ESCOLA SECUNDÁRIA RAINHA DONA LEONOR
POR TUG UÊ S
T E S T E S UM A T I V O (treino)
Ano Lectivo: 2008/2009 Pof: Euclides Rosa
Padrão
1 O esforço é grande e o homem é pequeno
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
este padrão ao pé do areal moreno
e para deante naveguei.
5 A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão signala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por fazer é só com Deus.
E ao immenso e possível oceano
10 Ensinam estas quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é portuguez.
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
15 Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
Fernando Pessoa, Mensagem
A. Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1. Justifique o título do poema, tendo em conta a estrutura da obra em que se integra. (15 Pontos)
2. Explique o primeiro verso, identificando a figura de estilo que o estrutura. (15 Pontos)
2.1 - Registe expressões de valor equivalente. (5 Pontos)
3. Apresente os traços caracterizadores de Diogo Cão, esclarecendo o significado dos dois últimos versos da segunda estrofe. (15 Pontos)
4. Explicite a intencionalidade da afirmação «O mar sem fim é português» (v.12). (20 Pontos)
B. Escreva um texto expositivo-argumentativo com cerca de 100 a 120 palavras a partir da afirmação apresentada, atendendo ao estudo comparativo dinamizado entre Os Lusíadas de Luís de Camões e a Mensagem de Fernando Pessoa. (30 pontos)
«Distanciados quase quatro séculos, Camões e Pessoa sentem os problemas nacionais, cada um à sua medida e de acordo com os contextos históricos e nacionais. (…) A diferença essencial consiste no plano factual: Camões move-se na linha das realidades acontecidas (…); Pessoa, mais na asa do sonho, da imaginação e do desejo.»
J. Oliveira Macêdo, in Sob o signo do Império, Edições Asa, 2002 (Adaptado)
O grande mérito da Europa, e sobretudo dos povos ibéricos, está na exploração sistemática dos oceanos, no traçar pioneiro de rotas marítimas, unindo fracções da humanidade que até então tinham permanecido isoladas umas das outras, e que mutuamente se ignoravam. Concretamente em relação à Ásia, os Descobrimentos Portugueses traduziram-se, em primeiro lugar, por uma revolução geográfica – os navios comandados pelos nossos capitães estabeleceram uma ligação marítima directa entre a Europa e a Índia, unindo pela primeira vez, e definitivamente, mundos que viviam de costas voltadas entre si. Neste sentido, a segunda viagem dos portugueses ao Oriente é emblemática: a frota comandada por Pedro Álvares Cabral largou da Europa, - aportou à América (do Sul), fez escala em África, para finalmente atingir a Ásia – numa só viagem, os pioneiros portugueses estabeleceram a ligação entre quatro continentes, o que dá bem a medida da unificação dos “mundos do mundo” levada a cabo pelos nossos navegadores. Em segundo lugar, os Descobrimentos Portugueses traduziram-se por uma verdadeira revolução cultural: a Europa descobriu a Ásia, de um ponto de vista intelectual. Enquanto na Idade Média apenas vagas notícias sobre a Ásia, filtradas pela enorme distância, chegavam à Europa, cristalizadas em relatos como o Livro de Marco Polo ou as Viagens de John de Mandeville, com a sua chegada à Índia, os portugueses entraram em contacto com uma parcela da humanidade – de que mal suspeitavam a existência; de repente, tiveram de assimilar e incorporar no seu universo mental um vasto leque de povos e sociedades diferentes, com todo o tipo de consequências que essa operação intelectual pode desencadear – desde a alteração da concepção do mundo e da visão do outro, até à transformação de hábitos e práticas sociais. A noção de descobrimento é, pois, limitada; se há um mundo que “descobre” há outro que 2é descoberto”. Seria, então, mais rigoroso falar de encontros civilizacionais – a civilização europeia, ou antes, alguns dos seus representantes meridionais encontram-se, no término de uma longa viagem, face a uma nova civilização, com a qual têm de se relacionar em termos práticos, e que, em termos intelectuais, são obrigados a assimilar. Rui Loureiro, “O encontro de Portugal com a Ásia no século XVI”, in António Luís Ferronha (coord.), O Confronto do Olhar, Ed. Caminho
1. Para cada um dos quatro itens que se seguem, escreva, na sua folha de respostas, a letra correspondente à alternativa correcta, de acordo com o sentido do texto. (30 pontos)
1. O vocábulo «que» (linha 2) introduz :
A. uma oração subordinada substantiva completiva.
B. uma oração subordinada adjectiva relativa explicativa.
C. uma oração subordinada adjectiva relativa restritiva.
D. uma oração subordinada substantiva relativa (sem antecedente).
2. Com o recurso às expressões «em primeiro lugar» (ll.5) e «Em segundo lugar» (linha 12), o autor pretende :
A. utilizar um mecanismo de coesão espacial.
B. indicar uma noção temporal.
C. utilizar um processo de referenciação espacial.
D. usar um processo de coesão enumerativo.
3. O vocábulo «emblemática» (linha 8) desempenha, na frase, a função sintáctica :
A. de atributo.
B. de predicativo do sujeito.
C. complemento directo.
D. de predicativo do complemento directo.
4. O vocábulo «se» (linha 22) assume na frase a classe gramatical de :
A. pronome reflexo.
B. conjunção integrante.
C. pronome pessoal.
D. conjunção condicional.
5. O pronome relativo «que» (linha 26) tem como antecedente :
A. «uma longa viagem» (linha 27).
B. «a civilização europeia» (linha 26).
C. «termos práticos» (linha 28).
D. «uma nova civilização» (linha 27).
6. Para responder, escreva, na folha de respostas, o número identificativo de cada ele-mento da coluna A e a letra identificativa de um único elemento da coluna B que lhe corresponde. (20 pontos)
A B
1. Com o recurso ao vocábulo «Enquanto» (linha 14), a) o enunciador especifica a informação apresentada no segmento textual anterior.
2. Com o uso da conjunção «pois» (linha 22), b) o enunciador apresenta uma ideia alternativa face ao anteriormente dito.
3. Com a utilização do travessão (linha 21), c) o enunciador exprime uma ideia de conclusão em relação ao referido anteriormente.
4. Com o uso da expressão «ou antes» (linhas 24) d) o enunciador apresenta uma justificação relativamente à ideia anterior.
e) o enunciador procura destacar a ideia que expõe em seguida.
f) o enunciador introduz a frase seguinte como um aparte.
g) o enunciador estabelece uma conexão temporal.
GRUPO III
Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama
Desde o século XVI que descobrimos o sentido da diáspora/ viagem para a descoberta dos outros e sobretudo do que somos.
Produza um texto expositivo-argumentativo entre 250 e 300 palavras onde se posicione sobre a importância da diáspora/ viagem, recorrendo a argumentos fundamentados em dois exemplos significativos.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
teste FElizmente há Luar! ( treino)
ESCOLA SECUNDÁRIA RAINHA DONA LEONOR
POR TUG UÊ S
T E S T E S UM A T I V O (treino)
Ano Lectivo: 2008/2009 Pof: Euclides Rosa
Lê com atenção o seguinte excerto de Felizmente Há Luar!:
Padre
(Lendo um papel)
Ordem dos principais da Patriarcal de Lisboa para acções de graças pela descoberta da
conjuração Nos Primarii Presbiteri, Et Diaconi Sanctae Lisbonensis Ecclesiae Principales Sede Patriarchali Vacante. Tendo chegado ao nosso conhecimento, com indubitável certeza, que
houve insensatos tão temerários e atrevidos que ousaram formar o louco e detestável projecto de estabelecer um governo revolucionário e conhecendo que todo o bem nos vem de Deus, sejam quais forem os meios de que para isso se sirva, claro fica que a Ele devemos dirigir as nossas acções de graças. E por isso havemos por bem ordenar:
(Entram mais populares que se colocam entre Matilde de Melo e Beresford, escondendo este último)
Que no dia domingo, em todas as paróquias deste Patriarcado e igrejas dos Conventos Regulares, se cante, ou reze donde se não pode cantar, depois da hora de Noa, a missa votiva de Nossa Senhora, pró Gratiorum Actione, ajuntando-lhe, no fim, o hino Te Deum Laudamus com o
Santíssimo Sacramento exposto; dizendo-se, igualmente, neste dia, em todas as missas, a oração pro Gratiorum Actione.
MATILDE
Mas eles ainda não foram julgados! Que espécie de Deus é o vosso que condena antes de ouvir? Que gente sois, senhores, que Reino é este em que tive a triste sorte de nascer? Sr. Marechal: quanto vale, para vós, a vida dum homem?
(O padre, sempre seguido do sacristão tocando uma campainha, afasta-se e sai pela
esquerda, enquanto os populares se sentam em círculo no chão e começam a comer.
Beresford responde, já de fora do palco.)
BERESFORD
De que homem, minha senhora?
MATILDE
De qualquer homem.
BERESFORD
Depende do seu peso, da sua influência, das vantagens ou dos inconvenientes que, para mim, resultem da sua morte.
MATILDE
E nada mais?
BERESFORD
Não há mais nada a considerar, minha senhora.
Luís de Sttau Monteiro, Felizmente Há Luar!, Areal Ed.
GRUPO I
A
1. Situa o excerto na globalidade da obra a que pertence.
1.1. Refere os aspectos relativos ao poder aqui denunciados.
2. Indica de que forma o discurso do padre é revelador de ideias que adulteram a essência do
espírito cristão.
3. Explica a reacção de Matilde ao anúncio proferido pelo padre.
3.1. Comenta o tipo de pontuação presente no discurso de Matilde.
3.2. Partindo deste excerto, caracteriza Matilde.
4. Indica os traços do carácter de Beresford a partir da sua resposta a Matilde.
5. Explica a função das didascálias presentes neste excerto.
B
Na sátira que Sttau Monteiro em Felizmente há luar! faz ao regime absolutista e paralelamente ao Estado- Novo não escapa uma crítica mordaz à igreja e ao clero que adulteram os valores morais religiosos para sustentar o poder.
Num texto expositivo entre 100 e 120 palavras comente a citação acima apresentada, fundamentando-se em juízos de leitura e referências concretas á obra.
POR TUG UÊ S
T E S T E S UM A T I V O (treino)
Ano Lectivo: 2008/2009 Pof: Euclides Rosa
Lê com atenção o seguinte excerto de Felizmente Há Luar!:
Padre
(Lendo um papel)
Ordem dos principais da Patriarcal de Lisboa para acções de graças pela descoberta da
conjuração Nos Primarii Presbiteri, Et Diaconi Sanctae Lisbonensis Ecclesiae Principales Sede Patriarchali Vacante. Tendo chegado ao nosso conhecimento, com indubitável certeza, que
houve insensatos tão temerários e atrevidos que ousaram formar o louco e detestável projecto de estabelecer um governo revolucionário e conhecendo que todo o bem nos vem de Deus, sejam quais forem os meios de que para isso se sirva, claro fica que a Ele devemos dirigir as nossas acções de graças. E por isso havemos por bem ordenar:
(Entram mais populares que se colocam entre Matilde de Melo e Beresford, escondendo este último)
Que no dia domingo, em todas as paróquias deste Patriarcado e igrejas dos Conventos Regulares, se cante, ou reze donde se não pode cantar, depois da hora de Noa, a missa votiva de Nossa Senhora, pró Gratiorum Actione, ajuntando-lhe, no fim, o hino Te Deum Laudamus com o
Santíssimo Sacramento exposto; dizendo-se, igualmente, neste dia, em todas as missas, a oração pro Gratiorum Actione.
