos bens materiais ou pelo poder: “que está metida/ No gosto da cobiça e na rudeza...”, nutrindo-se com arrogância de uma decadência desprezível: “Duma austera , apagada e vil tristeza.”

3. .............................................................................................................................. 15 pontos

Critérios específicos de classificação
Aspectos de conteúdo.............................................................................................9 pontos
Identificação e justificação de recursos linguísticos reveladores da intenção de apelo/pedido.

Aspectos de organização e correcção linguística..................................................6 pontos
Estruturação do discurso*..................................................... 3 pontos
Correcção linguística**......................................................... 3 pontos

Cenário de resposta
O vocativo / apóstrofe: “ ó Rei ” e o imperativo anafórico: “ Olhai ” marcam uma interpelação directa ao Rei com intenção de pedido/ apelo.
Reconhecendo a sua autoridade de herança divina: “que por divino/ Conselho estais no régio sólio posto...”, o poeta, numa postura de vassalo, interpela-o, lembrando-o ao mesmo tempo do seu estatuto e usa o imperativo não com valor de ordem mas exortativo.

4. .............................................................................................................................. 20 pontos

Critérios específicos de classificação
Aspectos de conteúdo............................................................................................12 pontos
Explicitação de três argumentos de defesa dos portugueses, devidamente fundamentados em conhecimento metaliterário.

Aspectos de organização e correcção linguística.................................................8 pontos
Estruturação do discurso*..................................................... 4 pontos
Correcção linguística**......................................................... 4 pontos
Cenário de resposta
Primeiramente, através de comparações: “Quais rompentes leões e bravos touros...”, o poeta destaca a força e a bravura dos heróis que defende, talvez porque sabe que as qualidades guerreiras são das mais valorizadas naquela conjuntura socio-cultural, recém saída da Idade Média e sem assimilação efectiva dos valores do Renascimento.
Posteriormente, sobrevaloriza o espírito de sacrifício dos Portugueses ao suportarem não só as necessidades básicas de sobrevivência e conforto: “ fomes”, “ A quentes regiões, a plagas frias”mas também o perigo ao enfrentarem inimigos e infiéis: “golpes de idolatras e de mouros...”.
Finalmente, com intenção de persuadir o Rei, lembra-lhe a obediência e o prazer dos Portugueses em servi-lo e, consequentemente, a pátria: “sempre obedientes/ A quaisquer vossos ásperos mandados/
Sem dar resposta, prontos e contentes ...”.


B

Critérios específicos de classificação
Aspectos de conteúdo............................................................................................18 pontos
Qualidade e coerência dos juízos de leitura formulados.......................... 9 pontos
Pertinência das referências feitas à obra.................................................. 9 pontos

Aspectos de organização e correcção linguística...................................................12pontos
Estruturação do discurso*..................................................... 7 pontos
Correcção linguística**......................................................... 5 pontos
Cenário de resposta
( Dada a natureza do item e as limitações de extensão não há um cenário rígido de resposta. Considera-se totalmente completa a resposta que contemple uma das críticas feitas aos Portugueses ( incultura, ingratidão, cobiça, avareza, materialismo etc)..., e a um dos povos europeus ( Reforma, Contra-Reforma, Anglicanismo, aceitação da religião muçulmana, Alcorão) desde que devidamente explicitados e fundamentados.
Aceita-se também, por exemplo, a referência ao Episódio do Velho do Restelo, desde que fundamentada.

Grupo II

1.......................................................................................................................30 pontos

Critérios específicos de classificação
Identificação inequívoca dos mecanismos de coesão interfrásica/ orações coordenadas e subordinadas.

São seis alíneas de resposta/ correspondência única, distribuindo-se equitativamente a clasificação, cinco pontos cada.

Cenário de resposta
1...........................h
2...........................f
3...........................g
4...........................c
5...........................b
6...........................a


2. ...........................................................................................................................20 pontos

Critérios específicos de classificação

Delimitação e classificação inequívoca de orações.

( Cada oração devidamente delimitada e classificada vale cinco pontos, distribuídos por um ponto para a delimitação e quatro pontos para a classificação de orações.)

Cenário de resposta
O degredado chegou a Calecute receoso- oração subordinante
Que foi enviado pelo Gama- Oração subordinada relativa restritiva com antecedente


Ainda que a saudação estivesse longe de ser das mais hospitaleiras- oração subordinada concessiva
todavia emocionou-o o som da língua pátria.”- oração coordenada adversativa

Grupo III

A produção de texto visa avaliar a expressão escrita do examinando.
Tratando-se de um item de resposta aberta extensa, no qual se requer um texto de reflexão, o
professor classificador deve observar, ao classificar o texto do examinando, o domínio das seguintes
capacidades:
– estruturação de um texto com recurso a estratégias discursivas adequadas à defesa de um
ponto de vista e reflectindo a operação prévia de uma planificação produtiva;
– elaboração de um texto coerente e coeso;
– produção de um discurso correcto nos planos lexical, morfológico, sintáctico, ortográfico e de
pontuação.

Critérios específicos de classificação
Estruturação temática e discursiva (C) * ………………..…………………………............... 30 pontos
Correcção linguística (F)** …………………………………………………………………. 20 pontos

Cenário de resposta
Dada a natureza deste item – de resposta aberta extensa –, não é apresentado cenário de resposta.

Factor específico de desvalorização relativo ao desvio dos limites de extensão
Sempre que o examinando não respeite os limites relativos ao número de palavras indicados na
instrução do item, deve ser descontado um (1) ponto por cada palavra (a mais ou a menos), até ao
máximo de cinco (1 x 5) pontos, depois de aplicados todos os critérios definidos para o item.
Nos casos em que, da aplicação deste factor de desvalorização, resultar uma classificação inferior a zero (0) pontos, é atribuída a essa resposta a classificação de zero (0) pontos.

Nota – Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2008/).


Critérios para classificação do item de ensaio/ composição/ resposta extensa
Tema /Tipologia Trata o tema e respeita a tipologia sem desvios.
Trata o tema e tipologia com ligeiros desvios que não os comprometem. Trata o tema mas afasta-se da tipologia.
Argumentação
Coerência/Pertinência
da informação Argumenta com eficácia, recorrendo a exemplos concretos e com informação ampla e diversificada.
Argumenta com alguma eficácia mas apresenta exemplos redundantes ou um só exemplo com informação suficiente. Argumenta com reduzida eficácia, não apresentando exemplos e com informação insuficiente.
Estruturação discursiva
Estrutura o texto, reflectindo planificação prévia e um domínio absoluto dos mecanismos de coesão textual. Estrutura o texto com domínio irregular dos mecanismos de coesão textual, nomeadamente pela estruturação linear. Redige um texto com estruturação muito deficiente, desprovido de
mecanismos elementares de coesão textual.
Repertório lexical Tem um repertório lexical com propriedade e variedade.
Tem um repertório lexical com propriedade e variedade razoáveis.
Tem repertório lexical elementar e restrito, não raro redundante e/ou
inadequado
Registo de língua Faz uso correcto do registo de língua adequado, eventualmente com esporádicos afastamentos, justificados pela intenção comunicativa mas devidamente apresentados. Faz uso razoável do registo de língua, eventualmente com esporádicos afastamentos, injustificados pela intenção comunicativa e indevidamente apresentados.


Utiliza indiferenciadamente registos de língua, sem manifestar
consciência do registo adequado ao texto, ou um único registo inadequado.
Nível 30-25 24-15 0-14

Factores de desvalorização, no domínio da correcção linguística (F), das respostas abertas
curtas e extensas

• Por cada erro de sintaxe ou de impropriedade lexical são descontados dois (2) pontos.
• Por cada erro inequívoco de pontuação, ou por cada erro de ortografia (incluindo acentuação,
translineação e uso convencional de maiúscula) é descontado um (1) ponto.
• Por cada erro de ortografia repetido ao longo da prova (incluindo acentuação, translineação e uso convencional de maiúscula) deve proceder-se apenas a uma desvalorização.
• Os descontos por erro de utilização de letra maiúscula são efectuados até ao máximo de cinco
(5) pontos na totalidade da prova.
• Por cada erro de citação de texto (uso indevido ou não uso de aspas, ausência de indicador(es)
de corte de texto, etc.) ou de referência a uma obra (ausência de sublinhado ou não uso de aspas
no título, etc.) é descontado um ponto.
• Os descontos por erro de citação de texto ou de referência a uma obra são efectuados até ao
máximo de cinco (5) pontos na totalidade da prova.
• Os descontos por aplicação dos factores de desvalorização no domínio da organização e
correcção linguística são efectuados até ao limite das pontuações indicadas para este critério.

sábado, 1 de novembro de 2008

Funções sintácticas de constituintes frásicos e não-frásicos

Em Português, contrariamente ao Latim, salvo o caso dos pronomes pessoais, a
maioria das palavras não tem na sua flexão marcas atribuidoras de Caso, ou Função sintáctica. Por outro lado, embora a estrutura canónica da língua (SVO), nos permita por vezes inferir sobre essa função sintáctica, essa ordem varia frequentemente, logo a posição que uma determinada palavra ocupa na frase não é por si só determinante para atribuição de função sintáctica. Senão vejamos.

a) A Maria foi ao teatro.
b) Vi a Maria no teatro.
c) A Maria, vi-a no teatro.
d) Fui ao teatro com a Maria
e) Fui convidado para ir ao teatro pela Maria.

