Lê atentamente o seguinte poema :
A ciência, a ciência, a ciência…
Ah, como tudo é nulo e vão !
A pobreza da inteligência
Ante a riqueza da emoção !
Aquela mulher que trabalha
Como uma santa em sacrifício,
Com quanto esforço ralha !
Contra o pensar, que é o meu vício !
A ciência ! Como é pobre e nada !
Rico é o que a alma dá e tem !
Fernando Pessoa
GRUPO I
1. O poema expressa uma angústia resultante de uma equação relativa à forma de estar no Mundo.
1.1.Transcreve os versos que melhor expressam essa equação.
1.2.Identifica a figura de estilo subjacente a essa equação.
2.Considera os versos : « Aquela mulher que trabalha/ Como uma santa em sacrifício.»
2.1.Explica como se estabelece a oposição entre «aquela mulher » e o Eu poético.
2.2. Explica o valor expressivo da comparação entre a « mulher que trabalha » e a « santa em sacrifício ».
3. Propõe uma divisão lógica do poema, justificando-a.
4.O poema apresentado equaciona uma temática de Fernando Pessoa Ortónimo claramente presente em dois dos poemas que estudaste. Compara-os no tratamento da mesma.
5. Explica o sentido do último dístico do poema, relacionando a ideia aí expressa com a concepção de arte que Pessoa apresenta expliciatmente noutros poemas.
GRUPO II
Lê com atenção o texto seguinte :
(…) Com efeito, passámos a ser condicionados por formação a pensar, de preferência sem demonstrar emoção, sem necessidade de associar à ideia o sentimento que ela evoca. E, por outro lado, somos educados a sentir as coisas, sem necessariamente associarmos a isso a actividade do pensamento. Seres divididos que somos, mais em função da educação do que da fisiologia, temos tendência a interpretar o mundo de maneira diferente quando o sentimos ou quando o pensamos.
Contudo, ao longo deste século, vai-se configurando um novo paradigma científico(…) que traz novas achegas ao problema, e isto, sobretudo, de três maneiras.
A primeira relaciona-se com a importãncia da imaginação e da criatividade no campo científico, ao contrário do que antes se pensava, a saber, que a ciência é um processo intelectual baseado somente nos factos e na razão, o que já não acontece com a actividade artística que supostamente se baseia fundamentalmente na imaginação e na emoção.
A segunda prende-se com a possibilidade de os acontecimentos científicos influenciarem outras áreas da actividade cultural(…).
A terceira refere-se ao facto de hoje em dia a dificuldade de acompanhar a literatura, a música e a pintura, por exemplo, não ser menor, para o público inteligente e culto, embora não especialista, do que as dificuldades que se lhe deparam na compreensão das ideias fundamentais da ciência. A razão desta dificuldade é que enquanto até ao início do século a ciência e as artes tinham a mesma linguagem(…), hoje falta-lhes uma linguagem e uma compreensão comuns, em virtude da crescente especialização e compartimentação do saber(…).
Vítor Quelhas, in Rev. «Ler»nº 14, Circ. De Leitores, 1991
1. De cada questão, selecciona a alínea /alternativa correcta de acordo com o conteúdo do texto que acabaste de ler.
1.1
a) A educação ea formação conciliam pensamento e emoção.
b) A formação orienta-se para a aprendizagem do pensar e a educação para o sentir.
c) Entende-se por educação todo o processo de aprendizagem baseado nos factos e na razão.
1.2.
a) Neste século a crescente especialização e compartimentação da ciência afastaram-na cada vez mais das artes.
b) Não se concebe neste século uma ciência limitada à razão, sem uma vertente criativa e emotiva.
c) O novo paradigma científico do nosso século aceita o contributo da criatividade humana mas rejeita completamente a emoção no entendimento dos fenómenos de que se ocupa.
1.3.
a) Reconhece-se actualmente a possibilidade da ciência condicionar algumas manifestações culturais.
b) É incontestável nos dias de hoje que toda a actividade artística resulta inevitavelmente do processo evolutivo da ciência.
c) É a actividade cultural que impulsiona novos paradigmas científicos.