MATILDE
Mas eles ainda não foram julgados! Que espécie de Deus é o vosso que condena antes de ouvir? Que gente sois, senhores, que Reino é este em que tive a triste sorte de nascer? Sr. Marechal: quanto vale, para vós, a vida dum homem?
(O padre, sempre seguido do sacristão tocando uma campainha, afasta-se e sai pela
esquerda, enquanto os populares se sentam em círculo no chão e começam a comer.
Beresford responde, já de fora do palco.)
BERESFORD
De que homem, minha senhora?
MATILDE
De qualquer homem.
BERESFORD
Depende do seu peso, da sua influência, das vantagens ou dos inconvenientes que, para mim, resultem da sua morte.
MATILDE
E nada mais?
BERESFORD
Não há mais nada a considerar, minha senhora.
Luís de Sttau Monteiro, Felizmente Há Luar!, Areal Ed.
GRUPO I
A
1. Situa o excerto na globalidade da obra a que pertence.
1.1. Refere os aspectos relativos ao poder aqui denunciados.
2. Indica de que forma o discurso do padre é revelador de ideias que adulteram a essência do
espírito cristão.
3. Explica a reacção de Matilde ao anúncio proferido pelo padre.
3.1. Comenta o tipo de pontuação presente no discurso de Matilde.
3.2. Partindo deste excerto, caracteriza Matilde.
4. Indica os traços do carácter de Beresford a partir da sua resposta a Matilde.
5. Explica a função das didascálias presentes neste excerto.
B
Na sátira que Sttau Monteiro em Felizmente há luar! faz ao regime absolutista e paralelamente ao Estado- Novo não escapa uma crítica mordaz à igreja e ao clero que adulteram os valores morais religiosos para sustentar o poder.
Num texto expositivo entre 100 e 120 palavras comente a citação acima apresentada, fundamentando-se em juízos de leitura e referências concretas á obra.
«Memorial do Convento», José Saramago
Cap Plano narrativo: Construção do CONVENTO
Quadros da época Plano narrativo:BALTASAr e BLIMUNDA
Plano narrativo:Construção e voo da PASSAROLA
1 Promessa do rei.
O casamento real.
2 Antigas pretensões de um convento franciscano.
Milagres de franciscanos.
3 Entrudo, Quaresma, a procissão da penitência.
Sonho da rainha.
4 Apresentação de Baltasar, percurso e chegada a Lisboa.
5 Rainha grávida de 5 meses.
Auto-de-fé. Encontro e “casamento”.
6 Importação de cereais.
Episódio da frota do bacalhau. Perguntas de Baltasar sobre o mistério de Blimunda. Bartolomeu apresentado como «o Voador».
Conta a sua história.
Início da colaboração de Baltasar; ida a S. Sebastião da Pedreira.
7 Nascimento da infanta, baptizado e festejos. Assaltos franceses aos navios nacionais.
Chegada da nau de Macau.
Conflitos no Brasil.
Assistem aos festejos.
8 Blimunda revela nova gravidez da rainha.
Nascimento do infante.
Escolha do local para edificação do convento. Crueldade do infante D. Francisco.
Saque francês no Rio de Janeiro.
Episódio da frota inglesa.
História do frade ladrão.
Elevação do inquisidor a cardeal.
Blimunda revela a Baltasar o seu segredo; demonstra poder visionário.
Assistem aos festejos.
9 Ensaio do sermão (ref.ª a Vieira).
Referências às pregações em Salvaterra de Magos e na festa dos desponsórios de S. José.
D. João V e as freiras.
Insubordinação das freiras de Sta Mónica.
2º auto-de-fé.
Paz com França.
Tourada.
Mudança para S. Sebastião da Pedreira: a nova casa; o quotidiano a dois; o baptismo de Blimunda, a Sete-Luas; partida para Mafra; apresentação de Blimunda ao Sete-Sóis.Trabalho braçal de Baltasar; ajuda de Blimunda.
Visões de Blimunda, do interior da passarola.
Explicações sobre o éter.
Anúncio da partida de Bartolomeu para a Holanda.
Partida de Bartolomeu.
10 Venda de terras para a construção do convento (pai de Baltasar).
Informação sobre as alterações ao projecto inicial. Funeral do infante.
Gravidez da rainha, do futuro rei D. José.
Visitas da rainha às igrejas; tristeza e orações.
Doença do rei.
Manobras do infante D. Francisco.
Fim dos sonhos de D. Maria Ana. Sonho de Baltasar: a sementeira de penas.
Reflexão do narrador, comparação com o casamento real.
11 Escavações dos caboucos; multidão de trabalhadores vista por Bartolomeu.
Barracas, vistas pelos 3. Regresso de Bartolomeu, 3 anos depois: ensinamentos trazidos da Holanda.
Anúncio da partida para Coimbra, com passagem por Mafra.
Bartolomeu visita a casa dos Sete-Sóis.
Sonho comum.
Explicação do significado de éter: as vontades.
Blimunda vê Bartolomeu por dentro.
A trindade firmada.
12 Contratação de Álvaro Diogo.
Lançamento da 1ª pedra: marcação; construção e reconstrução da igreja de madeira,; a bênção da cruz; a procissão; a participação do rei. Nova revelação de Blimunda: visão de uma nuvem fechada na hóstia.
Viagem para Lisboa: o amor comparado à celebração de uma missa. Carta de Bartolomeu.
Na cerimónia, Blimunda recolhe vontades.
Chegada a S. Sebastião da Pedreira.
13 Procissão do Corpo de Deus; participação do rei (monólogo interior) Os dois assistem, abraçados. Recomeço dos trabalhos.
Chegada de Bartolomeu, agora “de Gusmão”, nova partida para Coimbra e outras visitas periódicas.
Complementaridade do trabalho.
14 Lição de cravo
Regresso definitivo de Bartolomeu, doutorado em cânones.
Conversa entre Bartolomeu e Scarlatti: o músico visita a abegoaria, pela 1ª vez.
15 Epidemia em Lisboa.
Milagre da madre Teresa. Baltasar acompanha Blimunda na recolha das vontades.
Doença de Blimunda, sofrimento de Baltasar. Scarlatti toca cravo na abegoaria.
Blimunda recolhe vontades.
Música de Scarlatti ajuda a curar Blimunda.
O casal procura Bartolomeu para lhe comunicar a cura de Blimunda e a finalização da passarola.
16 Do ar, os voadores avistam as obras.
Procissão, pelo surgimento do Espírito Santo. O funcionamento da Justiça.
Naufrágio, morte do infante D. Miguel e sobrevivência de D. Francisco.
Fim da demanda com o duque de Aveiro. Padre confessa conversão ao judaísmo e a dia o voo.
Fuga, 1º voo da passarola.
Manifestações de loucura de Bartolomeu, tentativa de incêndio da passarola.
Desaparecimento de Bartolomeu.
17 Baltasar começa a trabalhar no convento (iniciado há 7 anos).
A Ilha da Madeira.
O trabalho das várias profissões. Notícia de terramoto e tempestade em Lisboa. Blimunda acompanha Baltasar. Baltasar vai ao Monte Junto.
Visita de Scarlatti.
Notícia da morte de Bartolomeu.
18 As importações realizadas.
Missa na capela de madeira.
Histórias individuais de trabalhadores, entre os quais Baltasar.
Obra vista do ar.
Transporte da pedra de Pêro Pinheiro. D. João V medita sobre as suas riquezas. Um domingo em família.
O efeito apaziguador de Blimunda sobre Baltasar.
19 Sonho de Baltasar.
Recordações de Baltasar.
20 O quotidiano dos trabalhadores, a promiscuidade, a doença.
Visita dos padres dos hospícios.Viagem idílica até ao Monte Junto.
Noite de amor na passarola.
Harmonia entre Baltasar, Blimunda e a Natureza.
Morte do pai de Baltasar.
Idas regulares de Baltasar ao Monte Junto.
Trabalho do casal na conservação da máquina.
21 Conversa do rei com o arquitecto Ludovice.
Decisão de aumentar as dimensões do convento.
Falso recado de Baltasar.
Falsa carta de Baltasar ao rei.
Marcação da data de sagração do convento.
Recolha de homens por todo o reino, o cortejo dos degredados.
D. João V lega aos filhos a basílica de brincar.
22 D. Maria Bárbara vê um grupo de homens acorrentados e recorda que nunca viu o convento. Anúncio do casamento dos infantes.
Viagem até à fronteira.
Troca das princesas.
Scarlatti toca cravo.
23 Cortejo das estátuas.
Baltasar conduz uma das juntas de bois.
Encontro do cortejo dos noviços com o das estátuas.
Preparativos para a sagração.
Anúncio da morte de Álvaro Diogo, na construção do convento.
Balanço de 13 anos da obra.
Cortejo dos 30 noviços. Referência a junção dos nomes Baltasar/Blimunda.
Juventude de Baltasar, aos olhos de Blimunda.
Os dois vêem as estátuas ao luar.
Amam-se pela última vez. Referência a junção dos nomes Baltasar/Blimunda/Bartolomeu.
Baltasar voa na passarola.
24 Chegada do rei para a sagração.
Blimunda cruza-se com as gentes que vão assistir à sagração.
Chegada do patriarca de Lisboa e de outros ilustres.
A sagração (22.10.1730)
Noite de espera de Blimunda.
Ida ao Monte Junto, morte do frade.
Regresso a Mafra.
25 Procura de Blimunda.
Reencontro.
Personagens
D. João V, o rei Primeira imagem: construindo uma basílica de S. Pedro em miniatura; a sua ida ao quarto da rainha; vítima de logro (acredita num milagre anunciado); os seus problemas de saúde pretexto para o narrador o reduzir à simples condição de mortal, em contraste com as suas megalomanias: o desejo de construir em Portugal uma basílica igual à de S. Pedro (Vaticano); decisão de aumentar o convento, ignorando os custos que o diálogo com o guarda-livros lhe vem lembrar; marcação da data da sagração, apressada pelo temor de que a morte o levasse, impedindo-o da glória de estar presente na inauguração da sua obra.
O seu fervor religioso incompatível com as ligações ilícitas com freiras ( malicioso monólogo interior na procissão do Corpo de Deus) e com a meditação sobre a sua riqueza (associa a salvação da alma ao conforto da terra e do corpo).