Nas Frases a) e c) o constituinte A Maria ocupa a mesma posição inicial em ambas as frases, mas em a) é Sujeito em b) é Complemento directo

Nas Frases d) e e) o constituinte A Maria ocupa a mesma posição final em ambas as frases, mas em d) não é agente como em e), em d) não é exigido pelo verbo mas em e) é ( Fui ao teatro- frase completa/ Fui convidado para ir ao teatro- frase incompleta).
Assim, conclui-se que a atribuição de Função sintáctica é determinada, quer pelo verbo( Flexão/ concordância/ tipos de sujeitos/agentes/ transitividade/ intransitividade que exige) e noutros casos por unidades lexicais que são o núcleo de constituintes ( à/ pela/ com/ no/ em (preposições)).

Frase =
Predicado Nominal/Sujeito( Nome/ frase) + Predicado Verbal ( Verbo+complementos/ Modificadores)

Predicado Nominal Predicado Verbal
O Rui bocejou
O Rui e o Pedro deram um livro à Teresa ontem
Quem vai para o mar avia-se em terra
Saber gramática é bom
Os livros que encomendei já chegaram
Que ele duvide dos melhores amigos não agrada à Maria

 Para identificação do Predicado verbal

Teste do também/ também não

Ex: O Rui e o Pedro deram um livro à Teresa e A Joana e o António também.

também= deram o livro à Teresa , logo é o Predicado verbal

 Para identificação de sujeitos nominais

Teste de substituição do constituinte pela forma tónica do pronome pessoal ( Ele(s)/ Ela(s)/ Nós/ Vós

Ex: Ele bocejou.
Eles deram um livro à Teresa ontem.
Eles já chegaram .

 Para identificação de sujeitos frásicos

Teste de substituição do constituinte pelo pronome demonstrativo Isso

Ex: Isso é bom.
Isso não agrada à Maria.



Tipologia de sujeitos nulos

 Para identificação de sujeitos subentendidos

Inserção da forma do pronome pessoal relevante, de acordo com a flexão verbal

Ex: ( ) Viram a Maria no teatro.( sujeito subentendido)
Eles viram a Maria no teatro.
( ) Fomos ao teatro. .( sujeito subentendido)
Nós fomos ao teatro.

 Para identificação de sujeitos indeterminados

Inserção da perífrase Há pessoas que/ Há quem

Ex: Pensa-se que os jovens não vão ao teatro porque é caro
Há quem pensa que os jovens não vão ao teatro porque é caro

Diz-se muitos disparates.
Há pessoas que dizem muitos disparates.


 Para identificação de sujeitos expletivos

Seleccionados por verbos impessoais, não podem ocorrer com nenhuma forma lexical/gramatical

Ex: Nevou em Lisboa, em Janeiro
* Ele nevou em Lisboa, em Janeiro
Il a neigé à Lisbonne, le dernier Janvier
It rains in Lisbon, in January




Funções sintácticas acessórias ao Sujeito

 Para identificação do Nome Predicativo do Sujeito

Os verbos Copulativos ( Ser, estar, permanecer, parecer, continuar, ficar, andar, ir , vir) que introduzam estados psicológicos). O Nome Predicativo Sujeito pode ser um Predicador nominal ou adjectival.

Ex: Ele é Médico.( Nome)
Tu estás contente.(Adj.)
Eu permaneço professor de português.(N.+N)
Ela parece uma actriz conhecida.N+Adj)
Nós continuamos um perigo ( expressão nominal qualitativa)
Eles ficam um espanto( expressão nominal qualitativa)
Vós andais cansados.(Adj.)
Eu vou desesperado. (Adj.)
Tu vens cansada.

 Para identificação do Modificador Adjectival ( Atributo)

É sempre atribuída por um adjectivo que não é exigido pelo constituinte sujeito que modifica.

Ex : As camisolas amarelas estão no armário. (As camisolas estão no armário.)
Dois dos meus simpáticos amigos são de Lisboa.(Dois dos meus amigos são de
Lisboa.)


 Para identificação do Modificador de Nome Apositivo( Aposto)

São de tipo nominal. Não são exigidos pelo constituinte que modificam, apresentam-se entre vírgulas.

Ex: D. Dinis, o trovador, mandou plantar o pinhal de Leiria.
D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, consolidou o território nacional.

 Para identificação do Modificador de Nome restritivo

São de tipo preposicional ou frásico. Integram-se no interior do constituinte com a função de Sujeito mas não são exigidos por ele.

Ex: O caminho de casa à escola é muito sinuoso.( tipo preposicional)
Os alunos que não estudam gramática não aprendem línguas estrangeiras.( tipo frásico)

 Para identificação do Complemento de Nome

São de tipo preposicional ou frásico. Integram-se no interior do constituinte com a função de Sujeito mas são exigidos por ele. Os primeiros podem ser substituídos por um adjectivo, os segundos por um nome.

Ex: Os exercícios de gramática desenvolvem raciocínio lógico. ( tipo preposicional)
Os exercícios gramaticais desenvolvem raciocínio lógico.

A ideia de estudar gramática apavorava-o.(tipo frásico)
A ideia de(o) estudo (da) gramática apavorava-o.

Funcões sintácticas internas ao grupo verbal( Predicado) Complementos e Modificadores


 Para identificação de Complementos directos

Podem ser de tipo nominal ou frásico. São exigidos por verbos transitivos directos ou declarativos, opinativos, sensitivos e volitivos. Os de tipo nominal são substituídos pela forma complemento directo do pronome pessoal (o, a, lo, la, no, na), os de tipo frásico pelo demonstrativo Isso, isto, aquilo em posição pós-verbal.


Ex: O aluno abriu a gramática.(tipo nominal) ( Verbo abrir= transitivo directo)
O aluno abriu-a.

O João pedirá a gramática de português ao Rui.
O João pedi-la-á ao Rui.
*O João pedi-la-á de português ao Rui.


O Tó afirma que aprendeu funções sintácticas. ( tipo frásico)( Verbo afirmar= declarativo)
O Tó afirma isso.

 Para identificação de Complementos indirectos

Podem ser de tipo nominal ou frásico. São exigidos por verbos transitivos indirectos. São substituidos pela forma complemento indirecto do pronome pessoal ( lhe, lhes).

Ex: O professor comunicou ao Rui que teria apoio.(tipo nominal)(comunicar=Verbo intransitivo)
O professor comunicou lhe que teria apoio.

O professor telefonou ao aluno que tinha faltado.(tipo frásico)(telefonar= verb. Intransitivo)
O professor telefonou-lhe.
*O professor telefonou-lhe que tinha faltado.

 Para identificação de Complementos preposicionais

São exigidos por verbos que pedem um complemento iniciado por uma preposição. Não podem ser substituídos por qualquer forma do pronome pessoal.

Ex: Ele retirou o livro da estante. ( Verbo retirar pede Comp.directo+ comp. Preposicional)
Nós saímos de casa ontem.( verbo sair só pede comp. Preposicional)
* Nós saímos-a ontem.
* Nós saímos-lhe ontem.

 Para identificação de Complementos Adverbiais

São exigidos por verbos que podem fazer-se acompanhar de um constituinte que tenha como núcleo um advérbio adjunto. Não podem ser substituídos por qualquer forma do pronome pessoal.

Ex: Ele está aqui.
*Ele está
Tu moras lá há muito tempo?
* Tu moras há muito tempo

O bicho da terra tão pequeno...” que somos!

