domingo, 30 de março de 2008

A Coroa

Nun’ Álvares Pereira

Que auréola te cerca?
É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.
Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o rei Artur te deu.
'Sperança consumada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!


Insere-se no “ Brasão”, primeira parte de Mensagem, e é definitivamente pelo simbolismo da coroa a prova última da garantia de independência da nação.
Estão em paralelo duas linhas de conteúdo que se entrelaçam: a guerra e a santidade, pelo que uma não existe sem a outra. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável, reúne de modo exímio a faceta de homem de guerra e a de Santo, pois foi ele o eleito para concretização de uma vontade divina.
Podemos dividir este poema em duas partes: a primeira constituída pelas duas primeiras estrofes, onde se estabelece a aliança entre a guerra (espada) e a santidade (auréola), apontando para a guerra santa que todo o império espiritual, associado á espada do rei Artur, Excalibur, exige; a segunda parte, última estrofe é um apelo directo para a concretização desse império, que terá como líder simbólico Nuno Álvares, daí o uso do imperativo: “ Ergue”.
Através deste mito, o poeta dá consistência à ideia de predestinação divina do povo português na liderança desta luta pacífica quese quer universal. Ao estabelecer-se a ligação entre passado, presente e futuro, explica-se a necessidade de uma força regeneradora que veja o caminho para o Quinto Império “Para a estrada se ver!”. Essa força é o nosso herói sem rosto com o qual temos afinidades e proximidade, veja-se o deíctico “ te”, que por isso recebe a coroa como reconhecimento pela concretização da nossa História, passada, presente e futura.

( por Paciência Canda, 12º 2)

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