D. Maria Ana, a rainha Uma mulher vítima e cúmplice de uma época que a reduz à função de fornecedora de herdeiros, satisfazendo na oração e nos sonhos o vazio da sua vida, verbalizado, na conversa imaginária com o seu cunhado, quando afirma que os homens são todos maus, e na lição de submissão dada à sua filha, recomendando-lhe que nunca questione a obediência a el-rei e aos dogmas religiosos e sociais. personagem alvo da sátira do narrador.
Infante D. Francisco (irmão do rei)
Infanta D. Maria Bárbara (filha do rei) A loucura impune de D. Francisco (exercita nos marinheiros a pontaria com a espingarda) é ilustrativa da crueldade de um tempo que tudo admite aos poderosos. A intriga e disputa pela coroa (sonhando a morte do irmão).
A infanta, causadora inocente de tantos males, é uma figura tratada com maior benevolência: aos nove anos toca (mal) cravo para a corte; “boa rapariga”, de “cara bexigosa e de lua-cheia”, é levada para casar com um desconhecido, durante um percurso penoso, vê homens acorrentados, facto que a deixa pensativa.
A alta nobreza e o alto clero Em tempos de poder absoluto, a nobreza exibe o servilismo de quem se encontra na órbita do rei.
O luxo desmedido (clero e nobreza) sobressai em todas as suas intervenções.
O herói colectivo Povo o herói anónimo e colectivo que o narrador quer imortalizar.
Homens a escavar os alicerces do convento, a transportar as pedras, a erguer as paredes.
Alguns emergem, ganhando rostos e nomes: os familiares de Baltasar o cunhado, vítima daquela construção; Francisco Marques morre esmagado no transporte da pedra de Pêro Pinheiro.
O povo: as suas chagas, físicas e morais, os crimes e as brigas. O povo sofredor, vítima de um tempo de feroz repressão; o povo ignorante e fanático que assiste, deliciado, ao espectáculo dos autos-de-fé.
Baltasar Sete-Sóis Figura central do romance: participante articulador dos 3 planos narrativos. Sua morte = fim da narrativa.
Metáfora da mudança, da evolução do ser humano, no sentido da sua plena realização.
Número 7 (renovação e totalidade) presente na sua existência (28 anos 7x4 decorrem desde a sua chegada até que Blimunda o reencontre, na sua 7ª passagem por Lisboa (no mesmo lugar em que se conheceram).
Simbologia do Sol, cujo ciclo representa a alternância vida-morte-ressurreição.
Chega a Lisboa mutilado, pedinte, mandado embora de um exército que já não podia servir. Arriscou-se a viver um amor pleno, à margem das normas sociais e religiosas, transgressor. A aproximação a Bartolomeu fá-lo acreditar, sonhar, fazer. Com o voo da passarola atinge a consciência libertadora do valor do ser humano e do seu querer. Como operário na construção do convento, atinge uma consciência de dimensão mais social.
A sua morte encerra um ciclo, mas a sua vontade é recolhida por Blimunda e, assim, um novo ciclo se anuncia.
Blimunda Sete-Luas Ser de excepção, mágico e sibilino, o seu estranho nome surge, pela primeira vez, dito pela mãe, uma condenada pela Inquisição, o que a coloca logo numa situação marginal.
É por inspiração materna que se liga a Baltasar, seduzido desde o primeiro momento, tendo um papel decisivo na definição da relação entre os dois, não submetida a outras normas que não as do amor, numa espécie de retorno a um tempo mítico, no qual estava ausente a noção de pecado.
Sete-Luas (apelido atribuído pelo padre Bartolomeu, num ritual misto de baptismo e casamento): associado à simbologia do 7 e da Lua, complementar do Sol, com o qual partilha o valor da renovação. Lua, símbolo do mundo do sonho e do inconsciente, do feminino.
Mulher: mágica (capaz de ver “o interior”, de recolher vontades indispensáveis à realização do voo); sábia (capaz de questionar, aconselhar, compreender, de surpreender os outros); mulher do povo (executa as tarefas sempre atribuídas à mulher).
Dos membros da trindade terrena (Baltasar-Blimunda-Bartolomeu) é a única sobrevivente, guardando dentro de si a vontade que recolhe de Baltasar.
Bartolomeu Lourenço (de Gusmão)«o Voador» Figura conhecida do século XVIII português (nascido no Brasil): homem de vasta cultura, padre e doutor em leis, orador exímio, protegido pelo rei, cientista e visionário, atormentado por dúvidas religiosas e perseguido pela Inquisição, por suspeitas de judaísmo e bruxaria. Representante do Iluminismo nascente.
Personagem lendária, representativa do sonho libertário do ser humano, de se transcender, de ultrapassar os limites. Junta o seu saber ao trabalho manual de Baltasar e à magia de Blimunda (coadjuvados pela arte musical de Scarlatti), com eles irmanado pelo querer e pelo afecto, concretizou o desejo de voar.
Sob ameaça latente desde o seu aparecimento, dado o envolvimento suspeito com a filha de uma condenada do santo Ofício, é a fuga à Inquisição que determina a realização do voo da passarola. Mas a ousadia foi punida: morreu louco em Toledo.
Domenico Scarlatti Músico italiano, estivera ao serviço do embaixador de Portugal em Roma, veio de Londres para exercer funções de mestre de capela e professor da Casa Real.
A música, a mais aérea das artes, vem integrar a realização da passarola, acrescentando-lhe a componente estética. A música do seu cravo mistura-se com os sons do malho e da forja; ajuda na recuperação de Blimunda.
Assiste à descolagem da passarola e depois destrói o seu cravo.
É ele que anuncia a morte de Bartolomeu.
Ouvimos a sua música, pela última vez, na cerimónia da troca das princesas.
Espaço Social
Quadros Personagens / classes sociais envolvidas Temas e / ou aspectos visados
Entrudo; Quaresma;
procissão da penitência Todas as classes: clero, nobreza, povo A religião como pretexto para a prática de excessos
Sensualidade / misticismo
Histórias de milagres e de crimes Clero e povo
O frade ladrão Superstição e crendice, superficialidade
Libertinagem
Autos-de-fé Todas as classes Repressão religiosa e política
Fanatismo
Baptizados e funerais régios Rei e rainha / nobreza e clero (povo assistindo) Luxo e ostentação, vida e morte como espectáculo
Elevação a cardeal do inquisidor D. Nuno da Cunha Clero e nobreza (povo assistindo) Luxo e ostentação
Vida conventual Frades e freiras
Nobreza
Desrespeito pelas normas religiosas, libertinagem
Tourada Todas as classes
O sangue e a morte com espectáculo
Procissão do Corpo de Deus Todas as classes / D. João V Luxo e ostentação, sobreposição do profano ao sagrado
Libertinagem do rei
Cortejo de casamento Casal real, infantes / nobreza, clero, (povo assistindo) Casamento na realeza, a vida das mulheres
Luxo e ostentação desmedidos
Contrate com a miséria do povo
O estado deplorável dos caminhos
Espaço simbólico
Espaços Simbologia
Casa de Lisboa A lareira, fogo, calor e alimento, a luz da candeia, a esteira no chão, o despojamento, um espaço mantido vivo quando habitado, sacralizado por nele ter tido lugar o ritual do casamento.
S. Sebastião da Pedreira Paredes de pano, a arca com os parcos haveres, a esteira, um espaço reduzido ao essencial, que garantia a intimidade dos dois, também o recolhimento de Blimunda, «que às vezes até a mais aventureira apetece».
Palheiro O amor vivido em plenitude, envolvendo «almas, corpos e vontades», espaço primitivo e natural, de harmonia e fusão de todos os elementos, expressa através da sensação do cheiro; a ancestralidade realçada pela referência do narrador ao gesto de Blimunda, que «dobrou a manta, era apenas uma mulher repetindo um gesto antigo»; espaço sacralizado, quando o narrador compara o amor à celebração de uma missa, afirmando que, se comparação houvesse, «a missa perderia».
A Passarola O ovo simbólico da génese do mundo, da totalidade e perfeição, de renovação da natureza, casa-ovo construída por ambos, na qual realizaram o voo sonhado.
A Natureza Espaço idílico, de integração, fusão de todos os seres e elementos, «sente na pele o suspiro do ar como outra pele…».
A barraca da burra Onde a cama era «a antiga e larga manjedoura… confortável como um leito real», que não pode deixar de associar-se ao berço da tradição cristã e, noutra dimensão, de ser posta em contraste com o luxuoso leito real de D. Maria Ana, lugar de desamor, minado por percevejos; este espaço, isolado e protector da intimidade, é o da última noite de amor.
O olhar «Olharem-se era a casa de ambos», a casa entendida em toda a sua dimensão simbólica, de protecção do ser, da interioridade, da preservação do amor e da vida.
Cap Plano narrativo: Construção do CONVENTO
Quadros da época Plano narrativo:BALTASAr e BLIMUNDA
Plano narrativo:Construção e voo da PASSAROLA
1 Promessa do rei.
O casamento real.
2 Antigas pretensões de um convento franciscano.
Milagres de franciscanos.
3 Entrudo, Quaresma, a procissão da penitência.
Sonho da rainha.
4 Apresentação de Baltasar, percurso e chegada a Lisboa.
5 Rainha grávida de 5 meses.
Auto-de-fé. Encontro e “casamento”.
6 Importação de cereais.
Episódio da frota do bacalhau. Perguntas de Baltasar sobre o mistério de Blimunda. Bartolomeu apresentado como «o Voador».
Conta a sua história.
Início da colaboração de Baltasar; ida a S. Sebastião da Pedreira.
7 Nascimento da infanta, baptizado e festejos. Assaltos franceses aos navios nacionais.
Chegada da nau de Macau.
Conflitos no Brasil.
Assistem aos festejos.
8 Blimunda revela nova gravidez da rainha.
Nascimento do infante.
Escolha do local para edificação do convento. Crueldade do infante D. Francisco.
Saque francês no Rio de Janeiro.
Episódio da frota inglesa.
História do frade ladrão.
Elevação do inquisidor a cardeal.
Blimunda revela a Baltasar o seu segredo; demonstra poder visionário.
Assistem aos festejos.
9 Ensaio do sermão (ref.ª a Vieira).
Referências às pregações em Salvaterra de Magos e na festa dos desponsórios de S. José.
D. João V e as freiras.
Insubordinação das freiras de Sta Mónica.
2º auto-de-fé.
Paz com França.
Tourada.
Mudança para S. Sebastião da Pedreira: a nova casa; o quotidiano a dois; o baptismo de Blimunda, a Sete-Luas; partida para Mafra; apresentação de Blimunda ao Sete-Sóis.Trabalho braçal de Baltasar; ajuda de Blimunda.
Visões de Blimunda, do interior da passarola.
Explicações sobre o éter.
Anúncio da partida de Bartolomeu para a Holanda.