(por Sofia Godinho, 12º3 ( 06-10-2008))


Camões contradiz-se, enaltecendo a Natureza humana para logo de seguida admitir a sua pequenez.
De certo modo, não poderia Camões ter feito de outra forma, porque somos de facto tão grandes e tão pequenos.
Do ponto de vista de Camões a grandeza e a pequenez do Homem resultam também do contexto histórico da época, visto que saímos de uma idade média obscura com a ideia de que está tudo descoberto e feito por Deus. Entramos no Renascimento e à medida que se perspectiva o cosmos, o conhecimento torna-se numa primeira análise, a grandeza do Homem, mas na grandeza do cosmos o Homem é pequeno.
No entanto, a meu ver, Camões vai ainda mais longe, pois a maior grandeza da espécie humana reside na capacidade de autoconhecimento e de autoavaliação que cada ser humano pode desenvolver sobre si próprio e da sociedade ou comunidade de que faz parte. Assim, tornamo-nos diferentes de todas as outras vidas que povoam o planeta, pois somos autoconscientes. Essa capacidade de tomarmos consciência de nós e do que nos rodeia permite-nos pelo menos desejar sempre mais e melhor. Essa sede de mais, tão característica da nossa espécie, é o que nos tem levado ao desenvolvimento. Sentimos curiosidade e desejamos sempre mais, aprendendo, inovando e criando, só assim saciamos os nossos desejos. Avaliamo-nos a nós e ao Mundo a que nos ligamos , reconhecemos as nossas faltas e, não obstante, sabemos tirar proveito das nossas qualidades, para nos aperfeiçoar. Evoluimos como pessoas, como espécie.
No entanto, toda essa grandeza é contraposta por uma pequenez infindavelmente pequena, passando o pleonasmo! Se a humanidade é grande, graças à abertura do seu pensamento, é pequena pela sua fragilidade física.
O Homem só, longe da presença de qualquer um dos seus muitos utensílios, é tão pequeno, tão insignicante e tão indefeso, quanto um grão de areia perdido numa praia, numa praia deserta, perdida num planeta pequeno, perdido num Universo estrondosamente grande.
A nossa fragilidade física condiciona-nos. Nascemos com menos defesas do que a maior parte dos seres vivos predadores, mas somos mais fortes que qualquer outro ser vivo porque soubemos aproveitar a grandeza do nosso pensamento para tirar partido de técnicas e utensílios que nos elevam. Contudo, não é só a fraqueza física do Homem que o torna pequeno e indefeso. Os vícios em que cai e o conformismo em que por vezes se enlaça bloqueiam o caminho em direcção à perfeição.
A vida está feita de tal forma, que a humanidade, no seu complexo paradoxo, tem, paralelamente à sua força e vontade para mudança, desenvolvimento e evolução, uma enorme predisposição para ser vítima do seu próprio conformismo.
Quero eu com isto dizer, que, se por um lado somos grandes por cada vez que reconhecemos o nosso “eu” e a nossa circunstância, somos também pequenos quando ao encontrar falhas, obstáculos, dificuldades, ao invés de mudarmos e apostarmos no nosso aperfeiçoamento, nos acomodamos e nos conformamos com a situação.
Dizia Fernando Pessoa, “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce.”, e esta é a maior grandeza que a humanidade tem.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Matriz (1º teste- 12º ano, turmas 3, 4, 6)

ESCOLA SECUNDÁRIA RAINHA DONA LEONOR
Português 12º ano
Matriz do 1º teste sumativo
( Outubro/ Novembro de 2008)
Prof. Euclides Rosa

Grupo I (100 pontos)
Objectivos
1. Compreender globalmente o texto.
2. Delimitar e justificar momentos / sequências de um excerto de um episódio d’” Os Lusíadas”.
3. Identificar narrador/ emissor/ interlocutores de diferentes discursos.
4. Caracterizar estados psicológicos e emotivos.
5.Identificar e explicar a expressividade e/ ou valor de:
- Recursos estilísticos.
- Tempos e modos verbais

Conteúdos
- Informação textual
- Estrutura externa e interna (planos, motivações para as reflexões).
- Críticas e conselhos aos portugueses, a Portugal e à Europa
- Conceito de herói renascentista
- Marcas discursivas/ modalização
- Narrador: ciência e presença
- Recursos estilísticos
- Tempos e modos verbais (valores)

Tipologia de Itens
A
- 4 itens de resposta fechada/curta
B
- 1 item de ensaio de extensão compreendida entre 100 e 120 palavras

( Avaliam-se também a competência de expressão escrita: estruturação discursiva e correcção linguística)

Grupo II ( 50 pontos)

Objectivos
1. Reconhecer valor de diferentes mecanismos de coesão interfrásica e textual (coordenação e subordinação).
2. Delimitar e identificar orações.
3. Distinguir conjunções e locuções de conectores e articuladores

Conteúdos
- Coesão interfrásica
- Conjunções e locuções coordenativas e subordinativas.
- Conectores e articuladores

Tipologia de item
- 1 item de associação, ligar colunas
- 1 item de delimitação ( duas frases complexas)

Grupo III (50 pontos)

Objectivos
- Aplicar uma técnica e /ou modelo de escrita
- Exprimir opiniões/ críticas.
- Argumentar e exemplificar.
- Manifestar competências de expressão escrita

Conteúdos
- Texto expositivo-argumentativo, de opinião sobre tema decorrente do programa
- Competências de expressão escrita

Tipologia de item
- Item de resposta aberta/extensa valorizada pela estruturação temática e discursiva e pela correcção linguística)

Nota importante: Só se aceitam testes realizados em folha própria e em caneta azul ou preta de tinta fixa.
A porta da sala fecha-se 5 minutos depois do toque de entrada e não se abre mais.
Não há esclarecimentos durante a prova.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

FRASE COMPLEXA

Outubro de 2008

Frases complexas
(Síntese adaptada) apud Duarte, I. e Gonçalves, A.

1. Frase simples vs. Frase complexa

Frase simples – caracteriza-se pela ocorrência de um só verbo (cf. (1)) ou de um complexo verbal em que só um dos verbos é principal ou copulativo, sendo os restantes auxiliares (cf. (2) e (3)). Neste domínio encontram-se realizados o sujeito e os complementos exigidos pelo verbo principal ou pelo predicativo do sujeito.

(1) Os portugueses acabaram de chegar a Moçabique.
(2) a. Os portugueses têm tido muitas adversidades.
b. Vasco da Gama tem estado a rezar.
c. Durante todo este tempo, o Gama foi preso por um nativo.
d. Nos últimos dias, os nautas têm sido libertados aos poucos.

Frase complexa – caracteriza-se pela ocorrência de mais do que um verbo principal ou copulativo, encontrando-se realizados o sujeito e os complementos exigidos por cada um dos verbos principais ou pelo predicativo do sujeito.

(3) Vénus sabe que o Gama foi preso.
(4) A Citereia decidiu resolver todos os problemas da tipulação.
(5) A deusa romana mandou os nautas fugirem desse lugar.
(6) Enquanto os Moçambicanos dormiam, os nautas fugiam para as naus.
(7) Todos os indígenas que conheciam queriam panos e pregos.

2. Processos de formação de frases complexas: coordenação vs. subordinação

 Coordenação:

(a) aplica-se quer a domínios frásicos (cf. (8)) quer a categorias sintácticas não frásicas (cf. (9))

(8) O Gama fugiu e Baco ainda ficou em Moçambique.
(9) O Paulo da Gama e o Vasco da Gama são irmãos.
b. O comandante foi ao porão ou ao convés.
c. Paulo da Gama é franzino mas saudável.

(b) os termos coordenados não desempenham funções sintácticas um relativamente ao outro

(c) os termos coordenados têm muito pouca mobilidade

(10) a. O Paulo foi à Índia com o irmão mas não comandou aviagem.
b. *Mas não comandou a viagem, o Paulo foi à Índia .
(11) a. Baco provocou a cilada e o Gama caiu nela.
(12) b. * O Gama caiu nela, Baco provocou a cilada .