1.4.
a) A ciência e as artes apresentam actualmente deficits de compreensão e consequentemente níveis de adesão diferentes.
b) As artes como a Literatura, a música e a pintura, por exemplo, são mais facilmente acompanhadas pelo público porque têm uma linguagem menos especializada.
c) A ciência e as artes, devido à sua crescente reinvindicação de linguagens científicas específicas para cada área, têm-se distanciado cada vez mais.
2. Reescreve as duas frases simples numa complexa, estabelecendo entre elas um relação concessiva :
Hoje as artes e a ciência são constantemente divulgadas pelos media ou por revistas de especialidade.
O interesse e apetência para uma formação específica nessas áreas não aumenta.
GRUPO III
« (...) hoje em dia a dificuldade de acompanhar a literatura, a música e a pintura, por exemplo, não ser menor, para o público inteligente e culto, embora não especialista, do que as dificuldades que se lhe deparam na compreensão das ideias fundamentais da ciência».
Partindo da frase acima transcrita, produz um texto expositivo-opinativo, entre duzentas e cinquenta e trezentas palavras, em que apresentes o teu ponto de vista sobre a problemática aí enunciada.
Deverás fundamentar a tua resposta com três argumentos que justifiquem a tua opinião e duas propstas para resolver o problema.
sábado, 24 de janeiro de 2009
A dor de pensar
Escola Secundária Rainha Dona Leonor
Português 12º ano
Sequência de aprendizagem: Fernando Pessoa- Ortónimo
TPC
Análise do poema “ Ela canta, pobre ceifeira”
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1. Divide o poema em momentos, partes.
1.1. Sintetiza o conteúdo de cada uma.
1.2. Indica o tipo de frases e os tempos e modos verbais mais frequentes em cada momento.
1.2.1. Justifica a sua utilização.
2. É através do canto que o sujeito poético caracteriza a ceifeira.
2.1. Faz o levantamento de palavras ou expressões que remetem para a tensão e harmonia do seu canto.
2.2. Identifica as figuras de estilo usadas para a caracterização do Tu feminino. Dá exemplos concretos de cada uma.
2.3. Apresenta os sentimentos/ desejos que esse canto desperta no poeta.
2.3.1. Mostra que há uma gradação na apresentação dos mesmos.
2.4. Explica o sentido da frase seguinte: “ ... A ciência pesa tanto e a vida é tão breve”.
2.5. Diz como se perspectiva o sujeito lírico relativamente à dicotomia Consciência/ Inconsciência.
2.6. Retira do poema o verso mais emblemático que alude à intelectualização do sentir.
2.7. Exemplifica com elementos textuais e recursos estilísticos o tom dramático do discurso poético.
2.8. Explica por palavras tuas o sentido da última estrofe, indicando o recurso estilístico aí presente.
3. Procede à análise formal do poema: tipo de rima, métrica, ritmo, nível fónico, tipo de estrofe.
4. Infere razões para tomar a ceifeira como modelo de comparação com a condição de vida do poeta.
Linhas de Leitura
- Composição datada de 1914, já com as grandes características formais da poesia de pessoa ortónimo.
- Versa a temática da “dor de pensar” mas anuncia já algumas características próprias dos heterónimos, sobretudo Ricardo Reis, “ A ciência pesa tanto e a vida é tão breve” e Alberto Caeiro para quem “ouvir é um acompanhamento de ver”.
- Das seis quadras que compõem o poema, podemos verificar que nas primeiras três se descreve o canto da ceifeira e nas restantes se apresentam as repercussões dessa audição no mundo interior, subjectividade, do poeta. Esta divisão do poema pode ser confirmada com a passagem das frases de tipo declarativo na primeira parte para as exclamativas na segunda.
- Apesar da delimitação que podemos fazer do poema, nota-se contudo já na primeira parte uma situação de conflito entre o exterior e interior do sujeito lírico, daí a antítese “ouvi-la, alegra e entristece”. A antítese verfica-se também na condição existencial e na atitude da ceifeira, sendo “pobre” e “ duma anónima viúvez”, julga-se “feliz” e a sua voz é “ alegre”.
- Podemos subdividir a segunda parte em dois momentos: a expressão do desejo de ter a “ consciência da inconsciência “ dela, expresso pelos infinitivos e as condicionais de imperfeito do conjuntivo “ se eu pudesse”, “ se eu tivesse”. Mas tendo consciência da inconsciência, deixa de ter inconsciência.
