segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Ao colo de Calíope



Calíope (mitologia)
Calíope é a musa da poesia épica. Filha de Zeus e Mnemósine (memória), é uma das noves musas, que têm por missão a inspiração dos seres humanos para que estes se tornem criativos na arte e na ciência. As outras musas são Clio (Musa da história), Tália (Musa da Comédia e da poesia ligeira), Melpómene (Musa da Tragédia e da harmonia musical), Érato (Musa da poesia erótica), Urânia (Musa da astronomia), Polímnia (Musa da poesia sacra), Terpsícore (Musa da dança e do canto) e Euterpe (Musa da poesia lírica).Da união com Eagro, rei da Trácia ou de Apolo (deus da música), Calíope foi mãe de Orfeu (poeta mítico e músico). Amada por Apolo, teve mais dois filhos: Himeneu (deus dos cantos nupciais, do casamento) e Iálemo (deus dos cantos tristes pelos que morrem jovens); Calíope, na mitologia grega, surge representada com um estilete e tabuinhas de escrita nas mãos. De porte majestoso, aparenta ser uma jovem mulher, coroada de ouro, com supremacia entre as musas suas irmãs. Camões, no início do Canto III de Os Lusíadas, pede a Calíope que o inspire para melhor contar a história de Portugal, como Vasco da Gama a relatou ao Rei de Melinde.


Calíope (mitologia). In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2007



“ Agora, tu, Calíope, me ensina o que contou ao rei o ilustre Gama...”
( canto III, est.1-2)

Esta invocação a Calíope antecede a narração do Gama ao rei de Melinde em que é contada a História de Portugal desde as auas origens míticas e históricas da fundação do reino até ao presente da narração.
A recepção da armada em Melinde, incluindo a parte da viagem do Gama, anterior à chegada a Melinde.
Corresponde, em suma, à realização de uma importante parte do projecto da epopeia, que vai ocupar os cantos III, IV e V, anunciado na proposição e explicitado na dedicatória, pedindo-se grande fulgor de inspiração. Justifica-se, portanto, um novo apelo, pedido que individualiza esta narrativa dentro da narração global do poema.
É neste contexto que se expressa o amor à poesia, o orgulho pátrio, a confiança no seu engenho poético. Um certo sentido de humor é o traço mais evidenciado pelo poeta nas duas primeiras oitavas.
Das estrofes 3 a 5 faz-se o exórdio do discurso, prepara-se o auditório para o que vai ouvir e apresenta-se o plano da sua narrativa; na estrofe 6, depois da localização da “ Soberba Europa” no globo terrestre, passa-se à descrição da “ larga terra” onde se situa Portugal.

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