sábado, 24 de janeiro de 2009

A dor de pensar

Escola Secundária Rainha Dona Leonor
Português 12º ano
Sequência de aprendizagem: Fernando Pessoa- Ortónimo

TPC

Análise do poema “ Ela canta, pobre ceifeira”

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1. Divide o poema em momentos, partes.

1.1. Sintetiza o conteúdo de cada uma.
1.2. Indica o tipo de frases e os tempos e modos verbais mais frequentes em cada momento.
1.2.1. Justifica a sua utilização.


2. É através do canto que o sujeito poético caracteriza a ceifeira.

2.1. Faz o levantamento de palavras ou expressões que remetem para a tensão e harmonia do seu canto.

2.2. Identifica as figuras de estilo usadas para a caracterização do Tu feminino. Dá exemplos concretos de cada uma.

2.3. Apresenta os sentimentos/ desejos que esse canto desperta no poeta.

2.3.1. Mostra que há uma gradação na apresentação dos mesmos.

2.4. Explica o sentido da frase seguinte: “ ... A ciência pesa tanto e a vida é tão breve”.

2.5. Diz como se perspectiva o sujeito lírico relativamente à dicotomia Consciência/ Inconsciência.

2.6. Retira do poema o verso mais emblemático que alude à intelectualização do sentir.

2.7. Exemplifica com elementos textuais e recursos estilísticos o tom dramático do discurso poético.

2.8. Explica por palavras tuas o sentido da última estrofe, indicando o recurso estilístico aí presente.

3. Procede à análise formal do poema: tipo de rima, métrica, ritmo, nível fónico, tipo de estrofe.

4. Infere razões para tomar a ceifeira como modelo de comparação com a condição de vida do poeta.


Linhas de Leitura

- Composição datada de 1914, já com as grandes características formais da poesia de pessoa ortónimo.

- Versa a temática da “dor de pensar” mas anuncia já algumas características próprias dos heterónimos, sobretudo Ricardo Reis, “ A ciência pesa tanto e a vida é tão breve” e Alberto Caeiro para quem “ouvir é um acompanhamento de ver”.

- Das seis quadras que compõem o poema, podemos verificar que nas primeiras três se descreve o canto da ceifeira e nas restantes se apresentam as repercussões dessa audição no mundo interior, subjectividade, do poeta. Esta divisão do poema pode ser confirmada com a passagem das frases de tipo declarativo na primeira parte para as exclamativas na segunda.

- Apesar da delimitação que podemos fazer do poema, nota-se contudo já na primeira parte uma situação de conflito entre o exterior e interior do sujeito lírico, daí a antítese “ouvi-la, alegra e entristece”. A antítese verfica-se também na condição existencial e na atitude da ceifeira, sendo “pobre” e “ duma anónima viúvez”, julga-se “feliz” e a sua voz é “ alegre”.

- Podemos subdividir a segunda parte em dois momentos: a expressão do desejo de ter a “ consciência da inconsciência “ dela, expresso pelos infinitivos e as condicionais de imperfeito do conjuntivo “ se eu pudesse”, “ se eu tivesse”. Mas tendo consciência da inconsciência, deixa de ter inconsciência.
O segundo momento, o momento da invocação “ Ó céu! Ó campo! Ó canção!” que disponham da sua alma e o levem., entregando-se aos responsáveis pela alegria da ceifeira e desta forma encontrar o anestésico para a sua “ dor de pensar”.

- Aliterações das fricativas /f/, /v/, sugestivas da passagem do tempo.

- Alternância do presente do indicativo, do imperativo presente e do Pretérito imperfeito do conjuntivo.

- Adjectivação expressiva muitas vezes antitética.

- Comparação e a metáfora da voz como um canto de ave que ondula.

- Apóstrofe ao céu, campo, canção.

- Personificação dos elementos apostrofados que o podem levar.

- Sentido conotativo dos últimos dois versos, apontando para o desejo de anulação, de morte.

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