O segundo momento, o momento da invocação “ Ó céu! Ó campo! Ó canção!” que disponham da sua alma e o levem., entregando-se aos responsáveis pela alegria da ceifeira e desta forma encontrar o anestésico para a sua “ dor de pensar”.
- Aliterações das fricativas /f/, /v/, sugestivas da passagem do tempo.
- Alternância do presente do indicativo, do imperativo presente e do Pretérito imperfeito do conjuntivo.
- Adjectivação expressiva muitas vezes antitética.
- Comparação e a metáfora da voz como um canto de ave que ondula.
- Apóstrofe ao céu, campo, canção.
- Personificação dos elementos apostrofados que o podem levar.
- Sentido conotativo dos últimos dois versos, apontando para o desejo de anulação, de morte.
Português 12º ano
Sequência de aprendizagem: Fernando Pessoa- Ortónimo
TPC
Análise do poema “ Ela canta, pobre ceifeira”
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1. Divide o poema em momentos, partes.
1.1. Sintetiza o conteúdo de cada uma.
1.2. Indica o tipo de frases e os tempos e modos verbais mais frequentes em cada momento.
1.2.1. Justifica a sua utilização.
2. É através do canto que o sujeito poético caracteriza a ceifeira.
2.1. Faz o levantamento de palavras ou expressões que remetem para a tensão e harmonia do seu canto.
2.2. Identifica as figuras de estilo usadas para a caracterização do Tu feminino. Dá exemplos concretos de cada uma.
2.3. Apresenta os sentimentos/ desejos que esse canto desperta no poeta.
2.3.1. Mostra que há uma gradação na apresentação dos mesmos.
2.4. Explica o sentido da frase seguinte: “ ... A ciência pesa tanto e a vida é tão breve”.
2.5. Diz como se perspectiva o sujeito lírico relativamente à dicotomia Consciência/ Inconsciência.
2.6. Retira do poema o verso mais emblemático que alude à intelectualização do sentir.
2.7. Exemplifica com elementos textuais e recursos estilísticos o tom dramático do discurso poético.
2.8. Explica por palavras tuas o sentido da última estrofe, indicando o recurso estilístico aí presente.
3. Procede à análise formal do poema: tipo de rima, métrica, ritmo, nível fónico, tipo de estrofe.
4. Infere razões para tomar a ceifeira como modelo de comparação com a condição de vida do poeta.
Linhas de Leitura
- Composição datada de 1914, já com as grandes características formais da poesia de pessoa ortónimo.
- Versa a temática da “dor de pensar” mas anuncia já algumas características próprias dos heterónimos, sobretudo Ricardo Reis, “ A ciência pesa tanto e a vida é tão breve” e Alberto Caeiro para quem “ouvir é um acompanhamento de ver”.
- Das seis quadras que compõem o poema, podemos verificar que nas primeiras três se descreve o canto da ceifeira e nas restantes se apresentam as repercussões dessa audição no mundo interior, subjectividade, do poeta. Esta divisão do poema pode ser confirmada com a passagem das frases de tipo declarativo na primeira parte para as exclamativas na segunda.
- Apesar da delimitação que podemos fazer do poema, nota-se contudo já na primeira parte uma situação de conflito entre o exterior e interior do sujeito lírico, daí a antítese “ouvi-la, alegra e entristece”. A antítese verfica-se também na condição existencial e na atitude da ceifeira, sendo “pobre” e “ duma anónima viúvez”, julga-se “feliz” e a sua voz é “ alegre”.
- Podemos subdividir a segunda parte em dois momentos: a expressão do desejo de ter a “ consciência da inconsciência “ dela, expresso pelos infinitivos e as condicionais de imperfeito do conjuntivo “ se eu pudesse”, “ se eu tivesse”. Mas tendo consciência da inconsciência, deixa de ter inconsciência.
O segundo momento, o momento da invocação “ Ó céu! Ó campo! Ó canção!” que disponham da sua alma e o levem., entregando-se aos responsáveis pela alegria da ceifeira e desta forma encontrar o anestésico para a sua “ dor de pensar”.