 Subordinação

(a) aplica-se apenas a domínios frásicos

(b) a oração subordinada desempenha sempre uma função sintáctica: sujeito (cf. (12)), complemento directo (cf. (13)), complemento indirecto (cf. (14)), complemento preposicional (cf. (15)) ou modificador (cf. (16))

(13) Quem vai ao mar arrisca-se a necessidades avorrecidas.
(14) Júpiter quer que todos os portugueses chegem à Índia.
(15) Deu favor celeste a quem provou merecê-lo.
(16) Baco, Neptuno e o Adamastor opuseram-se a que a odisseia lusitana se realizasse sem contratempos.
(17) Todos os outros deuses que participaram no consilio querem o mesmo destino para os portugueses
(c) as subordinadas completivas e as adverbiais têm mobilidade, podendo, por isso, facilmente ser deslocadas na frase

(17) a. Todos nós sabemos que Baco é um grande invejoso.
b. Que Baco é um grande invejoso todos nós sabemos.
(18) a. Baco bate no chão com o seu ceptro quando está aborrecido.
b. Quando está aborrecido, Baco bate no chão com o seu ceptro.

3. Estruturas de coordenação
 Caracterização geral

Para além dos aspectos enunciados no ponto 1, as estruturas coordenadas exibem ainda as seguintes propriedades:

(i) podem ser ligadas por diferentes tipos de conectores: pausas – representadas na escrita por vírgulas –, e conectores como as conjunções coordenativas; no primeiro caso a coordenação é assindética, no segundo, sindética

(19) As mães choravam, rezavam, imploravam ajuda divina.
(20) a. A esposa foi a Belém e o filho acompanhou-a.
b. A Mãe foi à despedida, porém o Pai ficou em casa.


(ii) Em alguns casos utilizam-se conjunções correlativas

(21) a. Ou ficas cá ou serás mantimento de peixes.
b. Nem o Gama saiu da nau nem a sua mãe foi ao cais.

 Tipologia

Tipo de estrutura coordenada Conectores
Copulativa ou aditiva: apresenta o valor básico de adição Conjunções copulativas simples: e, nem
Conj. copulativas correlativas: não só...mas também; não só...como; tanto...como
Disjuntiva ou alternativa: explicita-se uma escolha entre os elementos coordenados Conj. disjuntivas simples: ou
Conj. disjuntivas correlativas: ou...ou; ora...ora; quer...quer
Adversativa ou contrajuntiva: exprime um contraste entre os membros coordenados Conj. adversativas simples: mas
Outros: porém, todavia, contudo, no entanto
Conclusiva: estabelece-se uma relação de causa-efeito, sendo o membro encabeçado pelo conector o efeito ou a consequência Outros: assim, logo, pois, portanto, por isso, por conseguinte, por consequência


 Argumentos para a distinção entre conjunções e outros conectores (Matos, 2093: 569-574)
• As conjunções não podem mover-se no interior do membro coordenado, ao contrário do que acontece com outros conectores

(25) a. *O Velho do Restelo está exausto, pode, mas, discursar veementemente.
b. O Velho do Restelo está exausto, pode, porém, discursar veementemente.

• As conjunções podem co-ocorrer com outros conectores, o que não é esperado se se tratar de membros da mesma classe

(26) a. O país fica desprotegido e, por isso, pode ser atacado pelos vizinhos castelhanos.
b. *O país fica desprotegido e, mas, pode ser atacado pelos vizinhos castelhanos.


Conjunções vs Advérbios conectivos vs. Locuções conjuntivas




4. Estruturas de subordinação

 Propriedades gerais
Para além dos aspectos enunciados na secção 1, as orações subordinadas apresentam as seguintes propriedades:
(i) As subordinadas substantivas completivas e as adverbiais são sempre introduzidas por conjunções ou por locuções de subordinação; as subordinadas substantivas relativas e as subordinadas adjectivas são introduzidas por constituintes relativos.
(ii) São estruturas de encaixe, ou seja, a subordinada é um constituinte (essencial ou acessório) da frase superior.
(iii) O verbo da subordinada pode ocorrer no Indicativo, no Conjuntivo ou no Infinitivo, tendo em conta as propriedades formais da construção.

(27) a. Os nautas declararam que estavam hesitantes.
b. *Os nautas declararam que estivessem hesitantes.
(28) a. Os filhos querem que o pai não parta.
b. *Os filhos querem que o pai parte.
(29) a. Os lamentos que a esposa confessa são sempre tristíssimos.
b. *Os lamentos que a esposa confesse são sempre tristíssimos .
(30) a. Procuraram um padre que os confessasse.
b. Procuraram um padre que os confesse.
(31) a. Vasco da Gama saiu da capela quando a Mãe entrou / *entrasse.
b. Vasco da Gama sairá da capela quando a Mãe entrar / *entrará.

 Tipologia

(a) Subordinadas substantivas: ocupam posições típicas de expressões nominais, desempenhando funções sintácticas na frase.

• Completivas:  são seleccionadas por verbos, nomes e adjectivos;
 Podem desempenhar as funções sintácticas de sujeito, complemento directo e complemento preposicional;
 São tipicamente introduzidas por que, se (interrogativas indirectas) ou para (com verbos declarativos de ordem)

Seleccionadas por verbos e com a função sintáctica de

(i) sujeito
(32) a. Que o marinheiro tenha chorado surpreendeu-nos a todos.
b. Surpreendeu-nos a todos que o marinheiro tenha chorado.

(ii) complemento directo
(33) Vasco Da Gama decidiu que a tripulação não se despediria.


(iii) complemento preposicional
(37) Os meninos opuseram-se a que os pais partíssem sem eles.
(38) Os meninos recusaram-se a partir com os pais.

Seleccionadas por nomes e com a função sintáctica de

(i) sujeito
(39) É certo que ele não teve culpa da decisão do comandante.

Relativas sem antecedente (livres)
 Não têm antecedente expresso;
 Podem desempenhar as funções sintácticas de sujeito, complemento directo, complemento indirecto, complemento preposicional e modificador;
 O pronome relativo tem uma função sintáctica dentro da subordinada;
 Nelas não podem ocorrer os pronomes relativos que, cujo e o qual.

Com função de sujeito
(40) Quem vai ao mar perde o lugar.

Com função de complemento directo
(41) Deus adora quem reza por si.

Com função de complemento indirecto
(42) Dei um alento a quem mo pediu.


(b) Subordinadas adjectivas: ocupam posições típicas de adjectivos. São deste tipo as relativas com antecedente expresso.

 Propriedades

 Têm uma função sintáctica dentro do constituinte nominal em que se encontram – modificador restritivo ou apositivo, conforme o papel que desempenham na construção da referência da expressão que modificam;
 O pronome relativo tem uma função sintáctica dentro da oração subordinada a que pertence;
 O valor referencial do pronome relativo é fixado pelo antecedente

 Tipologia

• Subordinadas relativas restritivas: restringem a referência do nome que modificam, ou seja, definem um subconjunto de indivíduos a partir de um conjunto prévio; são designadas como modificadores restritivos

(43) As crianças que tinham pais destacados foram à praiade Belém.
 a partir do conjunto das crianças, define-se o subconjunto das que tinham os pais destacados ;

• Subordinadas relativas explicativas / apositivas: são modificadores apositivos, tendo como antecedente uma frase ou uma expressão nominal; neste último caso, não restringem a referência do nome que modificam, ou seja, não definem um subconjunto de indivíduos a partir de um conjunto prévio

(44) O marinheiro chegou atrasado, o que nos surpreendeu a todos.
(45) a. As crianças, que eram filhos dos marinheiros, foram à praia de Belém.


(c) Subordinadas adverbiais: ocupam posições típicas de advérbios;

 Propriedades

 Não são seleccionadas por qualquer item lexical, tendo, por isso, a função de modificadores;
 Ocorrem à esquerda ou à direita do restante material da frase;
(46) a. Enquanto a mãe chorava, o velho fez o discurso.
b. O velho fez o discurso, enquanto a mãe chorava.

 Nas adverbiais finitas, o modo (indicativo / conjuntivo) é seleccionado pela conjunção ou locução conjuntiva que introduz a oração
(56) a. O pai partiu embora estivesse / *estava doente.
b. O pai partiu porque não estava / *estivesse doente.

