Quinta
D. Sebastião, Rei de Portugal
Louco, sim, louco, porque quis minha grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
São dois momentos, uma primeira estrofe em que se apresenta a loucura como condição essencial para a busca de grandeza(v.1); e o herói se autovaloriza pelo que sonha, estava ele repleto de certezas (v.3), recusando os favores impossíveis da Sorte (v.2).
Resumindo a existência ao essencial, a loucura, o ser presente/intemporal não morre (vv4,5). O herói que há no presente é, assim, diferente do rei do passado, é um ser mítico. Como mito há uma natural projecção para o futuro, dando continuidade a outras existências humanas plenas. Sem a loucura, o homem reduz-se ao servilismo, tal como a “besta” ou um simples progenitor , limitado ao corpo: “Cadáver adiado”.
Prof. Euclides
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