Partida de Bartolomeu.
10 Venda de terras para a construção do convento (pai de Baltasar).
Informação sobre as alterações ao projecto inicial. Funeral do infante.
Gravidez da rainha, do futuro rei D. José.
Visitas da rainha às igrejas; tristeza e orações.
Doença do rei.
Manobras do infante D. Francisco.
Fim dos sonhos de D. Maria Ana. Sonho de Baltasar: a sementeira de penas.
Reflexão do narrador, comparação com o casamento real.
11 Escavações dos caboucos; multidão de trabalhadores vista por Bartolomeu.
Barracas, vistas pelos 3. Regresso de Bartolomeu, 3 anos depois: ensinamentos trazidos da Holanda.
Anúncio da partida para Coimbra, com passagem por Mafra.
Bartolomeu visita a casa dos Sete-Sóis.
Sonho comum.
Explicação do significado de éter: as vontades.
Blimunda vê Bartolomeu por dentro.
A trindade firmada.
12 Contratação de Álvaro Diogo.
Lançamento da 1ª pedra: marcação; construção e reconstrução da igreja de madeira,; a bênção da cruz; a procissão; a participação do rei. Nova revelação de Blimunda: visão de uma nuvem fechada na hóstia.
Viagem para Lisboa: o amor comparado à celebração de uma missa. Carta de Bartolomeu.
Na cerimónia, Blimunda recolhe vontades.
Chegada a S. Sebastião da Pedreira.
13 Procissão do Corpo de Deus; participação do rei (monólogo interior) Os dois assistem, abraçados. Recomeço dos trabalhos.
Chegada de Bartolomeu, agora “de Gusmão”, nova partida para Coimbra e outras visitas periódicas.
Complementaridade do trabalho.
14 Lição de cravo
Regresso definitivo de Bartolomeu, doutorado em cânones.
Conversa entre Bartolomeu e Scarlatti: o músico visita a abegoaria, pela 1ª vez.
15 Epidemia em Lisboa.
Milagre da madre Teresa. Baltasar acompanha Blimunda na recolha das vontades.
Doença de Blimunda, sofrimento de Baltasar. Scarlatti toca cravo na abegoaria.
Blimunda recolhe vontades.
Música de Scarlatti ajuda a curar Blimunda.
O casal procura Bartolomeu para lhe comunicar a cura de Blimunda e a finalização da passarola.
16 Do ar, os voadores avistam as obras.
Procissão, pelo surgimento do Espírito Santo. O funcionamento da Justiça.
Naufrágio, morte do infante D. Miguel e sobrevivência de D. Francisco.
Fim da demanda com o duque de Aveiro. Padre confessa conversão ao judaísmo e a dia o voo.
Fuga, 1º voo da passarola.
Manifestações de loucura de Bartolomeu, tentativa de incêndio da passarola.
Desaparecimento de Bartolomeu.
17 Baltasar começa a trabalhar no convento (iniciado há 7 anos).
A Ilha da Madeira.
O trabalho das várias profissões. Notícia de terramoto e tempestade em Lisboa. Blimunda acompanha Baltasar. Baltasar vai ao Monte Junto.
Visita de Scarlatti.
Notícia da morte de Bartolomeu.
18 As importações realizadas.
Missa na capela de madeira.
Histórias individuais de trabalhadores, entre os quais Baltasar.
Obra vista do ar.
Transporte da pedra de Pêro Pinheiro. D. João V medita sobre as suas riquezas. Um domingo em família.
O efeito apaziguador de Blimunda sobre Baltasar.
19 Sonho de Baltasar.
Recordações de Baltasar.
20 O quotidiano dos trabalhadores, a promiscuidade, a doença.
Visita dos padres dos hospícios.Viagem idílica até ao Monte Junto.
Noite de amor na passarola.
Harmonia entre Baltasar, Blimunda e a Natureza.
Morte do pai de Baltasar.
Idas regulares de Baltasar ao Monte Junto.
Trabalho do casal na conservação da máquina.
21 Conversa do rei com o arquitecto Ludovice.
Decisão de aumentar as dimensões do convento.
Falso recado de Baltasar.
Falsa carta de Baltasar ao rei.
Marcação da data de sagração do convento.
Recolha de homens por todo o reino, o cortejo dos degredados.
D. João V lega aos filhos a basílica de brincar.
22 D. Maria Bárbara vê um grupo de homens acorrentados e recorda que nunca viu o convento. Anúncio do casamento dos infantes.
Viagem até à fronteira.
Troca das princesas.
Scarlatti toca cravo.
23 Cortejo das estátuas.
Baltasar conduz uma das juntas de bois.
Encontro do cortejo dos noviços com o das estátuas.
Preparativos para a sagração.
Anúncio da morte de Álvaro Diogo, na construção do convento.
Balanço de 13 anos da obra.
Cortejo dos 30 noviços. Referência a junção dos nomes Baltasar/Blimunda.
Juventude de Baltasar, aos olhos de Blimunda.
Os dois vêem as estátuas ao luar.
Amam-se pela última vez. Referência a junção dos nomes Baltasar/Blimunda/Bartolomeu.
Baltasar voa na passarola.
24 Chegada do rei para a sagração.
Blimunda cruza-se com as gentes que vão assistir à sagração.
Chegada do patriarca de Lisboa e de outros ilustres.
A sagração (22.10.1730)
Noite de espera de Blimunda.
Ida ao Monte Junto, morte do frade.
Regresso a Mafra.
25 Procura de Blimunda.
Reencontro.
Personagens
D. João V, o rei Primeira imagem: construindo uma basílica de S. Pedro em miniatura; a sua ida ao quarto da rainha; vítima de logro (acredita num milagre anunciado); os seus problemas de saúde pretexto para o narrador o reduzir à simples condição de mortal, em contraste com as suas megalomanias: o desejo de construir em Portugal uma basílica igual à de S. Pedro (Vaticano); decisão de aumentar o convento, ignorando os custos que o diálogo com o guarda-livros lhe vem lembrar; marcação da data da sagração, apressada pelo temor de que a morte o levasse, impedindo-o da glória de estar presente na inauguração da sua obra.
O seu fervor religioso incompatível com as ligações ilícitas com freiras ( malicioso monólogo interior na procissão do Corpo de Deus) e com a meditação sobre a sua riqueza (associa a salvação da alma ao conforto da terra e do corpo).
D. Maria Ana, a rainha Uma mulher vítima e cúmplice de uma época que a reduz à função de fornecedora de herdeiros, satisfazendo na oração e nos sonhos o vazio da sua vida, verbalizado, na conversa imaginária com o seu cunhado, quando afirma que os homens são todos maus, e na lição de submissão dada à sua filha, recomendando-lhe que nunca questione a obediência a el-rei e aos dogmas religiosos e sociais. personagem alvo da sátira do narrador.
Infante D. Francisco (irmão do rei)
Infanta D. Maria Bárbara (filha do rei) A loucura impune de D. Francisco (exercita nos marinheiros a pontaria com a espingarda) é ilustrativa da crueldade de um tempo que tudo admite aos poderosos. A intriga e disputa pela coroa (sonhando a morte do irmão).
A infanta, causadora inocente de tantos males, é uma figura tratada com maior benevolência: aos nove anos toca (mal) cravo para a corte; “boa rapariga”, de “cara bexigosa e de lua-cheia”, é levada para casar com um desconhecido, durante um percurso penoso, vê homens acorrentados, facto que a deixa pensativa.
A alta nobreza e o alto clero Em tempos de poder absoluto, a nobreza exibe o servilismo de quem se encontra na órbita do rei.
O luxo desmedido (clero e nobreza) sobressai em todas as suas intervenções.
O herói colectivo Povo o herói anónimo e colectivo que o narrador quer imortalizar.
Homens a escavar os alicerces do convento, a transportar as pedras, a erguer as paredes.
Alguns emergem, ganhando rostos e nomes: os familiares de Baltasar o cunhado, vítima daquela construção; Francisco Marques morre esmagado no transporte da pedra de Pêro Pinheiro.
O povo: as suas chagas, físicas e morais, os crimes e as brigas. O povo sofredor, vítima de um tempo de feroz repressão; o povo ignorante e fanático que assiste, deliciado, ao espectáculo dos autos-de-fé.
Baltasar Sete-Sóis Figura central do romance: participante articulador dos 3 planos narrativos. Sua morte = fim da narrativa.
Metáfora da mudança, da evolução do ser humano, no sentido da sua plena realização.
Número 7 (renovação e totalidade) presente na sua existência (28 anos 7x4 decorrem desde a sua chegada até que Blimunda o reencontre, na sua 7ª passagem por Lisboa (no mesmo lugar em que se conheceram).
Simbologia do Sol, cujo ciclo representa a alternância vida-morte-ressurreição.
Chega a Lisboa mutilado, pedinte, mandado embora de um exército que já não podia servir. Arriscou-se a viver um amor pleno, à margem das normas sociais e religiosas, transgressor. A aproximação a Bartolomeu fá-lo acreditar, sonhar, fazer. Com o voo da passarola atinge a consciência libertadora do valor do ser humano e do seu querer. Como operário na construção do convento, atinge uma consciência de dimensão mais social.
A sua morte encerra um ciclo, mas a sua vontade é recolhida por Blimunda e, assim, um novo ciclo se anuncia.
Blimunda Sete-Luas Ser de excepção, mágico e sibilino, o seu estranho nome surge, pela primeira vez, dito pela mãe, uma condenada pela Inquisição, o que a coloca logo numa situação marginal.
É por inspiração materna que se liga a Baltasar, seduzido desde o primeiro momento, tendo um papel decisivo na definição da relação entre os dois, não submetida a outras normas que não as do amor, numa espécie de retorno a um tempo mítico, no qual estava ausente a noção de pecado.
Sete-Luas (apelido atribuído pelo padre Bartolomeu, num ritual misto de baptismo e casamento): associado à simbologia do 7 e da Lua, complementar do Sol, com o qual partilha o valor da renovação. Lua, símbolo do mundo do sonho e do inconsciente, do feminino.
Mulher: mágica (capaz de ver “o interior”, de recolher vontades indispensáveis à realização do voo); sábia (capaz de questionar, aconselhar, compreender, de surpreender os outros); mulher do povo (executa as tarefas sempre atribuídas à mulher).
Dos membros da trindade terrena (Baltasar-Blimunda-Bartolomeu) é a única sobrevivente, guardando dentro de si a vontade que recolhe de Baltasar.
Bartolomeu Lourenço (de Gusmão)«o Voador» Figura conhecida do século XVIII português (nascido no Brasil): homem de vasta cultura, padre e doutor em leis, orador exímio, protegido pelo rei, cientista e visionário, atormentado por dúvidas religiosas e perseguido pela Inquisição, por suspeitas de judaísmo e bruxaria. Representante do Iluminismo nascente.