 Tipologia

ADVERBIAIS FINITAS ADVERBIAIS NÃO FINITAS
INDICATIVO CONJUNTIVO
CAUSAIS porque, como, que;
visto que, uma vez que, dado que dado / visto + infinitivo
 + gerúndio
 + particípio passado
CONDICIONAIS se, caso;
desde que a + infinitivo
CONCESSIVAS embora;
ainda que, se bem que apesar de + infinitivo
FINAIS para que Para / a fim de + infinitivo



Construções comparativas e consecutivas - a tradição gramatical luso-brasileira considera que estas construções instanciam também casos de subordinação adverbial (introdutores das comparativas: que, do que, (tal) qual; (tanto) quanto, como; assim como, bem como, como se, que nem; introdutores das consecutivas: que). Esta foi a opção da TLEBS.
(60) O Velho do Restelo pensa tão bem como fala.
(61) Ele é tão convincente que persuadiu alguns dos presentes.

domingo, 12 de outubro de 2008

Coesão interfrásica (teoria e exercícios)

Escola Secundária Rainha D. Leonor
Português - 12º Ano (Turma 3,4,6)
Professor: Euclides Rosa
Ano Lectivo 2008/2009

Coesão interfrásica- revisão

Teoria gramatical

- Só há coesão interfrásica quando as frases/orações que constituem uma frase complexa estabelecem entre si relações lógicas.
- A coesão interfrásica implica muitas vezes coesão verbal/ temporal (combinação de formas verbais em tempos e modos adequados, e também a coesão lexical, omissão/ elipse do sujeito de uma das frases orações, quando este é o mesmo de ambas, retoma anafórica de complementos directos e/ou indirectos, deixização de complementos e modificadores adverbiais, exprimindo circunstâncias de tempo e espaço.
- Uma frase complexa é constituída por duas proposições, podendo reescrever-se em duas frases simples.
- Quando as duas frases simples têm autonomia, estabelecem entre elas uma relação de coordenação,
-Quando existe dependência de uma frase/oração relativamente a outra, estamos perante uma relação de subordinação.
-Para dividir uma frase complexa em proposições, frases, orações, atente nas formas verbais conjugadas, pois elas determinam o número de orações existentes.
- Descubra o valor da conjunção/ locução conjuncional que interliga as orações pois é ela que lhe permitirá classificar as orações subordinadas.
Demonstração

A- Camões decidiu escrever a epopeia Os Lusíadas se o país não atravessasse um período de decadência económica e socio-cultural.

B- Camões decidiu escrever a epopeia Os Lusíadas porque/ visto que/ já que o país não atravessava um período de decadência económica e socio-cultural.

A é uma frase complexa com duas orações, resultantes da articulação de duas frases simples:
Camões decidiu escrever a epopeia Os Lusíadas.
O país não atravessava um período de decadência económica e socio- cultural.

Tem duas formas verbais conjugadas.
Se é a conjunção que relaciona as duas prposições / orações. Contudo não foi a hipótese/ possibilidade do país atravessar o período de decadência económica e socio-cultural que motivou a escrita da epopeia, essa situação é um facto tido como real. Assim, a conjunção Se não permite estabelecer uma relação lógica de sentido entre as orações, como acontece com as conjunções/ locuções conjuncionais porque/ visto que/ já que presentes em B.
A não tem coesão temporal/ modal, pois decidiu está no pretérito perfeito do indicativo e atravessasse no pretérito imperfeito do conjuntivo.
Já B, tem as duas formas verbais num tempo pretérito do modo indicativo, conseguindo a coesão temporal.

As orações iniciadas pela conjunção/ locução não frases de sentido completo, precisando da outra oração para o concretizar. Assim as primeiras da frase são designadasde subordinantes, as segundas, subordinadas.

Exercícios de treino
....................................................................................................................................................

Delimita as orações que constituem cada uma das frases complexas que se seguem.
Posteriormente procede à sua classificação.

1- Não sei se as reflexões do poeta assumem mais o contorno de críticas ou de conselhos dirigidos aos portugueses.
2- Há nelas uma exortação ao patriotismo persistente que nos impressiona.
3- Como é um verdadeiro poeta humanista, valoriza as capaciades do Homem, embora reconheça a fragilidade e efemeridade da vida humana.
4- Consegue mitificar o povo lusitano não só por comparação com o modelo de herói antigo mas também pela superlativização do seu valor que faz submeter os deuses à vontade humana.
5- Mal chegam a Moçambique, Baco consegue convencer o régulo de que os portugueses vêm para subjugar o seu povo.
6- A vida dos nautas lusitanos foi tão incerta no mar como na terra.
7- Para chegar à Índia, o “ bicho da terra tão pequeno” ora teve de aceitar os desígnios do “ Céu sereno”, ora se viu na obrigação de respeitar a força da natureza.
8- A dimensão heróica exemplar do povo lusíada intensifica-se, quando se reconhece a pequenez humana.
9- Os portugueses sempre mostraram determinação, persistência e coragem, por conseguinte tornaram-se de tal forma grandes que conseguiram feitos incompraváveis.
10- Houve, porém, quem não aceitasse e se opusesse às motivações e consequências da aventura marítima.
11- O velho do Restelo considerava que a empresa ultramarina era um negócio magro de despesa de fazendas e de destruição de famílias.
12- Enquanto os navegadores levavam a tristeza da separação, mas mantinham a esperança do regresso, os parentes, amigos e muitos dos que ficaram choravam já a sua ausência.
13- Ainda que seja um exercício crítico, como convinha a um escritor humanista, é a voz da consciência perante os riscos da aventura e a insatisfação do espírito humano.
14- O velho do Restelo não é uma personagem histórica, logo é um símbolo que representa a posição política dos que pretendem apenas a confirmação e fixação dos territórios já conquistados.
15- Caso não deixe também de simbolizar o tradicional medo do desconhecido e a habitual hesitação perante a novidade, Camões terá desejado que este velho contribuísse para a glorificação/ mitificação de um herói com convicções e ieias próprias.

Avaliação do Oral preparado

Prof:Euclides ( turmas 12º3, 4, 6) Ano Lectivo: 2008/2009
Propostas de temas


No primeiro e segundo períodos, cada um dos alunos opta por um tema livre ou um dos que a seguir se propõem. No terceiro período a avaliação do oral preparado incidirá sobre um tema específico (autor, obra, corrente literária, temáticas/ conteúdos literários) previstos no programa.
Antecede a apresentação de qualquer destes trabalhos, a entrega ao professor do seu respectivo plano que terá de mencionar conteúdos; claro está que, aquando da pesquisa, este pode ser reformulado, título e a respectiva bibliografia.
No sentido de estabelecer o intercâmbio de conhecimentos, pesquisas e opiniões, sem imposições, gostaria que todos os alunos criassem um texto argumentativo e/ ou expositivo a publicar no Blog.
Temas decorrentes do programa

A- A viagem(ns) como forma de conhecimento.
B- Religião(ões), mitos, superstições, adivinhos, oráculos, curandeiros.
C- A relação Homem/ Natureza.
D- Espaços públicos/ espaços privados.
E- A aldeia e a cidade.
F- Aldeia global: industrialização e informação.
G- Cultura(s), civilizações e tradições.
H- Sistemas/ regimes políticos.
I- Partidarismo, sindicalismo e associativismo.
J- Organizações humanitárias, ONG ( organizações não governamentais).
K- A educação ontem e hoje.
L- Gerações/ conflitos intergeracionais.
M- Analfabetismo e literacia.
N- A(s) Língua(s), perturbações da linguagem.
O- A ciência: ciências exactas/ ciências sociais e humanas.
P- Artes: educação artística.
Q- Música: educação musical.
R- Literatura: educação literária.
S- Tecnologia: educação tecnológica, ofícios, artesãos/ artesanato.
T- Os Media/ a publicidade.
U- O cinema, o teatro.
V- O livro.
W- Museus, galerias, bibliotecas e afins.
X- Leitura.
Y- Escrita(s).
Z- Comunicação verbal/ não verbal, gestual.

sábado, 14 de junho de 2008

Produções escritas/ treino exame

Propostas de produção escrita (item do programa)

I- A importância da literatura e do teatro como instrumento de libertação humana é um pressuposto inerente à escrita de Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro.
Faz uma dissertação entre 150 e 200 palavras em que, de acordo com a tua experiência de leitura, fundamentes a afirmação apresentada.

II- É fácil concluir, após a leitura de Felizmente Há Luar!, que estamos perante um exemplo do designado teatro histórico/épico que assume, no entanto, uma faceta nova: a peça não se destina à representação tout court de uma acção ou de uma personagem histórica, mas sim, à reflexão sobre o presente partindo da figuração de um momento da história passada que com o presente mantem uma relação analógica.
Num texto expositivo-argumentativo entre 150 e 200 palavras, fazendo referências concretas à obra, demonstra a validade da tese acima exposta.

III- O Memorial, sendo-o embora de um convento, é-o sobretudo d uma época da qual se esqueceu a outra face composta por gente anónima cuja importância o narrador tenta perpetuar....
Num texto expostivo-argumentativo entre 150 e 200 palavras, comenta o juízo crítico apresentado, fundamentando-te na tua experiência de leitura.

