terça-feira, 27 de novembro de 2007

" Mensagem": Génese e Título

«Mensagem», Fernando Pessoa

Génese

A elaboração desta obra ocupou toda a vida de Fernando Pessoa, desde 1913 a 1934 (morre a 30 de Novembro de 1935).

Pessoa nasceu como homem intelectual no estrangeiro (África do Sul, sob influência da cultura inglesa).

Regressou a Portugal aos 17 anos e teve de se integrar na sua Pátria.

Dotado de uma inteligência invulgar e de uma cultura muito acima da média, compreendeu que o país estava mergulhado na mediocridade cultural e tinha, pois, um papel importante a desempenhar.

A Ditadura de João Franco («Franquismo», 1907-1908) terá provocado nela um forte patriotismo.

Em 1912, escreve na revista A Águia (Saudosismo, Patriotismo), os célebres artigos em que profetiza para breve o aparecimento de um Super-Camões e de um Super-Portugal.
Em 1932, Pessoa escreve uma carta a João Gaspar Simões onde alude ao seu projecto de publicar uma parte da sua obra.

«Mensagem» foi o único livro completo publicado em vida pelo Poeta.
A sua publicação ficou a dever-se a dois amigos, António Ferro e Ferreira Gomes, próximos do Poder, que estavam convencidos que esta obra ganharia facilmente o «prémio de Antero de Quental», criado pela SPN (Secretaria da Propaganda Nacional), cujo júri reuniria em Dezembro de 1934.

A obra, terminada em Setembro e impressa em Outubro, é simbolicamente posta à venda a 1 de Dezembro de 1934, dia em que se comemora a Restauração da Independência (1640) face ao domínio espanhol.

A obra recebeu apenas «a segunda categoria», pois não cumpria todas as imposições do concurso. O 1º lugar foi para a obra do Padre Vasco Reis, «Romaria».

Título

O primeiro título da obra foi «Portugal».

Pessoa alterou o título por sugestão do amigo Da Cunha Dias, pois, segundo este «o nome da nossa pátria estava hoje prostituído a sapatos».

Pessoa colocou-lhe, então, um título mais abstracto, que o próprio explica: a palavra portuguesa “mensagem” deriva anagramaticalmente da fórmula de Anquises, quando explica a Eneias, descido aos Infernos, o sistema do Universo: «Mens ag itat mol em» («O espírito move a massa»).

Pessoa aproveita toda a simbologia da “descida aos Infernos” para justificar o advento da Nova Pátria (o Quinto Império), afirmando, logo à partida, o seu