Personagem lendária, representativa do sonho libertário do ser humano, de se transcender, de ultrapassar os limites. Junta o seu saber ao trabalho manual de Baltasar e à magia de Blimunda (coadjuvados pela arte musical de Scarlatti), com eles irmanado pelo querer e pelo afecto, concretizou o desejo de voar.
Sob ameaça latente desde o seu aparecimento, dado o envolvimento suspeito com a filha de uma condenada do santo Ofício, é a fuga à Inquisição que determina a realização do voo da passarola. Mas a ousadia foi punida: morreu louco em Toledo.
Domenico Scarlatti Músico italiano, estivera ao serviço do embaixador de Portugal em Roma, veio de Londres para exercer funções de mestre de capela e professor da Casa Real.
A música, a mais aérea das artes, vem integrar a realização da passarola, acrescentando-lhe a componente estética. A música do seu cravo mistura-se com os sons do malho e da forja; ajuda na recuperação de Blimunda.
Assiste à descolagem da passarola e depois destrói o seu cravo.
É ele que anuncia a morte de Bartolomeu.
Ouvimos a sua música, pela última vez, na cerimónia da troca das princesas.
Espaço Social
Quadros Personagens / classes sociais envolvidas Temas e / ou aspectos visados
Entrudo; Quaresma;
procissão da penitência Todas as classes: clero, nobreza, povo A religião como pretexto para a prática de excessos
Sensualidade / misticismo
Histórias de milagres e de crimes Clero e povo
O frade ladrão Superstição e crendice, superficialidade
Libertinagem
Autos-de-fé Todas as classes Repressão religiosa e política
Fanatismo
Baptizados e funerais régios Rei e rainha / nobreza e clero (povo assistindo) Luxo e ostentação, vida e morte como espectáculo
Elevação a cardeal do inquisidor D. Nuno da Cunha Clero e nobreza (povo assistindo) Luxo e ostentação
Vida conventual Frades e freiras
Nobreza
Desrespeito pelas normas religiosas, libertinagem
Tourada Todas as classes
O sangue e a morte com espectáculo
Procissão do Corpo de Deus Todas as classes / D. João V Luxo e ostentação, sobreposição do profano ao sagrado
Libertinagem do rei
Cortejo de casamento Casal real, infantes / nobreza, clero, (povo assistindo) Casamento na realeza, a vida das mulheres
Luxo e ostentação desmedidos
Contrate com a miséria do povo
O estado deplorável dos caminhos
Espaço simbólico
Espaços Simbologia
Casa de Lisboa A lareira, fogo, calor e alimento, a luz da candeia, a esteira no chão, o despojamento, um espaço mantido vivo quando habitado, sacralizado por nele ter tido lugar o ritual do casamento.
S. Sebastião da Pedreira Paredes de pano, a arca com os parcos haveres, a esteira, um espaço reduzido ao essencial, que garantia a intimidade dos dois, também o recolhimento de Blimunda, «que às vezes até a mais aventureira apetece».
Palheiro O amor vivido em plenitude, envolvendo «almas, corpos e vontades», espaço primitivo e natural, de harmonia e fusão de todos os elementos, expressa através da sensação do cheiro; a ancestralidade realçada pela referência do narrador ao gesto de Blimunda, que «dobrou a manta, era apenas uma mulher repetindo um gesto antigo»; espaço sacralizado, quando o narrador compara o amor à celebração de uma missa, afirmando que, se comparação houvesse, «a missa perderia».
A Passarola O ovo simbólico da génese do mundo, da totalidade e perfeição, de renovação da natureza, casa-ovo construída por ambos, na qual realizaram o voo sonhado.
A Natureza Espaço idílico, de integração, fusão de todos os seres e elementos, «sente na pele o suspiro do ar como outra pele…».
A barraca da burra Onde a cama era «a antiga e larga manjedoura… confortável como um leito real», que não pode deixar de associar-se ao berço da tradição cristã e, noutra dimensão, de ser posta em contraste com o luxuoso leito real de D. Maria Ana, lugar de desamor, minado por percevejos; este espaço, isolado e protector da intimidade, é o da última noite de amor.
O olhar «Olharem-se era a casa de ambos», a casa entendida em toda a sua dimensão simbólica, de protecção do ser, da interioridade, da preservação do amor e da vida.
domingo, 19 de abril de 2009
PROPOSTAS DE ITENS DE TEXTO EXPOSITIVO-ARGUMENTATIVO- Felizmente, Há Luar!
PROPOSTAS DE ITENS DE TEXTO EXPOSITIVO-ARGUMENTATIVO
( Item B de Prova de Exame- 100 a 120 palavras) Prof: Euclides Rosa
I.
“ A figura de Gomes Freire de Andrade, a quem “ o inseparável amigo”, Sousa Falcão se refere como um dos ” homens que obrigam todos os outros a reverem-se por dentro...”, assume-se como reserva moral e, simultaneamente, mito referencial de uma revolução que está longe de ter a dimensão insurreccional que o poder estabelecido lhe atribui”
Barata, José Oliveira, Para Compreender Felizmente Há Luar, Asa
Comente a citação transcrita, num texto expositivo-argumentativo entre 100 e 120 palavras com juízos de leitura e referências à obra, centrando-se na caracterização e modo de apresentação do herói épico, Gomes Freire de Andrade.
II.
“ A nobreza moral de Matilde aproxiama-a da trajectória de uma heroína trágica. Debatendo-se entre os mais puros e humanos sentimentos, comuns a qualquer mortal, e a sublimação heróica, que progressivamente a conduz de simples amante de Gomes Freire a corifeu de uma revolta, Matilde surge-nos como a figura mais dramaticamente elaborada de toda a peça.”
Barata, José Oliveira, Para Compreender Felizmente Há Luar, Asa
Comente a citação transcrita, num texto expositivo-argumentativo entre 100 e 120 palavras com juízos de leitura e referências à obra, referindo-se á importância de Matilde de Sousa Melo na apoteose trágica de Sttau Monteiro.
III.
“ Felizmente, há luar!: a duplicidade de intenções desta elocução e o contexto situacional em que é proferida servem, assim, mais uma vez, a estrutura dual que se procura apresentar: a frase dita pelo Poder e dita pelo anti-poder”.
Barata, José Oliveira, Para Compreender Felizmente Há Luar, Asa
Num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, refira-se à importância e simbologia do título da obra, fazendo-lhe juízos de leitura e referências concretas.
IV.
“ Foi aquela peça em que um homem voltado para o dia seguinte – O Gomes Freire – foi morto por gente da véspera.” Luís de Sttau Monteiro
Comente a afirmação do autor num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavrascom juízos de leitura e referências à obra.
V.
“ Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos? “- Matilde
Comente a afirmação da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavrascom juízos de leitura e referências à obra.
VI.
“ Olhem bem! Limpem bem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que ela nos ensina! Até a noite foi feita para que a vísseis até ao fim...” – Matilde
Comente a afirmação da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, referindo-se ao carácter didáctico de Felizmente, Há Luar! .
VII.
“ O velho está sempre a ceder perante o novo e o novo sempre a destruir o velho....; A consciência, Reverência, satisfaz-se com meia dúzia de artifícios mentais; depende do seu peso, da sua influência, das vantagens ou inconvenientes que, para mim, resultem da sua morte...” Beresford
Comente a afirmação da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, caracterizando Beresford com referências á obra.
VIII.
“ Os degraus da vida são logo esquecidos por quem sobe a escada”. Vicente
Comente a afirmação da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, caracterizando Vicente com referências á obra.
IX.
Além dos elementos paradramáticos, luminotécnica, sonoplastia, há na obra elementos simbólicos que também têm de ser interpretados pelo espectador distanciado do tempo da acção dramática. Prof. Euclides
Num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, refira-se à importância de dois desses símbolos, com juízos de leitura e referências à obra.
X.
As didascálias e as notas à margem, assim como a iluminação e o som são estratégias imprescindíveis no teatro que tem de fugir à censura e que requer interpretação/ reflexão do público. Prof. Euclides
Num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, refira-se à importância desses recursos dramáticos, com juízos de leitura e referências à obra.
( Item B de Prova de Exame- 100 a 120 palavras) Prof: Euclides Rosa
I.
“ A figura de Gomes Freire de Andrade, a quem “ o inseparável amigo”, Sousa Falcão se refere como um dos ” homens que obrigam todos os outros a reverem-se por dentro...”, assume-se como reserva moral e, simultaneamente, mito referencial de uma revolução que está longe de ter a dimensão insurreccional que o poder estabelecido lhe atribui”
Barata, José Oliveira, Para Compreender Felizmente Há Luar, Asa
Comente a citação transcrita, num texto expositivo-argumentativo entre 100 e 120 palavras com juízos de leitura e referências à obra, centrando-se na caracterização e modo de apresentação do herói épico, Gomes Freire de Andrade.
II.
“ A nobreza moral de Matilde aproxiama-a da trajectória de uma heroína trágica. Debatendo-se entre os mais puros e humanos sentimentos, comuns a qualquer mortal, e a sublimação heróica, que progressivamente a conduz de simples amante de Gomes Freire a corifeu de uma revolta, Matilde surge-nos como a figura mais dramaticamente elaborada de toda a peça.”
Barata, José Oliveira, Para Compreender Felizmente Há Luar, Asa
Comente a citação transcrita, num texto expositivo-argumentativo entre 100 e 120 palavras com juízos de leitura e referências à obra, referindo-se á importância de Matilde de Sousa Melo na apoteose trágica de Sttau Monteiro.
III.
“ Felizmente, há luar!: a duplicidade de intenções desta elocução e o contexto situacional em que é proferida servem, assim, mais uma vez, a estrutura dual que se procura apresentar: a frase dita pelo Poder e dita pelo anti-poder”.
Barata, José Oliveira, Para Compreender Felizmente Há Luar, Asa
Num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, refira-se à importância e simbologia do título da obra, fazendo-lhe juízos de leitura e referências concretas.
IV.
“ Foi aquela peça em que um homem voltado para o dia seguinte – O Gomes Freire – foi morto por gente da véspera.” Luís de Sttau Monteiro
Comente a afirmação do autor num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavrascom juízos de leitura e referências à obra.
V.
“ Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos? “- Matilde
Comente a afirmação da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavrascom juízos de leitura e referências à obra.
VI.
“ Olhem bem! Limpem bem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que ela nos ensina! Até a noite foi feita para que a vísseis até ao fim...” – Matilde
Comente a afirmação da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, referindo-se ao carácter didáctico de Felizmente, Há Luar! .
VII.
“ O velho está sempre a ceder perante o novo e o novo sempre a destruir o velho....; A consciência, Reverência, satisfaz-se com meia dúzia de artifícios mentais; depende do seu peso, da sua influência, das vantagens ou inconvenientes que, para mim, resultem da sua morte...” Beresford
Comente a afirmação da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, caracterizando Beresford com referências á obra.
VIII.
“ Os degraus da vida são logo esquecidos por quem sobe a escada”. Vicente
Comente a afirmação da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, caracterizando Vicente com referências á obra.