IV- A situação feminina no século xvIII português, principalmente no que diz respeito à vivência da sexualidade e do casamento, é aboradada de uma forma contrastiva ao longo do romance Memorial do Convento.
Faz uma dissertação entre 150 e 200 palavras em que, de acordo com a tua experiência de leitura, fundamentes a afirmação apresentada.

V- O projecto da passarola só está presente em Memorial do Convento como modelo de organização e de sentido(s) que deve nortear qualquer obra.
Comente a frase acima apresentada num texto expositivo-argumentativo entre 150 e 200 palavras, fundamentado na sua leitura da obra.

VI- Memorial do Convento é uma romance de intervenção que critica todos os poderes instituídos que se constroem subjugando sempre a mesma vítima, o povo.
Num texto expostivo-argumentativo entre 150 e 200 palavras, escolha um apecto alvo de crítica no romance em questão, fundamentando a sua escolha com pelo menos três argumentos/ referêcias á obra.



Propostas de produção escrita (item genérico)

I- O impacto da globalização nos países ricos, sentido através de mais importações, deslocalizações de produção e imigração, desencadeou também a contenção nos salários e na criação de emprego.
Por outro lado, não nos esqueçamos que foi a globalização que permitiu a reformulação das estruturas tradicionais económicas e de trabalho .
Num texto expositivo-argumentativo de 200 a 300 palavras reflicta sobre as consequências positivas e/ou negativas da globalização, justificando o seu ponto de vista com pelo menos três argumentos.

II- A cultura clássica é o conjunto dos géneros estabelecidos: o livro, o cinema, o teatro, as exposições. Assiste-se progressivamente à substituição destes domínios instalados pela tradição e pela escola por uma outra forma de cultura, particularmente apreciada pelos jovens e, claro, por eles veiculada, e que é constituída pelo vídeo, pelas magias informáticas, pelos novos modos de comunicar ou ouvir música ou por essas mesmas músicas, o rap, o tecno.
Num texto expositivo-argumentativo de 200 a 300 palavras, apresente uma reflexão fundamentada em três argumentos, sobre a tese acima apresentada relativa às novas preferências culturais dos jovens.

III- Desde o século XV, que se reconhece no povo português o espírito de aventura, de andanças, de ousadias de alguém que parece não conseguir fixar-se neste pequeno jardim à beira- mar plantado.
Num texto expositivo-argumentativo de 200 a 300 palavras, faça uma dissertação subordinada ao tema: Os portugueses e a diáspora.

IV- Ao longo da história da humanidade, a natureza e todos os fenómenos naturais têm-se apresentado ao homem como um eterno inimigo com o qual, no entanto, é preciso algum respeito e cuidado. Afinal, temo-la vencida, ou ela só se têm dissimulado, atacando-nos, quando menos esperamos?
Num texto expositivo-argumentativo de 200 a 300 palavras, faça uma dissertação subordinada ao tema: A eterna luta Homem/ Natureza.







Propostas de produção escrita (Pessoa e heterónimos)

I- “ Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia/ tinha não sei qual guerra,/ Quando a invasão ardia na cidade/ E as mulheres gritavam/ dois jogadores de xadrez jogavam o seu jogo contínuo...” Odes Ricardo Reis
Partindo do excerto acima transcrito e do seu conhecimento de Fernando Pessoa, mostre a postura e atitude de Reis perante as vicissitudes da vida.

II- Não ultrapassando as 150 palavras, explicite a importância de Alberto Caeiro no âmbito da produção literária de Pessoa.

III- Álvaro de Campos é a ruptura na forma e no conteúdo com os padrões estéticos-literários anteriores ao modernismo.
Num texto expositivo-argumentativo, explicite quatro aspectos de forma e de conteúdo que fazem a inovação da poética de Campos.

IV- Fernando Pessoa Ortónimo exibe um percurso literário que, embora de temáticas variadas, tem uma coesão lógica e coerente de pensamento.
Num texto expositivo-argumentativo não ultrapassando as 150 palavras, apresente a temática que considere mais relevante em Pessoa Ortónimo, justificando a sua opção com referência a poemas que a ilustrem.

terça-feira, 3 de junho de 2008

teste Mensagem

ESCOLA SECUNDÁRIA RAINHA DONA LEONOR
12º Ano de escolaridade
Duração da prova: 90 minutos teste /treino para exame
2007/2008( Junho) Prof: Euclides Rosa
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS

Lê o texto com atenção:


O INFANTE
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quiz que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu signal.
Cumpriu-se o Mar, e o Imperio se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!


GRUPO I

1. Distingue no poema as suas partes lógicas e sintetiza o assunto de cada uma, mostrando como se articulam.

2. “ O Infante surge mais como um símbolo do herói português escolhido por Deus para agente da sua vontade do que como ser individual.”
Transcreve todas as expressões que podem comprovar esta afirmação.

3. Justifica a alternância de tempos verbais ao longo do poema.

4. Relaciona o sentido dos dois últimos versos com o carácter profético da “ Mensagem” e com a estrutura da própria obra.



5. “ E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir redonda, do azul profundo.” ( O Infante)

“ Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos” ( Horizonte)

“ Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal! “ ( Mar Português)

5.1. Com base nos versos acima transcritos, num pequeno texto expositivo-argumentativo entre 100 e 150 palavras, explicita os aspectos da epopeia marítima dos portugueses mais valorizados.


GRUPO II

A

Apesar dos aspectos comuns à Mensagem e a Os Lusíadas, os elementos estruturantes das duas obras (forma e conteúdo) são marcado pela diferença de quatro séculos que separa os autores, bem como pelas diferentes atitudes face á História de Portugal.

Iniciando um texto expositivo-argumentativo pelo parágrafo acima transcrito, apresente semelhanças e diferenças significativas entre as duas obras.

B

“ Tudo vale a pena/ se a alma não é pequena”
“ Sem a loucura que é o homem/ mais que besta sadia, / cadáver adiado que procria? “
“ Triste de quem é feliz! / Ser descontente é ser homem”.

A partir dos versos acima transcritos e integrando-os na dissertação que vai produzir, mostre de que forma espelham o ideal humanista do homem do renascimento.

teste lusíadas

ESCOLA SECUNDÁRIA RAINHA DONA LEONOR
12º Ano de escolaridade
Duração da prova: 90 minutos teste /treino para exame
2007/2008( Junho) Prof: Euclides Rosa
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS

Lê o texto com atenção:


Um ramo na mão tinha... Mas, ó cego,
Eu, que cometo, insano e temerário,
Sem vós, Ninfas do Tejo e do Mondego,
Por caminho tão árduo, longo e vário!
Vosso favor invoco, que navego
Por alto mar, com vento tão contrário
Que, se não me ajudais, hei grande medo
Que o meu fraco batel se alague cedo.

Olhai que há tanto tempo que, cantando
O vosso Tejo e os vossos Lusitanos,
A Fortuna me traz peregrinando,
Novos trabalhos vendo e novos danos:
Agora o mar, agora experimentando
Os perigos Mavórcios inumanos,
Qual Cánace, que à morte se condena,
Nũa mão sempre a espada e noutra a pena;

Agora, com pobreza avorrecida,
Por hospícios alheios degradado;
Agora, da esperança já adquirida,
De novo mais que nunca derribado;
Agora às costas escapando a vida,
Que dum fio pendia tão delgado
Que não menos milagre foi salvar-se
Que pera o Rei Judaico acrecentar-se.

E ainda, Ninfas minhas, não bastava
Que tamanhas misérias me cercassem,
Senão que aqueles que eu cantando andava
Tal prémio de meus versos me tornassem:
A troco dos descansos que esperava,
Das capelas de louro que me honrassem,
Trabalhos nunca usados me inventaram,
Com que em tão duro estado me deitaram.

Vede, Ninfas, que engenhos de senhores
O vosso Tejo cria valerosos,
Que assi sabem prezar, com tais favores,
A quem os faz, cantando, gloriosos!
Que exemplos a futuros escritores,
Pera espertar engenhos curiosos,
Pera porem as cousas em memória
Que merecerem ter eterna glória!

Pois logo, em tantos males, é forçado
Que só vosso favor me não faleça,
Principalmente aqui, que sou chegado
Onde feitos diversos engrandeça:
Dai-mo vós sós, que eu tenho já jurado
Que não no empregue em quem o não mereça,
Nem por lisonja louve algum subido,
Sob pena de não ser agradecido.