- Aliterações das fricativas /f/, /v/, sugestivas da passagem do tempo.
- Alternância do presente do indicativo, do imperativo presente e do Pretérito imperfeito do conjuntivo.
- Adjectivação expressiva muitas vezes antitética.
- Comparação e a metáfora da voz como um canto de ave que ondula.
- Apóstrofe ao céu, campo, canção.
- Personificação dos elementos apostrofados que o podem levar.
- Sentido conotativo dos últimos dois versos, apontando para o desejo de anulação, de morte.
Fingimento poético
Escola Secundária Rainha Dona Leonor
Português 12º ano
TPC
Guião de análise do poema: Autopsicografia
1. Divide o poema em momentos, sintetizando o conteúdo de cada um e indicando a unidade lexical que os delimita.
2. Caracteriza o discurso poético, referindo-te:
- à pessoa gramatical da enunciação,
- tipo de frases predominantes,
- classes de palavras mais frequentes
3. Justifica o uso repetitivo do presente do indicativo ao longo de toda a composição.
4. Faz o levantamento dos três advérbios utilizados e explica a sua expressividade.
5. O poema tenta, no fundo, explicar o mecanismo da criação poética.
5.1. Indica as entidades referidas no poema que intervém neste circuito artístico de comunicação.
5.2. Explica como se posiciona o poeta relativamente ao binómio Coração/
Razão.
5.2.1. O coração surge no poema associado a um brinquedo, “comboio de corda”. Identifica o recurso estilístico utilizado para essa associação e julga o valor simbólico desse brinquedo.
5.2.2. Esse brinquedo “ gira nas calhas de roda”. Com que ideia ficamos da dinâmica, movimentação do mesmo? E porquê de corda?
5.2.3. Procede ao levantamento dos dois verbos que remetem para a fruição estética da poesia.
5.3. Faz corresponder as formas verbais “ escreve, sentem e teve(= sentiu) e não têm) aos três tipos de dores enunciadas.
5.4. Explica por que motivo as dores imaginadas pelo poeta e pelos leitores são ambas intelectualizadas
5.5. Relaciona o título do poema com o pressuposto de Pessoa de que não há arte que seja transposição imediata da experiência das sensações.
6. Diz se no poema predominam frases simples ou complexas. Dá exemplos de frases que apresentem uma relação de coordenação e uma de subordinação, classificando a sua tipologia.
7. Retira do texto a frase que apresenta um hipérbato.
Linhas de análise:
- Sendo um fingidor, o poeta não finge a dor que não sentiu mas só aquela de que teve experiência directa, logo o conceito de fingimento não se traduz na simulação de uma experiência emocional fictícia,
- o reconhecimento dessa dor é ponto de partida para a criação poética, contudo a poesia não é para Pessoa a passagem imediata da experiência á arte, não é a expressão da espontaneidade, por isso exige a criação de uma dor fingida sobre a dor experimentada.
- a dor real, dos sentidos, sofre uma metamorfose, mutação, em dor imaginária, isto é, materializam-se pela poesia, pela arte imagens capazes de fazer regressar o leitor e o seu próprio experienciador, o poeta, à emoção inicial.
- a mutação da dor em imagens é tão perfeita pelo processo de fingimento que a dor fingida se transforma numa nova dor imaginária, confundindo-se com a dor inicial.
- os leitores não têm acesso a qualquer das dores, a real ou a imaginária, ambas reais ficaram com o poeta, os leitores só têm acesso à representação de uma dor intelectualizada, que lhes não pertence.
- Se a poesia é representação mental, o coração “ esse comboio de corda “ não passa de entretenimento da razão que gira “ nas calhas” logo fixo e impossibilitado de mudarde rumo. Aqui se estabelece a dialéctica consciência/inconsciência, razão/coração.
- Tripartição do poema denunciada pela conjunção coordenativa copulativa “E, E, E “.
- Categoria morfológica do nome é preponderante
- Advérbios de significado semelhante
- Palavras da família do verbofingir (3º, 4º versos)
- Os verbos “ lêem, escreve, sentem, teve englobam os três diferentes tipos de dor: a veradeira que o poeta teve, a dor que ele escreve e aquela que os leitores lêem e não têm.