IX.
Além dos elementos paradramáticos, luminotécnica, sonoplastia, há na obra elementos simbólicos que também têm de ser interpretados pelo espectador distanciado do tempo da acção dramática. Prof. Euclides
Num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, refira-se à importância de dois desses símbolos, com juízos de leitura e referências à obra.
X.
As didascálias e as notas à margem, assim como a iluminação e o som são estratégias imprescindíveis no teatro que tem de fugir à censura e que requer interpretação/ reflexão do público. Prof. Euclides
Num texto expositivo-argumentativo com uma extensão entre 100 e 120 palavras, refira-se à importância desses recursos dramáticos, com juízos de leitura e referências à obra.
Início do actoII- ( Compreensão+ Item B + exercício língua)
O segundo acto começa precisamente como o primeiro. Os actores devem ocupar no início deste acto as mesmas posições que ocupavam no primeiro, a fim de os espectadores compreenderem não se tratar esta semelhança dum acidente ocasional. ( nota à margem)
O tom é profético e a voz triste.
Está a falar sozinha. Já o estava, possivelmente, antes de surgir no palco.
Fala com amor.
Ao abrir o pano a cena está às escuras. Uma única personagem, intensamente iluminada, encontra-se à frente e ao centro do palco. É o popular que deu início ao primeiro acto.
Manuel
Que posso eu fazer? Sim, que posso eu fazer?
(Dá dois passos em direcção ao fundo do palco. Detém-se.)
Sempre que há uma esperança os tambores abafam-lhe a voz...
Sempre que alguém grita os sinos tocam a rebate...
(Pausa)
E cai-nos tudo em cima: o rei, a polícia, a fome...
(Levanta os braços ao alto)
Até Deus!
(Deixa cair os braços num gesto de desânimo)
E ficamos pior do que estávamos... Se tínhamos fome e esperanças, ficamos só com fome... Se, durante uns tempos, acreditámos em nós próprios, voltamos a não acreditar em nada...
(...)
(Para o palco)
Que mais sabem vocês da prisão do general?
Ilumina-se o fundo do palco, que se encontra repleto de gente do povo disposta exactamente como para a cena de abertura do 1º acto.
(...)
O Antigo Soldado
(visivelmente acabrunhado)
Prenderam o general... Para nós, a noite ainda ficou mais escura...
1º Popular
É por pouco tempo, amigo. Espera pelo clarão das fogueiras...
(...)
(Rita sai. Surge, a meio do palco, intensamente iluminada e sentada numa cadeira tosca, Matilde de Melo – uma mulher de meia-idade, vestida de negro e desgrenhada)
Matilde
Ensina-se-lhes que sejam valentes, para um dia virem a ser julgados por covardes!
Ensina-se-lhes que sejam justos, para viverem num mundo em que reina a injustiça!
Ensina-se-lhes que sejam leais, para que a lealdade, um dia, os leve à forca!
(Levanta-se)
Não seria mais humano, mais honesto, ensiná-los, de pequeninos, a viverem em paz com a hipocrisia do mundo?
(Pausa)
Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos?
(Encaminha-se para uma cómoda velha que surge, iluminada, à sua esquerda)
Se o meu filho fosse vivo, havia de fazer dele um homem de bem, desses que vão ao teatro e a tudo assistem, com sorrisos alarves, fingindo nada terem a ver com o que se passa em cena!
Luís de Sttau Monteiro, Felizmente Há Luar!
1.Enquadre este excerto na estrutura externa e interna da obra.
2. Tendo em conta a globalidade da obra, refere a importância de Manuel na economia da obra.
3. Explique as funções que a iluminação desempenha no texto.
4. Refira o que simboliza a expressão «noite escura» proferida pelo Antigo Soldado.
5. Matilde aprendeu uma lição com a condenação de Gomes Freire.
5.1. Destaque o essencial dessa lição.
5.2. Indique quem Matilde designa ironicamente por «homens de bem».
6. Identifique dois recursos expressivos presentes no texto e diga qual a sua expressividade na determinação da respectiva mensagem.
7. A partir das didascálias laterais, prova que Felizmente há Luar! está de acordo com os princípios do teatro épico.
B
Em Memorial do Convento também há uma crítica aos meios e métodos de aplicação da (in)justiça, em tudo semelhante à que é feita ao poder do regime totalitário em Felizmente, há luar!
Num texto expositivo-argumentativo entre 100 e 150 palavras, faça uma dissertação sobre o poder do regime absolutista e da inquisição, alvo de denúncia no romance de Saramago.
II
Leia o texto:
A Revolução de 25 de Abril de 1974 representa o início de uma nova era no Teatro português, estrangulado por 40 anos de obscurantismo e Censura. Nos anos imediatos à revolução foi um teatro à procura de um diálogo com o seu tempo. O realismo social estava na ordem do dia, ligado à tomada de posições políticas; mas paralelamente era também um espectáculo à procura de um público, e de um modelo de criação.
A proliferação de grupos de teatro independente característica destes anos, permite ao teatro português consolidar a sua posição no meio artístico, através de uma grande diversidade de estéticas e de públicos. Estas novas entidades congregavam, maioritariamente, jovens profissionais, alunos oriundos do novo Conservatório, actores do teatro universitário ou jovens saídos de cursos ministrados por convidados estrangeiros que então visitaram Portugal. A estas estruturas se ficaria a dever, em grande parte, a abertura de novos percursos no teatro, a afirmação de diversificados repertórios ou a procura de conceitos diferenciados de direcção e encenação.
A partir de meados dos anos 80, começam-se a esboçar noções como a de marketing cultural, gestão teatral, e «artes performativas». Assiste-se à redefinição do panorama teatral, caracterizada pela institucionalização da segunda geração de independentes, e ao aparecimento de uma novíssima geração de rebeldes, que embora muito diferentes entre si, têm em comum um teatro assente na palavra, na encenação, e na imagem e carisma do actor. A partir da década de 90 o teatro português vê alargar o seu espectro de criadores. Surgem novas estéticas, muito ligadas à multiplicação dos Festivais de Teatro, e aos contactos com companhias estrangeiras convidadas.
1. Indica se as afirmações são verdadeiras ou falsas, escrevendo na sua folha de teste a alínea seguida de V ou F.
Afirmações
a) “A Revolução de 25 de Abril de 1974...(1) tem uma referência mais lata que “Nos anos imediatos à revolução...” (2)
b)“Estas novas entidades ...” (8) recupera a referência já feita a “grupos de teatro” (6).
c) “A estas estruturas ...” (10, 11) recupera a referência a “diversidade de estéticas e de públicos...”(7,8)
d) “diversificados repertórios ou a procura de conceitos diferenciados de direcção e encenação .(12) não tem referência anterior.
e) “A partir de meados dos anos 80” (13) e “A partir da década de 90” (17) é um mecanismo de coesão interfrásico.
f) “geração de independentes ...” (15) e “geração de rebeldes (16) “ passa-se de uma modalização neutra para uma valorativa.
2. Neste item, faça corresponder a cada um dos quatro elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obter afirmações verdadeiras. Escreva na sua folha de respostas, ao lado do número da frase, a alínea correspondente.
A B
1) “mas paralelamente era também um espectáculo...” (4)
2) “que então visitaram Portugal ...”(10)
3) “A estas estruturas se ficaria a dever...” (13)
4) “começam-se a esboçar noções..” (13)
a) é uma oração subordinada relativa sem atecente.
b) é um pronome pessoal indeterminado.
c) é aparentemente uma oposição mas acaba por ser a conciliação com uma ideia nova.
d) é uma oração subordinada completiva.
e) é uma oração subordinada relativa com antecedente.
f) é um pronome pessoal complemento indirecto.
O tom é profético e a voz triste.
Está a falar sozinha. Já o estava, possivelmente, antes de surgir no palco.
Fala com amor.
Ao abrir o pano a cena está às escuras. Uma única personagem, intensamente iluminada, encontra-se à frente e ao centro do palco. É o popular que deu início ao primeiro acto.
Manuel
Que posso eu fazer? Sim, que posso eu fazer?
(Dá dois passos em direcção ao fundo do palco. Detém-se.)
Sempre que há uma esperança os tambores abafam-lhe a voz...
Sempre que alguém grita os sinos tocam a rebate...
(Pausa)
E cai-nos tudo em cima: o rei, a polícia, a fome...
(Levanta os braços ao alto)
Até Deus!
(Deixa cair os braços num gesto de desânimo)
E ficamos pior do que estávamos... Se tínhamos fome e esperanças, ficamos só com fome... Se, durante uns tempos, acreditámos em nós próprios, voltamos a não acreditar em nada...
(...)
(Para o palco)
Que mais sabem vocês da prisão do general?
Ilumina-se o fundo do palco, que se encontra repleto de gente do povo disposta exactamente como para a cena de abertura do 1º acto.
(...)
O Antigo Soldado
(visivelmente acabrunhado)
Prenderam o general... Para nós, a noite ainda ficou mais escura...
1º Popular
É por pouco tempo, amigo. Espera pelo clarão das fogueiras...
(...)
(Rita sai. Surge, a meio do palco, intensamente iluminada e sentada numa cadeira tosca, Matilde de Melo – uma mulher de meia-idade, vestida de negro e desgrenhada)
Matilde
Ensina-se-lhes que sejam valentes, para um dia virem a ser julgados por covardes!
Ensina-se-lhes que sejam justos, para viverem num mundo em que reina a injustiça!
Ensina-se-lhes que sejam leais, para que a lealdade, um dia, os leve à forca!
(Levanta-se)
Não seria mais humano, mais honesto, ensiná-los, de pequeninos, a viverem em paz com a hipocrisia do mundo?
(Pausa)
Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos?
(Encaminha-se para uma cómoda velha que surge, iluminada, à sua esquerda)
Se o meu filho fosse vivo, havia de fazer dele um homem de bem, desses que vão ao teatro e a tudo assistem, com sorrisos alarves, fingindo nada terem a ver com o que se passa em cena!
Luís de Sttau Monteiro, Felizmente Há Luar!
1.Enquadre este excerto na estrutura externa e interna da obra.
2. Tendo em conta a globalidade da obra, refere a importância de Manuel na economia da obra.
3. Explique as funções que a iluminação desempenha no texto.
4. Refira o que simboliza a expressão «noite escura» proferida pelo Antigo Soldado.
5. Matilde aprendeu uma lição com a condenação de Gomes Freire.
5.1. Destaque o essencial dessa lição.
5.2. Indique quem Matilde designa ironicamente por «homens de bem».
6. Identifique dois recursos expressivos presentes no texto e diga qual a sua expressividade na determinação da respectiva mensagem.
7. A partir das didascálias laterais, prova que Felizmente há Luar! está de acordo com os princípios do teatro épico.
B
Em Memorial do Convento também há uma crítica aos meios e métodos de aplicação da (in)justiça, em tudo semelhante à que é feita ao poder do regime totalitário em Felizmente, há luar!