Camões, Os Lusíadas

GRUPO I
1. Seguem-se várias afirmações sobre o texto que acabste de ler. Diz se são verdadeiras ou falsas e corrige as falsas de modo a torná-las verdadeiras:

a) Esta invocação situa-se no final do canto VII, antes de Paulo da Gama começar a falar das figuras da História de Portugal representadas nas bandeiras.
b) Camões invoca as Ninfas do Tejo e do Mondego, porque se encontra em perigo de naufragar no mar alto e perder Os Lusíadas.
c) Há já muito tempo que o poeta canta os lusitanos, tendo entretanto passado por muitos perigos e dificuldades.
d) O verso “ Numa mão sempre a espada noutra a pena” traduz bem o conceito de herói renascentista.
e) As misérias sofridas pelo poeta foram recompensadas com descansos e coroas de louro.
f) O modo como os portugueses tratam o poeta é um grande estímulo para outros escritores que queiram celebrar os grandes feitos lusitanos.
g) Camões jura que, se tiver o favor das ninfas inspiradoras, só louvará aqueles que o mereçam.

2. Caracterize o estado de espírito do poeta ao longo da reflexão, servindo-se de expressões textuais.
2.1. Indique dois motivos que estão na origem desse estado de espírito.

3. Mostre, a partir da última estrofe, em que medida a epopeia camoniana foge ao objectivo primordial deste sub-género literário.

GRUPO II

1. Neste item, faça corresponder a cada um dos quatro elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obter afirmações verdadeiras. Escreva na sua folha de respostas, ao lado do número da frase, a alínea correspondente.
A B
1) “que navego Por alto mar, com vento tão contrário”
a) é uma oração subordinada concessiva.
2) “ que hei grande medo” b) é uma oração subordinada condicional.
3) “Que o meu fraco batel se alague cedo.”
c) é uma oração subordinada completiva.
4) “ se não me ajudais” d) é uma oração subordinada relativa restritiva com antecente.

2. Considera a frase que se segue:
“Vede, Ninfas, que engenhos de senhores/ O vosso Tejo cria valerosos,/ Que assi sabem prezar, com tais favores,/ A quem os faz, cantando, gloriosos!”

2.1. Identifica a cadeia de referência aí presente.

2.2. Indica o mecanismo de coesão lexical que a frase exibe.

2.3. Transcreve a oração subordinada relativa restritiva sem atecedente.
GRUPO III


A

Num texto expositivo-argumentativo entre 200 e 300 palavras, apresente o conceito de herói defendido por Camões em Os Lusíadas, enriquecendo a sua produção com referências concretas à obra.


B

Num texto expositivo-argumentativo entre 200 e 300 palavras, avalie a pertinência de Os Lusíadas no contexto histórico-cultural em que surgem, fazendo referências aos aspectos que são elogiados e aos que são criticados.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Memorial- planificação

UNIDADE DIDÁCTICA: O Memorial do Convento, José saramago

Aulas previstas: 30 horas

Plano das aulas:

1- Contextualização histórica

- Texto de apoio “ A época de D. João V”, José Hermano Saraiva, História de Portugal
- Personagens e datas reais comprovadas historicamente:
- 1711: 3 anos após o casamento de D. João V com Maria Ana de Áustria
- 1739: auto-de-fé em que morre António José da Silva, O Judeu

Factos históricos:
- O voto, promessa do rei,
- Recrutamento por todo o país de homens, operários para a construção do convento, morte de alguns,
- Presença em Portugal do músico Domenico Scarlatti, como professor de D. Maria Bárbara
- A construção da passarola pelo padre Bartolomeu de Gusmão,
- A inquisição,
- O casamento dos infantes portugueses e espanhóis,
- As touradas e os autos-de-fé

Factos históricos(projecção para o futuro- ponte entre o séc XVIII e o séc. XX) :

Tempo da escrita/ tempo da diegese
- pp(23,24,39,89,133,154,165,198,203,212,215,216,219,230,245,257,277)

Factos históricos, científicos, literários
-pp.(135,154,216,219,227,281,290)




Propostas de produção escrita

1- “ Constrói-se um convento porque nasceu Maria Bárbara, cumpre-se o voto porque Maria Bárbara nasceu, e Maria Bárbara não viu, não sabe, não tocou com o dedinho rechonchudo a primeira pedra, nem a segunda” (312-313)
Refere como, através de Maria Bárbara, é possível transmitir a sensação da passagem, do fluir do tempo em Memorial do Convento.( texto expositivo-argumentativo com 150 palavras)

2- Ao longo do romance, apercebemo-nos que o presente se insinua no passado. Num texto expositivo- argumentativo com 150 palavras procura explicar esta opção do narrador.


O ESPAÇO FÍSICO/ O ESPAÇO SOCIAL

O ESPAÇO FÍSICO

Lisboa- cidade muralhada
- abundãncia de igrejas (p.40)
- cidade suja (p.28)
- contraste da sujidade da cidade com o asseio do mercado do peixe (p.42)

- A abegoaria
- ninho de amor de Sete- Sóis e Blimunda e onde se vai construindo a passarola
- simplicidade da vida e pobreza do casal(p88)

- O Paço
Mafra- cidade pouco descrita. Sabemos que é no alto da Vela que se vai construir o convento, construção essa que votará muitos homens a condições de vida infra-humanas ou até mesmo à morte.( p.103-104, 117)

Serra do Barregudo- não longe do Monte Junto, onde pousou e esteve escondida a passarola.

Caminho de Lisboa a Elvas- por ocasião do casamento da princesa e que poderá representar todo o Portugal com os seus caminhos de lama e de miséria.

O ESPAÇO SOCIAL
“ O espaço social configura-se sobretudo em função da presença de tipos e figurantes(...) Os ambientes são descritos para cumprirem uma intenção de crítica aos vícios e deformações da sociedade” Carlos Reis, Ana C. Lopes, Dicionário de Narratologia

O Paço- espaço da subserviência, rituais, gestos repetidos e inúteis, atitude autoritária do rei. ( pp.279-280, 13, 281-282)

Lisboa- cidade que corre para os autos-de-fé com o mesmo prazer com que corre para as touradas.(p.50)
As procissões quebram a monotonia da vida austera, de fome, e é-lhes adulterada a sua índole sagrada (p41), contrastam com o mercado do peixe onde há gente trabalhadora e asseada (p42)

Mafra- crítica social as condições de trabalho de homens que voluntariamente ou obrigados foram deslocados das suas terras para o empreendimento do rei. Vivem em barracões, escravizados pelo trabalho árduo e muitos deles com doenças venéreas, tudo em nome de um salário miserável ou de alimentação certa.

Propostas de produção escrita:
1. Dos espaços físicos representados na obra, refere um que consideres significativo, explicando a sua importância na narrativa.

2. Estabelece a conexão entre um espaço físico à tua escolha e o respectivo espaço social
A estrutura da acção da obra:

Textos/ excertos que serão objecto de leitura metódica nas aulas.

- pp. 13-14 desde “ Retiram-se a uma parte D. João V e o inquisidor... até a fertilidade dificultosa da rainha”
-p.31 desde “ De tais desafogamentos até a troco de um convento”
-p.35 desde “ Este que por desafrontada aparência sacudir até os espanhóis fizeram sair de Badajoz.”
p.38 desde “ Quando Sete-Sóis chegou a Aldegalega até Passou a noite em paz.
p.38 desde na claridade do primeiro alvorecer até se não era aquilo sangue seco, era o diabo que o fingia.”
p.53-54 desde “que nome é o seu até nas brasas não se evaporou”.
p. 68 desde calou-se outra vez até não pode atar a vela e o arame que hão-de voar”
pp.71-72 desde ”D. João V vai ter de contentar-se com uma menina até como se percebe pela gritaria”
p.86 desde “El-rei foi a Mafra escolher o sítio até mas esse era santo e está morto.”
p.96 desde “Deitou o Padre Bartolomeu Lourenço... até montou na mula e partiu.”
pp.101-103 desde “Quando Baltasar empurrou a porta até bem-vinda sejas à casa dos Sete-Sóis”
pp.115-116 desde “Bartolomeu Lourenço foi à quinta de S. Sebastião até “ talvez sonhando boas noites”
pp.124-125 desde “ Tirou do alforge um frasco de vidro até vou ver a vontade daqueles homens.”
p.159 desde “ já o Padre Bartolomeu Lourenço regressou de Coimbra até acabar morto de estoque numa rixa”
pp.178-179 desde “ Blimunda está em Lisboa atormentada de uma grande doença até Irei, respondeu ela, mas não sozinha, disse Baltasar.”
p.183 desde “ Quando a epidemia terminou até sentava-se no mocho, e aí ficava horas.”
p.185 desde “ Durante uma semana... até se realmente faltara.”
p.193 desde “ O Padre Bartolomeu Lourenço entrou violentamente na abegoaria até vamos, disse ela”
p.203 desde “ A máquina dá um salto brusco até não se pode ter tudo.”
p.222. desde “ Passam mais de dois meses até ver a máquina voar.”
p.282 desde “Ao ouvir que queria el-rei ampliar o convento até se este rei não se acautela acaba santo.”
pp.297-298 desde “ Porém ainda há famílias felizes até há quem governe mais sabendo menos.”
pp.334-335 desde “ Baltasar entrou na passarola até não se via uma nuvem no céu.”
pp.340-341 desde “ Ali é o lugar, como o ninho de uma grande ave até a descida, porém, com maior carga.”
pp.350 até final “ Enfim, chegou o dia mais glorioso...”