- Os verbos “gira” e “entreter” sugerem a feição, função lúdica da poesia, cabendo à razão um papel determinante na produção poética.
- Frases de tipo declarativo com verbos no presente mostram carácter doutrinário do poema.
- Versos curtos de sete sílabas, com irregularidades rimáticas e métricas que são constantes em Pessoa.
Português 12º ano
TPC
Guião de análise do poema: Autopsicografia
1. Divide o poema em momentos, sintetizando o conteúdo de cada um e indicando a unidade lexical que os delimita.
2. Caracteriza o discurso poético, referindo-te:
- à pessoa gramatical da enunciação,
- tipo de frases predominantes,
- classes de palavras mais frequentes
3. Justifica o uso repetitivo do presente do indicativo ao longo de toda a composição.
4. Faz o levantamento dos três advérbios utilizados e explica a sua expressividade.
5. O poema tenta, no fundo, explicar o mecanismo da criação poética.
5.1. Indica as entidades referidas no poema que intervém neste circuito artístico de comunicação.
5.2. Explica como se posiciona o poeta relativamente ao binómio Coração/
Razão.
5.2.1. O coração surge no poema associado a um brinquedo, “comboio de corda”. Identifica o recurso estilístico utilizado para essa associação e julga o valor simbólico desse brinquedo.
5.2.2. Esse brinquedo “ gira nas calhas de roda”. Com que ideia ficamos da dinâmica, movimentação do mesmo? E porquê de corda?
5.2.3. Procede ao levantamento dos dois verbos que remetem para a fruição estética da poesia.
5.3. Faz corresponder as formas verbais “ escreve, sentem e teve(= sentiu) e não têm) aos três tipos de dores enunciadas.
5.4. Explica por que motivo as dores imaginadas pelo poeta e pelos leitores são ambas intelectualizadas
5.5. Relaciona o título do poema com o pressuposto de Pessoa de que não há arte que seja transposição imediata da experiência das sensações.
6. Diz se no poema predominam frases simples ou complexas. Dá exemplos de frases que apresentem uma relação de coordenação e uma de subordinação, classificando a sua tipologia.
7. Retira do texto a frase que apresenta um hipérbato.
Linhas de análise:
- Sendo um fingidor, o poeta não finge a dor que não sentiu mas só aquela de que teve experiência directa, logo o conceito de fingimento não se traduz na simulação de uma experiência emocional fictícia,
- o reconhecimento dessa dor é ponto de partida para a criação poética, contudo a poesia não é para Pessoa a passagem imediata da experiência á arte, não é a expressão da espontaneidade, por isso exige a criação de uma dor fingida sobre a dor experimentada.
- a dor real, dos sentidos, sofre uma metamorfose, mutação, em dor imaginária, isto é, materializam-se pela poesia, pela arte imagens capazes de fazer regressar o leitor e o seu próprio experienciador, o poeta, à emoção inicial.
- a mutação da dor em imagens é tão perfeita pelo processo de fingimento que a dor fingida se transforma numa nova dor imaginária, confundindo-se com a dor inicial.
- os leitores não têm acesso a qualquer das dores, a real ou a imaginária, ambas reais ficaram com o poeta, os leitores só têm acesso à representação de uma dor intelectualizada, que lhes não pertence.
- Se a poesia é representação mental, o coração “ esse comboio de corda “ não passa de entretenimento da razão que gira “ nas calhas” logo fixo e impossibilitado de mudarde rumo. Aqui se estabelece a dialéctica consciência/inconsciência, razão/coração.
- Tripartição do poema denunciada pela conjunção coordenativa copulativa “E, E, E “.
- Categoria morfológica do nome é preponderante
- Advérbios de significado semelhante
- Palavras da família do verbofingir (3º, 4º versos)
- Os verbos “ lêem, escreve, sentem, teve englobam os três diferentes tipos de dor: a veradeira que o poeta teve, a dor que ele escreve e aquela que os leitores lêem e não têm.
- Os verbos “gira” e “entreter” sugerem a feição, função lúdica da poesia, cabendo à razão um papel determinante na produção poética.
- Frases de tipo declarativo com verbos no presente mostram carácter doutrinário do poema.
- Versos curtos de sete sílabas, com irregularidades rimáticas e métricas que são constantes em Pessoa.
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