Num texto expositivo-argumentativo entre 100 e 150 palavras, faça uma dissertação sobre o poder do regime absolutista e da inquisição, alvo de denúncia no romance de Saramago.
II
Leia o texto:
A Revolução de 25 de Abril de 1974 representa o início de uma nova era no Teatro português, estrangulado por 40 anos de obscurantismo e Censura. Nos anos imediatos à revolução foi um teatro à procura de um diálogo com o seu tempo. O realismo social estava na ordem do dia, ligado à tomada de posições políticas; mas paralelamente era também um espectáculo à procura de um público, e de um modelo de criação.
A proliferação de grupos de teatro independente característica destes anos, permite ao teatro português consolidar a sua posição no meio artístico, através de uma grande diversidade de estéticas e de públicos. Estas novas entidades congregavam, maioritariamente, jovens profissionais, alunos oriundos do novo Conservatório, actores do teatro universitário ou jovens saídos de cursos ministrados por convidados estrangeiros que então visitaram Portugal. A estas estruturas se ficaria a dever, em grande parte, a abertura de novos percursos no teatro, a afirmação de diversificados repertórios ou a procura de conceitos diferenciados de direcção e encenação.
A partir de meados dos anos 80, começam-se a esboçar noções como a de marketing cultural, gestão teatral, e «artes performativas». Assiste-se à redefinição do panorama teatral, caracterizada pela institucionalização da segunda geração de independentes, e ao aparecimento de uma novíssima geração de rebeldes, que embora muito diferentes entre si, têm em comum um teatro assente na palavra, na encenação, e na imagem e carisma do actor. A partir da década de 90 o teatro português vê alargar o seu espectro de criadores. Surgem novas estéticas, muito ligadas à multiplicação dos Festivais de Teatro, e aos contactos com companhias estrangeiras convidadas.
1. Indica se as afirmações são verdadeiras ou falsas, escrevendo na sua folha de teste a alínea seguida de V ou F.
Afirmações
a) “A Revolução de 25 de Abril de 1974...(1) tem uma referência mais lata que “Nos anos imediatos à revolução...” (2)
b)“Estas novas entidades ...” (8) recupera a referência já feita a “grupos de teatro” (6).
c) “A estas estruturas ...” (10, 11) recupera a referência a “diversidade de estéticas e de públicos...”(7,8)
d) “diversificados repertórios ou a procura de conceitos diferenciados de direcção e encenação .(12) não tem referência anterior.
e) “A partir de meados dos anos 80” (13) e “A partir da década de 90” (17) é um mecanismo de coesão interfrásico.
f) “geração de independentes ...” (15) e “geração de rebeldes (16) “ passa-se de uma modalização neutra para uma valorativa.
2. Neste item, faça corresponder a cada um dos quatro elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obter afirmações verdadeiras. Escreva na sua folha de respostas, ao lado do número da frase, a alínea correspondente.
A B
1) “mas paralelamente era também um espectáculo...” (4)
2) “que então visitaram Portugal ...”(10)
3) “A estas estruturas se ficaria a dever...” (13)
4) “começam-se a esboçar noções..” (13)
a) é uma oração subordinada relativa sem atecente.
b) é um pronome pessoal indeterminado.
c) é aparentemente uma oposição mas acaba por ser a conciliação com uma ideia nova.
d) é uma oração subordinada completiva.
e) é uma oração subordinada relativa com antecedente.
f) é um pronome pessoal complemento indirecto.
Como são os governadores? ( ficha de treino)
GRUPO I
Lê atentamente o seguinte texto:
A ingenuidade do Principal Sousa não é verdadeira. Este prelado defende-se, sempre, tentando mostrar-se alheio à política e às decisões em que intervém.
D. MIGUEL
[...] A questão que temos de resolver, Excelência, é, portanto, bem simples. Consiste apenas em chegarmos a acordo acerca da pessoa que mais nos convém que tenha sido o chefe da conjura.
PRINCIPAL SOUSA
Não me agrada a condenação de um inocente.
BERESFORD
Está nas suas mãos, Reverência, evitar que seja condenado um inocente...
PRINCIPAL SOUSA
Como?
BERESFORD
( Sorrindo)
Nomeando quem tenha na alma a semente do jacobinismo...
Se peca quem não acta a palavra de Deus, mais peca, com certeza, quem não aceite ou discuta a sua Autoridade... V. Reverência ainda há pouco disse que a autoridade dos reis provinha de Deus...
PRINCIPAL SOUSA
Na verdade...
BERESFORD
( Rindo-se)
Até os mercenários sabem teologia.... São eles, aliás, que mais vezes carecem dela. A consciência humana, Reverência satisfaz-se com meia dúzia de artifícios mentais.
PRINCIPAL SOUSA
Lá está V. Ex.ª brincando outra vez!
( Pausa)
Digam-me: já pensaram em alguèm?
D. MIGUEL
O problema é delicado.
BERESFORD
( Levanta-se e passeia dum lado para o outro do palco)
A minha missão consiste em reoragnizar o exército e é meu inimigo, portanto, quem me dificulte esta missão.
( A luz que incide sobre D. Miguel e o Principal Sousa começa a diminuir de intensidade até desaparecer, ficando apenas Beresford iluminado)
É também, meu inimigo quem me possa substituir na organização do exército... ou lá se vão os meus 16000$00. Dizem que eu sou um grande sargento e um mau oficial, que sei organizar o exército, mas que não sei comandar em campanha.
Basta que surja um oficial com um passado brilhante para me destronar...
Não devo esquecer-me de que estou rodeado de inimigos: o clero odeia-me porque não sou da sua seita; a nobreza, porque não lhe concedo privilégios; o povo, porque me identifica com a nobreza, e todos, sem excepção, porque sou estrangeiro...
O próprio D. Miguel só vê em mim uma limitação ao seu poder...
Neste país de intrigas e de traições, só se entendem uns com os outros para destruir um inimigo comum e eu posso transformar-me nesse inimigo comum, se não tiver cuidado.
( Pausa)
Não é prudente ainda dizê-lo aos outros, mas não há dúvida de que existe um português capaz de me destronar...
( Fala agora para D. Miguel e o Principal Sousa que surgem subitamente iluminados.)
Senhores, temos de encontrar alguém que tenha prestígio no exército. Julgo que nos convém um oficial de patente elevada, com um bom passado militar. Concretamente, porém, não sei de ninguém que lhe possa indicar.
Luís Sttau Monteiro, Felimente Há Luar!
Itens fechados de Verdadeiro/ Falso ( 20 pontos)
1. Indica se cada uma das afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas.
( Transcreve para a tua folha de teste o número da alínea, seguido de V ou F)
1.1. Embora o Principal Sousa e Beresford sejam ambos governadores do reino, não parilham o mesmo conceito de justiça.
1.2. Beresford está perfeitamente consciente das diferentes ameaças a que está sujeito, por isso mantém-se muito cauteloso.
1.3. Beresford parece acreditar que a conquistada solidez da governação resulta mais da autoridade de um líder do que da autoridade herdada em nome de Deus.
1.4. Beresford não tem inimigos exteriores ao aparelho governativo.
Itens de resposta curta/ resposta restrita ( 75 pontos)
2. Refere a importância do excerto transcrito para o desenvolvimento da acção da peça.( 15 pontos)
3. Indica a função que a iluminação cénica desempenha no excerto transcrito.( 20 pontos)
4. Define, com base no texto, cinco traços caracterizadores do perfil psicológico de Beresford.( 15 pontos)
5. Explicita dois apspectos da crítica de carácter político presentes no texto.( 25 pontos)
Grupo II
Funcionamento da Língua
Item de resposta curta/ restrita ( 15 pontos)
Indica os actos de fala presentes nas frases que se seguem.
1.1. “Não me agrada a condenação de um inocente....”
1.2. “Digam-me: já pensaram em alguèm?”
1.3. “O problema é delicado.”
Grupo III
Item aberto de composição extensa/ ensaio ( 90 pontos)
Em Felizmente, Há Luar o passado é pretexto para falar do Presente.
Num texto organizado, explica como o dramaturgo consegue atingir este seu objectivo, referindo-te:
- à estrutura da obra,
- função da iluminação e do som,
- escassez de recursos cénicos,
- semelhanças entre o regime político retratado e o alvo criticado.
Lê atentamente o seguinte texto:
A ingenuidade do Principal Sousa não é verdadeira. Este prelado defende-se, sempre, tentando mostrar-se alheio à política e às decisões em que intervém.
D. MIGUEL
[...] A questão que temos de resolver, Excelência, é, portanto, bem simples. Consiste apenas em chegarmos a acordo acerca da pessoa que mais nos convém que tenha sido o chefe da conjura.
PRINCIPAL SOUSA
Não me agrada a condenação de um inocente.
BERESFORD
Está nas suas mãos, Reverência, evitar que seja condenado um inocente...
PRINCIPAL SOUSA
Como?
BERESFORD
( Sorrindo)
Nomeando quem tenha na alma a semente do jacobinismo...
Se peca quem não acta a palavra de Deus, mais peca, com certeza, quem não aceite ou discuta a sua Autoridade... V. Reverência ainda há pouco disse que a autoridade dos reis provinha de Deus...
PRINCIPAL SOUSA
Na verdade...
BERESFORD
( Rindo-se)
Até os mercenários sabem teologia.... São eles, aliás, que mais vezes carecem dela. A consciência humana, Reverência satisfaz-se com meia dúzia de artifícios mentais.
PRINCIPAL SOUSA
Lá está V. Ex.ª brincando outra vez!
( Pausa)
Digam-me: já pensaram em alguèm?
D. MIGUEL
O problema é delicado.
BERESFORD
( Levanta-se e passeia dum lado para o outro do palco)
A minha missão consiste em reoragnizar o exército e é meu inimigo, portanto, quem me dificulte esta missão.
( A luz que incide sobre D. Miguel e o Principal Sousa começa a diminuir de intensidade até desaparecer, ficando apenas Beresford iluminado)
É também, meu inimigo quem me possa substituir na organização do exército... ou lá se vão os meus 16000$00. Dizem que eu sou um grande sargento e um mau oficial, que sei organizar o exército, mas que não sei comandar em campanha.
Basta que surja um oficial com um passado brilhante para me destronar...
Não devo esquecer-me de que estou rodeado de inimigos: o clero odeia-me porque não sou da sua seita; a nobreza, porque não lhe concedo privilégios; o povo, porque me identifica com a nobreza, e todos, sem excepção, porque sou estrangeiro...
O próprio D. Miguel só vê em mim uma limitação ao seu poder...
Neste país de intrigas e de traições, só se entendem uns com os outros para destruir um inimigo comum e eu posso transformar-me nesse inimigo comum, se não tiver cuidado.
( Pausa)
Não é prudente ainda dizê-lo aos outros, mas não há dúvida de que existe um português capaz de me destronar...