1. A presença da História

“ Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e ficou doido. Era uma vez.”
Contracapa de Memorial do Convento

- A apresentação dos fios da narrativa que vão sendo ao longo da obra desenvolvidos e entrelaçados pelo autor. A intriga da obra gira em torno da construção do convento de Mafra e das personagens históricas e ficcionais ligadas a essa construção.

- A história começa por volta de 1711, três anos após o casamento de D. João V e termina vinte e dois anos depois, em 1739, aquando da realização de um auto-de-fé em que morreram António José da Silva e também Baltasar Sete-Sóis.

- O autor respeita os elementos históricos quando os insere na diegése, como o comprovam os cronistas da época e vai mais longe quando se preocupa em referir o maior número de nomes, homens daquele tempo, que no discurso histórico oficial foram esquecidos.

- Bartolomeu Lourenço é uma das personagens em que a correspondência entre História e ficção é apenas parcial.
- A figura do rei também sofre adaptações várias com fins irónicos.

- Paralelamente há linearidade e respeito pela cronologia, o narrador heterodiegético, afastado temporalmente da intriga, utiliza insistentemente anacronias, sobretudo prolepses, para fazer avançar a acção, Ex:- a morte do sobrinho de Baltasar, a morte do infante D. Pedro. Estas prolepses propõe a possibilidade do narrador distanciado fazer comentários, alguns irónicos, de estabelecer comparações entre épocas diferentes.
Prolepses: pp. 91, 332, 133, 151, 154, 213-214, 37, 216, 50, 219, 178,

- Muito próximo da final da narrativa há um momento em que o tempo diegético não corresponde ao tempo da história. Aquando do desaparecimento de Baltasar na passarola, no dia anterior ao da sagração do convento, 22 de Outubro de 1730, há um salto no tempo de nove anos, elipse temporal, cuja história o narrador resume em pouco mais de duas páginas, “ Durante nove anos Blimunda procurou Baltasar.”

- A acção termina em 1739, com o reencontro das personagens principais num auto-de-fé em que são queimados António José da Silva e Baltasar. Contudo trata-se de um reencontro místico; Blimunda dotada de elevadas capacidades de visão, recolhe para si a vontade do homem que perdeu há nove anos e que agora achou para sempre.








2- O Tempo


Data do início da narrativa: 1711, o rei tinha casado há cerca de três anos com D. Maria Ana Josefa, casamento que teve lugar em 1708.
Termino da narrativa: 1739, aquando da realização de um auto-de-fé onde são mortos António José da Silva( personagem referencial) e Baltasar Mateus ( personagem ficcional).
Embora haja linearidade e respeito pela cronologia e pela datação de eventos históricos, o narrador principal heterodiegético e afastado temporalmente da narrativa que organiza e controla a intriga, utiliza frequentemente elipses e prolepses para fazer avançar a acção:
Exemplos de prolepses:
- morte do sobrinho de Baltasar e do Infante D.Pedro, para daí a três meses(p.105)
- morte de Manuela Xavier, filha do Visconde de Mafra, para dali a dez anos (p.224)
- morte de Álvaro Diogo ligada ao convento(p.327)
- futuro trabalho de Baltasar no açougue(p.42)
- morte de Marta Maria, mãe de Baltasar (p.137) também é um marco temporal para a balização temporal da construção do convento.
- antecipação do número de bastardos do rei D. João V (p.91)
Se estas prolepses fazem com que a acção progrida, há outras que estão ao serviço do estatuto de narrador distanciado e irónico, que lhe proporcionam comentários e comparações entre épocas históricas diferentes, são elas:
- os tons das cores escolhidas para a decoração do convento, o vermelho e o verde, serão mais tarde, aquando da implantação da República, escolhidas como nacionais (p.133)
- paralelo entre a chegada de africanos às costas portuguesas e o retorno dos ex-colonos por alturas do 25 de abril (p.151)
- os molhos de cravos nas pontas das varas dos capelães, flores que serão simbolo de uma revolução (p.154)
- a descrição da cúpula da Basílica, construída a partir de vários gomos, sugere a comparação com um guarda-chuva, o que leva o narrador a utilizar um termo pelo outro como se fossem sinónimos (p.154)
- a referência á ida à Lua (p.216)
- comparação entre os autos-de-fé e as touradas (p.50)
- referência ao cinema e aos aviões(p.219)
- referência á nona sinfonia de Beethoven, a propósito da música da época e de Domenico Scarlatti (p.178)

Este distanciamento do narrador da época que narra permite-lhe dar conta de acontecimentos e até de teorias desconhecidas da época, como por exemplo, a da terra ser redonda (p.66)



Há consciência da não correspondência entre o tempo da história e o tempo do discurso com um objectivo bem definido: mudar a visão da História ou até corrigi-la, lembrando homens e tarefas que de outra forma seriam esquecidos porque não registados, mas nem por isso menos verdadeiros. Há aqui a consciência lúcida de que o registo histórico oficial é apenas um filtro possível, logo incompleto e consequentemente errado por ser parcial. Há laços entre dois tempos ( Presente e Passado) o primeiro reflecte-se e vê-se no segundo, ambos se tocam e interpretam até porque não lhe são colocadas barreiras delimitadoras.
Falta referir que no final da obra, um dia antes da sagração do convento, 22 de Outubro de 1730, Baltasar desaparece, vindo a ser reencontrado por Blimunda nove anos mais tarde, num auto-de-fé em que vai ser condenado, juntamente com antónio Josè da Silva, em 1739, este reencontro é, no entanto místico, porque mística é Blimunda que recolhe para si a vontade do homem que perdeu há nova anos e que agora achou para sempre.

Notas avulsas sobre o TEMPO da DIEGESE


- a acção inicia-se com a ida de D. João V ao quarto da rainha, depois de ter fieito a promessa de construção do convento.
- Inaguração da Basílica a 22 de Outubro de 1730, aí el-rei tem 41 anos, Maria Bárbara 17, podemos então concluir que a acção se inicia em 1712.
- Narrativa assume-se como cronológica, quase linear, embora com algumas analepses(pp. 45, 106, 190), prolepses ( vide página anterior).
- Após a ida de el-rei à câmara da rainha, sabemos que esta não participará no auto-de-fé pois está de luto e já vai no quinto mês de gravidez(p.49)
- Na história de Baltasar e Blimunda vão intercalar-se referências a vida na corte.
- As elipses temporais verficam-se nos períodos em que Baltasar e Blimunda estão em Mafra ou em S. João da Pedreira ou o Padre Bartolomeu de Gusmão realiza viagens pelo estrangeiro ou está em Coimbra.
- A benção da primeira pedra ocorre a 17 de Novembro de 1717(p.134) e passada uma semana o casal herói ficcional parte para Lisboa(p.137).
- É sobretudo a partir do dia a dia de baltasar e Blimunda que nos apercebemos da passagem do tempo.
- A data do casamento de Maria Bárbara coincide com a da inauguração da basílica, 1730, (p.350)
- O percurso de vida de certas personagens permite-nos ver o fluir do tempo:

- Maria Bárbara que acompanhamos desde o seu nascimento ao casamento( 17 anos), período de vida que acompanha também a narrativa da promessa/ construção do convento.
- O percurso de vida do monarca português, com vinte e três anos no início da intriga e com 41 no dia de inauguração do c