( Fala agora para D. Miguel e o Principal Sousa que surgem subitamente iluminados.)
Senhores, temos de encontrar alguém que tenha prestígio no exército. Julgo que nos convém um oficial de patente elevada, com um bom passado militar. Concretamente, porém, não sei de ninguém que lhe possa indicar.
Luís Sttau Monteiro, Felimente Há Luar!
Itens fechados de Verdadeiro/ Falso ( 20 pontos)
1. Indica se cada uma das afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas.
( Transcreve para a tua folha de teste o número da alínea, seguido de V ou F)
1.1. Embora o Principal Sousa e Beresford sejam ambos governadores do reino, não parilham o mesmo conceito de justiça.
1.2. Beresford está perfeitamente consciente das diferentes ameaças a que está sujeito, por isso mantém-se muito cauteloso.
1.3. Beresford parece acreditar que a conquistada solidez da governação resulta mais da autoridade de um líder do que da autoridade herdada em nome de Deus.
1.4. Beresford não tem inimigos exteriores ao aparelho governativo.
Itens de resposta curta/ resposta restrita ( 75 pontos)
2. Refere a importância do excerto transcrito para o desenvolvimento da acção da peça.( 15 pontos)
3. Indica a função que a iluminação cénica desempenha no excerto transcrito.( 20 pontos)
4. Define, com base no texto, cinco traços caracterizadores do perfil psicológico de Beresford.( 15 pontos)
5. Explicita dois apspectos da crítica de carácter político presentes no texto.( 25 pontos)
Grupo II
Funcionamento da Língua
Item de resposta curta/ restrita ( 15 pontos)
Indica os actos de fala presentes nas frases que se seguem.
1.1. “Não me agrada a condenação de um inocente....”
1.2. “Digam-me: já pensaram em alguèm?”
1.3. “O problema é delicado.”
Grupo III
Item aberto de composição extensa/ ensaio ( 90 pontos)
Em Felizmente, Há Luar o passado é pretexto para falar do Presente.
Num texto organizado, explica como o dramaturgo consegue atingir este seu objectivo, referindo-te:
- à estrutura da obra,
- função da iluminação e do som,
- escassez de recursos cénicos,
- semelhanças entre o regime político retratado e o alvo criticado.
Governadores decidem-se.... ( ficha de treino)
GRUPO I
Lê atentamente o seguinte texto:
Abre os braços no gesto dramático de quem faz uma revelação importante e inesperada.
Começam a ouvir-se tambores ao longe, muito em surdina.
BERESFORD
Já que temos ocasião de crucificar alguém, que escolhamos a quem valha a pena crucificar.... Pensou em alguém, Excelência?
D. MIGUEL
( Passeando agitadamente à frente do palco)
Sou um homem de gabinete. Não tenho as qualidades necessárias para falar ao povo....
( Começa a apagar-se a luz que incide sobre Beresford e o Principal Sousa.)
Repugna-me a acção, estaria politicamente liquidado se tivesse de discutir as minhas ordens...
Não sou, e nunca serei, popular. Quem o for, é meu inimigo pessoal.
( Pausa)
No estado em que se encontra o Reino, basta o aparecimento de alguém capaz de falar ao povo para inutilizar o trabalho de toda a minha vida.... E há quem seja capaz de o fazer...
( Entram Corvo e Vicente, respectivamente pela esquerda e pela direita do palco)
VICENTE
Excelências, todos falam num só homem...
CORVO
Um só nome anda na boca de toda a gente.
( Surge Morais Sarmento, que avança do fundo do palco)
MORAIS SARMENTO
Senhores Governadores: onde quer que se conspire, só um nome vem à baila.
CORVO
O nome do general Gomes Freire d’ Andrade!
( Acende-se a luz que ilumina Beresford e o Principal Sousa)
D. MIGUEL
Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta. Notai que lhe não falta nada: é lúcido, é inteligente, é idolatrado pelo povo, é um soldado brilhante, é grão-mestre da Maçonaria e é, senhores, um estrangeirado...
BERESFORD
Trata-se de um inimigo natural desta Regência.
PRINCIPAL SOUSA
Foi Deus que nos indicou o seu nome.
D. MIGUEL
( Sorrindo)
Deus e eu, senhores! Deus e eu...
CORVO
Mas, senhores, nada prova que o general seja o chefe da conjura.
Tudo o que se diz pode não passar de um boato...
D. MIGUEL
Cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitão?
Luís Sttau Monteiro, Felimente Há Luar!
Itens fechados de Verdadeiro/ Falso ( 25 pontos)
1. Indica se cada uma das afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas.
( Transcreve para a tua folha de teste o número da alínea, seguido de V ou F)
1.1.Na réplica inicial de Beresford, o personagem refere-se à oportunidade de sacrificarem alguém, não importa quem seja, para que se cumpra um banal ritual de crucificação.
1.2.D. Miguel reconhece que a sua autoridade poderá estar ameaçada se houver quem influencie o povo.
1.3. Vicente, Corvo e Morais Sarmento hesitam na revelação da identidade do líder da conspiração.
1.4. Beresford considera o general Gomes Freire d’ Andrade um “inimigo natural(da) Regência” porque, tal como os governadores, também ele é ávido de poder.
1.5. Para D. Miguel a simples suspeita de conspiração é suficiente para castigar quem se oponha aos interesses do rei.
Itens de resposta curta/ resposta restrita (75 pontos)
2. Refere a importância do excerto transcrito para o desenvolvimento da acção da peça. ( 15 pontos)
3. As didascálias compreendidas entre o início do excerto e “ Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta” permitem-nos sentir uma progressão da tensão dramática da cena.
Apresenta três elementos cénicos que contribuem para a aumentar. (20 pontos)
4. Apresenta, fundamentando-te no texto, três traços caracterizadores de D. Miguel. (15 pontos)
5. Explicita o regime político que é alvo de crítica, indicando as convicções em que se sustenta. (25 pontos)
Grupo II
Funcionamento da Língua
Item de resposta curta/ restrita ( 15 pontos)
1. Indica os actos de fala presentes nas frases que se seguem.
“Repugna-me a acção, estaria politicamente liquidado...”
“Trata-se de um inimigo natural desta Regência.”
“Cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitão?
Grupo III
Item aberto de composição extensa/ ensaio ( 85 pontos)
O Título da peça assume sentidos diferentes consoante o ponto de vista das duas personagens que o proferem.
Num texto organizado com o mínimo de 20 linhas, refere-te à ambiguidade do título, indicando:
- as personagens que o proferem,
- a situação que as leva a proferi-lo,
- a simbologia do fogo e do luar na perspectiva de cada uma dessas personagens.
Lê atentamente o seguinte texto:
Abre os braços no gesto dramático de quem faz uma revelação importante e inesperada.
Começam a ouvir-se tambores ao longe, muito em surdina.
BERESFORD
Já que temos ocasião de crucificar alguém, que escolhamos a quem valha a pena crucificar.... Pensou em alguém, Excelência?
D. MIGUEL
( Passeando agitadamente à frente do palco)
Sou um homem de gabinete. Não tenho as qualidades necessárias para falar ao povo....
( Começa a apagar-se a luz que incide sobre Beresford e o Principal Sousa.)
Repugna-me a acção, estaria politicamente liquidado se tivesse de discutir as minhas ordens...
Não sou, e nunca serei, popular. Quem o for, é meu inimigo pessoal.
( Pausa)
No estado em que se encontra o Reino, basta o aparecimento de alguém capaz de falar ao povo para inutilizar o trabalho de toda a minha vida.... E há quem seja capaz de o fazer...
( Entram Corvo e Vicente, respectivamente pela esquerda e pela direita do palco)
VICENTE
Excelências, todos falam num só homem...
CORVO
Um só nome anda na boca de toda a gente.
( Surge Morais Sarmento, que avança do fundo do palco)
MORAIS SARMENTO
Senhores Governadores: onde quer que se conspire, só um nome vem à baila.
CORVO
O nome do general Gomes Freire d’ Andrade!
( Acende-se a luz que ilumina Beresford e o Principal Sousa)
D. MIGUEL
Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta. Notai que lhe não falta nada: é lúcido, é inteligente, é idolatrado pelo povo, é um soldado brilhante, é grão-mestre da Maçonaria e é, senhores, um estrangeirado...
BERESFORD
Trata-se de um inimigo natural desta Regência.
PRINCIPAL SOUSA
Foi Deus que nos indicou o seu nome.
D. MIGUEL
( Sorrindo)
Deus e eu, senhores! Deus e eu...
CORVO
Mas, senhores, nada prova que o general seja o chefe da conjura.
Tudo o que se diz pode não passar de um boato...
D. MIGUEL
Cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitão?
Luís Sttau Monteiro, Felimente Há Luar!
Itens fechados de Verdadeiro/ Falso ( 25 pontos)
1. Indica se cada uma das afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas.
( Transcreve para a tua folha de teste o número da alínea, seguido de V ou F)
1.1.Na réplica inicial de Beresford, o personagem refere-se à oportunidade de sacrificarem alguém, não importa quem seja, para que se cumpra um banal ritual de crucificação.
1.2.D. Miguel reconhece que a sua autoridade poderá estar ameaçada se houver quem influencie o povo.
1.3. Vicente, Corvo e Morais Sarmento hesitam na revelação da identidade do líder da conspiração.
1.4. Beresford considera o general Gomes Freire d’ Andrade um “inimigo natural(da) Regência” porque, tal como os governadores, também ele é ávido de poder.
1.5. Para D. Miguel a simples suspeita de conspiração é suficiente para castigar quem se oponha aos interesses do rei.
Itens de resposta curta/ resposta restrita (75 pontos)
2. Refere a importância do excerto transcrito para o desenvolvimento da acção da peça. ( 15 pontos)
3. As didascálias compreendidas entre o início do excerto e “ Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta” permitem-nos sentir uma progressão da tensão dramática da cena.
Apresenta três elementos cénicos que contribuem para a aumentar. (20 pontos)
4. Apresenta, fundamentando-te no texto, três traços caracterizadores de D. Miguel. (15 pontos)
5. Explicita o regime político que é alvo de crítica, indicando as convicções em que se sustenta. (25 pontos)
Grupo II
Funcionamento da Língua
Item de resposta curta/ restrita ( 15 pontos)
1. Indica os actos de fala presentes nas frases que se seguem.
“Repugna-me a acção, estaria politicamente liquidado...”
“Trata-se de um inimigo natural desta Regência.”
“Cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitão?
Grupo III
Item aberto de composição extensa/ ensaio ( 85 pontos)
O Título da peça assume sentidos diferentes consoante o ponto de vista das duas personagens que o proferem.
Num texto organizado com o mínimo de 20 linhas, refere-te à ambiguidade do título, indicando:
- as personagens que o proferem,
- a situação que as leva a proferi-lo,
- a simbologia do fogo e do luar na perspectiva de cada uma dessas personagens.
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